25 de novembro de 2010

Blogueiros e Lula sentam pau na mídia



O som está ruim e baixo no início, depois fica bom. Tenho várias observações a fazer sobre a entrevista paradas no engarrafamento de ideias em que se encontra minha cabeça. Vamos com calma, porém. Primeiro, façamos um clipping do que saiu na grande imprensa sobre a entrevista do presidente aos dirt bloggers. Em outro post, a gente trata de responder tudo. Adianto apenas o óbvio: a mídia não gostou, claro! Foi a primeira entrevista da história em que entrevistador e entrevistado sentaram o pau na mídia, hehehehe. O mote principal das críticas foi chamar os blogueiros de "chapa branca", um conceito próprio da velha mídia hipócrita. O Mino Carta brinca denominando-a imprensa "chapa preta". Lula chama os blogueiros que quiser, ELE é o presidente. A mídia fez beicinho porque Lula mostrou independência, ao não chamar blogueiros vinculados à realeza midiática, e coragem, ao chamar alguns blogueiros de "guerra", como Eduardo Guimarães, por exemplo. Fosse o Serra, chamaria os blogueiros da Veja. E aí, seriam chamados de "chapa branca", também? A blogosfera não é neutra. O blogueiro quase sempre abre seu voto, nem que seja para votar nulo. Se apenas 4% acham governo Lula ruim, então não seria democrático dar entrevista só para blogueiros antilulistas...  Vamos ao clipping.

O Globo deu chamada na capa, com direito a matéria de página inteira, foto e chamadinha editorial com mimimi.



Chamada na capa (bastante agressiva, bem na linha do Ali Kamel):



Foto:


Box editorial na página com mimimi:


Matéria:

Lula recebe Cloaca e outros amigos no Planalto

Avesso a entrevistas, presidente abre agenda para falar a blogueiros chapas-brancas no palácio

BRASÍLIA. Na primeira entrevista que o presidente Lula concedeu só para blogueiros, o Palácio do Planalto deu preferência a um grupo que alega representar "blogs progressistas". Boa parte deles aderiu a uma nova classificação e recentemente se proclamou como a turma dos "blogs sujos". Dizem ser uma homenagem ao tucano José Serra, que assim os teria classificado durante a eleição. Na entrevista de ontem, Lula, assim como fazem esses blogueiros, elegeu a grande imprensa como alvo principal. E não poupou críticas aos jornais brasileiros que, segundo ele, torceram contra seu governo.

Entre os convidados para o bate-papo, transmitido ao vivo pelo Blog do Planalto, havia os que usam a internet para uma espécie de guerra santa contra a cobertura das grandes empresas de comunicação. O Cloaca News, por exemplo, avisa, logo na capa, que publica "as últimas do jornalismo de esgoto e dos coliformes da imprensa golpista". E diz que tem a seguinte missão: "Desmascarar a máfia midiática que infesta nosso país".

No encontro com o presidente, a assessoria apresentou o representante do blog, William Barros, como o "Senhor Cloaca". E foi assim que Lula se dirigiu a ele: "Senhor Cloaca".

No blog, há textos com ataques a todos que fazem críticas ao governo. Os artigos sobre Lula têm principalmente referências elogiosas a entrevistas dadas no exterior. Há também um texto da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) com críticas ao governo. O blog fala que a CNBB liberou bispos para "esculhambarem" o governo, mas depois não assumiu. O Cloaca resume o caso no título: "Vão arder no mármore do inferno".

Durante a campanha, logo após o episódio em que Serra foi atingido por um objeto, o blog postou vários textos ironizando o poder de fogo de uma bolinha de papel. E até incluiu uma ficha do Dops da Bolinha, numa referência à suposta ficha da presidente eleita, Dilma Rousseff, publicada na imprensa.

Entre os convidados havia ainda o Blog do Miro, de Altamiro Borges, que diz ter montado na internet "uma trincheira contra a ditadura midiática". Ele reproduziu no blog e-mail que circulou na internet com o título: "45 razões para não votar em Serra". Também participaram da entrevista Altino Machado (Blog do Altino), Maria Flor (Blog da Maria Flor), Eduardo Guimarães (Cidadania), Leandro Fortes (Brasília, Eu Vi), Pierre Lucena (Acerto de Contas), Renato Rovai (Blog do Rovai), Rodrigo Vianna (Escrevinhador) e Túlio Vianna (Blog do Túlio Vianna).

Lula pediu a um assessor para identificar os blogueiros antes de cada pergunta. Rovai explicou que a entrevista foi pedida em agosto, durante o I Encontro de Blogueiros Progressistas, em São Paulo. Foram escolhidos dez para participar do encontro.

- É a primeira vez que um presidente recebe a blogosfera no Palácio do Planalto. Isso sinaliza um outro momento no contexto midiático nacional - elogiou o jornalista.

A partir dali, o encontro se transformou numa trincheira de um dos mais duros ataques do presidente à imprensa. Estimulado pelos blogueiros, Lula criticou a cobertura da mídia. Disse que o setor precisa de regras de atuação e defendeu restrições ao capital externo no controle de empresas de comunicação. Segundo ele, regulação não é crime; censura é que é crime:

- Tenho problemas, são públicos, na minha relação com o que vocês chamam agora de mídia antiga. De vez em quando eu digo que vou ter orgulho de ter terminado meu mandato sem ter almoçado em nenhum jornal, em nenhuma revista, em nenhum canal de televisão. Não precisei almoçar, não precisei jantar para poder sobreviver. Sei que durante muito tempo eles torceram para me derrotar. Mas eu sei que sou o resultado da liberdade de imprensa nesse país.

Lula apontou o dia do acidente com o avião da TAM, em SP, como o mais triste dos 8 anos de governo. Críticos responsabilizaram a fiscalização das condições da pista - e portanto, o governo - pelo acidente.

- O dia em que sofri mais foi no acidente do avião da TAM em Congonhas. Nunca vi tanta leviandade... Foi o dia mais nervoso da minha vida. Não quero que isso se repita - disse Lula.

Segundo ele, o governo deve preparar um projeto até o fim do ano para que Dilma encaminhe ao Congresso. Lula sustenta que é necessário criar mecanismos que permitam a punição de autores de denúncias falsas.

Mesmo com críticas à imprensa, o presidente defendeu o controle externo do capital estrangeiro no setor. Hoje, estrangeiros podem controlar, no máximo, 30% de uma empresa de comunicação. Dirigentes de emissoras de rádio e TV reclamam que a regra não está sendo cumprida. Empresários estrangeiros estariam assumindo o controle de portais que fazem papel de jornal, rádio e TV. Para Lula, é importante deixar as regras ainda mais claras:

- Acho que é diferente ser dono de um banco e ser dono de um meio de comunicação. Acho que nós precisamos ter claro que um trabalha com o bolso e outro trabalha com a cabeça das pessoas. Então eu acho que a gente precisa ter um certo controle da participação de estrangeiros sim. A gente não pode abrir mão do controle.

Lula voltou a criticar duramente Serra por supostamente simular ter sido gravemente ferido no Rio. O presidente disse que perdeu três eleições e que poderia ter perdido cinco, mas jamais teria coragem de fazer aquela cena.

- O Serra tem que pedir desculpa para o povo brasileiro - disse.

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A Folha não deu capa, mas deu matéria de página inteira:

Em entrevista a blogs pró-governo, Lula faz críticas à imprensa

Presidente diz que mídia praticou "leviandades" e "inverdades" contra ele e diz que vai virar blogueiro

Dos 10 blogs escolhidos para sabatina, 8 apoiam governo; petista critica Serra por agressão na eleição, e tucano revida

BRENO COSTA
DE BRASÍLIA
Na primeira entrevista já concedida a um grupo de blogueiros, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e os entrevistadores se uniram nas críticas à grande imprensa.
Dez blogueiros autoclassificados "progressistas" participaram da entrevista, de duas horas, na manhã de ontem no Palácio do Planalto.
Um dos blogueiros, Altamiro Borges, é filiado ao PC do B. Outro, conhecido como "Sr. Cloaca" [ele não revela o nome], é assessor de imprensa de político do PT no Rio Grande do Sul, cujo nome também não revelou.
O blog Amigos do Presidente Lula, que não estava na lista divulgada pelo Planalto, também participou. O Planalto disse que o blog não entrou na lista por "erro".
Dos 10 sites, 8 têm como linha a defesa do governo Lula e se alinharam, na eleição, à candidatura de Dilma Rousseff, reproduzindo uma série de ataques ao candidato do PSDB, José Serra. Os outros têm uma linha mais neutra.
O blogueiro Eduardo Guimarães, fundador do Movimento dos Sem Mídia, que já fez protestos em frente à Folha, citou a sigla "PIG". Coube ao secretário de imprensa do Planalto, Nelson Breve, traduzi-la a Lula: "PIG é o que ele chama de Partido da Imprensa Golpista".
Ao lado do ministro Franklin Martins (Comunicação Social), Lula voltou a afirmar que não lê jornais e revistas, mas que, quando sair da Presidência, vai "reler tudo".
"Eu quero saber a quantidade de leviandades, de inverdades que foram ditas a meu respeito, quantas coisas que não foram ditas."
Ainda sobre a relação com a imprensa, disse que "o jogo não é fácil". "Sobretudo quando você não quer se curvar." Afirmou que órgãos de imprensa se assustaram com sua popularidade "pois trabalharam o tempo inteiro para não acontecer isso".
Para Lula, que prometeu virar "blogueiro e tuiteiro", "não existe maior censura do que a ideia de que a mídia não pode ser criticada".
O presidente voltou a defender uma regulação da mídia, mas rechaçou a ideia de censura. Ele quer entregar ao menos um esboço de marco regulatório para o setor.
Lula ainda disse que o pior momento vivido em seu governo foi o dia do acidente da TAM, em São Paulo, que deixou 199 mortos. "Nunca vi tanta leviandade", disse, sobre a cobertura da mídia.
Afirmou que sentiu "alívio" ao descobrir que não houve falha do governo e que o acidente tinha sido provocado, essencialmente, por erro humano. "Foi uma sensação de alívio por ter descoberto a verdade."

SERRA
Lula também retomou o episódio da agressão a Serra por militantes ligados ao PT em ato de campanha no Rio.
Ele voltou a dizer que o tucano simulou uma agressão grave, e se disse "decepcionado" com a Globo. "Foi uma cena patética, uma desfaçatez. Fiquei decepcionado [com a Globo] porque quiseram inventar uma outra história, um objeto invisível que até agora não mostraram."
Serra, que estava ontem em Brasília, respondeu. "Como foi comprovado, foi um outro objeto atirado em mim, inclusive está filmado, e o presidente sabe disso."
O tucano continuou: "Lula talvez já tenha começado sua campanha para 2014, dizendo mentiras inclusive".

IRÃ E STF
Lula defendeu a relação com o presidente Mahmoud Ahmadinejad e tentou explicar a posição do iraniano sobre o holocausto. "Ele explicou que o que quis dizer, na verdade, era que morreram 70 milhões de pessoas na Segunda Guerra, e parece que só morreram judeus", disse.
Ele afirmou que deixará a indicação do novo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) para Dilma Rousseff, no caso de o Senado não sabatinar o escolhido até o próximo dia 17, quando o Congresso entra em recesso.
Luís Inácio Adams, a advogado-geral da União, e Cesar Asfor Rocha, presidente do Superior Tribunal de Justiça, são os mais cotados.

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No Estadão, tivemos editorial agressivo da Dora Kramer e matéria:

Coluna da Dora Kramer:

Militância digital

O presidente Luiz Inácio da Silva convida quem quiser para suas entrevistas individuais ou coletivas. Do mesmo modo, vê, ouve ou lê o que é dito quem quer.

Portanto, o encontro que reuniu alguns autores de blogs para entrevistar o presidente da República não se pode dizer que tenha pecado pelo excesso de governismo. Inclusive porque ninguém é obrigado a ter senso crítico em relação a pessoas, objetos ou situações que lhe sabem bem ao paladar, à visão, ao tato e ao olfato.

O Palácio do Planalto e Lula resolveram retribuir os serviços prestados por um grupo de "blogueiros progressistas" (o pressuposto é que os demais sejam reacionários), ativistas da campanha de Dilma Rousseff e não seria de esperar outra atitude que não a da benevolência.

De todo modo, chamou atenção o entusiasmo. Na saudação ao "primeiro presidente do Brasil a receber representantes da blogosfera" - como se não fosse ele o primeiro a conviver com a modalidade -, no silêncio reverencial diante de respostas quilométricas e/ou incongruentes, nas gargalhadas cúmplices, na docilidade nas repetidas referências à "imprensa golpista" ou "velha mídia".

Nas entrevistas tradicionais, em que não há seleção ideológica, não se vê, por exemplo, o entrevistado precisar corrigir o entrevistador que estranha o fato de as indicações ao Supremo Tribunal Federal não terem deixado a Corte com "a cara do governo Lula".

"Graças a Deus o Supremo não ficou com a cara do governo", respondeu o presidente a um rapaz que se identificou como representantes de um "blog jurídico", ensinando-lhe, em seguida, algo sobre a independência dos poderes inerente à República.

Fora isso, os autodenominados "blogueiros progressistas" passaram batidos por repetidas afirmações de Lula de que não fazia ideia das realizações de seu governo em diversas áreas: comunicações, legislação trabalhista e direitos humanos.

O presidente, depois de oito anos de governo, disse que só teria a real noção de suas realizações depois que "desencarnasse" da Presidência. Pôde dizer sem ser contestado que o ex-diretor da ABIN, Paulo Lacerda, deixou o governo e a PF porque "estava na hora de sair". A ninguém ocorreu lembrar-lhe que Paulo Lacerda foi mandado para Portugal em meio ao escândalo dos grampos telefônicos ilegais, por sugestão do ministro da Defesa, Nelson Jobim.

Quando afirmou que a sociedade ao controle social da mídia, defendendo iniciativas como a Ancinav e o Conselho Nacional de Jornalismo, não precisou explicar a razão de seu governo ter recuado de todas elas. Inclusive retirando propostas semelhantes do Plano Nacional de Direito Humanos 3.

Dissertou sobre enormes resistências à reforma política sem que lhe perguntassem quais são elas. Não foi questionado sobre a razão de ter aprofundado velhas práticas contra as quais agora promete lutar ao "desencarnar" da Presidência.

Esteve à vontade para ressaltar sua altivez em reuniões internacionais (permanecer sentado, enquanto os outros chefes de Estado se levantavam para receber George W. Bush), e relatar a amargura por ligações feitas entre o desastre da TAM e a crise aérea de 2006/2007.

Tão à vontade que, ao repetir que a agressão de petistas ao então candidato José Serra foi uma "farsa" - na abertura havia provocado muitos risos ao "ameaçar" os blogueiros com "bolinhas de papel" - deu-se ao desfrute do machismo consentido. Na ocasião, contou, resolveu responder no lugar de Dilma, comparando ao adversário ao goleiro chileno Rojas, "porque ela é mulher e não entende nada de futebol". _

Cada um fala com quem quer, mas respeito, inclusive aos fatos, é bom e todo mundo gosta.

Erratas. No artigo de ontem havia dois erros: o nome do ministro do Supremo Tribunal Federal é José Antonio, e não José Roberto, Toffoli; o próximo integrante da corte seria o 9º e não o 8º indicado por Lula. Dos ministros em atividade o presidente nomeou seis. Carlos Alberto Direito morreu no exercício da função e Eros Grau se aposentou.

Matéria:

A blogueiros, Lula critica 'mídia antiga'

Em entrevista a autores de blogs "progressistas", presidente ataca meios tradicionais e diz que, em 2011, tratará do mensalão "com profundidade"

Leonencio Nossa / BRASÍLIA - O Estado de S.Paulo

Em entrevista a blogueiros, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez ontem ataques à "mídia antiga" e, ao mesmo tempo, exaltou a liberdade de imprensa. "Com todos os defeitos, eu sou o resultado da liberdade de imprensa deste País", afirmou. "Eles pensam que o povo é massa de manobra como era no passado, eles se enganam. O povo está mais inteligente, mais sabido."

Ao final do encontro, Lula confidenciou que, após deixar o governo, pretende retomar o debate sobre a crise política de 2005. "Quando eu desencarnar da Presidência, vou resgatar essa questão do mensalão no Brasil com profundidade", afirmou, segundo um dos entrevistadores.

A entrevista foi concedida a Renato Rovai, articulador do encontro, José Augusto Duarte, do Blog Os Amigos do Presidente Lula, Rodrigo Vianna, do Blog Escrevinhador, entre outros.

MENSALÃO

Descontraído, depois da entrevista, Lula confidenciou que, quando deixar o governo, quer retomar o debate sobre a crise política de 2005. "Quando eu desencarnar da Presidência, vou resgatar essa questão do mensalão no Brasil com muita profundidade", afirmou, segundo um dos entrevistadores. O presidente demonstrou não estar satisfeito com os esclarecimentos sobre o caso que atingiu o Planalto e o PT no terceiro ano do primeiro mandato, avaliou o blogueiro que relatou a declaração dele.

INFORMAÇÃO

"Vocês sabem que eu parei de ver revista, parei de ver jornal. A raiva deles é que eu não os leio. Então, pelo fato de não os ler, eu não fico nervoso. Mas podem ficar certos de que eu trabalho com muita informação, mas não preciso ler muitas coisas que eles escrevem."

LIBERDADE DE IMPRENSA

"Com todos os defeitos, eu sou o resultado da liberdade de imprensa neste País. Quem tem que julgá-los não sou eu, não vou ficar xingando. O que eles se enganam é que eles pensam que o povo é massa de manobra, como era no passado, que eles podem derrotar um candidato, tirar candidato, pôr candidato, eles se enganam. O povo está mais inteligente, está mais sabido, e eles agora têm que lidar com uma coisa chamada internet que eles não sabiam como lidar."

CONTROLE DA MÍDIA

"Acho que é diferente ser dono de banco e ser dono de um meio de comunicação. Nós precisamos ter claro: um trabalha com o bolso e o outro trabalha com a cabeça das pessoas. Então, eu acho que nós temos que ter um certo controle da participação de estrangeiros, sim. A gente não pode abrir mão do controle, essa é a minha tese."

FUTURO MULTIMÍDIA

"Pode ficar certo que eu serei tuiteiro, que eu serei blogueiro, que eu serei... vou ser um monte de coisas que não fui até agora."

ARAGUAIA

"Nós estamos para apresentar o resultado de uma investigação em que participou não apenas o governo, mas a sociedade civil. E o resultado vai ser o de que não encontramos aquilo que nós queríamos encontrar. Eu ainda não (tenho) o resultado das investigações, mas parece que até agora não foi encontrado nada. Essas pessoas vão ter que apresentar o relatório para mim para que eu possa passar o relatório para a Dilma. (...) Eu fiz o que eu sabia e o que eu podia fazer na questão de direitos humanos. Gostaria de ter encontrado os cadáveres que as pessoas queriam que encontrasse. Espero que a Dilma tenha mais sorte do que eu."

TRISTEZA

"O dia em que eu sofri mais aqui na Presidência foi o dia do acidente da TAM no Aeroporto de Congonhas. Eu nunca vi, nunca vi tanta leviandade. (...) Ninguém falava de erro humano. Esse foi o dia mais nervoso, mais triste da minha vida. Eu não quero nunca mais que isso se repita."

PLANO DE DIREITOS HUMANOS

"Eu cometi um erro, porque eu disse textualmente que, para aprovar um texto daquela magnitude, a gente deveria ter feito um debate dentro do governo e não foi possível fazer isso. Então, refizemos algumas coisas que era preciso fazer, sem ferir aquilo que era a principalidade do texto."

*

O Correio Brazilense também deu matéria:

Lula conversa com blogueiros

Pela primeira vez, grupo é recebido por um presidente da República. José Serra, a política no Acre e o STF foram temas da entrevista
Igor Silveira

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu uma entrevista coletiva, na manhã de ontem, no Palácio do Planalto. O compromisso seria algo totalmente corriqueiro se os jornalistas presentes não fossem estritamente blogueiros. Pela primeira vez, o grupo recebeu respostas exclusivas de um presidente da República no Brasil. Bastante solto, o petista deu longas respostas e tratou de temas mais delicados, como a indicação do próximo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF).

Dez blogueiros participaram do encontro. Não havia mulher no grupo, somente nas participações on-line, via webcam. Valendo-se do bordão “nunca antes na história deste país”, Lula ressaltou o ineditismo do evento. Um dos primeiros assuntos tratados foi a tão criticada terceira edição do Plano Nacional de Direitos Humanos. O presidente assumiu que não tratou o tema com a cautela que deveria.

“Acho que nós nos deixamos levar porque os setores que nos criticaram com o relatório apresentado pela Comissão de Direitos Humanos não tinham lido o relatório de 1996 e o de 2000. Os dois feitos no governo Fernando Henrique Cardoso. Eu chamei o Paulinho Vannuchi (secretário Nacional de Direitos Humanos) e disse ‘nós não temos de recuar nessas coisas porque os mesmos meios de comunicação que estão te triturando não falaram nada quando foi feito o primeiro e o segundo, e estão agora em cima do terceiro’”, afirmou.

Lula admitiu outro erro: o PT foi “presunçoso” ao acreditar que a eleição no Acre seria fácil para a legenda. Ainda segundo o presidente, a senadora Marina Silva percebeu a dificuldade e, para não tentar a reeleição, concorreu à Presidência da República.

O presidente também comentou o episódio da bolinha de papel, que ocorreu com o tucano José Serra durante as eleições. Ele brincou que jogaria uma bolinha em cada um dos presentes para ver se machucava e disse que Serra tinha de pedir desculpas ao povo brasileiro pelo fato.

Por fim, o presidente falou sobre a indicação do 11º ministro do STF. “ Tenho de decidir se eu indico o ministro agora e já conversei com o presidente do Senado, José Sarney. O Congresso vota até o dia 17, e nós só temos que ver se é possível votar até lá. Se não for, eu prefiro deixar para a companheira Dilma indicar.”

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