A enorme e fétida nuvem que paira em Brasília começa, aos poucos, a se dissipar, embora pouca coisa se possa se distinguir. Hoje, saiu matéria no Globo, em que se explica, em parte, o escândalo que deflagrou a recente crise política.
A reportagem dá uma versão da Polícia Federal de que Roberto Jefferson teria planejado a armadilha para pegar o funcionário dos Correios, filmando-o recebendo uma propina de 3 mil reais. O objetivo de Jefferson, segundo a PF, seria reconduzir a cúpula dos Correios, que havia sido indicada pelo PTB, para o controle do partido, com o pagamento devido de gorda mesada à agremiação.
Através de intermediários, Jefferson contratou ex-agentes da Abin (Agencia Brasileira de Inteligencia) para realizar o trabalho sujo. Contudo, a coisa não saiu como ele esperava. O funcionário Maurício Marinho falou demais e citou Jefferson e o PTB, de maneira que os agentes concluíram que aquela fita valia muito mais do que o preço combinado com o deputado. Após negociações tensas com Jefferson e a recusa deste em pagar o valor devido, os agentes resolveram vender a fita para a revista Veja, que detonou o escandalo.
Acuado por todos os lados, metido numa armadilha armada por ele mesmo, Jefferson desesperou-se e tornou-se em homem bomba, fazendo declarações mentirosas com objetivo de confundir a opinião pública.
Até agora, nada é certo. Esperemos por mais fatos. O que não podemos é deixar que a oposição reacionária do PFL e PSDB faturem em cima de uma situação de instabilidade política que prejudica todo o país. Apesar de que, após a tempestade, o Brasil sairá um pouco mais experiente e conhecedor de seus podres, condição necessária para se aperfeiçoar e encontrar defesas mais eficientes contra a corrupção.
Sem falar na reforma política, que parece que, finalmente, vai sair do papel e ser votada no Congresso.
10 de junho de 2005
Névoa começa a se dissipar
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