14 de dezembro de 2009

It's show time!




A desistência de Aécio, se confirmada, facilita imensamente a vida dos analistas políticos. Quando li a nota de Ilimar Franco, no Globo deste domingo, suspirei de alívio. O Brasil inteiro, acho eu. Uma campanha presidencial é coisa séria, que chacoalha profundamente as expectativas da sociedade. De maneira que todos se irritavam com a fleuma tucana, ou antes, serrista, incapaz de um sinal que permitisse às forças políticas, a começar por seus próprios aliados, iniciarem as complexas articulações que se fazem necessárias ao grande embate que se espera em 2010.

Apesar de pertencerem à mesma agremiação, os dois nomes mais fortes do PSDB pareciam caminhar em sentidos opostos. Tanto que se cogitou seriamente, por muito tempo, na possibilidade de Aécio mudar de partido. O PMDB cortejou o governador à luz do dia, na frente da noiva. A imprensa assistiu a paquera meio atônita, sem saber se tal reviravolta seria coisa muito boa, uma estratégia excelente para derrotar o lulismo, ou muito ruim, pois debilitaria severamente o principal partido da oposição.

Afinal tudo se resolveu da forma mais convencional possível, mas também um tanto melancolicamente para o tucanato, pois deu-se a impressão de que Aécio, uma inegável força eleitoral, saiu magoado. Ele deu declarações duras contra o PSDB. Afirmou que esperava prévias no partido; ao que parece, Serra não se esforçou para fazê-las. Como de praxe, o governador de São Paulo manobrou nos bastidores. Mas Aécio deu o troco. Encontrou-se afavelmente com Ciro Gomes, inimigo figadal de Serra e talvez um competidor perigoso nas eleições estaduais do maior colégio eleitoral do país.

A candidatura de Dilma Rousseff, por seu lado, vem crescendo, mais devagar do que se esperava, mas de forma consistente. Mais importante: Lula permanece um fenômeno quase místico. Não dá nem para acreditar. 92% de popularidade no Nordeste é algo verdadeiramente assombroso. O Nordeste tornou-se uma inexpugnável fortaleza do lulismo. A imprensa internacional se derrama em elogios sucessivos ao presidente brasileiro. A esquerda latino-americana, para constrangimento de setores oposicionistas da ultra-esquerda brasileira, continua reverenciando "o cara". E para enlouquecer de vez aqueles que assumiram como missão de vida destruir Lula, o maior produtor brasileiro, o lendário Luis Carlos Barreto, lança no início de 2010 uma super-produção sobre a vida do ex-metalúrgico, o sindicalista sem dedo, analfabeto, grosseirão, que devorava meninos na cadeia!

*

O fác-simile no início do post é da coluna de Ilimar Franco de domingo, jornal O Globo, que informa, bastante assertivamente, sobre a desistência de Aécio. Se não for verdade, culpem o Ilimar.

15 comentarios

Anônimo disse...

Prezado,

Admiro muito os seus textos. Por um lapso na revisão, o que é muito comum para quem escreve bem e bastante, a palavra figadal foi digitada de forma errada. Esse insignificante deslize formal em nada ofusca o brilhante texto publicado.

Abraços,
Marcelo Rosseti

Guilherme Menezes disse...

Olá! Só um ponto, essa "notícia" a que vc se refere não parece oficial. Já é a segunda coluna que espalha um boato semelhante. Abrs.

Thiago disse...

Onde saiu essa notícia?

Miguel do Rosário disse...

obrigado, marcelo. abraço.

Miguel do Rosário disse...

oi brasil, eu vi no ilimar franco, no globo deste domingo. até pensei que já tinha se dissseminado geral na rede. vou reproduzir aqui o fac-símile do jornal.

Miguel do Rosário disse...

ajeitei a crônica. Incluí um "se confirmado" e enfatizei de onde extraí a informação.

Anônimo disse...

Miguel, em qual pesquisa você se baseia para dizer que a candidatura da ministra Dilma não está crescendo. Você teve acesso a alguma pesquisa confiável que nós não tivemos?
Obrigado pelo trabalho, gosto demais do seu texto.
Você conhece o livro "O trato dos viventes", de Luís Filipe de Alencastro?
Maria Luiza Costa

Miguel do Rosário disse...

Maria, eu não disse isso. Eu disse o contrário disso. Que ela está crescendo, mais lentamente do que se esperava (? aí você pode criticar), mas DE FORMA CONSISTENTE. Não li esse livro não. É muito bom?

Abraço.

Anônimo disse...

Caro Miguel do Rosário - ADOREI o figadal!! kkk! Deu um belo toque de humor no fígado.
Abraços
Poeta Xandu

Miguel do Rosário disse...

Falou Xandu! Bem vindo. Abraço.

Anônimo disse...

de pleno acordo com o marcelo - porque penso que o Rosario e o Cloaca sao de longe os melhores textos da nossa qualificada blogosfera.
Parabens a eles! deles precisamos cada dia para nossa informaçao

Anônimo disse...

A melhor chapa para o país agora, por mais impossível que fosse, seria Aécio como vice DE DILMA, lembrando de incluir nos ministérios Ciro Gomes, Cristovam Buarque e Marina Silva.

MARCELO disse...

Bom dia:

O Serra ficou no mato sem cachorro. Se bobear ele nem sai candidato a Presidente, vai pra reeleição.

É capaz da Tia Dilma não ter concorrente, já pensaram????

EU JÁ VOTEI NO CARA, AGORA É NA COROA

Abraços

Capitão Óbvio disse...

Que a VEJA é um panfleto sem pretensões jornalísticas, ninguém duvida. Mas às vezes a cara de pau surpreende.

Na última edição da revista (2144, de 23 de dezembro de 2009), VEJA publica um artigo intitulado "A hora de Serra". Mostrando uma foto do governador sorridente, ao lado de Aécio, e com a legenda "Harmonia tucana", o artigo diz:

"O governador de Minas, Aécio Neves, abre o caminho para que seu colega paulista seja o candidato do PSDB à Presidência em 2010. Mas o mineiro ainda pode aparecer nessa chapa"

O artigo diz que o mineiro é "muitíssimo bem avaliado em seu estado e festejado por políticos em todo o país", enquanto "Serra personifica a esperança de alternância de poder no Brasil".

Já Dilma, "passou a semana preocupada em apagar um incêndio criado pelo presidente Lula", tendo que "cuidar para que a definição do seu companheiro de chapa não se transforme em pesadelo".

O maior anunciante

O maior anunciante de VEJA dessa semana, com 20 (vinte!) páginas de anúncios pagos, foram as Sandálias Havaianas.

Ao anunciar em VEJA a empresa atinge, talvez, 1% da população de maior poder aquisitivo. Mas patrocinam um veículo de comunicação engajado em uma guerra contra um governo apoiado por 80% da população.

Minha proposta é a seguinte: se você apóia o presidente Lula, não compre Havaianas esse verão. Isso inclui, naturalmente, as compras de férias e natal.

Semana que vem, veremos outros anunciantes de produtos populares que patrocinam as mentiras de VEJA.

Fonte: http://capitao-obvio.blogspot.com/2009/12/quem-patrocina-veja.html

(Por favor, divulgue!)

Marcio Tavares disse...

Dilma disparou!

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