Seja o que Deus quiser.
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Começo os trabalhos tecendo algumas observações sobre a última pesquisa do Ibope (íntegra aqui). O assunto já está um pouco passado, mas como eu voltei ao batente só hoje, e não encontrei nada muito interessante publicado na mídia, creio que ainda pode sair um pouco de sumo dessa laranja.
(Atenção, para ver a tabela completa, basta clicar sobre a mesma).
Peço que observem e comparem as intenções espontâneas de voto em Dilma e Serra. Elas sinalizam uma enorme clivagem classista entre os candidatos. Serra se firma como candidatos dos "ricos", Dilma dos pobres e remediados. Serra tem 24% das intenções espontâneas de voto dos eleitores cujas famílias detêm renda familiar superior a 10 salários mínimos. É um número tremendo. Supera até mesmo Lula, que continua ganhando disparado em outros segmentos mas que, entre os afortunados, tem somente 13%. Dilma tem 13% também. Um numerólogo poderia extrair conclusões interessantes dessa coincidência... Treze é o número do PT.
Já entre os eleitores que ganham entre 5 e 10 salários, Dilma lidera com 14%, contra 11% de Serra e 15% de Lula.
Sempre é bom lembrar, porém, que as eleições brasileiras são decididas, para usar as palavras do chapeleiro Gaspari, pela turma do andar de baixo.
Acima, outra tabela, ainda do último Ibope, que merece um comentário. Com Ciro Gomes no páreo, com 11% das intenções de voto, Dilma tem 25%, contra 36% de Serra. Sem o cearense, Dilma vai a 28% e Serra, a 41%. Lembrem-se que essas pesquisas têm margens de erro, e considero que o Augusto Montenegro, presidente do Ibope, terá que inventar uma terceira margem do rio se quiser evitar que Ciro Gomes, antiserrista radical, não consiga melhorar sua capacidade de transferência de votos para as hostes dilmistas.
Por fim, duas tabelas que também considero importantes para se entender o vigor de cada candidato no momento. Segundo o Ibope, 15% das pessoas que ganham até 1 salário minimo afirmaram que nunca tinham ouvido falar da ministra.
Nesse mesmo grupo de pés-de-chileno (com todo respeito ao grupo e aos chilenos), apenas 2% admitiram que jamais ouviram falar de Serra.
Ou seja, Dilma ainda é desconhecida de enormes contingentes populacionais, com destaque para os mais pobres e nos estados. Cumpre observar que é no Nordeste, principal feudo eleitoral do lulismo, que Dilma é menos conhecida do eleitor. No NE, segundo o Ibope, apenas 7% dos entrevistados afirmaram conhecer "bem" a candidata Dilma, e 13% disseram que não a conheciam. O governador paulista, por outro lado, que ainda possui capital eleitoral por conta do recall das eleições de 2002, é amplamente conhecido por todos. Apenas 1% dos entrevistados asseguraram jamais ter ouvido falar de suas gengivas salientes.
Por fim, reproduzo dois gráficos que falam por si mesmos.
Empiricamente, Miguel, eu acho que a Dilma crescerá muito tb nos níveis superiores de renda e escolaridade. Foi o que ocorreu com Lula, antes repudiado nessas faixas.
Na campanha, as classes médias mais altas serão lembradas de que nada perderam com Lula, ao contrário. Haverá sempre os preconceituosos, mas creio que são cada vez menos numerosos. Sabem os trabalhadores liberais, os executivos, os micro e médio empresários que o governo Lula evitou uma crise que poderia ser terrível se o Brasil estivesse
em outras mãos.
Posso estar sendo otimista, mas sinto que Dilma está longe de seu "teto" e que este será mais do que bastante para ela vencer no primeiro turno. Não conheço povo que vote contra si mesmo.
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