23 de janeiro de 2007

Ali Kamel no país das maravilhas

(esse sou eu, escrevendo meus artigos e crônicas no Café Luxembourg)


O artigo do jornalista Ali Kamel me deu vontade de reler o clássico de Lewis Carrol. Explico.

Para Kamel, houve um debate acirrado em 2006 entre os que consideram o jornalismo um campo de batalha ideológica e os que o vêem como uma forma de conhecimento da realidade.

Naturalmente, ele se posiciona ao lado dos últimos, embasando-se inclusive em filósofos que (diz ele) prefere não citar. Neste ponto, penso na blogueira Catia Fittipaldid mandando: RISOS, RISOS MUITOS! Quem serão os filósofos brasileiros contemporâneos que merecem a admiração anônima de Kamel? Seriam Denis Rosenfeld e Olavo de Carvalho, os guros da direita tupi, por acaso? Ou seriam os representantes do Opus Dei no Brasil, entidade tão frequentemente defendida pelo valente Kamel?

No calor daqueles dias, diz Kamel, "pairou a idéia de que só existe um jornalismo de direita ou esquerda". Com uma só bordoada, o Public Relations máximo do Globo não só restringe uma discussão que remonta aos primórdios do jornalismo a um fenômeno passageiro, especificamente do ano de 2006, como simplifica grosseiramente o debate evocado.

Não, Kamel. Os dias estão mais calorentos do que nunca no Brasil.

A simplificação de Kamel beira o sarcasmo. Há os que pensam que "os jornais seriam feitos de acordo com os valores de seus donos e dos jornalistas que para eles trabalham", que não acreditam na objetividade jornalística e que os fatos seriam escolhidos, não "por critérios de relevância, mais ou menos reconhecidos por qualquer profissional, mas pelos valores de quem escolhe".

Ou seja, há os que pensam que os jornalistas são malvados.

Ou melhor, pensavam. Porque tudo isso foi um pesadelo de 2006, diz Kamel. A discussão está passada. Aqueles tolos que tinham pensamentos tão estranhos hoje se calaram, mudaram de opinião ou morreram e estão ardendo no inferno.

Kamel explica, paternalmente - provavelmente se dirigindo as velhinhas trêmulas de Ipanema que acreditam piamente no que diz esse moço de cabelo curto e carinha de bem comportado: "O jornalismo é uma forma de apreensão da realidade, que se seguida corretamente (e não são muitos os veículos que se esforçam por segui-lo), leva ao relato e à análise dos fatos com fidelidade."

Louvado Seja Nosso Senhor. Ainda bem que existem pilares morais como Kamel e o Globo para compreendermos a realidade. Estudantes de jornalismo, decorem esse texto!

"Diante de uma miríade de acontecimentos, os jornalistas são treinados para discernir os fatos que têm relevância e narrá-los e analisá-los de maneira isenta."

"Isso implica em acolher diversos pontos-de-vista, pois a pluraridade é regra-geral em tudo que se faz em jornalismo."

A meu ver, o artigo pode servir como base para o nascimento de um importante personagem. Veríssimo, aproveite a chance! Se a velhinha de Taubaté, que sempre acreditava no governo, morreu, por razões ainda não totalmente explicadas (talvez de velhice mesmo), está na hora de criar a velhinha de Nova Friburgo, que sempre acredita na imprensa!

Não há muito o que dizer sobre este tema, apenas que Kamel, desta vez, procura satanizar o próprio espírito crítico do leitor contemporâneo. Em sua tentativa tosca de santificar a imprensa brasileira, particularmente o jornal Globo, Kamel cai no ridículo total, ao negar qualquer malícia ou tendência ideológica na imprensa escrita.

Menos, Kamel, menos. Nem o Hommer Simpson é tão otário. Credibilidade não se recupera assim, na base do auto-elogio desvairado. De qualquer forma, o leitor contemporâneo procura a pluralidade na internet, onde um bom mergulho serve de antidoto contra a manipulação maquiavélica dos jornalões.

O mais irônico de tudo é que Kamel dá um jeito de enfiar o Apagão Aéreo no artigo, num momento em que o tema candente é o acidente no metrô de São Paulo, mas enfim, isso é paranóia minha, eu, que sou da turma dos pecadores, que não acredita na inocência da imprensa.

Dá uma lida no artigo do homem e depois comenta aqui. O acesso é grátis, mas tem que se cadastrar.

Vale ler também esse post de Luiz Weis sobre o artigo.

5 comentarios

André Lux disse...

Ali Kamel, o sujeito que escreveu um livro chamado "Nós não somos racistas". Precisa dizer mais?

Anônimo disse...

Amigos,

Leiam essa tetéia, q encontrei no cyber-barraco da Helena, intitulado "amigosdopresidentelula" .
Craro, deixei meu protesto, e sem meias palavras.

Qem tem isso como petista, precisa de inimigos ou de tucanos?

Inté,
Murilo

...código de conduta e ética p/ a mídia - já!

Mamãe eu quero: Dirceu e Jefferson colocam blocos na rua e vão atrás do trio elétrico da anistia

Os banidos da vida política pretendem aproveitar o mês de fevereiro para preparar o salão do "Carnaval da Anistia".

Aliados saem à caça de 1 milhão de assinaturas para começo da confecção de fantasias.

Enquanto o Presidente Lula está às voltas com o probleminha na sucessão de Aldo Rebelo (PCdoB) na Câmara, José Dirceu aproveita e usa bancada evangélica para engrossar as listas de assinaturas a favor de sua anistia.

Logo após a cassação, em 2005, não perdeu tempo e negociou com os evangélicos o início do processo para retornar aos holofotes da vida pública.

E olha que tem fiéis suficientes para alcançar a marca de milhão de assinaturas. Quer saber mais? Leia aqui

Helena



Terça-feira, Janeiro 23, 2007 | Comentarios (4)

Anônimo disse...

Se o "cabra" e a rede dele negam até hoje, de pés juntos e mãos postadas, que a multidão de pessoas, na Praça da Sé, era parte da comemoração de mais um aniversário da Cidade de São Paulo, e não uma iniciativa da sociedade pelas Diretas-Já. Dizer o que desse tipo de gente e da emissora da qual recebe o contra-cheque? Acreditar em quem escreve ou no veículo no qual essas ditas- cujas pessoas emitem comentários, ou "noticiam fatos isentos de interesses", é crer na irmã (bastarda) da Velhinha de Taubaté, a Velhinha do Jardim Botânico ou Velhinha do Projac. Ela sempre acreditou na família "grobal".

Anônimo disse...

Inté Murilo, o que tem a ver uma coisa com a outra? Você não sabe intrepretar texto? O que você viu escrito para afirmar que "que tem isso como petista, precisa de inimigos ou tucanos?" A Helena apenas publicou um artigo do portal Yahoo e nada mais. Seu tonto...

Anônimo disse...

hahaha
oh tu! nem li o texto miguel mas tua foto tah mto boa!
bota mais foto primo!

abracao

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