Há também muitas sugestões para aperfeiçoamento da segurança pública, com investimento em tecnologias de investigação criminal, melhor formação dos agentes, independência dos peritos, criação de ouvidorias de polícia independentes e com participação da sociedade civil.
E tudo vem escrito com prudência e humildade. Não há imposição de nada. Somente "estimular debate", "fomentar a criação", "discutir projetos de lei". Um texto, enfim, que serve de ponto-de-partida para um debate constitucional à vera sobre direitos humanos no Brasil.
Na questão fundiária, igualmente não há nada que prejudique o agronegócio. Há uma preocupação legítima de proteger o pequeno e o médio proprietário, o que é justo, e, ao contrário do que pregam os detratores do programa, confere mais segurança à propriedade, e não o contrário.
As afirmações de que o programa daria direitos indevidos e inconstitucionais ao invasor é mentirosa, odiosamente mentirosa. O que o texto diz é que as ações de despejo devem seguir as normais internacionais referentes aos direitos humanos. De resto, reitero que tudo são apenas orientações para um debate.
Não há motivo nenhum para a celeuma criada. Faltou informação também, sobretudo nos primeiros dias, de que o decreto assinado por Lula consiste num aperfeiçoamento da segunda edição, assinada por Fernando Henrique Cardoso. Essa informação, simples e necessária, bastaria para impedir a quase crise institucional que se seguiu à gritaria antibolivariana. Os pontos mais polêmicos sobre a questão fundiária e os meios de comunicação apenas repetem, com outras palavras, o que foi abordado no texto de FHC.
Não é desejo de todos que o Brasil se torne uma nação avançada em matéria de direitos humanos? Então? É assim que se faz. Discutindo com a sociedade, fazendo propostas. Como vocês acham que a Europa se tornou a Europa? Através do mesmo processo. E o programa em questão segue as orientações da Organização das Nações Unidas (ONU), que reúne as experiências mais modernas neste sentido desenvolvidas pelos países com melhores índices de justiça e bem estar social.
O Brasil é um país que viola brutalmente os direitos humanos de seus cidadãos. E quando o governo assina um Programa que promete regulamentar e normatizar esses direitos, a mídia reage com essa truculência?
Não há nada de "esquerdismo radical" no texto. Nada de chavismo, nem de bolivarianismo. Nem estou criticando Chávez ou o bolivarianismo. Mas é mentira atribuir esse programa ao núcleos radicais encrustados no governo. O texto não tem a dimensão revolucionária sugerida na mídia, mas apenas (apenas?) prevê o avanço dos direitos humanos numa sociedade democrática e capitalista.
O objetivo da oposição e suas mídias, conforme já abordei em um post anterior, é desgastar o governo junto aos segmentos conservadores, como a classe agricola, muito numerosa nos feudos tucanos, como São Paulo e Minas, de modo a empurrar o centro político e os moderados, hoje aliados à Lula, para os braços abertos de José Serra.
Eu mesmo caí na conversinha. Pensei inicialmente: "ih, será que o PT exagerou desta vez? Será que deu mais uma vez um tiro no pé e comprometeu a candidatura Dilma?"
Nada disso. É um texto ponderado. A mídia diz que reflete "o assembleísmo" de setores da esquerda, criminalizando assim a própria essência da democracia, que é chegar a acordos através de discussões abertas. Democrático para eles é decidir tudo em volta de uma mesa no Piantella...
Confiram vocês mesmos! Não há nada de radical no texto. Eu recortei alguns itens para meu Twitter e os reproduzo abaixo para vocês constatarem com seus próprios olhos o descaramento e má fé com que segmentos midiáticos trataram esse importante passo do Brasil em direção a um céu mais limpo e a uma cerveja mais gelada...
Obs: Inventei hoje o "sinal de ironia", conforme certa vez sugeriu Ziraldo. É o §. Para evitar confusão em caso de ironias excessivamente disfarçadas.
about 3 hours ago from web
Você grafou Cláudio Lembro ao invés de Cláudio Lembo
salve, miguel,
essa grande imprensa, costumeiramente, por incrível que possa parecer, não estimula o seu próprio negócio que é, basicamente, informar.
não divulga sob a ótica jornalística os tratados internacionais de que somos signatários. sobre nossa atuação na onu, só publica aquilo que as famílias proprietárias permitem.
pode parecer um contrasenso, mas precisamos, urgentemente, privatizar a grande imprensa, jornais, rádios e televisões. "eletrocutar" um choque de gestão nesses meios de comunicação pra fazer avançar a democracia nesse país.
abçs
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