2 de outubro de 2011

Depilando as axilas


Há tempos que observo como o debate em torno dos benefícios e danos trazidos pelas bandeiras do politicamente correto foi poluído pela briga ideológica. Há coisas que são simplesmente grosserias, e não politicamente incorretas. Mas evidentemente há momentos em que o limite é tênue entre uma coisa e outra. Desde que não envolva saúde pública e racismo explícito, acho que deveríamos ser mais tolerantes.

De qualquer forma, estou bastante convicto que não devemos incentivar a censura de publicidade por conta de uma interpretação subjetiva altamente discutível. Isso não vai dar certo. O petismo vai entregar de bandeja a bandeira da liberdade para uma oposição decadente, desesperada por se agarrar a uma tábua de salvação. É um erro político monstruoso. E digo político num sentido muito mais amplo do que o simplesmente eleitoral. Atormentados, desorientados, amargurados pela confusão ideológica que a realpolitik do governo federal lhes provoca, os esquerdistas parecem estar com sangue na boca para encontrar um inimigo que os façam sentir-se "na luta" novamente. Eu acredito na luta, mas meu adversário, definitivamente, não é a Gisele Bundchen, muito menos anúncios de lingerie. Ao contrário, minha opinião é que esse comportamento levianamente patrulheiro debilita profundamente a imagem da esquerda, reforçando acusações de que é ela contra a liberdade de expressão, que ela flerta com sentimentos totalitários.

Ouso dizer que isso pode ser o início do fim do petismo no Brasil, caso ele se deixe levar por esse moralismo barato, ocioso, arrogante e interventor. Sentindo-se ofendida pelo anúncio, a ministra deveria encaminhar um protesto pessoal ao Conar, ou chamar a sociedade para um debate em torno da imagem da mulher na publicidade brasileira. Nunca procurar censurá-lo através da estrutura do governo.

Aonde nos levará esse radicalismo? Vamos proibir a circulação das piadas do Costinha?

Entendo que há diferença entre a liberdade permitida à publicidade e a que se concede à arte. O jornalismo também possui liberdades distintas. Mas a liberdade enquanto conceito, enquanto liberdade de expressão, é uma só. Se não se permitisse à publicidade nenhuma liberdade, os anúncios seriam completamente insípidos. E quem pode provar que é melhor à sociedade assistir a comerciais insípidos do que enfrentar o risco de topar, aqui e ali, com algum sexismo na forma de humor? Quem poderá provar que, sob a rígida proibição do Estado, mensagens subliminares ainda mais sinistras não estarão sendo veiculadas? Não seria melhor deixar a publicidade livre, até para focar o controle em questões mais diretamente ligadas à saúde pública?

O que é o humor? O humor é justamente, segundo Freud, a liberação de um sentimento reprimido. O humor joga com o tabu, com o proibido, com nossos preconceitos. E assim o humor nos prepara gradualmente para nos libertarmos deles. A brincadeira com as mulheres é a maneira que a sociedade encontra de se preparar para um mundo novo, em que as mulheres recebem tratamento equânime, em que não há sequer necessidade de nenhuma condescendência. Homens e mulheres estão sempre fazendo piadas jocosas uns com outros, sobre seus supostos defeitos, vícios e manias. A realidade é assim. A publicidade e arte refletem isso. As piadas sobre homossexualismo tornam-se populares justamente no momento em que a sociedade brasileira começa a ver o gay como um cidadão tão digno como qualquer outro. Através das piadas, os preconceitos vão caindo, vão se diluindo, lavados pela catarse e pelo riso.

Estava conversando com minha esposa, uma empresária bem sucedida, ultra feminina, uma mulher que se um homem na rua lhe disser uma gracinha desrespeitosa, dá-lhe uma lição de moral arrasadora, que não leva um desaforo para casa e consegue tudo o que quer. Ser dominada ou humilhada por ser uma mulher é algo inconcebível para ela.

Ela considera equivocada a perseguição ao anúncio da Hope. Ela não se sentiu nenhum pouco ofendida; tem trezenas outras mil preocupações em sua mente e sua auto-estima e auto-confiança não são de geléia para tremerem tão facilmente. Olhem ao redor. Abram os olhos. Há milhares de outros anúncios muito piores que este da Hope rolando no país. Uma democracia não pode escolher, arbitrariamente, um deles e usá-lo como bode expiatório.

Tenho certeza que 99% das mulheres brasileiras entenderam o humor mostrado; pode não ter agradado, mas aí simplesmente não vão comprar o produto oferecido; neste caso, estaríamos diante de uma publicidade mau feita, visto que o objetivo é justamente atrair a mulher. Minha mulher nunca vai tirar a roupa para me contar uma notícia ruim. Ou até pode fazê-lo, mas não como castigo! A personagem da Gisele aparece rindo, aquilo é notoriamente - dentro da narrativa do anúncio - uma brincadeira inocente entre o casal. Não há nenhuma insinuação de que ela foi coagida, por violência física ou psicológica, a tirar a roupa. Uns acusam o absurdo de mostrar a mulher como má motorista. Ora, valha-me Deus! Aquela personagem é má motorista, não a mulher em geral!

Aquilo é ficção, entendem? Ficção! Uma brincadeira com uma imagem muito comum que temos das mulheres. Não são todas, claro. Talvez nem seja verdade. Mas é uma coisa que as pessoas falam, que as mulheres estouram seus cartões de crédito, o seu e dos maridos; assim como se fala que os homens costumam gastar seu dinheiro todo com cachaça. Que há de mal nisso? São clichês inocentes, fantasiosos, que não impedem o governo federal de escolher quase sempre as mulheres como responsáveis por gerir os benefícios sociais que o Estado oferece às famílias pobres. Que não nos impede de termos escolhido uma mulher para administrar o país.

Quantos filmes, quantas novelas, quantos livros já não foram escritos repetindo esses lugares-comuns? Quantos clichês sobre os homens não são veiculados na publicidade? Observe ainda que os homens são sistematicamente retratados como burros ou retardados na publicidade, sobretudo diante de mulheres bonitas.

Minha mulher estava me lembrando que durante a Antiguidade Clássica, havia quase um monopólio do nu masculino, retratando uma sociedade visceralmente machista. Talvez a ascendência atual do nu feminino tenha a ver com um movimento psicológico muito profundo, uma mudança tectônica do mundo em direção a um matriarcado. Enfim, é bem plausível que por trás de todo esse emaranhado de interesses comerciais e publicitários, movam-se tendências culturais ainda totalmente misteriosas e inacessíveis ao nosso entendimento. E o que me espanta é a arrogância com que as pessoas querem interpretar de maneira cabal e definitiva uma sociedade tão poderosamente complexa.

É perfeitamente saudável que as pessoas manifestem seu desacordo com o tal comercial. Que façam correntes, e passem horas do dia fazendo elocubrações complicadas sobre os males implícitos, secretos, obscuros, que estão por trás da performance da Gisele Bundchen. O que não posso aprovar é que o governo pressione o Conar a proibir o anúncio por causa disso. O certo, neste caso, seria deixar a sociedade civil tomar a iniciativa.

Abaixo, algumas piadas politicamente infames do Costinha:





19 comentarios

Rogério Floripa (Pra não homenagear Floriano) disse...

Infelizmente vivemos numa sociedade de caretas.


Documentário - A Sociedade do Espetáculo
Ressalta o aspecto de espetacularização dos feitos, em qualquer sociedade,seja ela neoliberal ou socialista. http://fwd4.me/07qO

Marcio Tavares disse...

Deixa eu contar uma historinha. Faço parte do Skoob que é uma espécie de Orkut de livros ou de quem gosta de livros. Nesse site pode-se trocar ideias sobre livros, fazer resenhas, críticas e até trocar livros.
Assim como no Orkut, existem "comunidades" para assuntos mais específicos tais como livros policiais, determinados autores etc.
Resolvi fazer parte de uma dessas comunidades e, como achei os comentários muito chatos, comecei a fazer umas piadinhas. As pessoas ficaram indignadas com minhas brincadeiras. Começaram a pedir minha expulsão. Mas eu não parei de fazer as piadas. Ao contrário, intensifiquei. Fui expulso.
Intelectual tem que ser "sério".

SPIN IN PROGRESS disse...

Em comparação com a década de 80 o mundo ficou bem careta, o que não tem a ver com se ser politicamente correto, é uma caretice vinda não sei de onde, provavelmente de gente como o Silas Malafaia, isso tem um nome: HIPOCRISIA.
Continuo não compreendendo esse trolóló da HOPE, só sei que se quiseram visibilidade conseguiram.
Mas o governo não censurou nada, apenas chamou a atenção do CONAR para a peça, o CONAR não tem poder de censura, apenas pode advertir a HOPE, bem como pedir que se adapte a polêmica propaganda à caretice do mundo atual, deveriam colocar o Silas Malafaia no lugar da Gisele, fui

Miguel do Rosário disse...

Oi Spin, como eu disse, o governo tomou a iniciativa de pedir a censura ao Conar. Ele tem esse direito, só que eu achei uma tremenda burrice.

Anônimo disse...

Fiquei na dúvida se comentaria ou não sobre o anúncio.Só me dei conta do tal anúncio depois dos comentários. Acho o anúncio muito ruim, na verdade. E inverossímil, mesmo contando com a imagem da Gisele. Porque, para a maioria dos homens que conheço, o carro é a primeira família, o primeiro amor, tudo enfim. Claro, esse anúncio não seria dirigido aos homens e sim às mulheres, afinal homens não costumam usar lingeries. Será que sua mensagem está em dizer que uma mulher é melhor do que um carro, dá mais prazer do que um carro? Deveria ser, mas será isso? Outra coisa, não creio que o PT vá acabar por isso, também acho exagerado. E quanto às imagens do homens na Antiguidade, eles eram lindos, másculos, mas o piu piu era mínimo (não era uma espécie de censura?).

Francisco Ebeling Barros disse...

Eu não sabia que o procedimento tinha sido o descrito por "Spin in Progress". Sendo assim, nada mais natural (e democrático) que um órgão chamado "Secretaria Especial para as Mulheres" faça o seu trabalho, assim como o IBAMA pediu que se melhorasse a qualidade técnica do projeto de Belo Monte em termos ambientais.

Miguel do Rosário disse...

Oi anonimo, acho que é por aí mesmo. A mulher é muito mais importante que um carro ou cartão de crédito. Também não acho que o PT vá acabar com isso. Não vai conseguir. Mas é errado e contra-producente o PT mergulhar de cabeça nessa caretice de proibir tudo em nome do politicamente correto. Quanto ao piu piu das estátuas gregas, tenho duas explicações: 1) genialidade deles, pois se fizessem estátuas com piu pius enormes, acabariam com a autoestima dos homens da época, que as olhariam e se sentiriam inferiores; com estátuas de piu piu pequeno, podem se sentir melhores; tem até a história do Fitzgerald, o escritor, que tinha bilu pequeno e era muito deprimido com isso, e que foi levado por seu amigo para contemplar as estátuas gregas para se sentir melhor; ou seja, a estratégia vale até hoje. 2) Os gregos eram bissexuais, e talvez por razões "técnicas" admiravam um bilu pequeno. Já li alguns poemas gregos antigos que exaltavam um "delicado e pequeno pênis", rs.

Valeu.

Pedro alessandro disse...

Bom,não tenho o hábito de comentar neste blog,aliás estou devendo sua leitura estes dias,mas diante da discussão,deixa eu dar meu pitaco:o comercial é ruim porque é burro,transforma a mulher em mero objeto sexual e faz apologia a isso,nada mais fácil..e quanto a sua opinião Miguel..é coerente entre os seus,pessoas esclarecidas,politizadas,agora me diga:qual seria a opinião que uma pré adolescente formaria diante de tal informação?Negar a influência dos meios de comunicação e propaganda entre os muito jovens é de uma inocência primária e se queremos uma sociedade melhor do que esta que herdamos devemos sim ficarmos atentos a este tipo de propaganda,porque ela é extremamente deseducadora.
Saudações a todos!

Miguel do Rosário disse...

Minha resposta a um comentário de uma amiga da blogosfera que tomou as dores da ministra. Ela mencionou-me no Facebook, dando link para esse texto, publicado por ela no Azenha:

http://www.viomundo.com.br/blog-da-mulher/iriny-lopes-o-que-fizemos-foi-respeitar-as-solicitacoes-recebidas-pela-nossa-ouvidoria.html

Ia responder no Face, ou então no blog onde ela escreve, mas aí a coisa ia se dispersar e só aqui eu tenho condições de debater com bastante espaço para argumentar.

Bem, de minha parte houve justamente o que ela disse que faltou: debate. Eu fui para o debate. E nunca ridicularizaria a ministra, não nesse momento e não de maneira desrespeitosa, ou ad feminam. Pelo contrário, fiz questão de enfatizar meu respeito por seu trabalho e fiz longas digressões em defesa da mulher. A questão da liberdade de expressão é um ponto fundamental em minhas preocupações, e minha luta é mostrar que a liberdade não é uma bandeira da direita, como a mídia tem conseguido, com muita eficiência, disseminar. Faltou sensibilidade da ministra, do governo e da esquerda em geral, para essa questão, que é capital na luta ideológica. Devolvo agora a acusação que frequentemente me fazem: a entrevista da Carta Capital foi muito chapa branca. A repórter apenas levanta a bola para a ministra cortar. Mais chapa branca do que se fosse feita por uma assessoria. Ouvidoria? Ela está fugindo da responsabilidade de assumir uma decisão que foi sua, visto que, solicitações devem surgir aos milhares. Ela poderia simplesmente ter dado uma resposta política às reclamações, dando uma entrevista em que demonstrava seu descontentamento para com esse anúncio e tantos outros, mas daí a usar a estrutura do governo federal para, através do Conar, censurar uma publicidade, foi um erro bastante grosseiro. Tanto foi erro que produziu uma polêmica fortemente negativa, com prejuízo inclusive para a imagem da ministra, ridicularizando o próprio feminismo. Carimbou o governo "petista" como censor, e a grande maioria das mulheres sequer deu bola para a ação. A perguntinha da repórter de que os homens fariam "piadas" dizendo às mulheres para tirarem suas roupas, ou a insinuação da ministra de que a personagem da Gisele tirou a roupa para evitar uma reação violenta do marido, são fruto de uma visão paranóica e caricatural do homem. É preconceito contra o homem, me desculpe. É tratar, de um lado, o homem como se fôssemos todos uns grosseirões espancadores de mulher (quando na realidade, há talvez até uma maioria de homens que são doces e inclusive tem medo das mulheres); de outro, é tratar a mulher como um sexo frágil que, em muitos sentidos, já deixou de ser há tempos. Não conheci uma mulher, em toda a minha vida, que não soubesse se defender muito bem de uma gracinha desse tipo. Não há necessidade de governo censurando publicidade, ou pelo menos não em firulinhas como essa. Se um homem quer fazer piadinha, não vai deixar de fazê-lo por causa da proibição do anúncio. Ao contrário, ao proibi-lo é que agora estimula as piadas. Há fatos muitos mais graves que merecem a atenção do governo na questão da mulher. Eu li a matéria do Paulo M.Leite. A comparação com a questão do fumo não me pareceu lógica.

Quanto à legislação específica para a publicidade, claro que existe e já é bastante rigorosa. Não é saudável que o governo invada esta seara. Vai politizar desnecessariamente, deslocando um debate que deveria se restringir às questões essencialmente de saúde pública para intermináveis discussões ideológicas em torno da liberdade de expressão. Publicidade também tem narrativa, também é uma linguagem e portanto também precisa de liberdade de expressão para existir. Eu não sou publicitário, não gosto de publicidade, mas sinto-me na obrigação de defender um campo onde também existe criatividade.

Miguel do Rosário disse...

Roderick, pode ser um anúncio ruim, como tantos outros.

Pedro, crianças e adolescentes não são retardados. Não vamos subestimá-los, nem podemos também criar um mundinho de contos de fadas. Há muitos comerciais que mostram os homens como retardados, submissos à beleza da mulher. A educação serve para isso, para proteger nossas crianças. Não dá para proibir tudo por causa delas.

Minha posição é a seguinte. Na verdade, sempre vai existir algum tipo de sexismo em qualquer anúncio. O que muda é o nível de sensibilidade das interpretações subjetivas. Acho saudável que haja reclamação. O Conar já havia recebido reclamações do anúncio em questão. O erro foi o governo federal se meter. Quando o fez, politizou, ideologizou o debate, produzindo uma polêmica desgastante e negativa.

José Carlos Lima disse...

mas daí a usar a estrutura do governo federal para, através do Conar, censurar uma publicidade, foi um erro bastante grosseiro.

................

O governo/conar não censurou.
Já houve censura sob a democracia mas isso partiu do Ministério Público Federal para que um programa de tv, de baixaria, fosse suspenso, no momento não me lembro qual.

Outra coisa: Este episódio me lembra as famosas polêmicas criadas pela Benneton, envolvendo questões sobre o racismo, religião, sexualidade. O debate é salutar enquanto aprendizado. Que as pessoas não fiquem magoadas ou se tornem inimigas por conta desta fervura. O que vale mesmo é o abraço, a amizade, contendas ideológicas não podem criar feridas. Abraço,

José Carlos Lima disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
José Carlos Lima disse...

Fazendo um paralelo com o caso Benetton, eu diria que esta peça da HOPE, trouxe à tona alguma coisa velada que eu ainda não sei mensurar: sexo? feminismo? machismo?
Como no caso Benetton, até que ponto isso pode ser educativo?
Como no caso Benetton, até que ponto isso tem a ver com hipocrisia?

Segue link para ótimo texto sobre o caso Benetton no que diz respeito ao racismo

http://pt.scribd.com/doc/57101832/Racismo-e-Hipocrisia-na-Sociedade-Contemporanea-Atraves-da-Campanha-Publicitaria-%E2%80%9CUnited-Colors-of-Benetton%E2%80%9D

Obs: a gente remove o comentário mas a impressão digital continua, eita blogger que não toma jeito, dá até a impressão de que o meu comentário foi removido pelo autor da postagem, o que não é o caso, qualquer hora dessa o blogger entra na era moderna

Marola disse...

Methinks thou doth protest too much. Um pouco de PC exagero nao faz mai a ninguem visto que o oposto disso e o que mais se ve.

MauMauquirino disse...

Que sociedade que queremos,uma sociedade que ri dos discriminado,ou uma socieedade que respeita as diferenças??
http://www.cartacapital.com.br/destaques_carta_capital/o-perfeito-imbecil-politicamente-incorreto

MauMauquirino disse...

Que sociedade que queremos,uma sociedade que ri dos discriminado,ou uma socieedade que respeita as diferenças??
http://www.cartacapital.com.br/destaques_carta_capital/o-perfeito-imbecil-politicamente-incorreto/attachment/nelson

Anônimo disse...

"...A brincadeira com as mulheres é a maneira que a sociedade encontra de se preparar para um mundo novo, em que as mulheres recebem tratamento equânime, em que não há sequer necessidade de nenhuma condescendência..."
"...Através das piadas, os preconceitos vão caindo, vão se diluindo, lavados pela catarse e pelo riso[...]
"...Não conheci uma mulher, em toda a minha vida, que não soubesse se defender muito bem de uma gracinha desse tipo..."
É isso mesmo? Quantos séculos mais teremos de viver até que sejamos tratadas como cidadãos de direitos e não propriedade ou mercadoria?
As estatísticas nacionais e mundiais dão conta de inúmeros casos diários, por segundo,de violência, todo tipo de violência, contra as mulheres. E você não conhece nenhuma que não tenha podido ou conseguido " se defender de uma gracinha"? Ao lê-lo tive a sensação de que vivo, leio e ouço fatos e narrativas de outro planeta...sexista,machista e algumas vezes a beira da misoginia... Qual é o seu?
A propaganda nos coloca no papel social, cultural e historicamente construído de objeto. A publicidade pode contribuir para a desconstrução dessa imagem, mas não com "piadas" ou "brincadeiras" iguais a esta em comento.
Salutar lembrar que os/as negros/as são, secularmente, alvos de todo tipo de "piada", fato. Indago: essa "liberdade de expressão" diminui o racismo?

Miguel do Rosário disse...

Anonima, as mulheres são cidadãos com todos os direitos garantidos. Sem essa conversa. Que mané propriedade ou mercadoria? Propaganda com mulher bonita é uma coisa, direito político é outra. Tem propaganda com homem bonito também, não tem? Tem violência contra criança, contra homem, contra homossexual, contra o trabalhador. Segundo as estatísticas, a violência contra mulher no Brasil e no mundo vem caindo de maneira muito consistente. Ainda existe e justamente por existir é que o governo deve focar nisso, e não em comerciais de lingerie. Piadas com homossexuais ajudam sim a reduzir o preconceito. Piadas com negro e branco também ajudam. O cinema americano, exemplo em inserção do negro: muitos presidentes americanos o foram no cinema antes da realidade, é cheio de humor envolvendo o racismo.

Anônimo disse...

Caro,

Sua argumentação não reflete a realidade e "transpira" pensamento elitista. O cinema americano com seus "humores" envolvendo o racismo produziram qual mudança na cultura americana? Ah! Reagan era ator e branco...e os americanos continuam matando pessoas negras no corredor da morte sem provas conclusivas de culpabilidade...
Continuo afirmando: vivemos em planetas diferentes...

Postar um comentário