A notícia de que os brasileiros estão poupando mais tem um significado especial, porque desmente cabalmente os abutres que tentavam desqualificar as políticas federais de ampliação do crédito popular alegando que elas estariam endividando o povo e conduzindo a um cenário de calotes. Há algumas semanas, inclusive, o Globo estampou manchetão na primeira página que atribuía a queda no lucro da Caixa Econômica Federal ao calotes de pequenos devedores. Eu denuncei a farsa e o volume recorde da poupança aponta para uma situação inversa. Os brasileiros não apenas estão pagando suas contas como estão conseguindo guardar um pouco. Naturalmente, há discrepâncias profundas na sociedade, com gente gastando o que não tem e outros fazendo verdadeiros milagres para conseguir guardar uma merreca qualquer no fim do mês.
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O debate em torno da CPMF vem sendo prejudicado, como sempre, pela interferência tendenciosa da imprensa. Na ânsia de justificar a atitude dos senadores tucanos e demos, que fecharam questão contra a CPMF, depois de a terem criado e prorrogado durante seus oito anos de governo, a imprensa lembra que o PT votou contra a CPMF. Pois bem, a questão é que, na época, o PT não governava e o país não havia se estruturado fiscalmente em torno das verbas da CPFM. Em outras palavras, o PSDB deu à luz à CPMF e amarrou o equilíbrio fiscal ao imposto, de maneira que é irresponsável agora, depois de terem convertido o governo quas num refém desse imposto, pretenderem extinguí-lo bruscamente, sem nenhum esquema de redução gradual.
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O PSDB vive dias de esquizofrenia aguda. Seus quadros eleitorais mais importantes, que são os governadores José Serra, Aécio Neves e Yeda Crusius, que representam os estados mais ricos e mais populosos do país, defendem a CPFM. Os senadores do PSDB, alguns dos quais representam eleitorados pequenos de estados paupérrimos e pouco populosos, como Arthur Virgílio, do Amazonas, fecharam questão contra o imposto. A explicação é simples. É que os governadores lidam com a realidade. Os senadores vivem a realidade virtual mostrada pela imprensa golpista. Os argumentos dos senadores tucanos para não votar a prorrogação da CPMF são contraditórios. Dizem que a saúde não melhorou. Ora, é cortando a mais importante fonte de recursos para a saúde que eles pensam em melhorá-la?
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Fui assistir o Assassinato de Jesse James pelo Covarde Robert Ford. Brad Pitt manda bem no papel do lendário bandido americano, mas o filme é modorrento e confuso.
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Eduardo, esse papo de lançar jornal de esquerda é furada. Por vários motivos: conceitual, mercadológico e estratégico. Conceitual porque ninguém sabe direito onde começa e onde termina a esquerda. Um jornal de esquerda será considerado de direita pela extrema-esquerda e stalinista (independente de juras democráticas de seus colaboradores) pela extrema-direita. Mercadológico porque tem dificuldade de obter anúncios. Lembra do Brasil de Fato? Logo numa de suas primeiras edições, o Brasil de Fato iniciou campanha pelo boicote aos produtos americanos, em protesto contra guerra no Iraque. Meus botões deram um faniquito. Isso é o suicídio publicitário mais estúpido que já presenciei! Então você vai recusar anúncio da Coca Cola por causa da guerra no Iraque? Tudo bem recusar anúncio de armas, tudo bem a população decidir algum tipo de boicote, mas um jornal? Num país onde os americanos detêm uma enorme participação na indústria publicitária local?
Além do mais, não vejo um público "de esquerda" tão expressivo assim no Brasil. Voltamos à internet mais uma vez. Esse público está se informando pela internet, e de graça.
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Marta Suplicy empatou tecnicamente com Alckmin para as eleições para a prefeitura de São Paulo. Considerando a campanha virulenta dos jornais paulistas contra o PT e a força do recall de Alckmin em função de ter participado dois dois turnos da campanha presidencial de 2006, o desempenho do tucano foi pífio. Mas representa um excelente case para analistas políticos. Kassab, atual prefeito, após Serra quebrar sua promessa de campanha, tem cotação desprezível nas pesquisas. Os dados comprovam, mais uma vez, a perda de força de nossa mídia tradicional, sediada em São Paulo e bancada com recursos dos nababos paulistanos.
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Algumas semanas atrás, terminei de ler As aventuras do sr.Pickwick, de Dickens. Foi o livro mais divertido que li na vida.
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Erro não. Preconceito. Alcemo Góes cometeu outro erro estranho. Deu nota outra dia escarnecendo do senador Paulo Paim (PT), que disse "protocolizado", referindo-se a um procedimento com um protocolo. Pois é. Hoje o Góes vem pedir desculpas, admitindo que o senador estava certo. A palavra existe. Eu me pergunto o seguinte: como pode Góes cometer um erro desse? Antes de acusar uma pessoa de ignorante, deveria consultar um dicionário. É a segunda vez que ele faz isso. Fez com o Lula, que disse "principalidade", termo que existe no dicionário, e ao fazê-lo, Góes contribuiu a alimentar o preconceito, já fortíssimo, contra o presidente metalúrgico. Nesse último caso, Góes não se desculpou.
O Góes tem umas tiradas que não entendo. Hoje reproduz a defesa do presidente da OAB de Rondônia, de que políticos do legislativo e executivo não recebam salário, "passando a função a ser considerada de grande relevância". Não entendi. Funções de grande relevância não merecem salário? E os políticos que não forem empresários ricos vão viver de quê? O pior é que Góes dá sequência à notinha dizendo que "é mais fácil o peru aceitar, de bom grado, o seu flagelo na ceia de Natal do que vingar a idéia de salário zero para político". ???? Também não entendi. Parece mais um capítulo dessa campanha vulgar e anti-democrática de desprestigiar a política, o que interessa somente à imprensa, que gosta de se arvorar como única representante da democracia e da ética no país.
9 de dezembro de 2007
Poupança bate recorde (e desmente abutres)
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È impossível não ler o que sai no seu blog. Tenho retirando os assunto que achou interessante e enviado para os meus amigos.
brasil quanto pior melhor
melhor para os abutres
Vendo notícia sobre fome na Africa fico me perguntando se não é isso o que os demos querem
isso só tem jeito quando o Legislativo deixar de ser bicameral..
O presidente reiterou mais uma vez que o governo não pensa na hipótese de perder os recursos da CPMF. "Eu não penso na possibilidade de não ter esse imposto. Eu acho que os brasileiros estão vivendo um momento de otimismo muito importante com o Brasil, a situação econômica está boa. Agora, o que é importante saber é o seguinte: os beneficiários da CPMF são as pessoas mais pobres desse país."
senado prá que? para aprovar ou despaprovar decisões da camara?
entao tá...a Casa dos Lordes (o senado é isso sim) se metendo em tudo quanto é assunto
no frigir dos ovos nós, quase 200 milhões de pessoas somos representados por uma meia centena de politicos malas que, em sua maioria, foi eleita às custas de grandes grupos econômicos sedentos por grana, estes mesmos interessados em derrubar a CPMF para sonegar impostos e afundar o brasil
quem sabe transformar nosso País num destes paises africanos marcados pela fome?
é a tática do "brasil quanto pior melhor"
alguma dúvida?
Miguel, depois vá ao blog ndo Aguinaldo Silva, ele é doido.
bjs
Miguel, os seus textos são muito bons. Valeu!
Pelo que me lembro o Anselmo Góes é muito feio. De incomodar. Imagino como deve se sentir bem tendo um ÚNICO motivo para se sentir "acima" de gente importante e popular para muitos admiradores, como o presidente Lula.
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