19 de julho de 2011

Movimentos sociais se organizam em prol de uma internet melhor

Gostei de ver. Os movimentos sociais se organizaram e cobram do governo um plano de banda larga melhor. Esse é um teste importante para Dilma. O assunto não é mais do Paulo Bernardo. Presidenta, a bola está contigo. O plano de banda larga apresentado pelo governo, de fato, é ruim e insuficiente. A sociedade espera, no mínimo, maior diálogo nessa questão, que hoje é considerada primordial. Ouvimos sempre que o plano de banda larga seria prioridade. Então queremos inteiro, não pela metade. As políticas de educação, cultura e até mesmo saúde passam por uma banda larga BOA.


Movimentos Sociais repudiam banda lenta, cara e sem universalização

19 de julho de 2011

Para o conjunto dos movimentos sociais brasileiros, o Plano Nacional de Banda Larga (PNBL) representa a afirmação de uma democratização do acesso à internet, apontando para a universalização dos serviços – com controle de tarifas, meta de qualidade e continuidade de serviços – dentro de uma concepção de desenvolvimento baseado na geração de renda e na inclusão social.

Infelizmente, o “acordo” fechado pelo Ministério das Comunicações com as teles relega inteiramente esta estratégia, afrontando o interesse nacional em prol da sede de lucro fácil dos monopólios privados.

Na prática, as teles ganharam do governo um cheque em branco para faturar alto com uma banda lenta, cara e sem universalização, enquanto continuam praticando preços extorsivos, fortalecendo sua concentração nas faixas e locais de maior poder aquisitivo, com serviços de péssima qualidade.

Além de inaceitáveis, os termos do dito “acordo” do Ministério com as teles afrontam o interesse social e rasgam as diretrizes do próprio Plano Nacional de Banda Larga (PNBL), dando as costas ao imenso acúmulo possibilitado pela Conferência Nacional de Comunicação (Confecom), que apontava para um maior protagonismo do Estado e para o fortalecimento da Telebrás, como elementos decisivos para a universalização da internet, vista como um direito.

A forma como foi assinado o “termo de compromisso”, sem qualquer participação ou consulta às entidades diretamente envolvidas, é reveladora do seu conteúdo, já que ninguém se disporia a endossar tal leviandade.

Dito isso, vamos aos fatos porque denunciamos e repudiamos tal “acordo”:

1)Não há metas nem garantia de qualidade.

O Ministério admitiu que é “compreensível”, por causa da “concorrência”, as teles não divulgarem onde e quando vão implantar a suposta banda larga de 1 Mbps a R$ 35,00. Além disso, não há garantias de qualidade, o que significa uma internet de segunda categoria para a população com menos recursos financeiros. O plano prevê, por exemplo, uma velocidade muito baixa de envio (upload) de 128 kbps. Assim, quem quiser postar vídeos vai demorar horas.

2) Velocidade tartaruga.

A velocidade de 1 Mbps é somente “nominal”. Hoje, as teles oferecem 1/16 da velocidade que está no contrato com o usuário, abaixo até do ridículo limite da Anatel (10% da “nominal”). É como se o consumidor fosse ao supermercado comprar dez quilos de feijão e levasse para casa apenas um quilo, pagando pelos dez. Mas nem mesmo este limite indecente da Anatel consta do “termo de compromisso” assinado pelo Ministério. 

Pior, as teles foram autorizadas a reduzir a velocidade se o usuário ultrapassar 300 Mbytes de “download” por mês (o que poderá fazer com que para baixar um vídeo ou uma música se perca horas ou mesmo não possa ser feito) ou 500 Mbytes no caso da Oi, o que condiciona completamente o uso da internet e impede o uso pleno do serviço. Portanto, quem definirá a velocidade – sempre lenta para fomentar a migração do usuário para outros planos mais lucrativos para as teles – será a própria operadora.

3) Venda casada.

Embora o Ministério tenha afirmado que o pacote de R$ 35 não estaria condicionado à venda casada, o “termo de compromisso” permite essa prática na banda larga fixa, com teto de 65 reais para o pacote. O pacote de 35 reais sem venda casada só é obrigatório na banda larga móvel.

4) Multas viram investimento.

As punições às teles por infrações, nem ao menos serão simbólicas: não haverá processo administrativo se o “termo de compromisso” for desrespeitado. As sanções podem ser transformadas em investimentos em áreas economicamente não atrativas. Na prática, as empresas podem trocar o não cumprimento de metas determinadas no termo de compromisso por expansão de sua própria rede. Ou seja, vão embolsar o dinheiro das multas. Mais: se a Anatel disser que houve correção da irregularidade, as multas serão extintas – sem que o dinheiro saia do caixa das teles.

5) Abandono da área rural.

Foram retiradas as metas para banda larga do III Plano Geral de Metas para a Universalização do Serviço Telefônico Fixo (PGMU, v. Capítulo IV, artigos 21 a24, DOU, 30/06/2011). Até na telefonia fixa, o “novo” PGMU dispensou as teles de obrigações na área rural, se não se interessarem em explorar as faixas de 451 Mhz a 458 Mhz ou de 461 Mhz a 468 Mhz (cf. artigo 9º, parágrafo 2º, DOU, 30/06/2011). Note-se que, ao contrário da banda larga, a telefonia fixa está sob regime público. Mas as teles é que decidem.

6) Acordo pra inglês ver.

O “termo de compromisso” deixa de valer caso as teles aleguem que os seus custos aumentaram.

Sinteticamente, aqui estão os motivos pelos quais os movimentos sociais reivindicam do governo federal que o Estado retome o protagonismo no setor, voltando a investir na Telebrás como instrumento de políticas públicas, e retome o diálogo com as entidades populares, para sanar o erro cometido. Para nós, a luta pela democratização da comunicação e pela universalização da banda larga são indissociáveis, como direitos inalienáveis do povo brasileiro que não podem ser pisoteados em função dos grandes conglomerados privados.

Para transformar estas bandeiras em conquista efetiva da sociedade brasileira, a Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS) convoca desde já o conjunto das entidades populares a se somarem para a construção de uma grande manifestação no dia 15 de agosto. É hora de levantarmos a voz em defesa da democracia e reivindicar do governo que atenda ao clamor da sociedade e não das teles.

Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS):

CUT – MST – CMP – UNE – UBES – ABI – CNBB/ PS – Grito dos Excluídos – Marcha Mundial das Mulheres – UBM – CONEN – Coordenação Nacional de Entidades Negras – UNEGRO – MTD – Movimento dos Trabalhadores Desempregados – MTST – CONTEE – CNTE – CONAM – Confederação Nacional das Associações de Moradores – UNMP – Ação Cidadania – Cebrapaz – ABRAÇO – CGTB – INTERVOZES – CNQ – FUP – SINTAPI –ANPG – CTB – CMB – MNLM.

(Via Castorphoto)

6 comentarios

Claudio disse...

Alô MIguel. Eu já tinha visto esse texto. Quando abri seu post fiquei intrigado, então fui lá no site da Telebrás. Tem muita informação lá, tem muita coisa sendo feita.
Acho esse texto meio distorcido, meio panfletagem. Essa gritaria aí já deu.
Acho que a Telebras tem planos muito ambiciosos, diria até estratégicos. Só no Brasil, segundo o site, serão 31000 km de fibras óticas até 2014, com capacidade de 1 terabite. A montagem das redes vai provocar um incremento em toda a cadeia produtiva dos equipamentos eletrônicos.
Existe um plano de interligação das infovias dos países latino americanos, para os próximos 4 anos. Atualmente toda a comunicação de voz e de dados entre os países da região passa por um hub internacional localizado em Miami, nos Estados Unidos, já que não há uma conexão direta de infraestrutura de fibras ópticas entre os mesmos. Este hub centraliza hoje as trocas de tráfego entre as redes dos diferentes países. Isso aí é muito estratégico.
Enfim, acho que o pessoal tem que pressionar mesmo, mas não tanto no varejo, né? Eu boto fé que vai dar tudo certo.
Abraço

Claudio disse...

Rede Nacional de TV Pública Digital pode ser atendida pela Telebras (do site da Telebras)
Artigo em Notícias // 14 de junho de 2011
Mais de 80% da demanda de capacidade para transmissão de conteúdos pela Rede Nacional de TV Pública Digital pode ser atendida pela Telebras. A garantia foi dada pelo presidente da estatal, Caio Bonilha, em audiência pública na Câmara dos Deputados sobre o tema, nesta terça-feira (14.06). Coordenado pela Empresa Brasil de Comunicação (EBC), o projeto pretende cobrir 908 cidades e atingir 114 milhões de habitantes.

Segundo ele, a rede nacional que está sendo implementada pela Telebras terá quase 31 mil km de fibras ópticas em 2014 com capacidade de 1 terabite. “Isso permite prover toda a necessidade de comunicação de longa distância do país nos próximos cinco ou dez anos”, salientou. O presidente da Telebras disse que a opticalização da rede permite capacidade ilimitada para transportar qualquer tipo de sinal, inclusive aqueles conteúdos relativos à TV Pública e viabilizando a inserção de canais regionais sem esgotar a capacidade da rede.

De acordo com Bonilha, há uma sinergia muito grande entre a Empresa Brasil de Comunicação e a Telebras já que a primeira atua na radiodifusão e a segunda opera uma rede de longa distância, principalmente: “Juntando nossas forças, temos condições de atender plenamente qualquer cliente sejam eles canais de televisão públicos, comunitários e, eventualmente, até TVs privadas”, reforçou.

A audiência foi convocada pela Frente Parlamentar pela Liberdade de Expressão e o Direito à Comunicação com Participação Popular. Além do presidente da Telebras, também participaram como expositores a presidente da EBC, Tereza Cruvinel, a representante no Conselho Curador da EBC, Ana Luiza Fleck, o superintendente da Anatel, Ara Apkar Minassian, e os deputados federais Luiza Erundina e Emiliano José. A audiência também contou com participação de diversos representantes de entidades ligadas ao setor.

Miguel do Rosário disse...

Valeu pelas informações, Claudio. Eu não sou tão entendido nesse assunto quando pareço. De qualquer forma, é um protesto que reune muitos movimentos sociais. É importante, como eu disse, responder, comunicar-se, interagir. Abraço.

Miguel do Rosário disse...

Vou entrar também no site da Telebrás, nunca tinha entrado. Valeu pela dica!

Anônimo disse...

Na minha cidade tem empresa de internet via rádio que oferece 400k com download ilimitado por R$29,00. 400k não é banda larga, mas é bastante rápida por ser velocidade real. Faltou coragem (o que já está se tornando sintomático) para o governo negociar custos melhores.

André M.

sergio disse...

Pôxa! Até que enfim um artigo não chapa branca. Parabéns!

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