Foi excelente Chávez ter perdido. Serviu para fazê-lo baixar um pouco a bola. Ele andava se excedendo. Comprou briga com a Espanha. Comprou briga com a Colômbia. Comprou briga com o Senado brasileiro. Ele precisa saber controlar sua verve agressiva. O rei espanhol não tinha nada que mandá-lo se calar. Não devia nem estar lá. Mas Chávez também devia ter evitado colocar o presidente espanhol na constrangedora obrigação de defender Aznar. Uribe, presidente da Colômbia, talvez tenha se precipitado em tirar Chávez da negociação com as Farc. Mas Chávez nunca deveria ter dado o chilique anti-Uribe que deu, criando tempestade em copo-d'água, chamando de volta o embaixador, ameaçando os negócios entre os países. Isso foi loucura total. O que os trabalhadores e empresários colombianos e venezuelanos que fazem negócios entre si têm a ver com a briguinha pessoal entre Uribe e Chávez? O destempero verbal de Chávez contra Senado brasileiro também foi um ato de hostilidade estúpido e gratuito contra o Brasil, porque ele ofendeu a instituição como um todo, incluindo bons e maus senadores no mesmo saco, criando uma desnecessária dor-de-cabeça para o governo, que vem se esforçando para o congresso aprovar o ingresso da Venezuela no Mercosul. Ou seja, criou um desgaste para um governo aliado seu, criou um constrangimento para Lula, que inclusive, segundo relatos, teria ficado furioso com a burrice de Chávez.
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Assisti, pela internet, o final da sessão que absolveu Renan Calheiros. Mais uma vez, fiquei estupefato com a esquizofrenia do processo que tentava lhe cassar o mandato. Fiquei emocionado com o discurso do senador carioca Francisco Dornelles, que criticou aqueles que se acham donos da ética, que confundem a sua própria pessoa com a ética, que acabam considerando tudo que é diferente de si, tudo que é divergente ou estranho a si, considera como não ético. Foi uma flechada certeira no coração da hipocrisia do senador Pedro Simon, a quem os colunistas da mídia chamam de "senador ético". Simon, ironicamente, subiu ao palanque em seguida, visivelmente abalado com o discurso brilhante de Dornelles. Simon fez um discurso desconexo. Falou generalidades, lugares-comuns e terminou caindo em contradição, afirmando que não gostaria que Renan perdesse seu mandato - apesar de dizer que votaria pela cassação.
Arthur Virgílio também foi desconexo. Fez um discurso dizendo-se amigo e admirador de Renan Calheiros, mas que votaria pela cassação para agradar a mídia (não disse isso, mas ficou claro). Jefferson Peres fez um discurso doentio, em que encerrou com ameaças obscuras e incompreensíveis ao futuro do Senado e do país. Ambos afirmaram que o futuro do Senado estava em jogo e eu pensei que eles estavam certos, mas com interpretações erradas. O Senado mostraria-se submisso à uma mídia decadente e pouco representativa da sociedade brasileira caso aceitasse condenar um parlamentar eleito pelo povo por causa de suposições.
Por fim, Renan Calheiros foi fazer sua defesa. Foi uma defesa brilhante, mostrando que não havia uma prova sequer contra sua pessoa, neste caso, em que é acusado de ser cotista de um jornal e uma rádio. Mostrou que tanto o jornal como a rádio são empresas insignificantes, falidas. Que não é ilegal ser cotista de uma rádio. É ilegal ser dono. Desmontou uma por uma as suposições levantadas por Jefferson Peres. Fiquei perplexo com a fragilidade e a insignificância dos elementos arrolados por Peres para acusar Renan. Tudo se baseia na acusação de um declarado inimigo político, João Lyra, um usineiro acusado de inúmeros assassinatos, roubos, etc, e que, segundo o depoimento de Teotonio Vilela, governador da Paraíba, teria largado tudo para tentar destruir a vida de Calheiros.
"Eu não sou santo / Se eu fosse santo estaria no altar", cantava Bezerra da Silva. Acho que ninguém é santo. Acho que Renan Calheiros não é santo. Mas não se pode condenar ninguém, muito menos um representante do povo, com base em suposições insignificantes. Estaríamos aí sim, criando um precedente terrível contra a segurança jurídica de cada cidadão brasileiro. Tirando a citação de Bezerra, os mesmos argumentos foram apresentados por Renan.
Renan ganhou de lavada, e preferiu não exercer o direito de votar em causa própria. 48 votos a favor X 29 votos contra. Oposição e situação votaram em peso pela absolvição, dando prova de que o parlamento brasileiro começa a ficar vacinado contra o lacerdismo barato e interesseiro de setores da mídia.
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Esta semana, li o início do artigo de Ali Kamel no Globo, em que ele refere-se a "setores autoritários e poucos democráticos". Fiquei chocado com a maneira de Kamel tratar aqueles de cujas idéias ele diverge. Agora, além de termos gente que se confunde com a própria ética, temos também os que se confundem com a própria democracia e com a liberdade. Ali Kamel acha que somente a direita é democrática, somente a direita não é autoritária, o que é um insulto a inteligência dos brasileiros, que assistiram as forças conservadoras de direita chacinarem e torturarem a democracia e a liberdade no Brasil.
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Adoro ler jornal. Mesmo nossa imprensa sendo tão cansativamente golpista, eu gosto de ler. Eu filtro as notícias e pego o que me interessa nas partes de política, economia e cultura. Aliás, o próprio golpismo me interessa, me diverte. Não fico mais nervoso, apenas excitado e com vontade de responder. Mas há coisas tão pequenas, que não vale a pena gastar saliva contestando. HOje, por exemplo, comprei a Folha e a nota de Clovis Rossi era algo tão vulgar, tão bobo, que nem mereceria comentários. Somente um débil mental para se deixar levar pelos argumentos apresentados por ele. Rossi observa que Renan Calheiros admitiu que não tem mais condições de ser presidente da Casa, e conclui que isso seria prova de que ele não teria mais condições de ser Senador, pois, segundo a lógica espertinha de Rossi, todo senador teria que ter condições de ser presidente da instituição. Ora, é óbvio que um senador só tem condições de ser presidente se tem apoio amplo dos parlamentares, por diversas razões, mas isso não o impede de ser senador. Rossi parece que está ficando sem argumentos e fica inventando razões para continuar fazendo seu joguinho.
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Volto a falar sobre o Tupi. Ainda não consigo engolir a má vontade com que parte da sociedade brasileira recebeu a notícia do recém-descoberto campo gigante de petróleo. Disseram que o governo foi excessivamente otimista. Repito: o governo anunciou UM CAMPO, o Tupi, cuja existência foi comprovada por diversos testes. Mas a descoberta deste campo sinaliza a possibilidade forte de que haja dezenas ou centenas de outros campos, médios ou gigantes, numa faixa da costa marítima que vai de Santa Catarina ao Espírito Santo. Coisa de centenas de bilhões de barris de petróleo. É muita coisa e por isso acho um absurdo, uma tremenda mesquinhez, a nossa imprensa não especular com os horizontes que se abrem diante dessa nova realidade.
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Assisti, pela internet, o final da sessão que absolveu Renan Calheiros. Mais uma vez, fiquei estupefato com a esquizofrenia do processo que tentava lhe cassar o mandato. Fiquei emocionado com o discurso do senador carioca Francisco Dornelles, que criticou aqueles que se acham donos da ética, que confundem a sua própria pessoa com a ética, que acabam considerando tudo que é diferente de si, tudo que é divergente ou estranho a si, considera como não ético. Foi uma flechada certeira no coração da hipocrisia do senador Pedro Simon, a quem os colunistas da mídia chamam de "senador ético". Simon, ironicamente, subiu ao palanque em seguida, visivelmente abalado com o discurso brilhante de Dornelles. Simon fez um discurso desconexo. Falou generalidades, lugares-comuns e terminou caindo em contradição, afirmando que não gostaria que Renan perdesse seu mandato - apesar de dizer que votaria pela cassação.
Arthur Virgílio também foi desconexo. Fez um discurso dizendo-se amigo e admirador de Renan Calheiros, mas que votaria pela cassação para agradar a mídia (não disse isso, mas ficou claro). Jefferson Peres fez um discurso doentio, em que encerrou com ameaças obscuras e incompreensíveis ao futuro do Senado e do país. Ambos afirmaram que o futuro do Senado estava em jogo e eu pensei que eles estavam certos, mas com interpretações erradas. O Senado mostraria-se submisso à uma mídia decadente e pouco representativa da sociedade brasileira caso aceitasse condenar um parlamentar eleito pelo povo por causa de suposições.
Por fim, Renan Calheiros foi fazer sua defesa. Foi uma defesa brilhante, mostrando que não havia uma prova sequer contra sua pessoa, neste caso, em que é acusado de ser cotista de um jornal e uma rádio. Mostrou que tanto o jornal como a rádio são empresas insignificantes, falidas. Que não é ilegal ser cotista de uma rádio. É ilegal ser dono. Desmontou uma por uma as suposições levantadas por Jefferson Peres. Fiquei perplexo com a fragilidade e a insignificância dos elementos arrolados por Peres para acusar Renan. Tudo se baseia na acusação de um declarado inimigo político, João Lyra, um usineiro acusado de inúmeros assassinatos, roubos, etc, e que, segundo o depoimento de Teotonio Vilela, governador da Paraíba, teria largado tudo para tentar destruir a vida de Calheiros.
"Eu não sou santo / Se eu fosse santo estaria no altar", cantava Bezerra da Silva. Acho que ninguém é santo. Acho que Renan Calheiros não é santo. Mas não se pode condenar ninguém, muito menos um representante do povo, com base em suposições insignificantes. Estaríamos aí sim, criando um precedente terrível contra a segurança jurídica de cada cidadão brasileiro. Tirando a citação de Bezerra, os mesmos argumentos foram apresentados por Renan.
Renan ganhou de lavada, e preferiu não exercer o direito de votar em causa própria. 48 votos a favor X 29 votos contra. Oposição e situação votaram em peso pela absolvição, dando prova de que o parlamento brasileiro começa a ficar vacinado contra o lacerdismo barato e interesseiro de setores da mídia.
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Esta semana, li o início do artigo de Ali Kamel no Globo, em que ele refere-se a "setores autoritários e poucos democráticos". Fiquei chocado com a maneira de Kamel tratar aqueles de cujas idéias ele diverge. Agora, além de termos gente que se confunde com a própria ética, temos também os que se confundem com a própria democracia e com a liberdade. Ali Kamel acha que somente a direita é democrática, somente a direita não é autoritária, o que é um insulto a inteligência dos brasileiros, que assistiram as forças conservadoras de direita chacinarem e torturarem a democracia e a liberdade no Brasil.
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Adoro ler jornal. Mesmo nossa imprensa sendo tão cansativamente golpista, eu gosto de ler. Eu filtro as notícias e pego o que me interessa nas partes de política, economia e cultura. Aliás, o próprio golpismo me interessa, me diverte. Não fico mais nervoso, apenas excitado e com vontade de responder. Mas há coisas tão pequenas, que não vale a pena gastar saliva contestando. HOje, por exemplo, comprei a Folha e a nota de Clovis Rossi era algo tão vulgar, tão bobo, que nem mereceria comentários. Somente um débil mental para se deixar levar pelos argumentos apresentados por ele. Rossi observa que Renan Calheiros admitiu que não tem mais condições de ser presidente da Casa, e conclui que isso seria prova de que ele não teria mais condições de ser Senador, pois, segundo a lógica espertinha de Rossi, todo senador teria que ter condições de ser presidente da instituição. Ora, é óbvio que um senador só tem condições de ser presidente se tem apoio amplo dos parlamentares, por diversas razões, mas isso não o impede de ser senador. Rossi parece que está ficando sem argumentos e fica inventando razões para continuar fazendo seu joguinho.
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Volto a falar sobre o Tupi. Ainda não consigo engolir a má vontade com que parte da sociedade brasileira recebeu a notícia do recém-descoberto campo gigante de petróleo. Disseram que o governo foi excessivamente otimista. Repito: o governo anunciou UM CAMPO, o Tupi, cuja existência foi comprovada por diversos testes. Mas a descoberta deste campo sinaliza a possibilidade forte de que haja dezenas ou centenas de outros campos, médios ou gigantes, numa faixa da costa marítima que vai de Santa Catarina ao Espírito Santo. Coisa de centenas de bilhões de barris de petróleo. É muita coisa e por isso acho um absurdo, uma tremenda mesquinhez, a nossa imprensa não especular com os horizontes que se abrem diante dessa nova realidade.
muito bacana seu blog e suas análises, embora eu tenha uma tendencia a achar exagerada essa idéia de "midiocracia". a mídia (embora tendenciosa e golpista) nunca foi tão forte assim, e está ficando mais fraca ultimamente.
faz muito tempo que parei de ler jornal e ver televisão (mesmo a fechada) e uso exclusivamente a internet para me manter informado. não sou o único. e, pelo visto, com o número de vendas de pcs superando o de televisores, a internet será o meio de informação por excelencia em breve.
Justamente por isso, o seu trabalho e de outros blogueiros é tão importante.
Ganhou espaço nos meus favoritos. :)
um abraço,
Lucas Nicolato
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