16 de setembro de 2009

A imprensa! Que quadrilha!

(Sobrado da esquina da Riachuelo com Rezende, onde talvez 
Lima Barreto tenha morado, em criança, com seu pai e irmãos).


Como diria o Manoel dos secos & molhados, estou a r'ler toda a obra de Lima Barreto. Li também a sua biografia, escrita por Francisco de Assis Barbosa. Ele estudou na rua do Rezende (onde eu moro), na Lapa, e passava as tardes na biblioteca nacional, que na época funcionava no prédio hoje ocupado pela Escola Federal de Música, no Passeio. Quando a situação apertou, após o adoecimento de seu pai, Lima alugou uma casa para sua família, no subúrbio, e passou num concurso para um emprego público.

Lima Barreto me intriga. Sua obra é muito irregular. Está longe de ser um gênio da técnica literária, como Machado de Assis. Por que, então, Lima Barreto é colocado, por quase todos os críticos, apesar de tantos defeitos, como o segundo maior escritor brasileiro do início do século XX, superado apenas pelo hors concours Machadão? Por que não José de Alencar? Por que não tantos outros, com obras muito mais impecáveis, do ponto de vista técnico, mais coesas, mais "trabalhadas"?

Pensando nisso, pus-me a reler a obra de Lima e, no momento, percorro as páginas de Recordações do Escrivão Isaías Caminha. Acho que encontrei algumas pistas. Lima é sincero. Suas páginas exalam uma dor real. Talvez seja o primeiro escritor brasileiro a romper as barreiras formais para realizar uma literatura moderna, com mais despojamento e, sobretudo, mais verossimilhança e autenticidade emocional. Há trechos do Isaías Caminha que parecem sair diretamente do coração torturado de Lima.

Esse livro, conforme sabemos hoje através dos dados biográficos à nossa disposição, e como se pode depreender de sua própria leitura, nasceu de um profundo sentimento de revolta contra a imprensa brasileira de sua época, considerada por ele racista, reacionária, despreparada, e demais epítetos similares, que encontramos em abundância aplicados aos personagens-jornalistas do romance.

Vamos a um trecho:

A Imprensa! Que quadrilha! Fiquem vocês sabendo que, se o Barba Roxa ressuscitasse, só poderia dar plena expansão à sua atividade se se fizesse jornalista. Nada há tão parecido como o pirata antigo e o jornalista moderno: a mesma fraqueza de meios, servida por uma coragem de salteador; (...) um olhar seguro, uma adivinhação, um faro para achar a presa e uma insensibilidade, uma ausência de senso moral a toda prova... E assim dominam tudo, (...) fazem que todas as manifestações de nossa vida coletiva dependam do assentimento e da sua aprovação. Todos nós temos que nos submeter a eles, adulá-los, chamá-los gênios, embora intimamente os sintamos parvos, imorais e bestas... (...) E como eles aproveitam esse poder que lhes dá a fatal estupidez das multidões! Fazem de imbecis gênios, de gênios imbecis; trabalham para a seleção de mediocriades (...).

O responsável por esse monólogo é um dos personagens do livro, mas está claro que a voz por trás é de Afonso Henriques Lima Barreto.


É importante notar que o lançamento desse livro, e mesmo a opção de Lima em fazer uma crítica virulenta à Imprensa já em sua primeira obra literária, consistiu num erro estratégico fatal para o escritor. E digo isso porque Lima tinha outro livro escrito, mas decidiu lançar esse primeiro justamente por achar que a sua virulência causaria uma polêmica positiva. Ele queria chocar e, com isso, vender muitos exemplares. Mas subestimou sobejamente seus adversários. Os jornais fecharam-lhe as portas de forma definitiva e fizeram um pacto de silêncio sobre sua pessoa e suas obras. Tornou-se uma persona non grata na mídia nacional e vários amigos se afastaram, receiosos de que seu inevitável ostracismo pudesse contaminá-los.

A partir de então, Lima Barreto cai, literalmente, na marginalidade. Abandona os cafés chiques onde bebia uísque e cerveja com seus amigos mais bem colocados, e passa a frequentar botequins populares e a beber cachaça. À diferença do Machadão, sempre um funcionário público exemplar, Lima talvez tenha sido, nesse quesito, o pior exemplo na história nacional. Faltava ao trabalho sistematicamente, alegando doenças ou depressão, e afundava-se numa boemia violenta e triste, na qual passava dias e dias bebendo cachaça pelos bares, até cair e dormir no chão, como um mendigo. Por sorte teve chefes tolerantes e pode contar com inúmeras licenças médicas, de forma que, mesmo após meses de afastamento, por conta de seu alcoolismo severo e da doença mental de que foi acometido ao final da vida, continuou recebendo seu ordenado.

Apesar da vida desregrada, Lima conseguia tempo para escrever em profusão. Segundo seu principal biógrafo, Francisco de Assis, Lima escrevia rápido, com pressa, ansioso, como que ciente da brevidade de sua vida. Produziu uma obra considerável para alguém morto aos 41 anos. O ostracismo imposto pela grande mídia fê-lo mergulhar de cabeça na imprensa alternativa e proletária. Fundou jornais e revistas de vida efêmera, como é de praxe nesse tipo de empreendimento.

Voltando ao Isaías Caminha, há um outro trecho que gostaria de citar:

Pelos longos anos que estive na redação do O Globo, tive a ocasião de verificar que (...) a submissão dos subalternos ao diretor de um jornal só deve ter equivalente na administração turca. É de santo o que ele faz, é de sábio o que ele diz. Ninguém mais sábio e poderoso do que ele na terra.

É, meus queridos. Só mesmo o valente Lima Barreto para fazer uma crítica violenta aos jornais mais importantes da época (ele irá, ao longo do livro, espinafrar outros jornais e jornalistas). Satirizar violentamente os próprios donos dos jornais. E isso num tempo onde o escritor não tinha internet para se defender. Existia imprensa alternativa, mas eram, naturalmente, iniciativas desprovidas de capital e com circulação quase ridícula.

O primeiro jornal que o protagonista conhece é O Globo (jornal fictício, o real seria fundado apenas em 1925; o Globo e o diretor ao qual o narrador se refere são, na verdade, o Correio da Manhã e seu proprietário, Edmundo Bittencourt), para onde vai atrás de um emprego que um dos jornalistas, que conhecia, havia lhe prometido. Caminha está sem comer há dois dias e espera seu amigo, que estava fora da redação naquele instante. Ouve as conversas dos jornalistas. E o narrador (o próprio personagem, mais velho), enquanto isso, faz comentários sobre a fundação daquele jornal. Esse é um trecho interessante também, mas não copiei. Ele diz que O Globo fora criado há pouco tempo, pela iniciativa de um playboy nunca antes vinculado ao jornalismo ou à literatura. E logo chama a atenção do público pela virulência com que passa a atacar o governo e as autoridades. A redação do Globo, diz o narrador, funcionava com um pequeno exército. O general (o dono do jornal) escolhia suas vítimas entre as espécimes da classe política e ordenava que seus soldados disparassem impiedosamente contra o alvo. Todos trabalhavam com esse objetivo, inclusive os comediantes, ou chargistas, que se encarregavam de aplicar o tiro de misericórdia na vítima já combalida, em retirada.

*

Enfim, parece que a imprensa da época de Lima não mudou muito de lá pra cá. Durante a recente crise que assolou o mundo, nossos jornalistas babaram de euforia. A Miriam Leitão, que só por estar de férias faz o céu ficar mais azul no Brasil, entrevistou, no auge da crise, o tal José Pastore, que afirmou que o Brasil deveria perder este ano cerca de 1 milhão de empregos. Uma amiga minha, que trabalhou 12 anos no Estadão, riu quando eu falei isso, porque ela me contou que todo mundo entrevistava o Pastore, o cara mais conservador que ela conhecia. Pois bem, a expectativa do governo e do mercado agora é de que o Brasil CRIE um milhão de empregos esse ano. Mas ninguém vai lá cobrar explicação do Pastore, que forma, junto com Marco Antônio Vila e Roberto Romano, a tríade dos sábios que a imprensa entrevista sempre que precisa de alguém para corroborar suas teses pré-fabricadas e atacar o governo Lula.

*

E agora, para encerrar o post, uma matéria, minha mesmo, acompanhada de tabela e gráfico, sobre os números do Caged sobre o emprego no Brasil em agosto, divulgados hoje.


O Ministério do Trabalho divulgou os dados do emprego em agosto. Segundo o Cadastro Geral do Emprego (Caged), houve um volume de empregos admitidos, em agosto, da ordem de 1,457 milhão de postos de trabalho. Considerando as demissões, o saldo em agosto ficou positivo em 242.126 postos. Ou seja, o Brasil emerge, nos estertores da maior crise econômica desde a II Guerra, com um mercado de trabalho ainda maior do que aquele com que entrou.

Para efeito de comparação, observe os meses de agosto dos últimos quatro anos do governo FHC, com os últimos quatro anos de Lula. Parece que falamos de países diferentes. A geração de empregos na era FHC foi medíocre, porque o governo era incompetente. A fama de "bons gestores" dos tucanos é a maior falácia da histórica republicana nacional. Eles deixaram o país de joelhos, pedindo esmolas aos Estados Unidos. E isso por várias razões. Por isso, sempre que você ouvir falar que Lula deu "continuidade" à política econômica, não acredite, e rebata com os seguintes argumentos:

1) O governo passou a investir muito dinheiro na base da pirâmide social, dinamizando um vasto segmento de cidadãos antes excluídos do mercado de consumo. Pessoas que não tinham dinheiro para adquirir alimentos, passaram a tê-lo, e isso faz muita diferença em áreas carentes.

2) Houve uma política muito mais agressiva de redução de juros, os quais já atingiram o patamar mais baixo das últimas décadas.

3) Valorização do salário mínimo, através de decisão política do próprio presidente da República, o que permitiu uma relevante elevação do poder aquisitivo dos trabalhadores. O salário mínimo, cotado a 56 dólares no apagar das luzes do governo FHC, deverá saltar, ao final do governo Lula, para 266 dólares. Isso é quase inacreditável. É difícil achar gente que acreditasse, em 2002, que o salário mínimo pudesse registrar um impressionante ganho real em 6 anos, sem quebrar o país, causar um desemprego maciço, ou incentivar a informalização do trabalho. Pois bem, o salário mínimo cresceu 5 vezes (em dólar), houve uma geração maciça de empregos e a taxa de informalidade no Brasil vem caindo a um ritmo acelerado.

4) Democratização do crédito, através de diversas medidas: criação do crédito consignado; aumento do crédito pelos bancos públicos, ampliação de carteiras, etc.

5) Aumento das verbas destinadas à agricultura familiar.

Bem, não dá para listar tudo aqui. Esse post é só para indicar como é falso e capcioso o argumento de que o governo Lula apenas "deu continuidade". É falta do que falar. Lula não mudou a moeda, manteve uma política monetária prudente e conservadora, e deixou o câmbio livre. Mas nem isso pode ser chamado de continuidade, já que FHC fez uma gestão cambial extremamente temerária e inclusive golpista - pois segurou, a custa de dezenas de bilhões de nossas reservas internacionais, um câmbio artificial, apenas para evitar uma crise que atrapalhasse a sua reeleição. Uma reeleição, sempre é bom lembrar, que por si só foi um golpe de Estado, já que ele patrocinou a mudança nas regras eleitorais para si mesmo.

A classe média, no entanto, continua repetindo o mantra da continuidade, disseminado pela mídia, com a pachorra de um papagaio. Não é possível, porém, que o bom senso dessas pessoas esteja tão destruído que pretendam desviar os olhos a todas as evidências.


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Os gráficos prometidos (me deu uma trabalheira danada compilar e editar da forma simplificada como está). Clique neles para ver num tamanho decente:


14 comentarios

Luiz disse...

Miguel dois vultos da literatura brasileira que eu sou "fã de carteirinha" é o Lima e o Nelson Rodrigues.

Eu li o Aldebarã há alguns anos, eu não me lembro do Lima morando no centro eu achava que ele tinha ido da Ilha direto para Todos os Santos. Eu li todos os livros, contos e cronicas dele. O Recordações é a 1ª denuncia contra o PIG e o seu modo de fazer jornalismo (Isso custou muito caro para ele), lendo varias coisas dele nota-se que ele estava muito a frente de sua epoca ele adimirava muitos as arvores grandes e antigas além das construções coloniais ele pode ser considerado um pioneiro na defesa da ecologia e da preservação do patrimonio histórico, uma pena, é que nunca ninguém escreveu sobre isso.

abç

Miguel do Rosário disse...

Oi Luiz, eu resumi muito e então ficou confuso. Lima morou no centro na infância e início da adolescência. Depois seu pai se mudou para a Ilha do Governador, quando foi demitido como tipógrafo (após a República em 1889) e conseguiu emprego como diretor de um sanatório, e ele foi pra lá. Mas depois morou um pouco em pensões, na juventude, no centro. E, por fim, mudou-se para o subúrbio mais afastado (esqueci agora exatamente onde).

Grande abraço,
Miguel

Miguel do Rosário disse...

Ah, sobre as pensões no centro, acho que não. Ele morou no centro na infância e início da adolescência, como disse. Mas estava sempre por aqui. Seu pai morou na rua do Rezende, e o Lima estudou num colégio na mesma rua.

Luiz disse...

O livro Recordações... É dedicado ao Jornalista (de verdade) Irineu Marinho, será que foi daí que ele teve a idéia do nome do seu futuro jornal?

O Lima só teve uma previsão furada, foi sobre o futebol futebol, ele o abominava.

O Lima morou em Todos os Santos na rua Major Mascarenhas,42 fui criado ali perto e varias vezes passei por essa rua. Eu fui criado no bairro do Encantado dali até o Meier (Eng. de Dentro e Todos os Santos ficam no caminho) passaram além do Lima, Cruz de Souza, Araci de Almeida, Orlando Silva,Valdir Azevedo, Fernanda Montenegro e os irmãos Fernandes Helio e Millor.


A antitese do Lima foi o Paulo Barreto o João do Rio, que além de negro era homosexual (Foi também um personagem do Recordações) foi jornalista e escritor de sucesso foi da academia muito novo e morreu novo também quase na mesma epoca fica aí outra sugestão de estudo da "alma das ruas" da nossa cidade.

Sandro Stahl disse...

Miguel, com relação ao sálario mínimo, (me lembro de discussões no congresso para aumentar a 100 dólares, e o governo FHC dizia ser impossível) o argumento usado pelas viúvas de FHC, é de que o dólar caiu muito de valor e por isso a valorização se deu em tão grande escala. Tive vontade de fazer um comparativo para medir a vlorização real, considerando a desvalorização do dólar, mas não tive tempo. Você que está sempre as voltas com gráficos e tabelas não tem tais dados, para mostrar por quantas vezes se multiplicou o mínimo efetivamente? Abraço.

Miguel do Rosário disse...

Ah, é verdade, Luiz. O Globo foi fundado em 1925. O livro saiu em 1909. Bem lembrado. O personagem e o jornal aos quais Lima se referem são o Edmundo Bittencourt, dono do Correio da Manhã.

Miguel do Rosário disse...

Sandro, posso fazer isso sim. é fácil. mas de cara podemos ver que isso é balela, pois o dólar chegou a quase 4 reais ao final de 2002. A valorização real em 6 anos foi enorme. Depois eu vejo isso em valores reais e de poder aquisitivo. O ideal é comparar com o preço da cesta básica. Deve ser fácil encontrar isso por aí.

José Carlos Lima disse...

Pus este ótimo texto na seção de links "participantes da inquetação," do meu blog.

Linká-lo foi uma forma de estar contando de forma permanente, para os que visitam meu blog, esta interessante relato.

Um personagem marcado por sua inquietude, negritude, irregularidade e outros coisas que colocam os grandes espíritos na clandestinidade

carlos disse...

bravo, miguel,

parabéns pela lógica "destrutiva" do pig,pelas lembranças históricas e pela carga de emoção.

pois é, meu caro, só a razão não desmonta essa armadilha que é a grande imprensa nacional. há de se ver os fatos históricos e externar nossos sentimentos de indignação. o amigo é um mestre nessa empreitada.

saudações

Sandro Stahl disse...

Miguel dei uma rapida olhada no preço da cesta básica e chega a ser covardia. Em 2002 a cesta custava, em São Paulo, R$154,74 e o sálario era R$200,00 e em 2008 a cesta custava R$214,63 e o salário minimo era R$415,00, ou seja fraquissímo o argumento das viúvas de FHC.

Glória Leite disse...

Bom dia, Miguel

Sou a Gloria, do blog brasil mostra a tua cara'. Como andei te 'investigando' (que nem a imprensa brasileira), descobri que você reside na lapa.

Gostaria de te fazer uma pergunta.

Um amigo está indo para o Brasil e precisa urgente de um quarto na Lapa. Você poderia me dar ainda hoje informação sobre a possibilidade de um local para ele morar por uns 10 dias? Outra coisa. É seguro andar pelo bairro durante a noite ainda mais sendo ele alemão, isto é, estrangeiro?
Gostaria de te passar o email dele, mas como não estou autorizada a fazê-lo no blog, te envio o meu ( gloria.leite@googlemail.com ) e daí, quando você me responder por email, te envio o dele. Fico no aguardo.

Abraço

Luis Henrique disse...

Trecho de Angústia (1936), do Graciliano Ramos:

(...)
Medo da opinião pública? Não existe opinião pública. O leitor de jornais admite uma chusma de opiniões desencontradas, assevera isso, assevera aquilo, atrapalha-se e não sabe para que banda vai. Ouvindo-o, penso no tempo em que os homens não liam jornais. Penso em Filipe Benigno, que tinha um certo número de idéias bastante seguras, no velho Trajano, que tinha idéias muito reduzidas, em mestre Domingos, que era privado de idéias e vivia feliz. E lamento esta balbúrdia, esta torre de Babel em que se atarantam os frequentadores do café. Quero bradar:
- Eles escrevem assim porque receberam ordem para escrever assim. Depois escreverão de outra forma. É tapeação, é safadeza.
(...)

Miguel do Rosário disse...

Oi Luis, que boa citação deste livro extraordinário! Ah, deu vontade de relê-lo também! Aliás, é um livro essencial na literatura brasileira, talvez um dos romances mais completos já escritos no país.

felipe disse...

Prezado Miguel, eu estou utilizando este espaço pois não encontrei outro adequado. Eu gostaria que voce comentasse a entrevista de Ciro Gomes na Band com Boris Casoy. Eu continuo votando na Dilma mas a impressão que tive é que tanto ela quanto José Serra terão um competidor bem preparado. Agora eu entendo porque Lula não quer que Ciro dispute a presidência. José Serra que se cuide...

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