24 de março de 2006

Nildo, o novo Macunaíma




Tenho que reler a obra-prima de Mario de Andrade, Macunaíma, o herói sem caráter, pois estou inclinado a pensar que esse livro pode conter muita informação útil para compreender a realidade política brasileira de hoje.

Os oposicionistas, perplexos e confusos diante da crescente ascensão de Lula em todos os segmentos sociais e com seu prestígio no exterior inabalável, como ficou claro no recente encontro do presidente com a rainha da Inglaterra, com o primeiro ministro Tony Blair e com empresários e parlamentares ingleses, estão apostando todas as suas fichas neste novo Macunaíma: Francenildo, ou mais simplesmente, Nildo, o caseiro.

Já conheci muitos caseiros na minha vida, mas nunca conheci nenhum com 20 mil reais na conta bancária. Tudo bem, o pai biológico dele foi gentil e doou o dinheiro. Mas a mídia escondeu várias informações importantes, coisa que certamente nunca ocorreria se o caseiro estivesse denunciando puladas de cerca do Geraldo Alkmin. Por exemplo, o pai dele é militante do PFL, tendo sido candidato a vereador pelo partido.

Imaginem se o caseiro dedurasse Alkmin, dizendo que tinha visto o sóbrio governador umas dez ou vinte e cinco vezes numa casa frequentada por viciados em crack, travestis aidéticos e traficantes internacionais. Aí descobria-se que o caseiro tinha movimentado 40 paus em sua conta bancária nas vésperas da denúncia.

Colunistas, âncoras, blogueiros, repórteres, cairiam em cima do caseiro sem dó nem piedade. Aì partiriam para cima do suposto pai que doou o dinheiro, e explorariam todas as contradições. Quando descobrissem que o pai era do PT, então... Viria a bomba:

FARSA DESMONTADA: PAI DE NILDO É DO PT

O processo de venezualização da política brasileira está levando a mídia a atacar as principais instituições do país. Polícia Federal, Supremo Tribunal, Congresso, Presidência, nada tem escapado da fúria machartista, particularmente intensificada com a ascensão de Lula nas pesquisas eleitorais.

É assim, não conseguem ganhar dentro do processo democrático, querem ganhar no tapetão, com artimanhas. Não conseguirão. Não quero acreditar que a classe média que acreditou na mídia, durante a crise, e voltou a apoiar Lula agora vai se deixar enganar. O povão, esse então, está mais confiante em Lula do que nunca, com o aumento do salário mínimo, a inflação baixa e os programas sociais.

Ganhar Lula será muito difícil, ainda mais com um adversário fraco como Alkmin. Estão dizendo que o vice será o José "voz taquara rachada"Agripino. Valha-me Deus. Acho que vou processar o PSDB pelos pesadelos que terei com a possibilidade, felizmente remota, de que essa dupla grotesca assuma o poder.

4 comentarios

Anônimo disse...

Eles estão desesperados, atiram pra tudo que é lado. Não viu o carnaval que estão fazendo com a dança da deputada? Como li em algum lugar hoje, a deputada Angela deve agora dançar é sobre o relatório da CPI do fim do mundo.
Sua página é excelente, continue nos brindando com seus ótimos textos.
Saudações democráticas e petistas

Anônimo disse...

Ainda bem que existe a internet,que nos permite ler os seus comentários.
parabéns

Anônimo disse...

Li hoje no UOLkmin a seguinte manchete: "oposição decide intensificar ataques ao governo". Como assim "intensificar"? Miguel, o que é isso? Qual a fundura desmedida desse poço antidemocrático? Conitnue com seus maravilhosos textos. Meu nome é Julio

Anônimo disse...

Temos de estar vacinados contra esse vírus nojento e peçonhento chamado "oposição-midiática-elite dominante". Ele se propaga pela boca suja de políticos abomináveis dos governos anteriores, pela boca desavergonhada da maioria dos jornalistas da grande imprensa e pela boca irresponsável, egoísta, insensível e impiedosa dos poderosos (no que se refere ao País e seu povo humilde). Para espalhar epidemia no Brasil, que causa confusão mental e distúrbios psíquicos (o contagiado perde a capacidade de reflexão), eles se utilizam dos meios impresso, falado e televisado.
A vacina está nos sítios e blogs de relação, como este, e na revista Carta Capital.
Não conseguirão deflagrar essa pandemia.

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