(Gomes Freire, Lapa)
Dedico esse post àquele jornalista da Folha, com sobrenome de bicho fofinho, que admitiu sofrer falhas de memória.
Conforme já mencionei aqui, há muitos anos frequento a Biblioteca Nacional, que além de abrigar a maior variedade de livros do país, possui uma coleção microfilmada de todos os jornais brasileiros, de todos os tempos. As épocas que mais me interessam pesquisar, naturalmente, são aquelas de grande comoção nacional e por isso tenho fuçado sobretudo os meses de agosto de 1954, e março e abril de 1964.
Esta semana, passei uma tarde pesquisando as edições de março e abril de 1964 do jornal Folha de São Paulo, e topei com editoriais e notícias que, senão me causaram nenhuma surpresa, forneceram-me algumas peças para o quebra-cabeças que venho montando há tempos, tentando compreender um pouco mais a história contemporânea brasileira.
Por que houve um golpe militar no Brasil? Esta é uma questão que não pode, definitivamente, ser respondida com um dar de ombros. Quando se fala na importância da educação, costuma se omitir que educação não é ensinar aos brasileiros quem foi Pedro Álvares Cabral. Por trás, e acima, de qualquer boa vontade em melhorar o quadro educacional deve haver uma incessante produção de conhecimento.
No Brasil, existe a mania, um tanto tola e arrogante, de se distribuir títulos de ignorância e "semi-analfabetismo" a torto e direito, mas parece que poucos se dão conta do fato de que, se a ignorância é um defeito, este é um defeito que não se restringe aos conhecimentos sobre a língua portuguesa, mas também à história do país.
Devemos urgentemente, portanto, incluir nos acontecimentos de 1964 um ator político fundamental. Não se trata de culpar a mídia por tudo. Ao contrário, trata-se de lhe dar o status e o prestígio - para o bem e para o mal - que ela merece. Ela foi, afinal, um dos atores mais importantes da cena política que se descortinava e não se pode representar Othelo sem o personagem Iago. Os jornais eram tão cruciais nos anos 60 porque não havia uma tv relevante, as rádios eram fragmentadas, e não existia internet. A imprensa escrita constituía a grande, e única, tribuna política do país. Quer dizer, a imprensa não era apenas uma tribuna; era um Tribuno; os jornais brasileiros, como aliás seus congêneres em todo o mundo democrático ocidental, tinham opinião própria, muita opinião, sobre os fatos políticos.
Até aí tudo bem. Ocorre que em março de 1964, os jornais brasileiros deixaram de ser meros agentes de opinião (conservadora, católica, colonial, golpista) para se tornarem protagonistas naquele que certamente foi o mais terrível, o mais faccioso, o mais perverso crime jamais perpetrado contra o espírito de união nacional, contra a justiça, contra a democracia, contra a paz, contra a moral, contra nossa inocência e cordialidade, enfim contra todos os valores importantes por trás de uma nação como o Brasil.
Para começar, não éramos uma ditadura como a que existia em Cuba, com Fulgêncio Batista; nem uma autocracia medieval, como havia na Rússia cezarista. O Brasil possuía, em 1964, uma das democracias mais avançadas do mundo; aos trancos e barrancos, vinha se desenvolvendo a um ritmo invejável, a nível cultural, acadêmico, industrial, artístico, educacional, econômico, político. O Brasil havia produzido Guimarães Rosa, Glauber Rocha e Chico Buarque, apenas para citar três símbolos de uma cultura da qual parecia jorrar tanto entusiasmo e genialidade.
A academia brasileira vinha experimentando, por sua vez, um grande momento. O estereótipo do estudante sessentista, visto como baderneiro revolucionário e maconheiro, é injusto e preconceituoso. Tínhamos jovens estudiosos e politizados. O "engajamento" político dos anos 60 era autêntico, generoso, verdadeiro, criativo. O jovem que hoje participa de "micaretas", lá atrás, estudava Marcuse, Nietszche e escutava Ismael Silva.
Quando abordamos o golpe militar, portanto, esse ato de barbárie que violentou um momento histórico tão importante, tão delicadamente belo e poderoso, é preciso analisar, atentamente, esse contexto.
*
Então lá estava eu, numa tarde fria de junho de 2009, espiando o microfilme de edições antigas da Folha. Em março de 1964, o jornal dos Frias divulga uma notinha cultural interessante: jovens roqueiros ingleses são a nova sensação na Inglaterra; os Rolling Stones, com idades de 19 a 22 anos, parecem substituir os Beatles nas paradas de sucesso.
*
Desde o final da II Guerra, quando a guerra fria ganha força no mundo, as notícias internacionais que chegam às redações brasileiras são publicadas com todos os filtros ideológicos impostos por Washington. O golpe de Estado contra Árbenz, na Guatemala, em 1954, por exemplo, assume ares de legalidade. A mesma coisa vale para a derrubada do regime democrático em Cuba, por Fulgêncio Batista.
*
A leitura da Folha de 1964 esclareceu um ponto para mim. As três personagens políticas mais importantes para a preparação e realização do golpe de Estado foram os governadores de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais: respectivamente, Ademar de Barros, Carlos Lacerda e Magalhães Pinto. Ademar entrava com dinheiro, Lacerda com um discurso incendiário e terrorista, Magalhães com os tanques de guerra.
A Folha reproduzia o terrorismo lacerdiano com uma placidez cúmplice apenas comparável à tolerância e pusilanimidade com que a Europa deixou Hitler crescer e rearmar a Alemanha. Infelizmente, os microfilmes da Biblioteca Nacional não estão digitalizados, o que permitiria uma reprodução fácil na internet. Mas eu fiz algumas anotações. O mais impressionante, de longe, é o discurso de Carlos Lacerda, muito parecido ao terrorismo esquizóide e delirante de um Olavo de Carvalho.
Lendo a Folha, pode-se constatar que o plano dos golpistas consistia nos seguintes pontos:
1) Associar o governo ao comunismo e à ilegalidade.
2) Causar a impressão de perigo imediato para as instituições.
3) Criar a impressão de que eles, a oposição conservadora, tinham imenso apoio popular.
As eleições presidenciais aconteceriam em 1965. Goulart e todos os seus aliados não faziam a menor menção de mudar isso. Nem lhes interessariam mudar. Lacerda, no entanto, lançava diariamente a suspeita de que as eleições não ocorreriam e que Goulart tentaria se "perpetuar no poder". Lacerda pinta uma imagem cada vez mais diabólica do presidente Goulart, como se ele fosse um perigossíssimo comunista russo infiltrado no governo para derrubar a democracia brasileira. Aliás, quando o golpe ocorre, os jornais divulgam a seguinte afirmação de Lacerda: "A ditadura russa foi derrubada!" Podem rir.
Vejam o que Lacerda afirmava que Goulart faria nos próximos meses. A citação é textual (inclusive com itens numerados):
"1) Substituirá a Constituição por outra.
2) Dissolverá o Congresso Nacional.
3) Fará plesbicitos autoritários [essa é boa, héin?! Plebiscitos autoritários! Podiam ter ensinado essa ao Stálin, héin?]
4) Associação crescente entre comunismo e negocismo [!!!!!!!!!!! Não me perguntem o que é isso!]
5) Desmoralização das forças armadas.
6) Transformação do presidente em caudilho. Não haverá mais eleições.
7) Destruição da livre-iniciativa e sua substituição por um dirigismo incompetente e desvairado, logo substituído pelo controle totalitário de todas as atividades nacionais, inclusive o controle das consciências."
Esse era o Lacerda, "o bom administrador". A imprensa publicou esses tópicos sem permitir nenhuma resposta "do outro lado", e, o pior, sem criticá-los; ao contrário, chancelava-os em seus editoriais, conforme se verá logo a seguir. Detalhe: o governo vinha negando veementemente esse tipo de acusação. Mas como negar "boatos" sem base nenhuma na realidade? Lacerda nem ninguém apresentava qualquer prova de suas acusações insanas. Mas pra que provas, quando se tem apoio midiático?
*
Pois bem, faltava apagar a impressão de que a oposição ao governo Goulart se restringia a uma elite retrógrada e diminuta. Começam os preparativos para a MARCHA DA FAMÍLIA COM DEUS PELA LIBERDADE. Essa marcha será fundamental para a deflagração do golpe militar, porque sinaliza, junto à cúpula militar e política que o organizava, que havia uma quantidade considerável de gente, ao menos no Rio e São Paulo, chancelando o discurso midiático-conservador.
Os jornais passam a publicar, diariamente, em letras garrafais, manchetes como: AUMENTAM O NÚMERO DE ADESÕES À MARCHA EM DEFESA DA CONSTITUIÇÃO; ou MAIS DE 300 MUNICÍPIOS DE SÃO PAULO ENVIARÃO ÔNIBUS; e tantas outras. Os governos de SP, Minas e Rio participavam ativamente da organização do evento, cedendo empregados e recursos financeiros.
A Folha divulga ainda um comunicado da FIESP, orientando seus filiados a que liberassem seus empregados durante a tarde do dia da manifestação, e mesmo que fechassem os estabelecimentos.
Depois disso tudo, ocorre a manifestação, com a presença de meio milhão de pessoas (segundo os jornais, o que me faz pensar na metade disso), e daí edições inteiras dos jornais são dedicadas ao evento. Os editorais repetem sempre a mesma ladainha: de que havia sido um evento "espontâneo". Sim, espontâneo... Os patrões "orientando" a presença de seus empregados na passeata, os jornais convocando a população... Tão espontâneo...
"Aquele mar humano formou-se espontaneamente, pelo natural".
"E formou-se de súbito, quase por milagre, ao simples apelo de um grupo de mulheres e organizações femininas".
"Nada de especial, nenhuma preparação psicológica."
Enquanto isso, Lacerda afirma, na mesma edição, que: "O sr.João Goulart é um fascista a serviço do comunismo", e "teremos guerra civil no Brasil a continuar a conspiração dos porões do palácio do presidente".
*
Por curiosidade, confiram um dos gritos lançados pela multidão, na tal Marcha da Liberdade, segundo reportagem da Folha:
"Basta! Basta! Basta!"
*
E o jornal, não contente com uma manifestação tão deliciosamente "espontânea", também incita as Forças Armadas para que restabelecessem a ordem. Publicam isso com todas as letras.
*
Trecho do editorial da Folha do dia 20 de março de 1964:
"Nossa opinião
O povo mesmo, não um ajuntamento suspeito e longamente preparado, reuniu-se espontaneamente, nas ruas desta cidade para exprimir seu sentimento e sua vontade. Foi uma dura lição para aqueles que necessitam de demorada propaganda, manipulação de cúpulas e tremendos dispositivos de força para concentrar massas humanas."
A quem o editorial se referia? Claro! Aos trabalhadores e estudantes, cujas manifestações, segundo a Folha, eram "longamente preparadas" e necessitavam obrigar as pessoas a participarem delas através de "tremendos dispositivos de força".
*
A Folha noticia que Lacerda se reúne, a portas fechadas, com Ademar de Barros e Magalhães Pinto. Eles realizam "conversas sigilosas", diz o jornal no dia 26 de março. Uma semana depois, ocorrerá o golpe.
*
Por fim, uma pérola editorial lida uma semana antes do golpe militar:
"A última moda, entre os que refletem o pensamento do governo federal, é apregoar a necessidade de 'democratização da imprensa'".
*
Vale lembrar que os estudantes organizados, ou seja, a UNE, que era muito forte na época, assim como os sindicatos, apoiavam o governo Goulart. Realizavam manifestações constantes de apoio ao presidente. A mesma coisa vale para diversas categorias militares de baixa patente, que se sentiam exploradas e humilhadas pela alta oficialidade. Ou seja, quando Miriam Leitão escreveu, em meados de 2006 ou 2007, que a UNE era "rebelde a favor", tentando desmoralizar a entidade por apoiar o governo Lula, ela distorceu a história. A UNE foi contra a ditadura, claro, e pagou caro por isso; o mais importante a ser lembrado, porém, é que a UNE alinhava-se ao governo Goulart, porque tinha visão estratégica de que, diante da alternativa udenista reacionária, ele representava um tremendo progresso.
*
Acontece o golpe. No dia seguinte, a Folha de São Paulo reproduz mensagem do governador Ademar de Barros: "o governador Ademar de Barros qualificou de ex-presidente da República ao sr. João Goulart".
Muitas outras "mensagens" de Ademar de Barros são obedientemente reproduzidas pela Folha. O tal criticismo político da Folha, pelo jeito, nunca ocorreu junto a seus governadores. A "mosquinha" não costuma pousar em nenhuma sopa servida no Palácio dos Bandeirantes...
*
Editorial do dia 2 de abril de 1964, dia seguinte ao golpe:
"Não houve rebelião contra as leis, mas uma tomada de posição em favor da lei. Assim se deve enxergar o movimento que empolgou o país (...)"
*
No dia seguinte, 3 de abril, novo editorial justificando o golpe:
"O Brasil continua
Voltou a nação, felizmente, ao regime de plena legalidade que se achava praticamente suprimida nos últimos tempos do governo do ex-presidente João Goulart".
*
No mesmo dia (03 de abril), o DOPS, uma espécie de BOPE de SP, invade a faculdade de filosofia da USP e dissolve uma reunião de estudantes na base da porrada. Um fotógrafo da Folha presente (segundo nota da própria Folha) levou uma cacetada na nuca e foi preso com os estudantes. Foi liberado horas depois, sem os filmes, e com alguns ferimentos na cabeça.
Mesmo com seu próprio repórter espancado pela polícia, a Folha não faz nenhum comentário crítico.
*
Dessa vocês vão gostar. Capa da Folha de São Paulo do dia 3 de abril de 1964:
"Petrobrás sem nenhum comunista: 'limpeza'".
O militar indicado para comandar a Petrobrás informa aos jornais que irá realizar uma "limpeza" ideológica na estatal, demitindo sumariamente qualquer pessoa com suspeita de ligações com os "comunistas".
*
Os EUA felicitam o novo governo. Um secretário de Estado dos EUA anuncia que "será aumentada a ajuda financeira ao Brasil".
*
A Fiesp comunica, pelo jornal, suas congratulações aos vitoriosos do golpe. A Folha noticia que o Brasil terá novas eleições em uma semana; que essas eleições serão "indiretas"; e que haverá um "candidato único", o Sr.Castello Branco, festejado pelo jornal como excelente nome para chefiar o Brasil. Quanta democracia! Quanta legalidade!
*
Chefes militares declaravam aos jornais (que haviam se tornados verdadeiros boletins de guerra pró-ditadura, com gráficos e tudo) que estavam preparados para enfrentar qualquer reação ao golpe. Isso me fez pensar que o Brasil escapou (se é que tem sentido falar em escapar, neste caso) de uma guerra civil que poderia destruir o país, matando centenas de milhares, talvez milhões de pessoas. Por alguma razão, felizmente (e aqui novamente, temos uma palavra um tanto dúbia), isso foi evitado. Mas não se pode diminuir a gravidade do fato. O castigo deve ser aplicado tanto ao homem que tenta estuprar uma mulher como àquele que efetivamente o consegue. E quando falo em castigo, não penso em pôr fim à Anistia, e sim realizar um julgamento moral da história da ditadura brasileira, e discutir isso na televisão, nas revistas e nas escolas. Anistia serviu para perdoar juridicamente os funcionários públicos que participaram de arbitrariedades, mas não significa que devemos esquecer ou abafar o debate público necessário sobre o significado moral da ditadura, apontando, corajosamente, culpados e inocentes.
*
Mudando de assunto, pero no mucho. A culpada pelos problemas de Simonal não foi a esquerda, e sim a ditadura militar, que fazia todos desconfiarem de todos, e criou um clima sufocante e totalitário no país, não dando espaço para nenhum tipo de "concessão" ou "tolerância" política por parte da intelectualidade e da classe artística. A culpa, repito, recai sobre a ditadura, e sobre os órgãos de imprensa que tanto a ajudaram a preparar o golpe militar que derrubou um presidente eleito democraticamente, substituindo-o por generais corruptos, reacionários e incompetentes.
Esta semana, passei uma tarde pesquisando as edições de março e abril de 1964 do jornal Folha de São Paulo, e topei com editoriais e notícias que, senão me causaram nenhuma surpresa, forneceram-me algumas peças para o quebra-cabeças que venho montando há tempos, tentando compreender um pouco mais a história contemporânea brasileira.
Por que houve um golpe militar no Brasil? Esta é uma questão que não pode, definitivamente, ser respondida com um dar de ombros. Quando se fala na importância da educação, costuma se omitir que educação não é ensinar aos brasileiros quem foi Pedro Álvares Cabral. Por trás, e acima, de qualquer boa vontade em melhorar o quadro educacional deve haver uma incessante produção de conhecimento.
No Brasil, existe a mania, um tanto tola e arrogante, de se distribuir títulos de ignorância e "semi-analfabetismo" a torto e direito, mas parece que poucos se dão conta do fato de que, se a ignorância é um defeito, este é um defeito que não se restringe aos conhecimentos sobre a língua portuguesa, mas também à história do país.
Devemos urgentemente, portanto, incluir nos acontecimentos de 1964 um ator político fundamental. Não se trata de culpar a mídia por tudo. Ao contrário, trata-se de lhe dar o status e o prestígio - para o bem e para o mal - que ela merece. Ela foi, afinal, um dos atores mais importantes da cena política que se descortinava e não se pode representar Othelo sem o personagem Iago. Os jornais eram tão cruciais nos anos 60 porque não havia uma tv relevante, as rádios eram fragmentadas, e não existia internet. A imprensa escrita constituía a grande, e única, tribuna política do país. Quer dizer, a imprensa não era apenas uma tribuna; era um Tribuno; os jornais brasileiros, como aliás seus congêneres em todo o mundo democrático ocidental, tinham opinião própria, muita opinião, sobre os fatos políticos.
Até aí tudo bem. Ocorre que em março de 1964, os jornais brasileiros deixaram de ser meros agentes de opinião (conservadora, católica, colonial, golpista) para se tornarem protagonistas naquele que certamente foi o mais terrível, o mais faccioso, o mais perverso crime jamais perpetrado contra o espírito de união nacional, contra a justiça, contra a democracia, contra a paz, contra a moral, contra nossa inocência e cordialidade, enfim contra todos os valores importantes por trás de uma nação como o Brasil.
Para começar, não éramos uma ditadura como a que existia em Cuba, com Fulgêncio Batista; nem uma autocracia medieval, como havia na Rússia cezarista. O Brasil possuía, em 1964, uma das democracias mais avançadas do mundo; aos trancos e barrancos, vinha se desenvolvendo a um ritmo invejável, a nível cultural, acadêmico, industrial, artístico, educacional, econômico, político. O Brasil havia produzido Guimarães Rosa, Glauber Rocha e Chico Buarque, apenas para citar três símbolos de uma cultura da qual parecia jorrar tanto entusiasmo e genialidade.
A academia brasileira vinha experimentando, por sua vez, um grande momento. O estereótipo do estudante sessentista, visto como baderneiro revolucionário e maconheiro, é injusto e preconceituoso. Tínhamos jovens estudiosos e politizados. O "engajamento" político dos anos 60 era autêntico, generoso, verdadeiro, criativo. O jovem que hoje participa de "micaretas", lá atrás, estudava Marcuse, Nietszche e escutava Ismael Silva.
Quando abordamos o golpe militar, portanto, esse ato de barbárie que violentou um momento histórico tão importante, tão delicadamente belo e poderoso, é preciso analisar, atentamente, esse contexto.
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Então lá estava eu, numa tarde fria de junho de 2009, espiando o microfilme de edições antigas da Folha. Em março de 1964, o jornal dos Frias divulga uma notinha cultural interessante: jovens roqueiros ingleses são a nova sensação na Inglaterra; os Rolling Stones, com idades de 19 a 22 anos, parecem substituir os Beatles nas paradas de sucesso.
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Desde o final da II Guerra, quando a guerra fria ganha força no mundo, as notícias internacionais que chegam às redações brasileiras são publicadas com todos os filtros ideológicos impostos por Washington. O golpe de Estado contra Árbenz, na Guatemala, em 1954, por exemplo, assume ares de legalidade. A mesma coisa vale para a derrubada do regime democrático em Cuba, por Fulgêncio Batista.
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A leitura da Folha de 1964 esclareceu um ponto para mim. As três personagens políticas mais importantes para a preparação e realização do golpe de Estado foram os governadores de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais: respectivamente, Ademar de Barros, Carlos Lacerda e Magalhães Pinto. Ademar entrava com dinheiro, Lacerda com um discurso incendiário e terrorista, Magalhães com os tanques de guerra.
A Folha reproduzia o terrorismo lacerdiano com uma placidez cúmplice apenas comparável à tolerância e pusilanimidade com que a Europa deixou Hitler crescer e rearmar a Alemanha. Infelizmente, os microfilmes da Biblioteca Nacional não estão digitalizados, o que permitiria uma reprodução fácil na internet. Mas eu fiz algumas anotações. O mais impressionante, de longe, é o discurso de Carlos Lacerda, muito parecido ao terrorismo esquizóide e delirante de um Olavo de Carvalho.
Lendo a Folha, pode-se constatar que o plano dos golpistas consistia nos seguintes pontos:
1) Associar o governo ao comunismo e à ilegalidade.
2) Causar a impressão de perigo imediato para as instituições.
3) Criar a impressão de que eles, a oposição conservadora, tinham imenso apoio popular.
As eleições presidenciais aconteceriam em 1965. Goulart e todos os seus aliados não faziam a menor menção de mudar isso. Nem lhes interessariam mudar. Lacerda, no entanto, lançava diariamente a suspeita de que as eleições não ocorreriam e que Goulart tentaria se "perpetuar no poder". Lacerda pinta uma imagem cada vez mais diabólica do presidente Goulart, como se ele fosse um perigossíssimo comunista russo infiltrado no governo para derrubar a democracia brasileira. Aliás, quando o golpe ocorre, os jornais divulgam a seguinte afirmação de Lacerda: "A ditadura russa foi derrubada!" Podem rir.
Vejam o que Lacerda afirmava que Goulart faria nos próximos meses. A citação é textual (inclusive com itens numerados):
"1) Substituirá a Constituição por outra.
2) Dissolverá o Congresso Nacional.
3) Fará plesbicitos autoritários [essa é boa, héin?! Plebiscitos autoritários! Podiam ter ensinado essa ao Stálin, héin?]
4) Associação crescente entre comunismo e negocismo [!!!!!!!!!!! Não me perguntem o que é isso!]
5) Desmoralização das forças armadas.
6) Transformação do presidente em caudilho. Não haverá mais eleições.
7) Destruição da livre-iniciativa e sua substituição por um dirigismo incompetente e desvairado, logo substituído pelo controle totalitário de todas as atividades nacionais, inclusive o controle das consciências."
Esse era o Lacerda, "o bom administrador". A imprensa publicou esses tópicos sem permitir nenhuma resposta "do outro lado", e, o pior, sem criticá-los; ao contrário, chancelava-os em seus editoriais, conforme se verá logo a seguir. Detalhe: o governo vinha negando veementemente esse tipo de acusação. Mas como negar "boatos" sem base nenhuma na realidade? Lacerda nem ninguém apresentava qualquer prova de suas acusações insanas. Mas pra que provas, quando se tem apoio midiático?
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Pois bem, faltava apagar a impressão de que a oposição ao governo Goulart se restringia a uma elite retrógrada e diminuta. Começam os preparativos para a MARCHA DA FAMÍLIA COM DEUS PELA LIBERDADE. Essa marcha será fundamental para a deflagração do golpe militar, porque sinaliza, junto à cúpula militar e política que o organizava, que havia uma quantidade considerável de gente, ao menos no Rio e São Paulo, chancelando o discurso midiático-conservador.
Os jornais passam a publicar, diariamente, em letras garrafais, manchetes como: AUMENTAM O NÚMERO DE ADESÕES À MARCHA EM DEFESA DA CONSTITUIÇÃO; ou MAIS DE 300 MUNICÍPIOS DE SÃO PAULO ENVIARÃO ÔNIBUS; e tantas outras. Os governos de SP, Minas e Rio participavam ativamente da organização do evento, cedendo empregados e recursos financeiros.
A Folha divulga ainda um comunicado da FIESP, orientando seus filiados a que liberassem seus empregados durante a tarde do dia da manifestação, e mesmo que fechassem os estabelecimentos.
Depois disso tudo, ocorre a manifestação, com a presença de meio milhão de pessoas (segundo os jornais, o que me faz pensar na metade disso), e daí edições inteiras dos jornais são dedicadas ao evento. Os editorais repetem sempre a mesma ladainha: de que havia sido um evento "espontâneo". Sim, espontâneo... Os patrões "orientando" a presença de seus empregados na passeata, os jornais convocando a população... Tão espontâneo...
"Aquele mar humano formou-se espontaneamente, pelo natural".
"E formou-se de súbito, quase por milagre, ao simples apelo de um grupo de mulheres e organizações femininas".
"Nada de especial, nenhuma preparação psicológica."
Enquanto isso, Lacerda afirma, na mesma edição, que: "O sr.João Goulart é um fascista a serviço do comunismo", e "teremos guerra civil no Brasil a continuar a conspiração dos porões do palácio do presidente".
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Por curiosidade, confiram um dos gritos lançados pela multidão, na tal Marcha da Liberdade, segundo reportagem da Folha:
"Basta! Basta! Basta!"
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E o jornal, não contente com uma manifestação tão deliciosamente "espontânea", também incita as Forças Armadas para que restabelecessem a ordem. Publicam isso com todas as letras.
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Trecho do editorial da Folha do dia 20 de março de 1964:
"Nossa opinião
O povo mesmo, não um ajuntamento suspeito e longamente preparado, reuniu-se espontaneamente, nas ruas desta cidade para exprimir seu sentimento e sua vontade. Foi uma dura lição para aqueles que necessitam de demorada propaganda, manipulação de cúpulas e tremendos dispositivos de força para concentrar massas humanas."
A quem o editorial se referia? Claro! Aos trabalhadores e estudantes, cujas manifestações, segundo a Folha, eram "longamente preparadas" e necessitavam obrigar as pessoas a participarem delas através de "tremendos dispositivos de força".
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A Folha noticia que Lacerda se reúne, a portas fechadas, com Ademar de Barros e Magalhães Pinto. Eles realizam "conversas sigilosas", diz o jornal no dia 26 de março. Uma semana depois, ocorrerá o golpe.
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Por fim, uma pérola editorial lida uma semana antes do golpe militar:
"A última moda, entre os que refletem o pensamento do governo federal, é apregoar a necessidade de 'democratização da imprensa'".
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Vale lembrar que os estudantes organizados, ou seja, a UNE, que era muito forte na época, assim como os sindicatos, apoiavam o governo Goulart. Realizavam manifestações constantes de apoio ao presidente. A mesma coisa vale para diversas categorias militares de baixa patente, que se sentiam exploradas e humilhadas pela alta oficialidade. Ou seja, quando Miriam Leitão escreveu, em meados de 2006 ou 2007, que a UNE era "rebelde a favor", tentando desmoralizar a entidade por apoiar o governo Lula, ela distorceu a história. A UNE foi contra a ditadura, claro, e pagou caro por isso; o mais importante a ser lembrado, porém, é que a UNE alinhava-se ao governo Goulart, porque tinha visão estratégica de que, diante da alternativa udenista reacionária, ele representava um tremendo progresso.
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Acontece o golpe. No dia seguinte, a Folha de São Paulo reproduz mensagem do governador Ademar de Barros: "o governador Ademar de Barros qualificou de ex-presidente da República ao sr. João Goulart".
Muitas outras "mensagens" de Ademar de Barros são obedientemente reproduzidas pela Folha. O tal criticismo político da Folha, pelo jeito, nunca ocorreu junto a seus governadores. A "mosquinha" não costuma pousar em nenhuma sopa servida no Palácio dos Bandeirantes...
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Editorial do dia 2 de abril de 1964, dia seguinte ao golpe:
"Não houve rebelião contra as leis, mas uma tomada de posição em favor da lei. Assim se deve enxergar o movimento que empolgou o país (...)"
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No dia seguinte, 3 de abril, novo editorial justificando o golpe:
"O Brasil continua
Voltou a nação, felizmente, ao regime de plena legalidade que se achava praticamente suprimida nos últimos tempos do governo do ex-presidente João Goulart".
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No mesmo dia (03 de abril), o DOPS, uma espécie de BOPE de SP, invade a faculdade de filosofia da USP e dissolve uma reunião de estudantes na base da porrada. Um fotógrafo da Folha presente (segundo nota da própria Folha) levou uma cacetada na nuca e foi preso com os estudantes. Foi liberado horas depois, sem os filmes, e com alguns ferimentos na cabeça.
Mesmo com seu próprio repórter espancado pela polícia, a Folha não faz nenhum comentário crítico.
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Dessa vocês vão gostar. Capa da Folha de São Paulo do dia 3 de abril de 1964:
"Petrobrás sem nenhum comunista: 'limpeza'".
O militar indicado para comandar a Petrobrás informa aos jornais que irá realizar uma "limpeza" ideológica na estatal, demitindo sumariamente qualquer pessoa com suspeita de ligações com os "comunistas".
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Os EUA felicitam o novo governo. Um secretário de Estado dos EUA anuncia que "será aumentada a ajuda financeira ao Brasil".
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A Fiesp comunica, pelo jornal, suas congratulações aos vitoriosos do golpe. A Folha noticia que o Brasil terá novas eleições em uma semana; que essas eleições serão "indiretas"; e que haverá um "candidato único", o Sr.Castello Branco, festejado pelo jornal como excelente nome para chefiar o Brasil. Quanta democracia! Quanta legalidade!
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Chefes militares declaravam aos jornais (que haviam se tornados verdadeiros boletins de guerra pró-ditadura, com gráficos e tudo) que estavam preparados para enfrentar qualquer reação ao golpe. Isso me fez pensar que o Brasil escapou (se é que tem sentido falar em escapar, neste caso) de uma guerra civil que poderia destruir o país, matando centenas de milhares, talvez milhões de pessoas. Por alguma razão, felizmente (e aqui novamente, temos uma palavra um tanto dúbia), isso foi evitado. Mas não se pode diminuir a gravidade do fato. O castigo deve ser aplicado tanto ao homem que tenta estuprar uma mulher como àquele que efetivamente o consegue. E quando falo em castigo, não penso em pôr fim à Anistia, e sim realizar um julgamento moral da história da ditadura brasileira, e discutir isso na televisão, nas revistas e nas escolas. Anistia serviu para perdoar juridicamente os funcionários públicos que participaram de arbitrariedades, mas não significa que devemos esquecer ou abafar o debate público necessário sobre o significado moral da ditadura, apontando, corajosamente, culpados e inocentes.
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Mudando de assunto, pero no mucho. A culpada pelos problemas de Simonal não foi a esquerda, e sim a ditadura militar, que fazia todos desconfiarem de todos, e criou um clima sufocante e totalitário no país, não dando espaço para nenhum tipo de "concessão" ou "tolerância" política por parte da intelectualidade e da classe artística. A culpa, repito, recai sobre a ditadura, e sobre os órgãos de imprensa que tanto a ajudaram a preparar o golpe militar que derrubou um presidente eleito democraticamente, substituindo-o por generais corruptos, reacionários e incompetentes.
Miguel, que artigo danado de bem escrito. Parabéns! E pelo amor de Deus, continua escrevendo coisas assim, queremos a continuação. Abraço Ísis
Obrigado pelo trabalho, parabéns!
Uma farsa convincente para a época e anacrônica para hoje. Mas a folha compôs o naipe. Há algum tempo a Carta Maior relacionou as principais primeiras páginas de 1º de abril de 64, cujo link é este aqui http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=15896.
É por isso que eu prefiro a minha preguiça e não refletir muito mais sobre a mídia brasileira. É um saco de bosta simplesmente.
oi josaphat, obrigado pelo link, ele enriquece muito esse post. O que eu quis fazer é tentar ilustrar a participação da imprensa no golpe de Estado. É um tema abordado sempre ligeiramente, nunca em profundidade. Acredito inclusive que deveriam ser feitos filmes inspirados nisso. Ademais, há outros fatores importantes que são pouco esclarecidos, entre eles o desvio de recursos do Estado de SP para financiar as atividades golpistas.
abraço, miguel
Miguel, acredito que este tema dá dissertação de mestrado e tese de doutorado. Imagino até a pergunta-chave da pesquisa:
"Qual foi o papel da grande imprensa brasileira na ascenção dos militares ao poder no Brasil em 1964?"
Este seria o seu problema de pesquisa. Olha, vai dar um trabalho sensacional. Mas se você não fizer o trabalho academicamente, sugiro com veemência escrever um livro sobre esse assunto. Abraço Ísis
CASO CPI DA PETROBRAS:
NÃO PODE CAIR NO ESQUECIMENTO!!!
Interessante o Governo Lula e o PT .
Quando eram Oposição exigiam CPI pra tudo , hoje que é situação, foge de CPI como o Diabo foge da Cruz.
Quem te viu, quem te ver !!!
Lula e PT não querem CPI na Petrobras.
Porque será!?,
Será Porque !?
Porque tanto medo de uma CPI na estatal?
Tem um ditado muito popular que diz: QUEM NÃO DEVE NÃO TEME!
Porque Lula e PT temem tanto uma CPI ?
Porque será, será por quê?
Ai tem coisa, e é das grandes!!!
Nikacio lemos
22 anos Universitário
grande do rosário,
"O Brasil possuía, em 1964, uma das democracias mais avançadas do mundo; ... vinha se desenvolvendo a um ritmo invejável, a nível cultural, acadêmico, industrial, artístico, educacional, econômico, político. ...parecia jorrar tanto entusiasmo e genialidade".
pqp, miguel!
valeu a espera por esse post.
a grande imprensa esqueceu, de propósito, o golpe de 64. salvo raras exceções, a blogosfera vem preenchendo as lacunas daquele que foi o ato mais violento contra a democracia de nosso país.
espero, assim, a continuação. por favor.
abçs
Nikácio, respondendo a esse teu comentário e a um anterior, sobre transparência. A Petrobrás é considerada a petroleira mais transparente do mundo. Entretanto, a Petrobrás não é fabricante de espelhos, para ser tão transparente a ponto de entregar segredos e boa imagem para seus concorrentes. A Petrobrás tem que ser eficiente e idônea, a transparência é um quê a mais, mas não o mais importante. Sobre o medo da CPI, é exatamente isso. Uma empresa tão grande, claro que tem problemas em alguma parte, mas esses são discretamente tratados pela PF, pelo Tribunal de Contas, por auditorias internas e externas. Na CPI, tudo vira um carnaval político, prejudicando enormemente a empresa, paralisando suas atividades, incomodando seus funcionários, prejudicando, sobretudo, a captação de recursos no exterior, já que a empresa precisa captar mais de 100 bilhões de dólares com certa urgência para realizar a exploração do pré-sal. Capisce?
Essa midia arcaica pensou(?) que poderia "armar" de novo, há 7 anos atras, devem ter pensado(?) deixa o Lula assumir depois nós o derrubamos... kkkkkkkkk
Sobre a marcha dos golpistas (No Rio e Sampa) elas eram feitas pelas mulheres, dos militares (Aí no Rio tudo gente da Tijuca e do Grajaú redutos Lacerdistas) e a dos "espertos" empresários, que levavam suas empregadas (claro que "levemente obrigadas") para terem a impressão de que o povão participava disso...
Muito boa essa pesquisa é olhando para o passado que nós aprendemos a não errar no futuro.
abç
Respondendo também ao universitário, diria que ele deveria se informar mais sobre essa CPi. Se o fizer, descobrirá que o menos prejudicado por ela é o Lula e o PT. Os maiores são a própria empresa, pois atrapalha os negócios, e a oposição que fica marcada como ant-patriótica, ao atacar a maior empresa do país e uma das maiores do mundo, orgulho dos brasileiros. Sendo assim, o Lula e o PT não tem medo da CPI. Na verdade, parte do governo quer e outra não quer. O Lula certamente não quer, porque seu esforço é tornar a Petrobrás a maior petrolífera do mundo, e não tem tempo para picuinhas com a oposição. Mas quem é mais ligado nos embates com a oposição e nos dividendos eleitorais, está adorando a CPI. Espere e verá que daqui a pouco tempo a oposição tentará encerrar essa CPI bobinha de maneira que eles não paguem muito mico. Quer dizer, antes que o mico vire orangutango
Ótima análise, sou mestrando em História e preciso urgentemente dar um pulo no arquivo nacional, valeu pelas referências.
Nikacio, o PT queria CPI's na época de FHC, mas nunca conseguiu criar uma sequer ao longo dos oito anos do governo FHC. Aliás, é exatamente o que acontece nos governos tucanos de São Paulo, por exemplo. Não se conseguiu criar uma CPI sequer em São Paulo, mesmo com os inúmeros escândalos ocorridos durante os governos tucanos. Houve CPI para apurar o que ocasionou a cratera do metrô? Houve CPI para apurar o caso Alstom? Só no governo Alckmin havia 69 ou 70 pedidos de abertura de CPI feitos pela oposição e não se conseguiu criar uma CPI sequer. E não houve qualquer pressão do PIG para que essas CPI's fossem criadas. Imagine um escândado como o da Alstom se tivesse ocorrido em um governo do PT? O PIG e os demotucanos criariam uma pressão insuportável em cima do governo e dos parlamentares da base aliada do governo para criar uma CPI. Essa oposição ao governo Lula (PIG e demotucanos) é ridícula, incompetente e golpista. Um bando de canalhas hipócritas, além de criminosos, corruptos vendilhões da pátria!
Caro blogueiro: Sou daqui do interior do RS, das Missões, terra dos presidentes Getúlio Vargas e João Goulart, portanto, assim, como esses dois grandes brasileiros, sou Missioneiro, sangue do índio Sepé Tiarajú. Queria lhe dizer que a bastante tempo leio os seus textos, e lhe digo com toda franqueza, são muito bons. Em relação a este em particular, concordo com vc, em gênero, número e grau. Está mais do que na hora de dar o nome aos bois de quem foi golpista ou quem ficou com a Constituição em 1964. Lendo a Carta Capital desta semana sobre o Jango, me dá uma raiva, uma indignação, um ex-presidente, que morreu no exílio, pelo que tudo indica, assassinado pela operação Condor, e simplesmente as autoridades e a população em geral não estão nem aí. Absurdo. Vejo estes golpistas, como Costa e Silva, Castelo Branco, nome de rua, e vejo pouquíssimas, quase nem uma rua, com o nome do presidente Jango. Esse homem foi muito difamado e continua sendo até hoje. A maioria dos brasileiros, nem sabe quem foi este qrande patriota. A máquina da difamação e do esquecimento da grande mídia é que faz esse crime contra a memória do país. Em suma, devemos passar a limpo o que cada um fez em 1964, mídia, sindicatos, estudantes, empresários, estadunidenses, etc.. E mais do que isso, passar a limpo a morte do único presidente brasileiro que teve o trágico fim de morrer no exílio. Abraço.
Pelo caráter que este texto tem, o de transmissor de conhecimento, e não apenas matéria jornalística, coloquei no blog "conhecimento"
http://josecarloslima73.blogspot.com/
Caro Miguel, seu texto é muito bom, claro e didático. Estou publicando-o no meu blogue na forma de série. Com referência para o original, é claro.
Vou remover o seu blog dos meus "favoritos". Essa história de abrir e fechar janelas é um saco. Bye, bye....
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