27 de janeiro de 2007

Começa o Festival de Curtas de Clermont-Ferrand

A cerimônia de abertura aconteceu ontem à noite, numa sala de cinema gigantesca, a maior que eu já vi. O júri foi apresentado, algumas explicações foram dadas e exibiram-se seis curtas metragens, alguns bem interessantes outros muito chatos.

O Festival de Curta Metragens de Clermond-Ferrand é o maior do gênero no mundo. É enorme, com milhares de filmes do mundo inteiro. Este ano, o Brasil participa com trabalhos de Fellipe Barbosa e Daniel Aragão. Hoje pela manhã dei uma folheada no catálogo e fiquei assustado com a quantidade de filmes, sem saber por onde começar.

Estou registrado como jornalista, com acesso a todas as sessões. Tenho, portanto, obrigação moral de escrever alguma coisa sobre os filmes. É mais difícil do que escrever sobre longas, porque você acaba assistindo uma quantidade grande de curtas e sua mente se confunde na hora de analisar cada um. Mas vou tentar.

Tivemos uma noite difícil. O apartamento que o amigo iraniano da Priscila nos emprestou tinha somente um colchão de solteiro, e dos mais estreitos, o que me obrigou a dormir com a mão no bolso para o braço não cair fora da cama. O apartamento têm um cômodo só e não tem água quente no banheiro, fator que, diante da temperatura glacial, constitui um forte desestimulante ao saudável hábito brasileiro do banho diário. Também não tem placa elétrica para cozinhar - os fogões na França são todos elétricos.

Pelo menos tem aquecedor.

Entretanto, uma circunstância curiosa compensa a precariedade do quarto. Num canto, amontam-se dezenas de caixas fechadas que, descobri hoje de manhã, contêm... livros! Sim, livros! Parecem ser livros de algum conhecido do dono do apartamento que, na mudança para uma outra cidade, decidiu guardar tudo ali. Ou então é o depósito de um sebo que encerrou suas atividades.

Grande parte são porcarias best-sellers, lixo romântico, mas encontrei algumas preciosidades, uns romances de Simenon (o mais famoso autor policial francês); edições de obras completas de Shakespeare e Oscar Wilde, no original; O Apanhador no Campo de Centeio, do Salinger e do Grande Gatsby, de Fitzgerald, também no original; um livro da Agatha Christie. Ou seja, além do cinema, também estou bem servido de literatura, o que vai compensar a provável continuidade do meu jejum alcóolico forçado, visto que a grana está ficando curta, e por aqui nem tem Banco do Brasil (o que não adiantaria também muita coisa, no momento).

Por falar em bebida e falta de grana, ontem eu rompi o jejum, mas não fui muito longe. A festa de abertura do evento aconteceu numa tenda na praça em frente, e bebi umas cervejas belgas a custo zero. Lamentavelmente, estava rolando uma banda do leste europeu horrível, com umas canções bregas e tristes, que me remeteram a noites depressivas em cidadezinhas tediosas do interior do Rio. Suportamos um pouco por lá e saimos, não somente por causa da música ruim mas também pela necessidade de encontrar, à meia-noite, o amigo que iria nos emprestar o apartamento.

Taí o link do Festival, para quem se interessar:
http://www.clermont-filmfest.com

Uma notícia importante. A Priscila Miranda, minha companheira de aventuras, inaugurou um blog ontem, no qual ela vai contar as impressões dela sobre o Festival. Vão lá fazer uma visita. Allons-y!

http://breakfastatpantheon.blogspot.com/

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