(Caravaggio)
Um tanto de estafa, gerada pela tensão de organizar um evento - e a necessidade de adiantar outros trabalhos, atrasados justamente pelo envolvimento na produção do nosso encontro blogosdélico, dificultaram a atualização desse blog nos últimos dias. Uma ausência de inspiração, um cansaço profundo, sensações que acometem regularmente esse blogueiro bipolar. Espero, calmamente, minhas terminações nervosas vibrarem com o velho entusiasmo e energia de sempre. E ainda preciso perder uns quinze quilos, o que talvez seja meu objetivo mais importante, quebrar o tabu segundo o qual todo blogueiro é gordo.
Enfim, quem poderá destrinchar os mistérios do córtex cerebral, essa caverna obscura de onde se pode espreitar - embora nunca impunemente - o espírito, a imortalidade e o Red Tube?
Uma das coisas que mais me angustia é este frenesi alucinado das horas, que nos atropelam como se ali não estivéssemos. A gente massageia um pouco as têmporas e lá se vão duzentos minutos! Saímos para uma caminhada e perde-se toda uma tarde! Namoramos um pouco e de repente já estamos casados há dez anos! Tira-se algumas sonecas depois do almoço, e eis que o blog fica quase duas semanas sem novas postagens!
Francamente, eu preciso terminar de ler o Pantagruel, o Moby Dick, e encarar a história da revolução francesa, do Michelet. Essa é a parte boa. Tão boa que provoca leves e gostosas comichões no estômago. Dou-me ao luxo, inclusive, de adiar essas leituras e debruçar-me prazeirosamente, pela segunda ou terceira vez, sobre o Paradoxo de Russeau, do Wanderley Guilherme dos Santos.
Outra atividade a que tenho me dedicado nos últimos dias é a de sindicalista. O que é igualmente divertido. Trinta cervejas, vinte partidas de sinuca, e eis que se remexe, na barriga inchada de chop, o feto de nossa associação fluminense de blogueiros!
Lembrei-lhes (a meus amigos blogueiros proto-sindicais) de um conto de minha autoria que fala sobre uma poderosa federação de blogueiros, daqui a uns quatro séculos, a qual teria poder para eleger e derrubar presidentes (no bom sentido)... E tudo começou aqui...
- Vamos colocar seis mil blogueiros em Brasília, exigindo banda larga de 2 megas, pública e gratuita, para todos os brasileiros!
Ah, e o Faulkner, claro, a brochura de William Faulkner que a Priscila comprou num sebo da Califórnia.
Os planos de romance, os roteiros de cinema, os artigos para a Fórum, para a revista do café... As malditas traduções... Uma vidinha apressada de escritor (quer dizer, blogueiro) pós-moderno...
Além disso, receio que esteja me tornando reacionário. Apoio o novo código florestal (nesse ponto, ao menos, posso me escorar no Aldo Rebelo), o assassinato do Bin Laden, e o direito autoral. Pior ainda: assisto a novela das oito!
O que será de mim?
Continuo defendendo, em compensação, o fechamento dos bancos privados e a instituição do monopólio do crédito pelo Estado. Com isso, acabaríamos com essa obscenidade que é o mundo quebrar de dez em dez anos por causa das estrepolias das instituições financeiras, obrigando os governos a torrar trilhões de dólares para salvar a humanidade do caos. Isso é muita sacanagem. Ou falta de.
Ah, tem a Pornopopéia, do Reinaldo de Moraes. O melhor de todos...
É mesmo curta a vida, não?
ou não?
Mas se você ler o Michelet eu gostaria de trocar algumas impressões. É em francês ou aquela edição de capa bonita do Círculo do Livro? Se for esta, que é a que eu tenho, tem o problema de ser incompleta. Que tal você, que anda com o tempo sobrando, deixar algumas resenhas por aqui sobre os livros que anda lendo. :)
Um abraço!
Fala, joza, pois é, mas eu preciso terminar os livros antes de resenhá-los. Pode deixar que o farei aqui. O michelet que estou lendo é o primeiro volume da versão original, em francês. A obra completa é gigante, são uns 3 ou 5 volumes.
Abraço!
Não que a razão esteja de um lado apenas mas apoiar assassinatos sumários, seja lá de quem for, é de fato algo complicado para uma esquerda chamada "progressista".
wilson, a al qaeda domina tecnologias de explosivos, de virus antrax, etc. já fez vários ataques neste sentido. como saber que bin laden não poderia apertar um botãozinho na casa e mandar tudo pelos ares? chamar a execução do maior terrorista da história da humanidade de assassinato sumário é uma inversão de valores. essa esquerda progressista ultrazen, que só come arroz integral, e defende bin laden, é uma invenção moderna. pintar bin laden como um velhinho inofensivo, desarmado e vulnerável é uma falácia.
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