A tese do cientista é de que a oposição não tem se mostrado um ator responsável no debate político nacional, porque se recusa a participar construtivamente do processo de desenvolvimento. Nem mesmo apresenta planos alternativos que possam produzir questionamentos de melhor qualidade ao governo. O samba de uma nota do denuncismo barato, embora tenha boa repercussão junto a setores midiáticos, não tem produzido nenhum lucro político para a oposição. Ao contrário, a meu ver, a oposição apenas amplia sua dependência (perdendo autonomia e isenção, portanto) em relação a uma instância - a mídia - cujo poder eleitoral se revela cada vez menor.
Segundo Santos, "há seis anos a oposição insiste na tese de que o governo só promove ilegalidades e corrupção e as surras eleitorais que vem sofrendo têm sido insuficientes para convencê-la de que seu diagnóstico é falho. Sucedem-se as denúncias que desaparecem por irrelevantes ou, na maioria, são dadas por improcedentes. As poucas que prosperam não alcançam a envergadura pretendida pelos denunciantes. Como desagravo, os oposicionistas substituem a denúncia por outra, se possível maior. Estratégia midiática para aumentar circulação ou audiência, não convém a parlamentares converterem-se em oposição sensacionalista. Nem sempre dá, e não está dando, retorno. Escândalos não podem ser a única mercadoria fabricada diariamente pelo Parlamento."
Entretanto, o objetivo de Santos nesse artigo não é exatamente "ensinar" a oposição e sim alertar o governo sobre o perigo de se deixar pautar por um agente que não mostra compromisso com o desenvolvimento nacional. O Brasil é hoje um ator relevante no cenário internacional e os debates políticos domésticos estão sendo monitorados de perto pelo mundo. É triste constatar, portanto, que os referidos debates, em vez de apontarem caminhos, ainda sejam dominados por esse falso moralismo de salão.
Abaixo a íntegra do artigo de Wanderley Guilherme dos Santos, originalmente publicado no Valor Econômico, edição de 18/04/2008.
No meio do caminho há uma divergência
Wanderley Guilherme dos Santos, cientista político, membro da Academia Brasileira de Ciências, é um dos mais renomados e respeitados acadêmicos do País.
Está em tempo de a oposição retificar procedimentos. É crescente a divergência entre a percepção da maioria da opinião pública sobre o governo e as manifestações da oposição institucionalizada. O que o governo ganha em prestígio talvez não compense as perdas em participação democrática. A insistência oposicionista em se conduzir ao modo de grupo anarquista, contrário a tudo que seja governamental e, se possível, impedir que o governo governe, transforma o parlamento em obstáculo antes que coadjuvante do desempenho do país.
Bastam para atrapalhar o governo os custos de transação que está obrigado a incorrer para conseguir o apoio de sua própria base. Cada projeto requer, preliminarmente, atender às necessidades paroquiais de ponderável número de parlamentares. O que deixa de ser anotado, porém, é que essa dificuldade resulta da amputação sofrida pelo Legislativo. Cobrar a inserção de favores nas propostas do governo é a fórmula que resta aos parlamentares para mostrar serviço às suas fontes eleitorais. Fosse o processo legislativo brasileiro menos controlado pelo Executivo e um sem-número dos itens dos custos de transação passariam a investimento do Legislativo. O governo, qualquer governo, não consegue o melhor de todos os mundos: substituir-se, de graça, ao parlamento.
Mas este é um dos problemas que os governos criam para si mesmos. Outra coisa são os entraves construídos pela oposição. Há uma estratégia para quando o governo em exercício não está fazendo nada, obrigatoriamente distinta de quando se deseja que o governo faça mais. Há seis anos a oposição insiste na tese de que o governo só promove ilegalidades e corrupção e as surras eleitorais que vem sofrendo têm sido insuficientes para convencê-la de que seu diagnóstico é falho. Sucedem-se as denúncias que desaparecem por irrelevantes ou, na maioria, são dadas por improcedentes. As poucas que prosperam não alcançam a envergadura pretendida pelos denunciantes. Como desagravo, os oposicionistas substituem a denúncia por outra, se possível maior. Estratégia midiática para aumentar circulação ou audiência, não convém a parlamentares converterem-se em oposição sensacionalista. Nem sempre dá, e não está dando, retorno. Escândalos não podem ser a única mercadoria fabricada diariamente pelo Parlamento.
O progresso do país seria mais corretamente avaliado, e possivelmente estimulado, se o noticiário sobre o que vai pelo Brasil e pelo mundo fosse menos adversativo. É praticamente impossível ler uma notícia alvissareira sem os inevitáveis "mas", com os quais se desqualifica o sucesso. O noticiário adversativo é o alimento cotidiano do complexo de vira-lata do povo brasileiro. No extremo oposto do fascistóide "ame-o ou deixe-o" agora fica bem na foto a prática do niilismo ideológico: o paraíso está no desterro. É difícil exercer uma oposição construtiva quando a oposição oficial se esforça por comprometer políticas positivas.
O Brasil está ingressando em jogo internacional de maior complexidade e não pode se entregar ao luxo de ter uma política interna doidivanas ou caprichosa. Países de relevância reduzida costumam ser, às vezes, pouco responsáveis nas suas definições internas e externas. Não provocam, com isso, nenhum problema internacional, nem mesmo pagam pelas saliências. A comunidade internacional cedo ou tarde termina por ajudá-los a sair do atoleiro em que se meteram, exceto quando se envolvem em guerras genocidas. Nestes casos, a comunidade internacional é cruel e deixa que se matem aos milhares. O Brasil já foi um país de escassa relevância. Não é mais. Listado como um dos BRICs, isto é, aqueles previstos como grandes nações do século XXI, o país começa a pagar o preço de relativa notoriedade. Seus movimentos internos e externos têm repercussão e respostas cuidadosamente calculadas. Ao contrário do noticiário adversativo e do diagnóstico oposicionista, o país já é levado a sério.
Os leitores terão sido informados de que, na escala dos BRICs, por exemplo, marcharíamos na rabeira. O quadro oferece dados para melhor apreciação do problema. Desde logo se perceberá que o recente e extraordinário crescimento das economias chinesa e indiana partiu de baixíssimo patamar de acumulação material e que, em vários aspectos, ainda se encontram atrasadas. Nem por isso, é claro, o desempenho indiano ou chinês é negligenciável, mas convêm ter presente os parâmetros do jogo em que o Brasil está entrando. O cacife nacional é bom e, politicamente, não há o que invejar nos demais BRICs. Exceto por alguns setores de ponta particularmente bem desenvolvidos naqueles países, nada há a invejar economicamente também. O mercado interno chinês é descomunal, do mesmo modo que o indiano, mas esse é um valor comparativo chinês e indiano que vale para qualquer outro país, não apenas para o Brasil. Exclusivo desses países, em relação ao Brasil, é o arsenal atômico que possuem. E aí entra a desmedida relevância da Coréia do Norte, por exemplo, ou do Paquistão, países inconspícuos por qualquer outro critério que se adote.
No médio e longo prazo, interessam ao país políticas que acompanhem o desempenho da Federação Russa, da Índia e da China, e não vale comparar as contas nacionais brasileiras com as do Uruguai, por exemplo. E se trata apenas, neste juízo, de comparação de escala. Pela mesma razão, a resposta do governo não deve ficar restrita a desafiar a oposição sensacionalista, pois ela não oferece crítica estratégica. A oposição sensacionalista e o noticiário adversativo perderam o bonde e não é previsível quando voltarão aos trilhos. Mas cumpre ao governo diminuir o agressivo tom do sucesso e passar a expor como pretende aprimorar sua posição no confronto com os demais "BRICs". A parada aqui dentro tem sido fácil, dada a desorientação dos adversários. Não vale. Vá o governo desafiar alguém do seu tamanho.
Bom, que ninguem merece um Moralista/Marolista e fato. Imagine a penca que nos temos por aqui. Haja Saco! Haja competencia p/governar eficientemente com tanto atrapalho inconnsequente! O pior e que o problemma nao se resume ao discurso. Numa analise mais profunda percebe-se a instrumentalizaçâo de poderes em claras estratégias de sabotagem pura e simples! Tome-se como exemplo o supersimples. A coisa não anda. E não anda devido à não adesâo de diversos estados de expressâo. Coincidencia ou não, governados pela oposição. A ùnica causa visìvel è a pura sabotagem do crescimento das empresas menores. De pequenos empreendedores não associados à FIESP e outros centros de oposição. Esse povo detesta Voam alto, onde não hà dependencia de supersimples ou quetais. O problema quando o voo è alto é o tamanho da queda. A continuar nessa batida, em 2010 o PFL evapora e o PSDB mingua à metade. Quem viver, verà! Nâo terá sido por falta de avisos. À direita e à esquerda todos começam à perceber a instrumentalizaçâo, por parte da grande mídia, dessa manada de burros metidos à rinocerontes. Avisos não faltam...(Pros que souberem ler...)
Saudações
Deixe-me ver se entendi. O PT quando oposição fazia seu papel sempre sendo contra, não importando o assunto como as reformas (que hoje em dia estão fazendo com o apoio da oposição), simplesmente era não pra cá não para lá, e fora FHC, fora FMI, vamos parar de pagar a dívida externa, morte aos burgueses (ops isso era PSTU), e isso era normal, pois eram os trabalhadores defendendo seu direito à um País melhor, e quando o PSDB (atual oposição) faz o seu papel mostrando ao País a corrupção e o mar de lama que infelizmente (entendam bem, eu não fico feliz com isso) o nosso Governo esta criando, bem quando o fazem são acusados de sabotar o Brasil?
Amigos, sejamos racionais. Entendo o motivo de tanto ataque, entendo o receio de o PT não ter um nome forte o suficiente para a sucessão presidencial e entendo mais do que tudo o grande medo que foi criado quando foi pesquisado e comprovado que o Senador Artur Virgílio é o parlamentar de mais prestígio de nosso País.
Fico triste de ler tal título, pois não compartilho desta opinião, mas a respeito. E por isso deixo a minha. Sim o Brasil não só merece, como precisa de Arthur Virgílio, símbolo político da ética e honestidade, um homem dotado de qualidades e defeitos, mas que nunca vai ter um assessor com dinheiro na cueca, ou sacando milhões no cartão de crédito, nem lutando para manter a CPMF, nem levando seu cachorrinho para passear no carro presidencial, ou tendo o filho como um empresário falido e após ser eleito o filho se tornar multimilionário e ainda usar de desculpa que ele é um Ronaldinho dos negócios. Isso meus caros amigos, nunca vimos e nunca veremos.
Um político com esse prestígio todo ter 4% nas eleições no seu estado? Senhor Nicolas de Luca, o Brasil já viu esse filme do "mar de lama" e não gostou do final. Já é hora de enterrar o cadáver do Lacerda. Quem não entender isso vai perder o bonde da história. PS: A lama sempre existiu, só não havia, como agora, uma Polícia Federal para limpá-la
No blog cidadania.com, Guimarães expõe uma crítica parecida no papel que cabe a oposição brasileira. Elas querem ser o que a esquerda foi. O velho que quer copiar uma juventude de 20 anos atrás. Fica ridículo.
Caro nicolas de luca
Veja como vc usa esses chavões tucanos midiáticos...dinheiro na cueca, etc. Apesar de Globo, CBN, Veja, Estadão, etc. São Paulo vai acabar botando a Marta novamente...
Vamos falar de Dinheiro do Chico Lopes. Olha! O teu Cachiolla vem aí! Vamos falar de dinheiro da Vale do Rio Doce. Vc fica ai repetindo essa coisa seletiva de dinheiro na cuéca.
Olha se é prá falar de cuéca, o Artur Virgilio se cair na CPI de abuso de menores, vai ter que falar
das suas próprias cuecas, pois ali há muita coisa que lhe acossam as partes...
Na verdade não são chavões tucanos, são dados comprovados, dados analisados, acionamentos jurídicos, ministros afastados, assessores presos, Presidente desmoralizado, políticos da base governista em desespero.
Entenda Sr. Anônimo, eu estou comentando um post. Que menciona o Presidente, O Governador do Amazonas, e um Senador. E falei destes dois. Ao invés de escrever acusações ao esmo. Por favor noticie algo. As prisões estão ae, os acionamentos jurídicos também, temos processos, temos vigilância, temos notícias.
Entendo sua frustração de não ter nada contra ele, e acho que é normal atacar pessoalmente e não o político, procurar de forma pejorativa denegrir a imagem dele, uma vez que não se tem do que acusar. Nosso governador fala sobre os camelôs. Pelo amor de Deus minha gente, vamos abrir os olhos.
Sim houve um incidente com camelôs há muitos anos atrás, e depois disso o que houve? Primeiro que o incidente nunca foi analisado de perto, sabe-se que a polícia era Estadual, portanto obedecia (ou melhor dizendo respondia) apenas ao Governador, mas o Senador Arthur Virgílio não era prefeito? Tudo bem, houve equívoco de todos os lados. Mas o que mais pode-se falar dele? Quantas CPI´s estão atrás dele? Quantos assessores dele estão envolvidos com escandalo com dinheiro público? Quantos amigos dele estão com cartão de crédito do governo gastando o que eu pago todo mês de impostos?
Bem enquanto vc ataca a pessoa Arthur por não achar erros com o Político Arthur, eu apenas questiono o Político Lula, O Político Eduardo. Como pessoa, podem ser pessoas maravilhosas, mas como políticos vivem envolvidos em escândalos.
Só falta o Sr. Anônimo me dizer que é intriga da oposição e que as provas até o momento são forjadas, falsas, criadas. Que a Polícia Federal que vive atrás dessa corja, esta equivocada.
Por Favor Sr. Anônimo, sejamos concretos, sejamos reais, sejamos cidadãos; se o Sr. Gosta do Eduardo ou do Lula, que bom para você, mas eu acho que se o Sr. gostasse do Brasil e do Amazonas, começari a se inteirar das falcatruas que estão sendo feitas e a cobrar mais, pois o Brasil é tão bom quanto o seu voto. E votar errado é normal, eles criam um clima de que harmonia, tudo será perfeito, que infelizmente nos ilude algumas vezes, mas se errar ao votar é humano, fingir que nada esta acontecendo é ingenuidade pura.
Cordialmente.
Nícolas De Luca
O título bem que poderia ser Ninguem merece TANTO Arthur Virgilio. Só dá ele no noticiário. E não tem estatura para tanto.
Aproveito para dizer que acho esse blog um dos melhores da blogosfera.
É muito importante haver espaço para as opiniões contrarias, pois isso faz parte da democracia. Esse tipo de discussão não é viável em países nada democráticos como Russia, China e India. De uma certa forma isso explica os índices de desenvolvimento desses paises. É mais fácil implantar mudanças profundas com a força das armas do que com a força das palavras.
A nossa democracia ainda está engatinhando e os políticos, a mídia e o povo ainda não estão preparados para lidar com as liberdades de um modelo democrático.
A mídia publica apenas o que interessa, sem se preocupar com as consequencias. Amplifica com uma lupa o que interessa, e reduz ou elimina o que contraria a seus interesses.
O povo acredita em tudo que lê e até no que os políticos prometem, imaginem.
Os políticos agem porque se sentem acima das leis. E na verdade estão. Uma minoria recebe uma leve repreensão pelo que foram apanhados fazendo e é só dar um tempo para começar tudo de novo.
Isso só é possível graças à benevolência dos legisladores, dos tribunais, e da própria população que odeiam a idéia de punição.
Só pra concluir. Considerando que a Policia Federal é subordinada ao Governo Federal e considerando que o orçamento da PF foi triplicado pelo governo Lula, respondam: Se o Lula e seu governo é tão corrupto, porque fariam isso ?
Se eu receber uma resposta plausivel eu me filio ao PSDB e começo a defender e admirar o senador Arthur Virgilio ?
Caro Paulo,
Inicialmente tenho que admitir que concordo com o Brasil ser um País onde a democracia ainda é válida. E por isso podemos ter esses mini-debates onde vários pontos de vista podem ser analisados e citados.
Com relação ao seu questionamento eu não ouso responder, mas deixo minha opinião, acredito que das duas uma. Ou nosso Presidente realmente não sabia que seus companheiros de partido e base aliada, filho, amigos e conselheiros estavam cada qual engajado em algum tipo de falcatrua, ou melhor dizendo, em algum tipo de forma de enriquecimento não convencional, ou simplesmente o poder vislumbrou os olhos do PT.
Em que sentido? Para descobrir o verdadeiro caráter de um homem dê-lhe poder. E cá estamos nós. O poder ensurdece, cega, atrapalha, atissa, deixa o homem se sentindo acima de tudo e todos... E pronto, temos uma resposta não simples, mas as únicas que consigo acreditar.
Porque eu enquanto corrupto aumentaria os recursos do único grupo que pode me pegar por corrupção? Ou me senti mais poderoso do que tudo e pensei ser inatingível, ou eu no início estava com as ideias no lugar, a cabeça centrada e queria realmente fazer a coisa certa mas me perdi no meio do caminho, ou eu não sabia de nada mesmo (não estou fazendo piada com a célebre frase "Eu não sabia").
Caro colega, não sei explicar qual a resposta mais correta, mas de uma coisa eu sei, a Polícia não inventou provas, nem criou nada, as evidências estão ae, vídeo, contas, telefonemas do próprio filho do Presidente, fotos, documentos assinados entre outros. No fundo, cabe a cada um de nós interpretar da melhor forma possível e analisar se fizemos a coisa certa. E se erramos, nas próximas eleições, vamos corrigir o erro.
Nossa, você é um defensor ávido desta figura política. Não vou defender nem atacar, mas realmente, ao que me parece o PT não sabe governar. O cara dá mais autonomia para a PF libera mais verba e faz mais cagada.
Ou ele é muito burro, ou ele não tinha ideia de como as pessoas a sua volta faziam falcatruas.
Você mencionou o filho dele, em um primeiro momento achei que você era estupido e já queria denegrir a família dele, por isso fui apurar. E não é que o Lulinha esta mesmo envolvido em escandalos. Telemar comprou uam empresa dele que nunca deu lucro por milhões logo que seu pai se tornou presidente da República. Mas Nícolas, convenhamos, pode ser coincidência. Ele pode ser como o próprio lula falou em nota oficial, UM RONALDINHO DOS NEGÓCIOS rs!
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