18 de junho de 2009

Os platinados e as contradições anti-iranianas

(esquina da Rezende com Gomes Freire, Lapa.
No prédio azul fica a sede da União da Juventude Socialista)


Daí que o Globo (e creio que seus primos paulistas enveredam pelo mesmo caminho) mergulhou de cabeça na campanha patrocinada pelo lobby armamentista para demonizar o Irã. Obama terá trabalho pra segurar o chifre desse touro brabo. Até aí eu entendo. Desde sua fundação, o Globo é cupincha servil dos interesses americanos, que os Marinho sempre colocaram muito acima dos interesses nacionais. O engraçado, e infantil, dessa história, é a tentativa de meter o Lula no imbróglio. Na terça ou quarta-feira (dia 16 ou 17 de junho), a primeira página da seção Mundo trazia um manchetão dizendo que o presidente brasileiro apóia Ahmadinejad, o mandatário iraniano reeleito com uma vitória esmagadora nas eleições realizadas semana passada. Manchete mentirosa, como sempre. Lula apenas dissera que as manifestações de rua no país eram choro de derrotados, e que não havia provas de fraude. Ora, é a pura verdade.

Não tenho nenhuma predileção por Ahmadinejad, embora eu confesse que estou quase chegando ao ponto em que tudo que o Globo diz que é bom, eu acho o contrário. Se o Globo é contra o Ahmadinejad, eu sou a favor. Do jeito que a coisa vai, em breve será muito fácil ter uma opinião política: ler o jornal de cabeça pra baixo. Bem, isso é ironia, desculpem-me.

Os platinados voltam à carga hoje. Só por ter feito observações lógicas sobre a necessidade de se respeitar um processo eleitoral, Lula virou o maior apoiador mundial de Ahmadinejad. É sempre assim. Todos os demônios (na opinião do Globo) do mundo são aliados de Lula. Em tudo de mal que acontece no planeta, lá está o dedinho do (ex)barbudo. Daqui a pouco vão dizer que Lula é culpado pela morte daquele jornalista da Folha, assassinado esta semana por Obama durante uma entrevista para a televisão. Vocês viram que espetáculo? Obama matou a mosca! Mas o PIG nacional irá dizer que foi o sapo (ex)barbudo que esticou sua língua, lá do outro lado do mundo, para apanhar o inseto.

Ahmadinejad foi eleito democraticamente em sufrágio universal. Alguém contestou a primeira eleição? Não, né? Ora, um presidente eleito uma vez com enorme vantagem sobre o adversário pode ser eleito uma segunda sobre outro concorrente. Se houve fraude, as instituições iranianas irão dizer. Não é grupinho de Twitter com alguns milhares de seguidores que decide eleição num país com 70 milhões de pessoas.

Um colunista americano, em artigo traduzido e publicado no Globo, disse que o Facebook do adversário do Ahmadinejad já tem 50 mil participantes, e que isso encheria qualquer "mesquita". Oh, que sociologia profunda! Alguém deveria avisar a este senhor que a comunidade brasileira Leu na Veja, Azar Seu! tem 60 mil participantes, a comunidade Eu Odeio Acordar Cedo tem 3,8 milhões de participantes, e ninguém cogita dar algum valor eleitoral a isso.

Se o adversário de Ahmadinejad não confia nas instituições democráticas iranianas não deveria ter participado do pleito. A sua atitude radical de, desde o início, negar o resultado, me soou extremamente golpista e antidemocrática. As pesquisas de intenção de voto sempre apontaram o atual presidente como favorito. Por que o espanto em torno do resultado?

A mídia brasileira, em vez de atacar gratuitamente o governo iraniano, deveria procurar informações sobre a metodologia usada nas eleições do Irã, para que pudéssemos ter alguma idéia sobre a veracidade das acusações de fraude. A diferença em favor de Ahmadinejad foi brutal, então a fraude teria que ser brutal. Quando o atual presidente do México ganhou as eleições sobre o candidato de esquerda por uma margem de apenas 1%, e milhares de mexicanos foram às ruas protestar, não vi mídia dar nenhum destaque ao fato. Eu mesmo não vi o protesto mexicano com bons olhos. Protesto de perdedor não vale. Se a sociedade não confia nas instituições democráticas de um país, que vá às ruas antes do pleito, pedindo auditorias independentes e observadores internacionais. Aliás, queria saber isso. Houve observadores internacionais no Irã? A mídia não informa nada. Aqui no Rio, milhares de gabeiristas foram à Cinelândia protestar contra a derrota de seu candidato nas últimas eleições municipais- palhaçada de elite arrogante que não admite perder. Diante do que li sobre a divisão classista iraniana, suspeito de um fenômeno similar.

Entretanto, o fato do Irã ter aceito fazer a recontagem é um excelente sinal. Caso a vitória seja confirmada, quem irá pedir desculpas ao mal causado à imagem das instituições iranianas e suas autoridades, acusadas de desonestidade?

Ah, morreram seis pessoas durante os protestos. É uma lástima. Mas a polícia de São Paulo mata algumas dezenas de pessoas por semana e a mídia não fala nada. Jovens protestam pacificamente contra a presença da polícia na USP e a mídia os chama de baderneiros. Já os jovens iranianos que protestam, esses são verdadeiros democratas. As imagens da TV e as reportagens informaram que os jovens que protestavam contra os resultados estariam quebrando lojas, bancos e patrimônio público. É uma hipocrisia inacreditável que a mídia agora defenda um tratamento carinhoso a esse tipo de atitude.

Sobre a repressão ao uso de internet no Irã, trata-se de uma agressão terrível à liberdade de expressão, mas essa é uma realidade em dezenas de outros países africanos e asiáticos, cujos governos se consideram desestabilizados por campanhas políticas patrocinadas por interesses externos. O Irã, pelo menos, tem eleições e sufrágio universal, à diferença da Arábia Saudita, do Paquistão e da China. É muito engraçado que a mesma mídia que tanto barulho fez contra a criação do blog da Petrobrás, que calunia sistematicamente a blogosfera brasileira, e que tenta inclusive aprovar leis anti-blogs, converta-se agora em defensora dos blogueiros iranianos.

Lula está certíssimo em apoiar o processo eleitoral iraniano. É prova de respeito aos Princípios Fundamentais da Constituição Federal brasileira, Artigo 4, Capítulos III e IV, que falam da autodeterminação dos povos e da não-intervenção. É obrigação de qualquer autoridade que se pretenda seguidora dos princípios mais elementares da diplomacia e do direito internacional dar a presunção de inocência e idoneidade ao processo eleitoral iraniano. Se houver fraude comprovada, os mandatários devem protestar, naturalmente, mas cabe às instituições iranianas resolver o caso. Não havendo fraude comprovada, deve-se o respeito à decisão soberana do povo iraniano em reeleger Ahmadinejad.

Enquanto isso, Cora Ronai, em sua coluna de hoje, afirma que, "assim como todos os brasileiros", sentiu vontade de se enfiar embaixo do sofá de tanta vergonha, ao assistir Lula defender as eleições iranianas. Ora, em primeiro lugar, desconheço o fato da população brasileira estar tão interessada no que acontece no Irã; em segundo lugar, Lula tem popularidade de 84% no Brasil, então não tem ninguém com "vergonha dele"; em terceiro lugar, Lula é, junto com Obama, o presidente mais prestigiado do planeta, tendo sido, semana passada, aplaudido de pé por seis vezes seguidas, durante uma convenção de direitos humanos da ONU. Do que eu tenho vergonha, senhora Cora Ronai, é de encontrar textos tão mal escritos como os vossos num jornal tão (infelizmente) lido pela classe média fluminense. Se a senhora tivesse realmente vergonha de alguma coisa, deveria guardá-la para sentir quando entendesse melhor o papel que teve o jornal para o qual a senhora trabalha na preparação do golpe militar que massacrou a democracia brasileira.

35 comentarios

Anônimo disse...

Texto MARAVILHOSO, como sempre.
Parabéns, Miguel!

(desculpe o anonimato é q tenho medo d´O Globo, nosso Big Brother)

josaphat disse...

Gente ruim esse pessoal da imprensa, Miguel, gente ruim...e ainda tantos incautos que os escutam.
Néscios, como gostava Homero de dizer.

Anônimo disse...

Miguel, uma sugestão: q tal pesquisar e publicar em capítulos, a história da origem do Globo - como nasceu, se desenvolveu e cresceu - e com que finalidade; é preciso retomar essa história, hoje, analisada à luz do conhecimento atual. Por ex.: alguma vez, houve alguma vez, pelo menos, q esse jornal tenha contribuido para o BEM dos seus leitores? do Brasil? seria um Serviço de Utilidade Pública. no site http://www.fazendomedia.com/index.htm tem muitos artigos e livros, principalmente do Mário Augusto Jbkobskind. Eu adoraria ler essa sua "mini-série".

iendiS disse...

Em 2006, se Alckmin não tivesse "desempolgado" parte do PIG e da elite paulistana, sobretudo por não defender as privatizações, o Brasil teria corrido sério risco de enfrentar a mesma situação: a galera do "cansei" iria para as ruas, as TVs mostrariam um grupinho barulhento na Av. Paulista, as imagens correriam o mundo, e papagaios planeta afora sairiam repetindo a "fraude brasileira" 'abroad'!

Marisps disse...

Por mim a Cora Ronai poderia mesmo se enfiar embaixo do sofá e ficar lá para sempre. O Brasil agradeceria!

Luis Henrique disse...

Muito bom o post, Miguel!

Só temo que o resultado controverso das eleições iranianas não se converta numa desculpa para mais uma 'guerra de libertação' no oriente médio. Há grupos poderosos nos EUA e Israel louquinhos para invadir o Irã...

Miguel do Rosário disse...

Queridos, andei navegando pela web atrás desse assunto, e topei com coisas interessantes. E aí escrevi um comentário no blog do Idelber, contendo várias informações novas, que transcrevo aqui:

Idelber, permita-me abordar dois assuntos: diploma e Irã.

Bem, eu sou contra o diploma por razões pessoais, porque sou jornalista há mais de dez anos, e nunca tive diploma. Fiz vestibular pra universidade pública e na hora de me formar me deram um diploma de... Relações Públicas. Até ontem era clandestino. Uma vez fui ao Sindicato aqui do Rio e só faltou eles dizerem que eu deveria parar de trabalhar e ingressar na indigência.

Agora, mudando de assunto, eu tô desconfiando que está havendo uma "guerrilha virtual" bem interessante neste caso do Irã. Muita gente parece não ter se dado conta da possibilidade de que o poderoso lobby armamentista continua usando estratégias sujas para pintar o Irã das cores do demo e, com isso, convencer a opinião pública americana a aceitar a manutenção de altos gastos militares.

Veja que estranho. Todas as pesquisas eleitorais apontavam Ahminejad à frente. Aí ele ganha, de lavada, e todos acusam fraude? Confiram essa matéria do Washington Post, que informa sobre pesquisas respeitadas que apontavam uma vitória de Ahminejad de até 2 para 1.

O Pedro Doria, disponibilizou um texto de Juan Cole que, supostamente (e não opinião do próprio PD), desacredita uma dessas pesquisas.

Mas aí eu fui ler o texto, e encontrei uma matemática maluca (ou seja, Ahminejad estava à frente mas não estava à frente), e os próprios comentários do post põem à nu a precariedade dos argumentos de Cole.

Que está havendo? Será que não haverá provas desta suposta fraude? Daí que o adversário que acusava fraude agora não quer recontagem parcial? Que palhaçada é esta? Acusa fraude e não quer recontagem?

Os argumentos de Doria, comparando o que ocorre hoje à Revolução Islâmica de 79, quando o povo derrotou uma ditadura pró-americana, são ridículos. A comparação à queda do Muro de Berlim, então, é grotesca, em função de contextos e situações serem tão diferentes.

Eu não tenho nada a favor de Ahminejad. Para mim tanto faz ou não que ele ganhasse, mas as coisas que eu leio no blog do PD, que reproduz submissa e acriticamente o pensamento neocon ianque (citando inclusive os falcões da New Republic), me lembram muito a atmosfera esquizofrênica pré-invasão do Iraque, quando o bom senso foi pro brejo e uma chuva de sofismas tendenciosos e argumentações esquizóides se convergiam para um objeto único.

Neste momento, em que uma canetada de Obama pode reduzir o lucro da indústria bélica americana em algumas centenas de bilhões de dólares por ano, nada mais conveniente do que um Irã instável politicamente e governado por um usurpador sem legitimidade democrática, não? Mas isso interessa ao contribuinte americano e, mais importante, isso interessa à paz mundial?

Será que, diante do histórico militar recente dos EUA e de sua mídia, e diante desses, fatos, não se deveria ao menos parar para pensar de onde vem todo esse ataque midiático às instituições eleitorais iranianas?

Miguel do Rosário disse...

Corrigindo:

"O Pedro Doria, disponibilizou um texto de Juan Cole que, supostamente (e na opinião do próprio PD), desacredita uma dessas pesquisas."

*

O blog do PD é:

http://pedrodoria.com.br/

Anônimo disse...

vou não. não confio. confio no Prof.Hariovaldo q tb não confia nele.

Robin disse...

Como se diz agora...na mosca!

Anônimo disse...

.. deveria ´morrer de vergonha´ da matéria mentirosa do Globo, que deu origem à CPI da Petrobras e foi desmentida no blog da Petrobras - q ela não deve ler... ou finge q ´não existe´.

Anônimo disse...

Ja vi esse filme antes;Na Venezuela,na tentativa de golpe pra depor o Chaves!!
O que acho mais interessante é que durante o genocídio na Palestina,esses FDP,nao davam esse destaque todo!!!

Anônimo disse...

Nao lembro desse estardalhaço todo por parte da imprensa brasileira,qdo o Bush fraudou as eleicoes e "venceu" o Al Gore!!

Anônimo disse...

O Obama teve a mesma opinião do Lula:

Gibbs reiterou que o governo dos Estados Unidos "não está em posição de selecionar os candidatos para a Presidência" no Irã. Segundo ele, Obama apoia o "princípio universal" de realizar manifestações pacíficas sem medo de represálias.[..]

Mas os movimentos cautelosos foram criticados por destacados republicanos no Congresso, entre eles o senador John McCain, derrotado por Obama na eleição presidencial, e o deputado Eric Cantor.[..]

duvido q tenha passado pela cabeça dos norte-americanos ter ´vergonha´
do Obama. gente brega, esses 6%

Julio disse...

Miguel, esta escrota Cora Ronái é aquela senhora das Capivaras. É mulher de outro mala pesada, o Millôr, canalha que a exemplo de muitos da turma do Pasquim, aderiram. Fausto Wolff e Henfil devem revirar no túmulo ao ver a performance de Ziraldo, Jaguar, Millôr e cia. Miguel, gostaria que você colocasse em discussão a polêmica sobre o "diploma". Nâo tenho opinião formada, mas se existe Universidades de jornalismos, então não seria melhor acabar com elas?

Unknown disse...

O Lula já explicou, mais de uma vez, que - não é "o Lula negociando com o Ahmedinejad" q esta é uma VISÃO TACANHA - pq são os Estados que negociam - na figura de seus Presidentes, legitimamente eleitos e q, ptto. representam os respectivos Países, seu povo. NÃO tem nada de pessoal.
Eu entendi.
E tenho de aceitar que o Lula é, ou se tornou, definitivamente, um Estadista.

Anônimo disse...

MOUSSAVI & RAFSANJANI DERAM COM OS BURROS N'ÁGUA

http://www.viomundo.com.br/voce-escreve/moussavi-rafsanjani-deram-com-os-burros-nagua/

Anônimo disse...

É incrível como esta mídia internacional, deixemos bem claro, insistem em apoiar o lado perdedor, que é o mercado financeiro. Quem manda na grande mídia brasileira ou internacional é o MERCADO FINANCEIRO!!!!!!!! Eles são os porta-vozes destes senhores de ternos armanis bem cortados e barbas bem aquinhoadas. Os experts do mercado, que simplesmente FALIRAM foram pegos com as calças (ARMANI) na mão. Mas como qualquer classe falida que outrora era poderosa, tem um gap de tempo para cair a ficha. Eles ainda não entenderam que o mundo deles caiu! (parodiando a saudosa Maysa).Quando mídia se der conta que perdeu totalmente a confiança da sociedade por causa deste acordo com o mercado já terá sido tarde de mais! Que descansem em paz!

Anônimo disse...

Cora Ronai é um bom exemplo de nepotismo no Globo. Ela, a filha e mais uma parentalha estão no globo por influencia do millor e só por isso.

Os artigos e o caderno editado por ela são muito ruins, cheios de jabaculê. E as opiniões dela são unha e carne com a opinião do chefe, o famoso ali kamel que diz que no Brasil não há racismo, entre outras bobagens.

carlos disse...

grande do rosário,

mais uma vez lhe parabenizo pela cautela , equilíbrio e evidências factuais na análise dos últimos acontecimentos do irã.

ontem à noite, o covescote do "manhattan conection" da gnt foi hilário. a turma toda esbravejava contra o obama em não fazer porra nenhuma pelos milhôes (sic) de manifestantes que abarrotavam as ruas das grandes cidades do país. parecia que a era bush ainda vigorava nas relações internacionais de hoje.

pelo visto, o amigo tem razão. a indústria armamentista agradece à globo pelo incentivo.

abçs

Anônimo disse...

"ler o jornal de cabeça pra baixo. Bem, isso é ironia, desculpem-me"

Ironia? O que e' isso! A muitos anos e´ extamente isso que eu faço. Ajuda muito a tomar partido em assuntos complexos. Logicamente, so como primeira aproximação, depois me informo melhor e reflito bem. Quer saber o resultado? A conclusao que chego sempre e' oposta a do PIG. De qualquer forma nao leio tanto o PIG, porque nao compro. Nao financio esse pessoal. Vejo o conteudo gratuito na internet.

Raphael Tsavkko Garcia disse...

Apenas para te inteirar de uma discussão no excelente "Descurvo" nascida deste seu post.

http://descurvo.blogspot.com/2009/06/algumas-ponderacoes-sobre-o-ira.html

Humberto Capellari disse...

Um post excelente, que merece ser "surrupiado"!

Raphael Tsavkko Garcia disse...

Aliás, se me permite, discordo de sua opinião e te posto dois links de meu blog onde rebato:

http://tsavkko.blogspot.com/2009/06/ira-esquerda-anacronica.html

e

http://tsavkko.blogspot.com/2009/06/ira-influencia-externa-e-noticias-do.html

Miguel do Rosário disse...

prezado raphael, estou excepcionalmente ocupado com uma coisa muito chata: tenho que escrever matérias e fazer traduções. mas as respostas às suas colocações virão, pode ter certeza, assim que eu voltar ao meu ócio rotineiro. enquanto isso, deixe os mortos enterrarem seus mortos, como já dizia cristo (digo eu, ateu), e, sobretudo, tente respeitar um país cuja cultura e história você não conhece em profundidade. quem é o brasil ou eua ou europa para dar liçãozinha de moral para o irã? o número de chacinas no brasil, as guerras fratricidas européias (20 milhões de mortos em menos de 40 anos), não justificam querem derrubar um regime por causa de 20 mortos. quanto aos eua, creio que sabemos muito bem sobre suas intervenções interessadas. acho que fazemos melhor em nos preocuparmos com os assassinatos por aqui, não? quanto a outros países, prefiro me preocupar com milhões morrendo de fome na africa e a falta de sufrágio universal na arábia saudita.

Raphael Tsavkko Garcia disse...

Fico no aguardo, Miguel, mas desde já te digo, eu não acho que Brasil, EUA ou qualquer outro país tem moral para criticar o Irã. Nunca achei isso - logo eu, que critico todo dia a Espanha pelo tratamento dado Às "suas" minorias em meu blog! chamam o país de democracia! - mas mantenho, na diplomacia um país via querer "dar um toque" no outro, tendo ou não teto de vidro.

E, tendo ou não o bendito teto de vidro, não significa que não possam haver críticas pontuais, como as de Obama ou Sarkozy. É o sujo falando do mal lavado, mas ainda assim o outro é mal lavado.

E, a derrubada de um regime não é por causa de 20 mortos, convenhamos, se fosse só isso a juventude não estaria nas ruas, não estaria protestando, e sim em casa, aceitando numa boa.

E, quanto à me preocupar com outros países e etc, bem, minha profissão me obriga, afinal sou um internacionalista obediente, haha!

Aliás, só um adendo, os manifestantes não querem derrubara República Islâmica, querem apenas democracia e respeito.

Márcia Brasileira disse...

Olá Miguel.
Ontem, quando assisti a entrevista do Celso Amorim, no Roda Viva, a chatice da jornalista da Folha, Cláudia Antunes, petulante, tal como os outros entrevistadores, mostra a postura dos seguidores desta imprensa ruim, você citou em seu texto sobre questões diplomáticas.
Muito bem, gostei do momento em que o Amorim aproveitou um deslize da jornalista em dizer "que o Lula está bem conceituado", rs rs , além de rebater aos jornalistas que o Lula não se intromete nas questões do país, ele foi bem incisivo.
Gostei muito da sua matéria, já li muita coisa a respeito do Irã, mas acho muito polêmico e um assunto para ser trabalhado com muita análise e filtro, como fez.
Por isso, concordo com a sua visão sobre o Globo. Realmente temos que continuar desmascarar a mídia golpista, para alertar a população e futuros eleitores.
O que mais me intriga, é que mesmo os jornalistas experientes, ainda dão crédito para esta mídia fascista.
Parabéns pela sua matéria. Gostaria de deixar com você este link (recebi de amigos) http://www.atimes.com/atimes/Middle_East/KF16Ak05.html para que possa analisar, sem interferência do PIG brasileiro. Com o seu trabalho crítico o que possa parecer, que é o PIG asiático? rs rs rs

Abç

Anônimo disse...

fui lá no raphael. li o post e comentarios dele - parecia q eu tava lendo o p.doria. não volto mais.

Miguel do Rosário disse...

Leia esse texto:

http://docs.google.com/View?id=djhk6f4_105hsw32ddv

Eles traz informações adicionais sobre o "case" Irã.

Raphael Tsavkko Garcia disse...

Caro Anônimo (24/6/09 2:14 AM ), me comparar ao P. Dória é uma honra, agradeço pelo elogio!

Uma pena não voltar, poderíamos travar um debate saudável, é com opiniões contrárias e discussão que se enxerga de forma mais ampla e é a forma pela qual deixamos os preconceitos para trás.

Aliás, assinar com o nome não é demonstração de coragem, é mero respeito e coerência com suas opiniões.

Miguel do Rosário disse...

apenas para deixar claro. pessoalmente não gosto do irã. não gosto da mistura de religião com política que eles fizeram. sempre festejei a vitória dos gregos contra os persas, fundamental para o desenvolvimento da razão moderna, laica, democrática e bem-humorada. não gosto das constituições e dos preconceitos islâmicos, contra a mulher, contra os gays, contra o ocidente. mas tenho fortes suspeitas de que, no caso do Irã, está havendo um movimento de desestabilização política muito negativo para a paz na região e para a paz mundial, e receio também que o lobby armamentista americano esteja por trás disso, em função das importantes decisões que o governo obama terá que fazer daqui para frente. diante do enorme déficit fiscal do governo americano, é possível que obama sinta-se tentado (deus queira) a promover um substancial corte no orçamento militar. a indústria da arma, naturalmente, está desesperada com essa possibilidade, e nada melhor do que um irã (país no eixo do mal) dominado por um governo sem legitimidade, pouco confiável, para melhor vender aos contribuintes e congressistas americanos a teoria da necessidade de investir em armas para fazer frente a esta ameaça. se você estudar a história do irã dos últimos 50 anos, verá que todas as crises, golpes de estado e revoluções tiveram o dedinho interessado dos EUA. os eua patrocinaram um golpe de estado em 53, pondo lá um ditador sanguinário, que matou milhões de iranianos. foi derrubado em 79 por uma revolução popular autêntica, liderada por religiosos, já que o islã era a única instituição ainda não desmantelada pela ditadura. depois, na década de 80, o irã é atacado pelo iraque, que por sua vez era financiado pelos eua e inglaterra. a inglaterra chegou a dar armas químicas ao iraque, que levou à morte de milhões de iranianos. de forma que, quando os iranianos reagem com violência à manifestações "políticas" e acusações de fraude, deve-se entender o seu histórico. não estamos aqui falando de manifestaçõezinhas de bicho-grilos falando de paz e amor, e sim de eventos que remetem diretamente aos terríveis golpes de estado, e guerras cruéis, que o país viveu em sua história recente. outra coisa é o seguinte. enquanto os jovens de classes abastadas querem mais lojas e mais shopping centers, os pobres iranianos ainda estão lutando por moradia e alimentos.

Miguel do Rosário disse...

há uma luta de classes por trás dessa crise política, e lutas de classe estão, historicamente, entre as mais violentas e devastadoras para um país. espero que o irã consiga resolver seus problemas e reencontrar o seu equilíbrio político. repare que ahminejad ganhou com uma diferença de 11,3 milhões de votos. é extremamente difícil realizar uma fraude dessa magnitude. além disso, o país tem um conselho superior, que julgou e julgará o caso. daí que o problema, então, não é ahminejad e sim a falta de confiança no regime político iraniano. diante do que sabemos sobre arábia saudita, paquistão, entre outros, acho ridículo o ocidente atacar o irã, único país com democracia e sufrágio universal do oriente médio. é claro que pode haver problemas numa eleição, ainda mais num país com disparidades tecnologicas ainda muito grandes, como irã. mas protesto contra fraude, na minha opinião, não vale depois de perder. se os derrotados de hoje não confiavam no processo eleitoral, deveriam ter se manifestado antes do pleito, exigindo mais participação de observadores internacionais. se o governo iraniano não permitisse, aí sim, e se houvessem indícios, antes das eleições, de algum preparativo de fraude, então aí sim os manifestantes poderiam, depois da derrota, protestar contra o resultado. o que o adversário do ahminejad fez, no entanto, pareceu-me muito suspeito, ao lançar acusações que feriam de forma tão grave a lisura das mais altas instituições republicanas do irã, prejudicando fortemente a imagem do país. e acusações feitas de forma peremptórias, extremamente agressivas, como alguém realmente interessado em incitar o ódio entre seus seguidores. as manifestações contra as eleições, portanto, foram também extremamente agressivas, acarretando reação igualmente agressiva por parte das autoridades. o irã é um país com leis extremamente severas contra qualquer tipo de ilícito. é lendária, inclusive, a sua fama de "cortar as mãos" em caso de roubo, etc.

de minha parte, eu sou brasileiro e estou preocupado com os problemas do brasil. em relação ao irã, sinceramente, acho que o mundo deveria se preocupar mais com os milhões de africanos morrendo de fome e doenças, sofrendo guerras civis, ditaduras, miséria.

se os iranianos quiserem fazer uma revolução e mudarem sua forma de governo, que o façam, o país é deles e não tenho nada a ver com isso, mas tenho muitas suspeitas quando estas "revoluções" recebem apoio entusiasta da ala mais raivosa e golpista da direita americana... se o objetivo for desestabilizar a paz mundial, para que a indústria armamentista continue faturando bem, aí é caso de me incomodar, pois o que desejo é paz.

Anônimo disse...

saiu até na FSP:O assessor para assuntos internacionais da Presidência, Marco Aurélio Garcia, disse nesta quarta-feira ..[..]...
o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ...[..]... a frase reflete a "prudência diplomacia brasileira". ...[..]..
A posição que o governo brasileiro adotou, a grosso modo, é a mesma de outros países que tem relação muito mais estreita e direta com o Irã,
como foi o caso do presidente [dos
Estados Unidos, Barack] Obama",

afirmou. Leia mais (24/06/2009 - 16h45)

Anônimo disse...

miguel, olha o coment. q tá no blog da petrobras, sobre o factóide/2006 do globo requentado hoje: por Luiz*

Não surpreende que O Globo ignore “prática obrigatória segundo manuais de redação da imprensa profissional”, conforme foi postado.

Isso é fichinha, perto do que faz – e comprovadamente fez a Rede Globo, já em sua origem: ignorou a própria Constituição Brasileira!

Aproveitando que O Globo está requentando notícias do passado, quem sabe, na ausência do que dizer sobre o hoje, ou já em dobradinha com senadores da oposição (qual das duas, ou as duas?), compensa visitar a Wikipédia, http://pt.wikipedia.org/wiki/Rede_Globo.

Particularmente, o item 1.2, “O acordo com a Time-Life” – onde é mostrado que este acordo, que pariu a Rede Globo à sombra e alimentada pela ditadura, era terminantemente proibido: “…a Constituição Brasileira naquela época proibia qualquer pessoa ou empresa estrangeira de possuir participação em uma empresa brasileira de comunicação”.

Quanto ao que se constitui, sem dúvida, em verdadeira escola de “retrocesso no terreno da ética”, vale refletir, no mesmo link, sobre o conteúdo do item 3, “Controvérsias”. É didático, histórico, revelador.

Que mico, hem? Pago justo por um dos que sempre se fizeram e se fazem passar por arautos da ética…

Antes que aqueles que preparam matérias sem investigar minimamente (quero crer que poucos jornalistas, embora os últimos exemplos tenham sido desalentadores) se animem e se apressem a teclar acusações, para os que dentre esses ainda desconheçam o poder da blogosfera, é necessário frisar que o pt em “http://pt” não se refere ao partido PT, sendo mera referência ao idioma português – em inglês, seria “http://en”.

*http://petrobrasfatosedados.wordpress.com/2009/06/24/jornal-o-globo-requenta-factoide-de-2006/#comment-8640

Maumau disse...

Interessante que lá no "Observatório de imprenssa" tem um artigo adivinha de quem?....quem?...quem?.....Mirian Leitão......ela mesma, a Porta Estandarte do PIG....kkkkkk e pra minha surpreza, numa matéria sobre a regualmentação da profissão do jornalista ela , pra variar, faz uma citação a "tirania do IRÃ".Aí eu te pergunto, o que os fundilhos tem a ver com as calças?Questionei de pronto....mas não creio que ela vá responder.

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