17 de maio de 2009

O pré-sal é nosso!

(Belo edifício das imediações da praça Tiradentes, da época em que a arquitetura ainda era considerada uma arte)




(Atualização: O Eduardo Guimarães, responsável pelo blog Cidadania e presidente do Movimento dos Sem Mídia, pede para avisar que está organizando outra manifestação, desta vez em defesa do pré-sal e da Petrobrás. Acompanhem tudo diretamente no blog dele.)

Em sua carta testamento, Getúlio Vargas cita nominalmente a criação da Petrobrás como uma de suas batalhas mais duras contra a imprensa brasileira. Sim, contra a imprensa, porque foi aí que as forças entreguistas, aliadas ao capital estrangeiro, reuniram-se para saquear as riquezas nacionais:

Quis criar liberdade nacional na potencialização das nossas riquezas através da Petrobrás e, mal começa esta a funcionar, a onda de agitação se avoluma.


O suicídio de Vargas foi sua última e gloriosa ação em prol do povo brasileiro. Acossado diariamente pelos jornais, através de editoriais cada vez mais violentos, o presidente percebe que, apenas tirando a própria vida, conseguiria dar sentido e força às denúncias que pretendia fazer. O suicídio de Vargas cumpriu a missão de poderosa mídia difusora das informações contidas em sua carta final.

É preciso lembrar a vocês de que lado estavam os jornais na encarniçada disputa política em torno da criação ou não da Petrobrás? Lembro, mesmo assim. A imprensa - e o Globo destacava-se particularmente por seu americanismo subserviente, antipatriótico, corrupto e reacionário -, em quase sua totalidade, alinhava-se furiosamente contra a criação de uma empresa estatal para explorar petróleo no Brasil. Mesmo a Última Hora, tradicionalmente aliado à Vargas, talvez intimidado pelo clima de linchação da época, não tinha coragem para defender o presidente e suas plataformas; ao contrário, também lhe criticava; a diferença estava em que dava espaço para o governo se defender.

Debatendo com um blogueiro sobre a influência dos jornais na política nacional, ele veio com uma informação truncada (disse que um amigo historiador lhe dissera) de que os jornais, particularmente o Globo, não eram tão decisivos assim na formulação de políticas públicas. Não é verdade. Eu tenho o privilégio de morar perto da Biblioteca Nacional, da qual sou assíduo frequentador há mais de dez anos, e já realizei diversas pesquisas sobre os jornais dos anos 50 e 60. Pesquisei especialmente o ano de 1954. Os senadores citavam matérias publicadas no Globo na tribuna. Visitavam as redações do Globo. Jânio Quadros, assim que foi escolhido para ser o candidato da UDN para a presidência da república, concedeu entrevista exclusiva ao jornal O Globo, que passou a apoiar explicitamente a sua candidatura. João Goulart, por sua vez, foi furiosamente combatido desde o tempo em que era deputado.

E Vargas, bem, Vargas foi satanizado pelo jornal O Globo; não durante todo o tempo, mas, sempre que a ocasião lhe parecia propícia, a publicação dos Marinho partia para cima do governo com todas as armas. Nelson Werneck Sodré, em sua História da Imprensa Brasileira, relata que a nossa mídia escrita sempre esteve patrocinada por anunciantes estrangeiros interessados a todo custo em evitar que o país nacionalizasse seus serviços públicos. A Light, empresa canadense responsável pela geração e distribuição de energia elétrica no país desde o final do século XIX, patrocinou campanha, por décadas, contra a criação de empresa pública que levasse energia para os rincões afastados do país. Vargas também cita a luta para a criação da Eletrobrás em sua carta testamento:

A Eletrobrás foi obstaculizada até o desespero. Não querem que o trabalhador seja livre.


Estudando a história do Rio de Janeiro, deparei-me com situações que parecem até ridículas. A primeira linha de bondes instalada no Rio de Janeiro foi entregue, sem licitação, a uma empresa britânica. O engraçado é que o bonde era puxado... a burro! Não creio que essa seja uma tecnologia tão complexa que não pudesse ser um serviço encampado pelo Estado.

*

Esta CPI da Petrobrás, no entanto, pode ser oportunidade para desmascarar de vez os entreguistas. É lamentável que esta luta seja tão cara. A Petrobrás é hoje uma das empresas mais respeitadas do planeta, figurando, no ranking do Reputation Institute, acima de empresas símbolos da modernidade, como Google e Microsoft, e ultratradicionais, como General Eletric, Honda e Philips. Esse prestígio, fruto da competência mostrada nos últimos anos, depois dos fiascos (afundamento de plataformas, etc) das gestões tucanas, será atingido com esta CPI. Eu queria saber de onde, meu Deus, os tucanos tiraram fama de "bons gestores"? Eles cagam tudo, estragam tudo, arrasaram o país na era FHC, estão arrasando São Paulo, e a mídia ainda lhes pespega a marca de "bons gestores"?

Ora, a Petrobrás, enquanto empresa pública e de capital aberto, tem a sua vida financeira inteiramente devassada, pelo Tribunal de Contas, pelo Ministério Público, por auditoras internacionais independentes, pela mídia, por seus acionistas. Uma CPI apenas servirá para prejudicar a sua imagem, criando obstáculos para o que é hoje o principal desafio da empresa: obter recursos internacionais para explorar as enormes jazidas encontradas em águas ultraprofundas. Esse desafio tornou-se particularmente complicado em função da crise econômica internacional, que atingiu os sistemas mundiais de crédito.

É muito importante que todos leiam com atenção esta entrevista do presidente da Associação dos Engenheiros da Petrobras (Aepet), Fernando Siqueira, para o Correio da Cidadania, e reproduzida no Vermelho. Siqueira faz denúncias extremamente graves. Afirma que o governo Fernando Henrique Cardoso vendeu 36% das ações da Petrobrás na Bolsa de Nova York por menos de 10% do seu valor real. À luz da valorização extraordinária das ações da Petrobrás nos últimos anos, essa operação representou perda de bilhões de dólares para os cofres públicos. Ah, sempre que penso nesses bilhões perdidos na era FHC, recordo da ira santa de Cora Ronai contra a tapioca de 8 reais, comprada por Orlando Silva, ministro dos Esportes, numa lanchonete de Brasília, com cartão corporativo. País sui generis este, em que colunistas se insurgem furiosamente contra tapiocas de 8 reais, e reagem com indiferença (e cumplicidade, portanto) em relação à entrega gratuita de patrimônio nacional a interesses estrangeiros, um processo que, naturalmente, significa corrupção em grande estilo.

Uma coisa que sempre me impressionou foi o esnobismo e a indiferença com que a imprensa tratou a descoberta de petróleo no pré-sal. Não foram editados cadernos especiais. Quando o governo anunciou, oficialmente, a descoberta de petróleo no pré-sal, o gancho da imprensa não foi a descoberta em si, e sim a forma como o governo divulgou a notícia, "a sorte" de Lula, etc. Não foi lembrado aos brasileiros que um dos maiores entraves históricos do país ao processo de industrialização sempre foi a falta de petróleo.

Muitas vezes as pessoas se perguntam: porque os EUA se tornaram tão poderosos e ricos e nós, tão pobres? Ora, existem diversas razões históricas e culturais. Mas, no século XX, a abundância de petróleo nos EUA (ao menos durante a primeira metade do século) e a falta do mesmo por aqui, foram fatores determinantes.

Mauro Santayana lembra (em entrevista para TV Gonzum) que, até meados dos anos 60, antes que a produção da Petrobrás começasse a fazer diferença, a economia brasileira vivia sob a eterna ameaça de desabastecimento. De quinze em quinze dias, os EUA enviavam navios às costas brasileiras com gasolina suficiente para períodos curtos. Eles nem permitiam que nós fizéssemos estoques, porque era interessante nos deixar naquela situação precária de dependência. Naturalmente isso se refletia em dependência política.

*

Nos últimos cem anos, qual o item que mais tem sangrado nossa balança comercial? O petróleo. Isso perdura até hoje. Aí vai uma crítica ao governo, por ter vendido uma autonomia que ainda não temos. Teremos em breve, mas ainda não temos. Em 2008, a balança comercial brasileira do capítulo Combustíveis Minerais, Óleos Minerais, etc (do qual o petróleo é o principal produto) ficou negativa em 15,6 bilhões de dólares. O Brasil exportou 18,68 bilhões de dólares e importou 34,28 bilhões de dólares. Ou seja, o petróleo ainda é, de longe, o principal gasto externo nacional. Reduzindo as importações de petróleo, poderemos gastar mais importando maquinários e tecnologia, ou simplesmente obter um superávit comercial muito mais alto. Para vocês terem uma idéia, o superávit comercial brasileiro em 2008 (exportação menos importação) ficou em 24,83 bilhões de dólares...

*

Por que a entrevista com Fernando Siqueira não ganha a grande mídia? Os assuntos são explosivos e referem-se à pauta do dia, à Petrobrás, e as denúncias são feitas por uma autoridade no assunto. Por que ela não é repercutida? Por que tapiocas de 8 reais ganham repercussão em todos os jornais e canais de televisão, e uma denúncia sobre a entrega de patrimônio público à banca internacional, a preços subfaturados, e que, em virtude da valorização das ações da Petrobrás nos últimos anos, produziu prejuízo de bilhões no bolso do brasileiro, não ganha destaque em nenhum meio de comunicação? Por que não usam aquela odiosa expressão, cujo fundo político é altamente reacionário, sobre "o meu, o seu, o nosso dinheiro", para se referir às perdas acarretadas por essas operações?

Por que não entrevista aquele onipresente "professor de ética", Roberto Romano, para explicar isso? Por que o senil João Ubaldo Ribeiro, sempre tão preocupado com o interesse nacional, não se interessa por denúncias desse quilate?

O que vemos é, de fato, a formação, de um lado, de uma consciência política corrompida, cínica, egoísta, pusilânime e tímida sempre que se trata de denúncias trilionárias, subitamente furiosa quando se trata de tapiocas e passagens aéreas; e, de outro, uma classe de brasileiros cada vez mais politizada, informada e engajada nas lutas nacionais.

Não, não, definitivamente não temos aqui um fla-flu entre petistas e tucanos. Aliás, acho uma afronta à lógica comparar uma saudável disputa esportista a um embate ideológico sujo e agressivo, apesar de necessário e democrático.

Na verdade, temos um embate entre os que amam o Brasil, que torcem por sua economia, por seu desenvolvimento, por sua autonomia energética, que festejam a descoberta de petróleo, que festejam o sucesso de seu presidente no exterior, e aqueles que torcem que a crise nos atinja, que se aborrecem com os dados positivos de nossa economia, que se engajam infantilmente em campanhas de desestabilização política, que não se alegram, carajo!, com o fato de termos descoberto enormes jazidas de petróleo!

Eu não consigo entender como um brasileiro pode reagir com indiferença ao fato de termos descoberto enormes jazidas de petróleo! Lembro de um advogado da Petrobrás (da Petrobrás, héin! imagine os que não são!) que encontrei numa festa, dias depois do anúncio da descoberta de petróleo no pré-sal. Eu fui cumprimentá-lo, todo alegre:

- Parabéns! Parabéns à Petrobrás, pela grande descoberta!

Eu tinha bebido algumas latinhas, mas ainda estava sóbrio. Minha alegria era a mais pura possível. Ele me respondeu com um esnobismo melancólico e desconfiado:

- É, mas não sei não. Os próprios engenheiros da Petrobrás tão dizendo que não é tudo isso. O governo tá querendo faturar, etc.

Era exatamente o que a imprensa afirmava. Eu conheci depois melhor o rapaz, um bom rapaz, inteligente, afável, mas um tipo que repete clichês da imprensa.

O governo tinha anunciado que as novas descobertas podiam chegar de 5 a 8 bilhões de barris. Algumas semanas depois, começaram a circular informações, bastante concretas, de que as jazidas do pré-sal poderiam chegar a 80 bilhões de barris!

E nas semanas seguintes, novas descobertas, na Bacia de Santos, no Espírito Santo, etc.

Ou seja, o governo tinha sido bastante conservador. As reservas eram, de fato, muito maiores. Na verdade, as descobertas causaram enorme rebuliço em todo planeta, porque mostrou a possibilidade de existência de petróleo em águas ultraprofundas em outras partes do globo também, sobretudo na costa oeste da África e, eventualmente, na costa de Cuba.

Apesar disso, a imprensa nunca produziu um caderno especial sobre o pré-sal! Nem com a possibilidade de obter facilmente patrocínio para uma empreitada assim.

Eu quero ver agora se a Petrobrás vai continuar fazendo propaganda na TV Globo!


*

Por fim, eis uma tabela que acabo de editar, com números sobre a nossa importação de petróleo. O Brasil importou, nos últimos 12 meses, mais de 30 bilhões de dólares em petróleo e derivados. Nos últimos anos, em virtude do desenvolvimento, nossa demanda de combustíveis tem aumentado muito. Por isso é tão importante que a produção do pré-sal tenha início urgentemente. Cada dia que passa, gastamos milhões de dólares em importação de petróleo, e esse dinheiro poderia ser usado em tecnologia, educação, saúde, enfim, em muitas outras coisas importantes para o nosso desenvolvimento. Clique na imagem para ampliá-la.

18 comentarios

Anônimo disse...

Miguel, estou agitando a galera de novo. Será que vc dá uma força? Abraço, Eduardo Guimarães

Miguel do Rosário disse...

É claro, Edu. Estou contigo! Vou dar destaque aqui no blog, abraço.

Laguardia disse...

Prezado Miguel

Sou forte partidário da privatização da Petrobrás.

Não foi criar polêmica com relação aos argumentos que você usou, apesar de os ver com uma certa reserva, pricipalmente porque o foco de minha argumentação não se encaixa no que você escreveu.

Em primeiro lugar sou radicalmente contra o monopólio, seja ele estatal ou privado. O monopólio só traz prejuizos ao povo e aos consumidores.

Não discuto o que a Petrobrás é como monopólio, mas o que ela poderia ser se tivesse se beneficiado da livre concorrência com uma administração mais profissional (não política como é hoje) e mais séria.

A função do governo não é a de administrar empresas, mas a de cuidar da saúde, educação, segurança e seguridade social da população, coisa que tem feito mal e porcamente.

Outra função do governo é a de fiscalizar as empresas para que as mesmas trabalhem de acordo com a legislação do país e obedeção estritamente a legislação de proteção ao trabalhador.

A função dos sindicatos é a de negociar bem a venda as competências dos trabalhadores, ajudando o governo a fiscalizar a s empresas no que toca à proteção do trabalhador para que não seja explorado.

Um exemplo embelmático e atual dos benefícios que a quebra do monopólio e a privatização traz à população é o caso das Teles.

Compare a uns 20 anos atrás ou até menos, o custo que era se conseguir uma linha telefônica. Haviam os planos de expansão, as demoras e o preço proibitivo de uma linha.

Hoje quase todo o cidadão brasileiro tem pelo menos um telefone celular e pode além disto escolher qual a operadora que atenda melhor as suas necessidades.

O governo, através das Agências Reguladoras, deveria estar fazendo com que as empresas atendessem bem ao consumidor através de suas normas regulamentadoras.

Infelizmente isto não ocorre.

Com a privatização e a quebra do monopólio da exploração, processamento e distribuição de combustíveis, provávelmente hoje não estaríamos mais tão dependentes da importação de óleo, e poderíamos estar fornecenod a população combustíveis a preços bem mais competitivos do que hoje.

Como os diretores do monopólio estatal são nomeados pelo governo com critérios de alianças políticas, o foco de suas ações é muito mais política do que empresarial.

Temos visto isto na divulgação das descobertas de reservas de petróleo, que são anunciadas quando o governo está em cheque devido a alguma maracutaia praticada por eles.

Conforme o caso têm divulgado a mesma descoberta um par de vezes para desviar a atenção do público.

Quanto existe concorrência, para sobreviver a empresa tem que ser eficiente e produzir com o menor custo e a melhor qualidade. Preocupação esta que não existe no monopólio, seja ele público ou privado, e nem nos cartéis.

Finalizando. Sou radicalmente favorável a quebra do monopólio, a privatização, e estou convencido de que poderíamos estar muito melhor sem o monopólio estatal do petróleo.

E chega desta história antiga de taxar quem não pensa igual a você com entreguista.

Miguel do Rosário disse...

Não concordo, naturalmente, com nada que você diz, La Guardia. A função do governo também é administrar empresas, quando isso for necessário. Empresas de petróleo são estatais e detém monopólio em quase todos os países do mundo, como Noruega, Rússia, Arábia Saudita, Venezuela e Nigéria. E o fazem muito bem. Uma empresa pública é ineficiente quando não há tribunais de conta independentes, como durante a ditadura militar.

As empresas de petróleo privadas norte-americanas tinham um sentido porque foi capital privado que investiu em sua prospecção e exploração. E mesmo assim, gerou fortunas indecentes, que lucravam com a miséria reinante nos EUA da época.

No Brasil, quem sempre investiu, e continua investindo, é o Estado, então não tem sentido essa estratégia tucana do Estado investir e depois entregar de graça para o capital privado lucrar. Ou seja, democratizar o custo e privatizar o lucro.

Existe problema de indicação política na Petrobrás? Sim, mas também existe nas grandes empresas. Essa crise econômica mostrou que grandes empresas, tidas como idôneas, faliram miseravelmente por incompetência e corrupção; e foram todas esmolar bilhões do Tesouro americano.

A exploração de petróleo é uma atividade altamente estratégica para o país, além de lidar com enormes riscos ambientais.

No Estado mais liberal do mundo, como os EUA, o governo gere milhares de empresas, e inclusive agora está estatizando bancos, seguradoras e, possivelmente, até montadoras de automóveis. A internet foi criada com investimento público, em estatais. Eles tem milhares de agências públicas de pesquisa. A Nasa é só um exemplo maior.

Você continua encantado com a fantasia neoliberal que ideólogos do Primeiro Mundo inventaram para o Terceiro Mundo continuar entregando seus recursos naturais para eles a preço de banana.

O petróleo tem que continuar sendo monopólio, conforme já disse, por uma questão de planejamento, porque o Estado está investindo bilhões na construção de refinarias, de forma que teremos autonomia total em combustíveis. A iniciativa privada é extremamente bem vinda na enorme indústria petroquímica que está florescendo no Brasil e ainda irá florescer mais nos próximos anos, à sombra das grandes refinarias a serem construídas em Pernambuco, Espírito Santo, Santos e Rio de Janeiro.

De qualquer forma, obrigado por colocar a sua opinião aqui no blog e participar do debate de forma civilizada. Realmente temos falta disso.

Quanto a ser entreguista, creio que é um atributo, em boa parte das vezes, inconsciente. Ou seja, os entreguistas não sabem que o são. Mas são.

Cordialmente.

Anônimo disse...

Miguel

Você se engana ao dizer que a CPI da Petrobrás é por conta de matéria na imprensa relativa a imposto de renda. Os motivos da CPI são:

1- indício de fraude nas licitações para a reforma de plataforma para a exploração de petróleo, apontada na operação de águas profundas da Polícia Federal.

2 - graves irregularidades nos contratos de construção de plataformas, apontadas pelo relatório pelo tribunal de contas da união.

3 - indício de superfaturamento na construção da refinaria de Abreu e Lima, em Pernambuco, apontada em relatório do Tribunal de Contas da União.

4 - denúncia de desvio de royalties de petróleo, apontada pela operação royalties da Polícia Federal.

5 - denúncia de fraude do Ministério Público Federal envolvendo pagamentos, acordos e indenizações feitos pela ANP a usineiros.

6 - denúncia de utilização de artifícios contábeis que resultaram no recolhimento de impostos e contribuições de R4 4,3 bilhões e

7 - denúncia de irregularidade no uso de verba de patrocínio da estatal.

Você pode ver que dos sete motivos que constam do pedido de CPI, cinco deles se referem a denuncias da Polícia Federal e da Controladoria Geral da União.

Quem não deve não teme, Sendo a Petrobrás uma empresa estatal, ou seja como gostam de dizer, do povo brasileiro, nada mais justo que sua administração seja transparente. E pelo que foi apurado por investigações da Policia Federal, CGU e Receita Federal, ela não tem sido transparente.

A direção da Petrobrás é uma direção nomeada seguindo critérios políticos de apoios etc em lugar de um critério técnico.

Portanto, já que existem dúvidas levantadas, não pela imprensa, mas por órgãos da administração pública como a Receita Federal, a Policia Federal, o Ministério Público e a Controladoria Geral da União, eu, como cidadão, contribuinte, exijo que meus representantes no Congresso Nacional façam uma investigação e uma auditoria exemplar na empresa, e que não fique pedra sobre pedra. Tudo tem de vir as claras.

Afinal de contas, se caso eu tivesse uma empresa particular de minha propriedade e houvesse denuncias deste tipo, eu contrataria uma auditoria independente e afastaria de imediato a diretoria até que tudo estivesse as claras.

Porque agiria de modo diferente com uma empresa pública, que nãoi é do PT como eles pensam, mas é do povo brasileiro?

Ir contra a CPI da Petrobrás é crime de lesa pátria e entreguismo. Entregar uma empresa pública para um partido político se usufruir dela como bem entender.

La Guardia

Miguel do Rosário disse...

La Guardia, o ministro de energia é do PMDB, a maioria absoluta dos engenheiros da Petrobrás não é de partido nenhum ou não é do PT. A Petrobrás não tem nada a ver com o PT. Todas as denúncias que você aventou foram devidamente levantadas pela PF e pelo MP, então é nessas instâncias que devem ser investigadas. CPI, estamos carecas de saber, não tem competência investigativa nenhuma. Tudo que eles podem fazer é vazar segredos estratégicos importantes da empresa para seus concorrentes. Além disso, esta CPI acontece justamente no momento em que a Petrobrás vive a delicada situação de obter recursos internacionais para explorar o pré-sal. A gestão atual da Petrobrás é infinitamente melhor que a anterior, onde ocorreram dezenas de estranhíssimos acidentes, onde havia ainda mais indicações políticas. A Petrobrás saiu do vigésimo para o quarto lugar entre as empresas mais respeitadas do mundo, à frente de Google e Microsoft. Só mesmo entreguistas como você para não verem isso. Porque os EUA não privatizam a Nasa, héin?

Essa história de critério técnico X critério político é outra lenda midiática. Em todo mundo, as grandes empresas estatais são geridas por aqueles indicados pelos representantes eleitos pelo povo. Não é um ditador que indica quem é o presidente da petrobrás, é o presidente da república, eleito pelo povo brasileiro, que o elege justamente para isso, para indicar quem será o presidente da petrobrás.

Miguel do Rosário disse...

Bem, vou sair. Deixo a caixa livre para comentários. Volto à noite.

Flávio Corrêa de Mello disse...

Miguel,
Continue valendo seu espírito esportivo e idôneo de tratar de questões prioritárias como comunicação e economia. Privatizar a Petrobrás é uma idéia muito besta, é tucanagem. O entreguismo que alardeia a privatização da Petro como necessidade primeva de crescimento é parte de um pensamento mais amplo que se apropria do termo democracia para se valer de relações de poderes desproporcionais que prejudicam as minorias e o meio ambiente. Mal se descobre o pré-sal e já estão eles se alvitando a grandes gerentes com fórmulas e soluções para garantir o mamão com mel (só para eles) no café da manhã. Repito, é tucanagem. Mas, da-lhe Chaves na cabeça deles!

José Carlos Lima disse...

Nota 10 seu texto, pus no meu blog

josaphat disse...

Parabéns, Miguel, pela forma como lidou com os argumentos do camarada entreguista La Guardia. Naturalmente, guarda ele os interesses da velha elite corrompida e gasta, e, parece, pelo tom educado, mui ingenuamente. Eu não aprecio as vociferações e ataques verborrágicos. Assim, o debate me pareceu excelente. Não devemos mesmo nos alterar, a verdade está com o povo. Algo como 85 contra 5 e 10% de abstinências. Vamos seguindo e alumiando aonde se faz necessário. Especialmente o amigo que lida tão bem com as palavras.
Abraço.

RLocatelli Digital disse...

Olha, La Guardia, as experiências que temos com privatizações não avalisam suas palavras. A fabricação de medicamentos, por exemplo, é privada e não há, formalmente, monopólio. E os medicamentos genéricos, distribuídos pelo governo, custam menos de 50% do preço dos privados.
A telefonia privada é um lixo. Serviços de quinta categoria e caríssimos, tanto na telefonia fixa como na móvel. E não venha me dizer que "...ah, mas no tempo da Telesp, blá, blá, blá..." No tempo da Telesp celular não existia e a Telesp estava sendo sucateada premeditadamente. FHC sabia do salto tecnológico que seria dado e entregou tudo a grandes empresas.
E queria lembrar a você, La Guardia, que o neoliberalismo está extinto. O consenso de Washington, que inspirou os tucanos, morreu.

Apenas, Marcia disse...

A Petrobras é auditada conforme os preceitos de auditoria definidos pela Lei Sarbannes_Oxley, pois tem ações negociadas na Bolsa de Valores de Nova York e só estão lá graças ao "gestor" FHC que vendeu nossa empresa para os fundos de pensão americanos. Agora a empresa tem de seguir as regras do capitalismo e gerar lucros e mais lucros para saciar a sede dos americanos. Daí, porque a escolha em assumir uma nova gestão tributária e se capitalizar através de créditos desta natureza. Ficam diuas perguntinhas aos DEMônios e ao Tucaninhos: 1-vocês não vão investigar as demais empresas que também propectam petróleo e também reduziram os repasses da CIDE? 2- porque não pensaram nos impostos gerados pela Petrobras quando votaram a quebra do monopólio? Agora é o mercado quem manda!

Sergio disse...

La Guardia, sugiro que você procure uma fonte de informações mais confiável pois, ao contrário do que você afirma, o monopólio de exploração do petróleo não existe mais desde a era FHC.

Anônimo disse...

La Guardia como disse o Sergio não existe monopolio na industria do petroleo no Brasil, porque? os grandes operadores de petroleo do mundo depois de tanto tempo não investiram no Brasil, e mais pesquise o que aconteceu a industria do petroleo na Argentina apos a privatização da mesma.Joao albuquerque

Anônimo disse...

Privatizar a Petrobrás só faz bem ao capital e ao consumidor estrangeiro. É a mais pura burrice.Abraço.Roberto.

Anônimo disse...

u qeria perguntar ao sr/a La Guardia:

se privatizar é assim tao bom e necessário, porq os EUA nao privatizam a NASA?

Inté,
Murilo

Dani Tristão disse...

Mais triste ainda Miguel foi ver na NBR canal 4 da net, a primeira extração de petróleo do pré-sal, uma festa linda com discursos lindos Lula empolgadíssimo e depois sair nas ruas e ver que ninguém sabia da importância daquele dia para o nosso país. Ninguém assistiu o que eu havia assistido ao vivo. A primeira extração do pré-sal que vai mudar o destino do Brasil para sempre. Era para o povo estar comemorando nas ruas. A imprensa comentou rapidamente, mais por obrigação como se não tivesse importância alguma um fato desses. É lamentável! Uma mídia dessas é broxante, nosso povo não merece isso!!! Agora, é embarcar nas manifestações organizadas pelo Edu e fazer desse limão uma limonada.

RômuloVitaFilho disse...

Miguel boa tarde,
parabéns por esse post, sua indignação é de longe a da maioria dos brasileiros diante de + uma canalhice demo tucana.

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