11 de junho de 2005

Arregaçando as mangas

Em Brasília, prosseguem as lutas políticas entre os partidos. 2006 já começou. Inicia-se um amplo processo para desmoralizar o PT, o qual, incrivelmente, vem demonstrando certa apatia em sua reação.

O PT precisa entender que não pode mais acusar as elites. Ele tornou-se um partido forte demais pra isso. Tem saúde financeira, bons quadros e, o que é o mais importante, poder. Precisa mostrar seus músculos. Não pode ser intimidado por um partido que vem minguando ano a ano nas urnas, como o PFL; nem pelo PSDB, que ainda paga o preço de oito anos de desmonte do Estado e privatização fraudulenta de estatais.

Ás vezes sinto que Genoíno está um pouco isolado. Pessoalmente, considero-o um líder extraordinário, ativo, com um raro talento redacional mesclado a uma oratória firme. No entanto, andorinhas solitárias não fazem verão. É preciso que outros quadros do partido se mobilizem, escrevam artigos, ocupem os jornais, os quais, por mais reacionários que sejam, não podemos lhes tirar o mérito de sempre abrirem suas páginas para o debate qualificado, pluralista. Os artigos de Genoíno, por exemplo, são assíduos frequentadores do Estado de São Paulo.

Chega de chorar. Chega de culpar mídia ou elites. Nesses momentos de crise política, é preciso botar as células cinzentas para trabalhar, e procurar reverter a imagem negativa que alguns setores políticos estão fazendo do governo, através de argumentações lógicas, verdadeiras, persuasivas. Falar a verdade com estilo, disso é que se trata. Entregar os pontos apenas corroborá as teses oposicionistas sobre a incompetência do governo.

Política é isso mesmo. É briga. Temos que estar sempre preparados para isto, e gostar disso. Nesses momentos de crise é que se criam excelentes oportunidades para o desenvolvimento da inteligência e da criatividade políticas. Os primeiros vinte anos da revolução russa foram de grande instabilidade e crise econômica, e foi neles que o partido se fortaleceu e tornou-se a rocha política que comandou o processo que tirou a Rússia da era feudal e colocou-a entre os países mais industrializados do mundo.

Não estou aqui pregando comunismo ou defendendo um partidismo obsoleto. Acredito na democracia e acho que cada época e cada país tem o seu destino e a sua trajetória. O Brasil, a meu ver, é um país onde os ideais democráticos e pluraristas estão profundamente enraizados. E por seu tamanho e população, nunca será possível ao Estado cuidar de todos, de maneira que o desenvolvimento econômico é condição básica e urgente para termos algo parecido a uma justiça social. Por isso, martela-se tanto na questão do emprego, do crescimento e da necessidade do controle da inflação.

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