Esse colunista da Veja foi contratado para tentar trazer um pouco de bom senso à revista. Li algumas de suas colunas e constatei que, depois de um começo bom, ele se retraía perante o estilo violento e radical de seus coleguinhas Mainardi e Azevedo. Nesta coluna, ele aborda as polêmicas levantadas pelo papa, e consegue a proeza de aventar uma porção de lugares comuns, generalizando mediocremente opiniões, e não dizer nada.
Particularmente, me desagradou o seu raciocício de que a autoridade do Papa é absoluta na Igreja Católica. Ou seja, se ele condena o uso do preservativo, eu, católico, não devo usar preservativo.
Ora, a grande revolução trazida pela cristandade, e o catolicismo è uma religião fundamentalmente lastreada sobre as idéias de Cristo, é justamente o livre arbítrio, a independencia de espirito.
Além disso, diferentemente de outros profetas, Jesus bebia vinho, participava (e patrocinava, com seus milagres) de grandes ceias, gostava de dançar, e solidarizou-se com Madalena, a prostituta. Tenho certeza que Jesus não condenaria o uso do preservativo. As palavras de Cristo são plenas de bom senso, exortação à paz, ao senso de justiça social. Me dá nos nervos ver gente que se pretende grandes defensores do catolicismo no Brasil pregando o valor do “ódio”, como faz um Olavo de Carvalho, ou simplesmente exibindo descaradamente preconceitos contra pessoas humildes, como faz o Reinaldo Azevedo. Esse papa, que Deus me perdoe e que o tenha, um dia vai pro céu, ou para outro lugar mais escuro, e outro papa assumirá a posição. O catolicismo continua, podendo evoluir ou decair. Tenho pra mim que o catolicismo deveria se modernizar, permitindo o casamento entre os padres e ordenando também mulheres. Porque mulher não pode ser padre?
Outra coisa, com tantos padres pedófilos por aí, qual a moral do Papa em ficar exortando os católicos a não fazerem amor nem fora nem dentro do casamento? Será que o Papa não sabe que a humanidade está plena de problemas sexuais e que uma boa transa, saudável, segura, è a melhor solução para uma pessoa ser boa, respeitadora dos outros e de Deus?
Sou católico, mas me considero da vertente revolucionária: a favor de tudo que a Igreja proibe, preservativos, aborto, eutanásia, maconha, sexo livre antes do casamento, etc.
Abaixo o texto do Petry, que me inspirou este artigo:
A Igreja é chiclete?
Por André Petry na VEJA deste fim de semana:
"É sempre bom lembrar que a plena liberdade de culto contempla a liberdade de qualquer culto, inclusive nenhum
Durante a visita do papa, trataram a Igreja Católica como chiclete, puxando-a para todos os lados. Os católicos, enlevados com a presença do papa, voltaram a defender o de sempre: que a doutrina da Igreja vire política de estado. Puxando a Igreja para lá, condenam a camisinha, o aborto, o divórcio, o casamento gay – e querem que suas condenações morais sejam válidas para todos os brasileiros, e não apenas para os católicos. Chiclete para um lado.
Os que discordam disso tudo tentaram fazer com que a Igreja Católica deixe de ser o que é – uma igreja, com seus dogmas e doutrinas, suas crenças e suas verdades. Puxando a Igreja para cá, querem que ela autorize o aborto, libere o uso da camisinha, aprove o divórcio, concorde com o casamento gay – para todos os brasileiros e, inclusive, para os católicos. Chiclete para o outro lado.
Está tudo errado. Certo mesmo seria que, num estado laico e com liberdade de culto, cada lado pudesse viver segundo suas convicções. Portanto, está certo o papa quando defende a excomunhão de políticos que aprovam o aborto. O PPS chegou a divulgar nota criticando a postura supostamente autoritária do papa. Não é autoritária. O deputado José Genoíno, que começa a voltar à luz depois de ser abatido pelo mensalão, acha que é uma posição intolerante. Também não é. É apenas uma posição da Igreja Católica válida para os católicos. "O direito de matar um inocente, uma criança humana, é incompatível com estar em comunhão com o corpo de Cristo", disse o papa. Eis a palavra do representante do Deus dos católicos na Terra. É simples. Quem concorda vive segundo esses ensinamentos. Quem não concorda tem o direito de rezar em outra freguesia ou de não rezar em freguesia alguma.
O outro problema é quando o chiclete espicha para o outro lado – e a Igreja Católica não se contenta em falar apenas ao seu rebanho. É contra o aborto? Nenhum problema. Que oriente seus fiéis para que jamais o façam. Em vez disso, a Igreja Católica quer que o estado brasileiro mantenha uma proibição legal que atinge a todos... É contra o uso da camisinha, pois, segundo a clarividência divina de dom Geraldo Majella, ela incentiva "a criança, o adolescente" à "promiscuidade"? Nenhum problema. Peça aos seus fiéis, "a criança, o adolescente", que se abstenham de usá-la. Em vez disso, a Igreja Católica quer que o governo brasileiro suspenda a distribuição de camisinha nos postos de saúde para todos os brasileiros... Não gosta que os adolescentes "fiquem", pois, segundo a infinita elegância de dom Dimas Lara Barbosa, as meninas que o fazem se comportam como "garotas de programa"? Nenhum problema. Basta orientar suas meninas a não se comportarem como "garotas de programa". O raciocínio vale para tudo. Casamento gay, eutanásia, divórcio. Quando não é assim, fica parecendo que a Igreja não confia na sua capacidade de convencer seus fiéis e precisa transformar seus pontos de vista em obrigação legal para todos.
É sempre bom lembrar que a plena liberdade de culto, que a Igreja Católica tão corretamente defende, contempla a liberdade de qualquer culto, inclusive nenhum".
12 de maio de 2007
Discutindo com o Papa
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A questão de ser a favor ou contra muias vezes esbarra no limite do razoável. A Igreja toma posições já enraizadas à décadas. Concordo plenamente que muitas proibições religiosas são apenas temas de exposição, porque na verdade, a maioria não respeita! Proibir o preservativo é bobagem! Quanto ao aborto, já é uma questão mais delicada! Envolve muito mais do que simplesmente interrromper uma gravidez. Alguns dão o prazo de um ou dois meses para permissão do aborto. Ou seja, já vão limitar o SIM que deram a favor. Pode abortar, MAS... Sou contra o aborto, sem envolvimento da religião, simplesmente não considero que seja o ato mais correto diante de uma gravidez indesejada. Sou a favor que seja aplicado de acordo com a Lei, em caso de risco de vida para a mãe ou de estupro. A eutanásia também envolve muitos MAS... Se o doente é jovem ou idoso. Se a doença é terminal ou não. Sou a favor somente de não causar sobrevivência através dos aparelhos em idosos. Um jovem em estado vegetativo já causa dúvidas: e se houver uma cura próximamente? Não sou a favor de nenhuma droga. E sexo, hoje é muito mais difícil encontrar alguém que diga que é virgem.
Acho que quem quer fazer parte da igreja católica tem sim que obedecer as regras estabelecidas pelo chefe maior dessa entidade. Quem disse que precisamos ser católicos para sermos cristãos?
Eu por exemplo não faço parte dessa igreja (e de nenhuma outra) e me considero cristã porque acredito que Cristo existiu e deixou mensagens de fraternidade, igualdade,solidariedade entre outras que tento sempre seguir. A Igreja foi criada muito tempo depois e sempre achei que com outras bases que não as mensagens de Cristo. Porisso nunca me considerei católica e não tenho nenhum problema com isso.
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