20 de agosto de 2011
Ultranascimentos
janelas bizantinas
pelas quais saltava
como um sírio (não um círio)
em fogo
mas avistava
ao longo do canal
sem gôndolas
os fantasmas que assombravam
bonsucesso
tudo isso há muito tempo
lá em caxias
num motelzinho barato
adjacente à boca de fumo
onde se vendiam
tickets de ida e volta ao inferno
ao preço muito menor
que uma edição popular de dante
àquela altura, porém,
não tinha mais importância:
saltávamos das pontes
como quem recita
um poema ruim
como quem vende
livros xerocados
na porta da biblioteca nacional
enquanto outros ofereciam
a preços módicos
seu mau humor na internet
nem a cerveja, de qualquer forma,
nem a tristeza,
nem as feridas auto-inflingidas
poderiam te redimir
oh, tu,
esperança arruinada
dos esgotos em si bemol
dos ratos que ouvem blues
das prostitutas
que não gorjeiam
fodam-se as palmeiras,
e todas as merdas
que cantarolam
e espirram
por lá
de agora em diante,
as glórias mortas dos partigianos
cujas estátuas nos espreitam
desconfiadas
nos jardins públicos
de veneza?
crato?
caxias?
*
estenda a toalha
no varal do banheiro
vomite delicadamente
no lugar apropriado
leia os jornais, acesse os blogs,
aprimore sua indignação
comporte-se
há olhos postos em você.
seja bom, revoltado, justo,
há um prêmio ao fim da trilha
uma embalagem bonita
dentro da qual encontrará
um cocô de sabiá
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Valeu...
Taí, gostei!
Poeta, esse seu vômito, no lugar apropriado é intenso e cheira bem. Nora
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