Como vocês já devem ter percebido, o trem-bala se tornou a nova jabulani na guerra ideológica entre direita e esquerda. A direita, como era de se esperar, não quer o trem-bala. Diz que não há dinheiro, que não é viável, que o projeto orçava antes em 23 bilhões e agora está em mais de 30 bilhões. Que é um delírio faraônico lulodilimista. Pensando bem, não é uma guerra. É mais um cerco, com o governo isolado na fortaleza. A militância de esquerda assiste a tudo em cima do muro, meio perplexa. A ultra-esquerda, naturalmente, aliou-se à direita: ambos vociferam contra o projeto do governo de criar o primeiro trajeto de trem de alta velocidade no país. Outro dia um militonto me disse que era um projeto para fazer trem para os "ricos"...
O Elio Gaspari, por exemplo, encampou uma campanha bastante agressiva contra o trem-bala.
O interessante é que ninguém, nem a grande mídia, nem o Gaspari, nem os militontos, parecem preocupados em pesquisar mais a fundo antes de se posicionarem. Ter uma opinião sobre o trem-bala, assim como em relação a muitos assuntos, semelha a um gosto estético: acham bonito ou feio. O que, a meu ver, só piora a visão que eu tenho dessas pessoas, porque se dependesse apenas de uma questão estética, eu acho que é uma evidência gritante que se trata de um projeto interessante. Que país não gostaria de ver suas duas maiores metrópoles ligadas por trens de alta velocidade?
Resolvi pesquisar o tema. Comecei pelo google, e digitei simplesmente "train", ou trem, em inglês, e acabei na página da wikipédia sobre trens de alta velocidade. Em primeiro lugar, estudei o que já existe no mundo, e confirmei algumas coisas que já sabia e descobri outras:
- A Europa é inteiramente cortada por trens de alta velocidade.
- As grandes metrópoles asiáticas, sobretudo na China e Japão, já possuem trens de alta velocidade; estão construindo mais e mais.
- Os Estados Unidos, que cometeram o terrível erro de deixarem de lado o transporte ferroviário nas últimas décadas, tem um projeto de investirem em grandes corredores transnacionais de trens de alta velocidade. É um projeto muito caro ao governo Obama.
Dêem uma olhada no projeto de Obama para os corredores de trens de alta velocidade nos EUA:
Aí fui estudar o projeto do trem-bala brasileiro, tão cruelmente bombardeado pela maioria da imprensa. Aliás, porque será que não estou surpreso com isso? Neste post, reproduzo algumas tabelas que peguei no relatório que a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) preparou. Vamos olhar o item preço, para responder aos que acusaram o trem-bala de ser um luxo para ricos.
O trem-bala terá dois preços: classe executiva e classe econômica. O preço de uma viagem de Rio a São Paulo na classe econômica, em horário de pico, custará R$ 200, e fora do pico, R$ 150. Uma passagem aérea, em horário de pico e fora de pico, custa em média R$ 400 e R$ 180. O tempo total de uma viagem de trem-bala do Rio a São Paulo, incluindo o tempo de embarque, é de 1 hora de 42 minutos. De avião, o tempo total é de 1 hora e 50 minutos. O trem-bala, portanto, chega para popularizar e democratizar o transporte público nas duas áreas metropolitanas mais povoadas do país.
Tenho notado que a preocupação dos críticos, à esquerda ou direita, tem focado nos custos do trem-bala. Bem, para isso, temos de analisar as receitas. Segundo o estudo da ANTT, a receita do trem-bala deverá vir num crescente de 2014 a 2044. Neste último ano, a estimativa é de uma receita anual de R$ 8 bilhões (tabela 8-10).
O custo estimado para a construção do trem-bala está em torno de R$ 30 bilhões. Mas eu prefiro fazer uma estimativa bem conservadora e apostar que o custo final poderá chegar perto de R$ 50 bilhões.
Considerando as receitas estimadas, o trem-bala deverá ser pago em cerca de 30 anos. Isso é muito para um empreendimento que pode durar até séculos ou mesmo milhares de anos? Não tem gente que ganha salário mínimo comprando casa com prazo de 30 até 40 anos? Por que não podemos fazer um trem-bala que poderá transportar dezenas de milhões de pessoas? Em 2044, estima-se que o TAV movimentará 99 milhões de passageiros/ano!
Em outros termos, trata-se de um projeto autossustentável. E olha que esses cálculos não embutem o mais importante: a contribuição que dará ao aumento da produtividade no eixo Rio-São Paulo, a economia de tempo e dinheiro das pessoas, a redução no uso de combustíveis poluentes. Sem falar na colossal geração de empregos acarretada no processo de construção, e depois na manutenção e operacionalidade. Mesmo que o projeto fosse totalmente inviável economicamente, eu acho que valeria a apenas pela transferência de tecnologia num dos segmentos mais estratégicos para um país: o transporte público de massa.
Deve-se considerar, ainda, os ganhos proporcionados à indústria do turismo e o estímulo ao comércio entre Rio e São Paulo. O custo do frete vai cair muito.
Em relação à oposição da ultra-esquerda ao trem-bala, prefiro abster-me de comentários para não ser indelicado. Poderia lembrar que a China comunista está fazendo trem-balas a torto e a direito, com planos de conectar todo o grande estado chinês com ferrovias de alta velocidade; mas não digo porque acho que não gostam da China; pelo que sei, não gostam de nada. Japão e Coréia do Sul também possuem trens-balas ligando suas principais cidades.
Em relação à direita, trata-se mais uma vez do complexo de vira-lata, que faz nossa direita beber uma sopa esquizofrênica de ideias anticapitalistas e a-históricas. Têm um preconceito doentio contra qualquer investimento do Estado na economia, ignorando que os países ricos apenas alcançaram o estágio onde se encontram agora porque seus governos não hesitaram em investir em infra-estrutura, incluindo aí trens. E parecem cegos para as oportunidades de desenvolvimento econômico e, portanto, de lucro para eles mesmos. Tornaram-se uma raça de sadomasoquistas que se rejubilam na miséria e no subdesenvolvimento.
Ao longo de sua história, os Estados Unidos, através do governo, investiram em trens, rodovias, portos e aeroportos. Nas últimas décadas, porém, deixaram as ferrovias de lado, em função do pesado lobby da indústria do petróleo. Um erro terrível pelo qual pagam muito caro hoje. Como já disse, um dos projetos de Obama, já em andamento, é justamente voltar a investir em ferrovias, desta vez em trens de alta velocidade, com o objetivo de libertar o país de energias fósseis importadas e promover o desenvolvimento.
Concluindo: no atual estágio do desenvolvimento do transporte público no mundo, possuir um trem de alta velocidade conectando Rio e São Paulo, as duas maiores cidades do país, é um imperativo histórico!
PS: Um leitor amigo, Sergio Grigoletto, lembrou-me de acrescentar dados sobre o fluxo de passageiros no transporte aéreo. Abaixo, pode-se ver como o TAV (trem de alta velocidade) irá desafogar a ponte aérea e rodoviária, hoje sobrecarregada, entre Rio e São Paulo. Repare que a estimativa da ANTT é que o TAV se transforme, já em 2014, no principal elo de ligação entre as duas metrópoles, absorvendo 53% da demanda de passageiros. Eu acrescentaria que, para além de 2014, a tendência é de aumento do fluxo de pessoas, em virtude do aumento populacional e do crescimento econômico, de maneira que o transporte aéreo entre as duas cidades atingirá em breve - sem o TAV - uma situação de total congestionamento.
Mapa dos trens na Europa:
A direita (tem um audio do Arnaldo Jabor sobre o trem bala em que ele até baba de ódio)ou a utra-esquerda podem espernear o quanto quiserem.
O TAV será realidade e só está esbarrando na insistência dos empreiteiros querem o preço deles, com o qual a presidenta Dilma não concorda.
Um outro detalhe que faltou colocar na análise: Qual o crescimento de uso da ponte aérea Rio-SP, quantos vôos diários suporta o espaço aéreo dessas rotas?
Sem uma alternativa, terão que estender o teto até o espaço sideral?
Aposto que ainda nesse mandato da presidente Dilma as obras se iniciam.
Bem lembrado, Sergio. Acrescentei uma tabela e um comentário ao final do post.
Lamento decepcioná-lo Miguel, mas, concordo em parte com os militontos e o Gaspari. Já andaram dizendo, inclusive, que a expressão trem bala-bala tinha caído em desuso. Agora seria TAV, ou outros nomes. Mas trem-bala acabou se impondo de novo. Não acredito que será transporte de massa: o custo é mais alto e as aéreas vivem fazendo promoções. Uma amiga comprou passagens para São Bento do Sul-SC ao preço de R$ 170, ida e volta, com taxa de embarque, pela Gol. Minha filha ficou seis meses em Sevilha estudando e disse que não andou de trem bala porque era transporte de executivo. Em compensação correu a Europa de avião. Disse que nesses aviões se vende de tudo, como nos trens de subúrbio de Sampa. Aqui, também, a tendência é o transporte aéreo se popularizar e o trem-bala tornar-se mais de elite. É necessário, porém, construí-lo. Os empresários serão seu público alvo. Atualmente eles congestionam os ares de helicóptero entre Rio e Sampa. O trem será uma ótima opção para o dono das Casas Bahia, por exemplo, que vive nas nuvens correndo certo risco em razão do congestionamento aéreo. Mais uma vez dirão que a Dilma está protegendo os ricos, mas, o transporte deve servir a todos os estratos sociais. Assim como estão construindo teleférico nas favelas do Brasil e da Venezuela, é preciso construir trens balas para os empresários, garantindo a agilidade dos negócios. O Elio Gaspari, como a maioria da equipe da Barão de Limeira, prefere o ônibus. Seu patriarca, o senhor Frias, segundo dizem, era dono da rodoviária. Na minha adolescência eu também gostava de ônibus que, aliás, chamávamos de “jardineira”. Meu tio tinha um fusca 1.200, refrigerado a ar, que chegava a incríveis 120km por hora no asfalto. Eu tinha pavor de carro. Achava mais segura a jardineira do Santana, que ia desviando dos bois na estrada e saindo pelo acostamento quando os fazendeiros estavam secando café no asfalto.
Vou dar o meu testemunho para contrapor o da filha do Marcelo de Matos...
Mas antes, devo fazer notar que a tabela de comparação do tempo/preço é MUITO simpática para o transporte aéreo. Vejam porque:
Os aeroportos não se encontram no centro das cidades, logo o passageiro SEMPRE tem que pegar um táxi ou ônibus (quando os há) para chegar ao centro. Somem lá nas tabelinhas o preço desde transporte e o tempo para entrar num e a viagem até ao destino... vão ver que ganham cerca de uma hora e talvez uns 50 reais.
Em relação à minha experiência... a filha do Marcelo Matos morava em Sevilha que é periferia da Espanha, que, por sua vez, é periferia da Europa. Se ele quisesse ir à qualquer capital Europeia que não Madrid (não há TAV para Lisboa), obrigatoriamente ela teria que ir de avião. A sua experiência é comparável a fazer um TAV entre Porto Alegre e Florianópolis para quem que ir ao Rio de Janeiro...
Quando eu morava em Paris, usava uma regra simples: até 4 horas, iria de TGV. Quem está no centro, onde as grandes cidades estão à menos de 4 horas umas das outras, prefere um trem-bala por todas as razões: tempo, custo e ainda pelo conforto. Um trem tem mais espaço para as pernas, podemos nos levantar e temos mais banheiros à disposição.
Uma notinha em relação ao projeto de Obama: not going to happen. Era um ótimo estímulo que a economia Americana precisa, mas os Republicanos NUNCA vão embarcar nela.
Sou favorabilíssimo ao trem-bala e acho importantíssimo que chegue a Brasília, quem já tentou fazer manifestações de massas naquela cidade sabe bem a dificuldade de juntar um número suficiente de pessoas para contrapor aos lobistas que deitam e rolam há muito tempo nos subterrâneos do poder, de forma que o trem vai facilitar a entrada do povo e seus desejos ao centro do palco político.
A Europa não é cortada por trembala. Se você estiver falando em trem a mais de 300 km/h, não o Pendolino(Que vai a velocidades menores) você tem a linha Barcelona Madrid da Renfe, uma duas linhas do ICE alemão e o sistema centrado no TGV francês e só.
Inclusive porque na Europa você tem uma boa rede ferroviária de linhas em velocidade padrão para servir de apoio. Da última vez que chequei você só tinha duas linhas ferroviárias de longa distância no Brasil(Aquela em Carajás e a linha Belo Horizonte a Vitória da Vale).
Isso é querer colocar carro importado em barraco de favela.
Andre, os trens europeus são fantásticos e cortam a Europa inteira.
Marcelo, a promoção da sua filha representa 1% das passagens e não a maioria. É preciso ver o preço médio.
Quem precisa usar um transporte regularmente, sobretudo, não pode ficar dependendo de promoções relâmpagos de internet. Essa o trem-bala ou TAV pode oferecer também.
Há um ponto que não mencionei. O conforto, a segurança, e a facilidade para transportar peso.
Marcelo, você também não levou em conta a sobrecarga dos aeroportos e do espaço aéreo rio-são paulo, nem a economia em combustível fossil, e tampouco a importância de dominarmos essa tecnologia.
Dizer que será trem para empresários é um absurdo. Seus dados sobre a Europa, da sua filha, também são errados. Um turista pode pegar um avião aqui outro ali mais barato, mas clique no estudo do TAV Brasil e verá que entre algumas capitais importantes a grande maioria dos europeus usam TAV.
@djibov, um TAV de Los Angeles para não sei onde vai começar a ser construído em 2012.
Abraço a todos.
Por fim, o TAV não substituirá o uso de aviões. Ele complementa o transporte aéreo.
Não entendi o Andre Kenji... não é uma questão de nome, nem mesmo de velocidade. Um trem que vai à 250km/h deixa de se chamar TGV, mas ainda é rápido o suficiente para ser atrativo e consequentemente rentável. Se um trem SP-RJ qualquer fizer o trajeto em menos de 2h30min a menos de 200 reais, é competitivo.
Tá certo, Miguel. Obama conseguiu arrancar algum dinheiro para algumas linhas. Eu me referia à construção da rede ou parte dela. ;-)
Esse debate tá cheio de preconceitos... depois que o trem estiver pronto, espero que deem a mão à palmatória. Agora fiquei curioso em relação à construção do Eurostar! Imaginem. Para além de ser um trem, ainda tiveram que fazer um túnel subaquático... deve ter dado uma briga danada e tiveram que esperar Thatcher sair do poder.
andre, publiquei um mapa dos trens na europa. eu me expressei mal, desculpe. ela não é cortada por trens. ela é retalhada por trens.
Prezado Miguel,
Só sei de uma coisa: moro em Campinas e morro de mêdo de viajar de avião. Portanto, já estou fazendo as contas de quantos fins de semana por anos vou poder passar visitando a Cidade Maravilhosa, viajando confortavelmente e, o melhor, com os pés no chão...
Obrigado pelos excelentes (prá variar) esclarecimentos e até 2014.
Um abraço
Ruy Marcondes Garcia
O trem bala não deveria parar em Campinas, tinha que ir até Brasília, passando por Ribeirão Preto, e até Buenos Aires passando por Curitiba, Florianópolis e Porto Alegre, e até Vitória, passando por BH. E digo mais, sem usar empreiteira, o governo mesmo deveria construir usando uma Trembrás. O custo cairia para a metade se fosse bem administrada.
André M.
Ruy, quando o trem ficar pronto, te convido para um chop aqui na cidade maravilhosa. Abraço.
Falando em ultra-esquerda, esses devem gostar é da Coréia do Norte, só que aqui em vez do malucão que governa lá seria uma surtada tipo HH, ou coisa pior
Radicalismo também é meio de vida. Seja para vender camiseta com silk do Che, ou para vender assinatura da revista Veja. Como se diz em Minas, se cangar a HH com o RA eles puxam igual.
André M.
Uma questão que eu vi foi a possibilidade de implementar trens de média velocidade, que fariam esses trajetos em média velocidade, mas que seria mais baratos, de implementação mais rápida e poderiam ser usados para transporte de produtos.
Vamos continuar a discussão, no meu caso empírica, porque, entre outras matérias, não entendo nada de transporte. O djibov disse que minha filha “morava em Sevilha que é periferia da Espanha, que, por sua vez, é periferia da Europa”. Isso mostra que o TAV (como vocês gostam mais) é coisa para rico mesmo. O pessoal da periferia européia, bem melhor que a nossa, não tem necessidade dele. No Brasil, também, nem todos poderão usá-lo. De Sampa ao Rio ele deverá parar, apenas, em Campinas e São José dos Campos. Os habitantes de cidades como Caieiras e Itupeva, entre tantas outras, só terão o privilégio de olhá-lo da janela. E essas cidades serão cortadas ao meio por essa flecha de prata, ficando divididas e com transtornos na locomoção. Por essa razão estão pensando em fazer grande parte do trajeto em túneis. Outra vantagem, no caso, é que o “bala” fica livre das pedradas e até tiros que costumam atingir os trens de subúrbio. Não vou dourar a pílula para defender o trem bala como possível meio de transporte de massa. Não é. Ninguém me diga que ir de Paris a Londres, ou Bruxelas, é barato: (vide http://www.raileurope.com.br/book-now/) Karl Marx dizia que andar de lotação, para o rico que tem viatura própria, é sintoma de decadência. Para o operário é um luxo. O povão, que não mora nos grandes centros, vai apenas ver o trem passar. As estações ficarão em áreas urbanas valorizadas e inacessíveis. Pierre Lucena, do Acerto de Contas, que está no Rio, escreveu: “Um apartamento de 3 quartos no Leblon ou Ipanema está custando por volta de R$ 1,5 milhão. Não estamos falando de imóvel a beira-mar, mas sim de um apartamento bem localizado”. Não sou economista como ele, ou talvez o Miguel, mas, aqui nas Perdizes, onde moro, o bate-estaca não pára. Estão construindo grandes torres (que chamávamos de arranha-céus). Literalmente, estou sem horizontes. Daqui a pouco vou abrir a janela e enxergar só meu vizinho de prédio. Os imóveis ora construídos são de alto padrão. Os preços do comércio ficam inflacionados e a classe média tem de mudar para áreas mais distantes, longe das arenas multiuso (como o novo Palmeiras), dos shoppings, dos bons restaurantes e da estação do trem-bala. Por último, penso que passagem de trem não pode custar barato porque esse ramo, em geral, é deficitário. Se trem fosse bom negócio, eu compraria ações do metrô.
Marcelo de Matos,
Trem bala não pode ficar parando igual esses ônibus catajeca. Se for para trocar um busão precário por um trem precário ficaremos no mesmo lugar. Haverá a necessidade de integração com os transportes locais (metro nas grandes cidades e ônibus nas pequenas). Bater no trem bala devido a essa (possível) falta de integração é a mesma coisa que bater na Infraero porque o metrô não vai até Guarulhos.
André M.
Marcelo, a distancia entre rio e são paulo é a perfeita para o trem-bala. estudos mostram que, nestes casos, o trem de alta velocidade é o melhor transporte. a china fez trem-bala para rico? isso é um argumento bem tosco. a passagem vai ser barata, 150 reais, fazendo o percurso em 1 hora e 40 minutos, mais rapido que avião. daqui a 10, 15, 20 anos, o brasileiro mais pobre poderá usar o trem-bala. até porque ele poderá pegar para fazer negócios, trabalhar, transportar alguma mercadoria, etc.
Voce está tendo complexo de vira-lata.
Trem-bala é democratização do transporte público e desenvolvimento tecnológico.
Perfeito Miguel. Ja fui a Europa algumas vezes é uma maravilha o deslocamento por trens. Voce poderia acrescentar ainda que a implantação deste ramal é uma mudança de paradigma, pois estamos mais de 100 anos atrasados e sou ainda mais radical acho que mesmo que desse prejuizo temos que bancar este projeto para sairmos do atraso em termos de transporte. Outra coisa Miguel que voce poderia abordar são os interesses economicos que podem ser contrariados, empresas de onibus, transportadoras,terminais rodoviarios (que praticamente não existem na europa) e muitos outros. Com o trem bala estariamos começando o processo de mudança da matriz de transporte no Brasil, chego a ficar irritado com a inocencia de pessoas que se limitam a avaliar custos, ouro dia fiquei tão triste em ler uma pessoa que admiro como o Ricardo Kotscho falar mal do trem bala. Para encerrar mais um detalhe, moro na cidade de Resende-RJ e pago R$40,00 para viajar sem conforto até RIO, levando 3 horas para percorrer apenas 160 KM e ninguem diz nada.
Para complementar a discussão, sugiro darem uma olhada nesse post aqui da Agencia T1, especializada em logística e transportes e tocada por companheiros da esquerda: http://www.agenciat1.com.br/12528-as-dificuldades-da-nova-modelagem-do-trem-bala/
Marcelo, mesmo que não haja trem-bala. Neste caso, a previsão da ANTT é que 68% do transporte entre rio e sampa seja feito via aérea.
Havendo o TAV, este será o principal entre as duas cidades.
Pelo seu raciocínio, não se deveriam então fazer nem trem-bala nem aeroportos, porque seriam "coisa de rico". Melhor então retomar o "pau-de-arara", que é o máximo que os brasileiros merecem, né, já que somos pobres, rs.
Locais, li o artigo do Valente, ele é um grande defensor do trem-bala, mas agora está recuando, dizendo que pode ser um trem menos veloz, que o governo não deveria botar $ extra. Não. Eu acho que se é para fazer um trem de alta velocidade, que se faça logo o melhor. E se o governo tiver que pingar um pouco do próprio bolso, que o faça, pois se trata de um projeto de importância altamente estratégica para o país.
Mas aí, Miguel, vem o questionamento que, à luz do novo modelo proposto, faz sentido: se é o governo que vai bancar, não seria melhor colocar essa grana nos trens urbanos/metros? Atenderia muito mais gente...
Locais, não. Aí é recair no mesmo argumento falacioso do Serra. Uma coisa não exclui a outra. É tudo dinheiro financiado, que volta ao governo, duplicado aliás já que gera empregos e impostos.
O Valente se esqueceu que o trem bala pode gerar ganhos difusos, e é devido a eles que o governo (que ele chama de usuários de onibus/metro) deve entrar com parte da grana.
André M.
Respondendo às reticências do Marcelo de Matos, começo usando a resposta do André M. ("Trem bala não pode ficar parando igual esses ônibus catajeca.").
Os trens-balas, forçosamente, ligam grandes centros urbanos com poucas paragens... tal como os aviões! O argumento do Marcelo quase me faz perguntar se um vôo Rio-Madrid teria que parar em Salvador, Recife e Lisboa. Acho que as pessoas estão misturando as questões.
O ideal é ter trens-bala que liguem grandes centros urbanos com o mínimo de paragens possíveis de forma a levar menos tempo que o avião... e uma rede complementar que leve às pessoas até esses "hubs" naturais. Um Santista tem que ir à São Paulo para pegar o trem bala para o Rio de Janeiro? Tem. Mas também tem que ir à capital para pegar um avião. Ou seja, é a mesma coisa. Nem todos moramos em capitais, logo nem todos beneficiamos de infraestrutura de capitais, sejamos ricos ou pobres.
Caro Miguel do Rosário,
Coloco mais um dado nessa discussão do preço do trem. No mínimo serve para comparação: a arrecadação de pedágio nas estradas de São Paulo tem sido da ordem de 5 bilhões de reais (em 2009 foi um pouco menos e em 2010 passou os 5 bilhões). O trem bala deve custar no máximo 10 anos de arrecadação de pedágio, o que é um tempo pequeno para o porte da obra.
Luiz
Miguel, sugiro a leitura do livro "O mal ronda a terra", do Tony Judt. Tem um capítulo que ele fala sobre como os trens são um símbolo de modernidade que nunca se esgota. Fantástico!
Vou procurar esse livro. Valeu, Francisco.
Gostei de todo texto, Migué. Dele o que gostei mais foi a comparação com a compra da casa própria. Foi perfeito!
Gostei do comentario do Anônimo sobre os pedágios. Deve ser por isso que os tucanos odeiam o trem bala: vão perder receita de pedágios (caixa-dois?). Acho que ele descobriu o porquê do ódio deles e de sua imprensa Chapa Branca (vulgo PIG).
Miguel, ótimo artigo. Um dos melhores que você fez no seu blog. Embasado e técnico, mas com uma linguagem simples e objetiva. É o tipo de artigo que deveriamos ver na imprensa, nos grande jornais.
Minha opinião é que o Brasil está crescendo e precisa de mais trens, muito mais. Um trem de alta ou de muita alta-velocidade é opção válida, sim, para o mercado interno. Ainda mais entre RJ e SP (ao que consta, passando por Campinas). Por que somente aviões e automóveis? Eles não vão dar conta da demanda, se realmente se pretende que exista inclusão social.
Além disso, penso que 40 anos de retorno está ótimo; esse prazo é consistente, por exemplo, com o de investimentos em grandes usinas hidrelétricas. Quanto à discussão de custo, lógico que ela é importante, mas chegará a um termo adequado, e não deverá ser impeditiva ao desenvolvimento do Brasil. Maria
Se quisermos sair do subdesenvolvimento e passar para classificação de pais desenvolvido devemos investir pesado em infraestrutura independente do prazo de retorno, que alias, no caso me parece curto comparado a proporção do investimento que deve ser feito. Penso que se o governo disponibilizar de toda a verba necessaria, ja que pelo que fiquei sabendo, as empresas privadas desistiram do investimento apos o aumento estimado da obra, o trem deve sim ser construido, independente da classe social que venha a beneficiar devemos analisar que são brasileiro beneficiados, portanto acho justo a construção e necessária para o descongestionamento aereo e desenvolvimento regional. Ao inves de brigas de classes vamos nos unir por uma pais melhor!
PS: Tenho 16 anos e peço desculpa caso esteja sendo ignorante.
O que se comenta com razão é que não foi feito um projeto em nível aceitável que demonstre a viabilidade da obra. Nós não temos tecnologia para ferrovias de carga a 60km/h, a não ser a VALE. A ferrovia do aço foi iniciada a 37 anos durante o regime Militar, e sua obra não foi terminada. O que estou querendo dizer com isso? É que não temos tecnologia nenhuma para essa empreitada. Devíamos nos desenvolver primeiro com ferrovias DE CARGA.
Flavio, mais uma razão para termos o trem-bala, para fazermos a transferência dessa tecnologia. No caso, o Brasil, de fato, não possui essa tecnologia, portanto irá importá-la, provavelmente da Coréia do Sul, Japão, China ou Alemanha.
Tenho um pressentimento que, na hora que os políticos de direita assumirem o poder central (que Deus nos livree nos proteja), vão querer construir um trem bala e Arnaldos Jabores da vida vão achar uma idéia excelente.
Abraço,
Maria José
Tenho cá comigo uma opinião de que o setor de serviços rodoviário e aéreo não gostam de trens. Sabe-se lá quanto este setor paga aos meios de comunicação em propagandas?
Abraço,
Maria José
Tomei a liberdade de reproduzir sua postagem em meu blog (Mestre Aquiles), após minha defesa da construção de um metrô de superfície para Cuiabá.
Seus argumentos vêm ao encontro de argumentos que eu utilizaria para apoiar os gastos com essa obra, ao invés de se construir corredores de ônibus que já nascem obsoletos, poluentes e pouco funcionais.
Concordo que precisamos pensar num grande país futuro, e o mesmo tem que ser construído desde hoje, ou desde há muito tempo.
Se pensarmos pequeno, seremos aprisionados em futuras armadilhas e gargalos de infraestrutura que serão muito mais custosos e difíceis de serem resolvidos mais à frente.
O adensamento urbano em boa parte do país, além da crescente produção agrícola e industrial, exige planejamento e coragem para pesados investimentos hoje. Sempre eles serão menos pesados agora do que quando os problemas se avolumarem e colocarem em risco o crescimento sustentável do país.
Já pensou se tivéssemos uma malha ferroviária de pelo menos metade da rodoviária? Quanta economia no transporte de mercadorias e pessoas, quanta redução de perdas de mercadorias e vidas? Mas ninguém nunca conseguiu nem conseguirá agradar a todos. Nem Jesus Cristo. Fora os poderosos que ganham fortunas incalculáveis com manutenção de rodovias, que se deterioram rapidamente, com seguros de automóveis, caminhões, etc, etc.
Miguel,
Não sou de extrema direita nem de extrema esquerda e acho o tal do trem bala uma grande bobagem.
Antigamente havia um trem ligando Rio a São Paulo, que quando a linha estava completamente maltratada ainda fazia a viagem em seis horas. Isso porque tinha que andar devagar em certos trechos, esperar passagem em outros (linha única).
Seis horas, sem engarrafamento, do centro ao centro dá um banho nos ônibus, fora o conforto, de voce poder andar, ir ao banheiro, ir ao café, ir ao restaurante.
Com algum investimento certamente muito inferior a essa dinheirama toda, poderiam consertar a linha atual, duplicá-la em certos lugares, colocar locomotivas mais rápidas e fazer a viagem digamos em quatro horas, a um preço bem interessante, ganhando longe do avião Santo Antônio Guarulhos e perdendo por pouco de Santos Dumont Congonhas, se consideramos os tempos de check-in e de deslocamento em São Paulo, cujo trânsito é sempre infernal (30' check-in; 50' voo; 1 hora para ir de Congonhas ao centro, total 2:20), sem problema de teto.
Com o dinheiro economizado fazem uma linha tradicional de São Paulo para Brasília e vai seguindo o barco. Quando um cidadão puder ir de qualquer capital para qualquer capital de trem, então passamos à fase 2 com trens bala aqui e ali.
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