É a primeira vez que fico tanto tempo longe do Brasil. Estou achando muito bom. Tenho saudade dos amigos e da cerveja barata, é verdade, mas nem tudo é perfeito. Aqui não estou bebendo, porque é muito caro, e isso é bom, pelo menos para o corpo. Meu espírito, ressecado pela falta da água-da-vida, tem compensado com muita leitura, meu outro vício. Qualquer hora lhes falo das minhas leituras.
A internet me permite acompanhar alguma coisa do Brasil. Fiquei sabendo da encrenca lá no Rio. O negócio foi brabo, mas quem não conhece a fundo realidade fluminense, não tem como formar uma idéia mais clara do que acontece lá e acaba criando mitos, para o que a Rede Globo e a leitura de nossa mídia tendenciosa contribui muito.
A economia do Rio vive um momento muito positivo, por dois motivos: petróleo e turismo. O boom da produção de petróleo no Rio é relativamente recente. A valorização dos preços do óleo do diabo também. Mais recente ainda tem sido o surgimento das refinarias e fábricas ligadas ao setor. A construção da nova refinaria em Itaboraí e a ampliação do porto de Sepetiba irão criar dois pólos gigantes de indústrias e serviços, o que vai gerar milhões de empregos na Baixada Fluminense. Esse tem sido o problema maior das regiões pobres do Rio: desemprego e pobreza. Como qualquer região pobre, a Baixada e as favelas cariocas são extremamente sensíveis aos indicadores econômicos. Um ponto a mais na inflação, uma ligeira queda no salário mínimo, um suave aumento no preço da luz ou do gás, esse tipo de coisa, que arranha a renda da classe média, provoca desastre na vida do pobre. Quando esses índices são positivos, por outro lado, o pobre é o primeiro a comemorar. As rodas de samba proliferam nas periferias, os botequins ficam cheios. Entretanto, ainda existe muita miséria no Rio e disputa pelos pontos de droga. A polícia é truculenta e nunca soube realizar um trabalho de inteligência decente. Torço para que o novo governador, Sérgio Cabral, consiga avançar no quesito da segurança pública. Apoio político da sociedade não lhe falta.
Outro assunto: a guerra na Somália. Foi interessante acompanhar o noticiário sobre o desalojamento do governo islâmico da Somália, que dominava o país há seis meses. As tropas leais ao antigo governo, com apoio do exército da Etiópia, reconquistaram a capital em tempo incrivelmente curto. Aos poucos, ficamos sabendo que havia o dedo dos EUA no processo. Um repórter, no momento em que entrou numa área onde estacionavam soldados e oficiais etíopes, flagrou um americano brancão de robe colorido. Só ficou faltando o letreiro luminoso escrito: agente da Cia.
A participação americana agora veio à tona, com os bombardeios seletivos de jatos americanos no sul da Somália, onde se refugiaram os rebeldes islâmicos.
No Iraque, a coisa continua pegando fogo. O Bush quer enviar mais 20 mil soldados pra lá. A verdade é que não vai fazer diferença nenhuma. Os EUA já tem uns 130 mil soldados no Iraque, esses 20 mil vão servir, no máximo, para permitir que os que estão lá descansem um pouco. Outra: os EUA estão gastando 8 bilhões de dólares por mês no Iraque. Reflita sobre isso.
11 de janeiro de 2007
Sobre o Rio e guerras
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"os EUA estão gastando 8 bilhões de dólares por mês no Iraque"....o que significa isso? Penso que a fatura vai chegar prá nós.. o que Bush fará para pagar esta conta da guerra? tomará a Amazônia? Invadirá outros países? Exproriará ainda mais países como o Brasil?...tudo isso é muito lamentável...como um país como os EUA, tão evoluído cienticamente, artisticamente, culturalmete, pode ser tão sombrio politicamente? Sem a menor sombra de dúvida, com o tempo, a ciência será uma das grandes atingidas face aos gastos exorbitantes com esta guerra do Iraque. Isso quer dizer atraso no programa espacial, atraso na busca de uma vacina contra doenças graves como a AIDS, atraso na área das novas tecnologias... é uma só uma questão de tempo para que isso ocorra. a não ser que, como eu disse no início, esta coisa de invadir outros países vire uma questão de sobrevivência do Império.
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