8 de julho de 2005

O perigo tucano ronda Pindorama

Inúmeras vezes, observando a perfomance de Lula na liderança do governo federal, penso em seus defeitos e erros.

Agora, em meio à crise, notando que Lula revela uma fragilidade política até então desconhecida, também senti, em vários momentos, inclinação para criticá-lo.

Então, pensei: não, não entrarei no rebanho dócil tocado pela mídia. Não confundirei as coisas. A crise mostra que Lula, governo e PT, erram, e muito, mas não podemos achar que qualquer outro governante ou partido seria perfeito.

Lula não é perfeito. Quando avaliamos um governante, não devemos cobrar perfeição dele, nem de seu governo. Em primeiro lugar, temos um Estado com problemas seculares: quantas vezes o MST já fez críticas ao fato de que funcionários do Incra atrasavam a entrega de documentos relativos à reforma agrária, mesmo após a decisão ter partido das altas esferas do governo?

Em política, devemos pensar em termos de luta política. Quem se beneficiaria com o fim do governo Lula? O cidadão, a organização, o partido, seja qual for o segmento social que critica Lula deve entender que existe uma diferença entre a crítica construtiva e a destrutiva.

O que está sendo feito agora, e sendo transformado em crise, é destrutivo, e visa alçar novamente ao poder o Partido Social Democrata Brasileiro, o famoso PSDB.

A estratégia de Fernando Henrique Cardoso de pressionar Lula para não disputar a reeleição, ou pior, terminar com a própria instituição da reeleição, é de um cinismo inacreditável. E mais incrível ainda é que o espírito de cinismo paira, na maior cara de pau, pelos colunistas da Folha.

Vale refletir como os colunistas ascendem hierarquicamente nos grandes jornais. Fácil: compreendendo como pensam seus patrões e vestindo a camisa das mesmas idéias. E sabemos muito bem como pensam os donos da Folha. Tanto a Folha como o Estadão apoiaram, abertamente, o candidato José Serra.

O que me aborrece é ver como grande parte da opinião pública se mostra vulnerável às essas estratégias. Há ainda aquele segmento constante de pessoas que confundem seus problemas pessoais, suas amarguras, com o momento do país. Quinhentos anos de pobreza e injustiça social também tiveram consequências sobre a psicologia coletiva, produzindo uma massa de descrentes na democracia, na política, e na própria possibilidade de justiça social.

Não ao déficit nominal zero - A proposta de Delfim Netto começa a causar polêmica. Inicialmente, sem conhecê-la direito, pensei que seria uma possiblidade do Brasil superar a questão dos juros altos. Entretanto, havia deixado claro que a proposta teria que passar pelo crivo do debate público. Pois bem. Parece que, já de início, o "debate público" já a condenou. Então eu, humildemente, acato a opinião de gente mais preparada que eu e passo a condenar também tal medida como imprópria politicamente, perigosa economicamente e explosiva socialmente. A matéria que me convenceu da inviabilidade e mesmo de seu aspecto anti-social está na Agência Carta Maior, aqui.

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