9 de setembro de 2009

Governo do Estado do Rio tortura professores

(Esses sobrados são do tempo em que os professores do Estado ganhavam 
bem e eram respeitados. A educação pública no Rio de Janeiro era boa)


Carta aberta ao governador do Estado do Rio de Janeiro e a todos os interessados na educação das crianças e adolescentes do Brasil


Não costumo publicar denúncias por aqui, mas essa é demais. Há tempos que estou ciente de que o governo do Estado do Rio de Janeiro paga um salário de fome a seus professores estaduais. É um valor revoltantemente baixo, ainda mais se comparado ao salário do professor do município, que também é baixo, mas é o dobro, à vezes o triplo do que ganha seu colega do Estado. Tive amigos que tinham os dois contratos, e largaram o Estado porque, simplesmente, é um valor irrisório.

Não contente com isso, o governo do Estado decidiu enviar à Assembléia Legislativa um projeto de lei que limita os reajustes dos professores. O saco de maldades não pára por aí. Os professores foram protestar contra o projeto, que os prejudica diretamente, diante do edifício da Assembléia Legislativa, no Palácio Tiradentes, e foram espancados pela Polícia Militar do Estado. Mais de 20 professores ficaram feridos, afora a humilhação psicológica e moral de serem tratados como bandidos.

Entretanto, quando eles pensavam que o governo do Estado havia chegado no limite da tortura, eis que, ao chegar em casa, encontram o contra-cheque enviado pelo correio com um corte de 50%, em função de ser um mês de férias, um corte que nunca havia ocorrido antes.

Recebi um email de uma professora muito revoltada e triste. Ela trabalha no Colégio de Aplicação, um dos melhores do Estado e do Brasil e recebeu somente R$ 319,00. É um valor inferior ao salário mínimo! Fico imaginando que já seria indecente pagar o dobro disso, a saber, R$ 640,00, um valor totalmente incompatível com a responsabilidade de um professor numa cidade com custo de vida tão alto como o Rio de Janeiro. Agora, receber R$ 319,00 é um cuspe de escárnio no rosto.

Eu entendo a situação dos professores porque minha mãe é professora aposentada (do município) e lembro o quanto ela sofreu ao final dos anos 70 e, sobretudo, anos 80, quando o seu salário virou pó. Teve apenas um rápido momento de alegria, com Brizola, que elevou expressivamente o salário dos professores. Mas a inflação rapidamente devorou os ganhos obtidos. Eu mesmo, agora que me desencantei de vez com a profissão de jornalista, estou iniciando preparativos para me tornar professor.

É um absurdo que a função pública mais importante do Estado, a do educador de nossas crianças e adolescentes, seja tratadas com tamanho desrespeito e mesmo crueldade. A tortura no Brasil, pelo jeito, ainda não acabou. E continua sendo perpetrada pelo Estado.

5 comentarios

Patrick disse...

E o Estado do Rio de Janeiro, em função dos royalties do petróleo, não tem qualquer desculpa para não pagar bem seus professores.

jozahfa disse...

Eu já decidi que vou passar em um outro concurso. Que a minha vaga fique para alguém mais jovem e idealista. Se não vou adoecer ainda este ano.
E eu ganho bem mais que 319,00 por mês.

Anônimo disse...

Que tal pedir explicações ao Secretário de Educação?

Anônimo disse...

Além de não ter mais desculpas, ninguém fala do Fundeb que "era" para se investido em 60% nos salários dos professores!!!

Anônimo disse...

PROFESSORES INATIVOS TAMBEM MERECEM ABONOS.
O GOVERNADOR SERGIO CABRAL, ESQUECEU QUE TAMBÉM VOTAMOS.
GOVERNADOR CADE NOSSO ABONO!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

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