25 de abril de 2010

Estadão ataca a UNE, de novo

Os jornalões não deixam a garotada em paz. O maior sonho da imprensa bicuda era que os estudantes dançassem conforme a música que ela, a imprensa, toca. Mas eles não o fazem. Em editorial deste domingo, o Estadão faz outro ataque violentíssimo à União Nacional dos Estudantes (UNE). Achei que valia a pena, neste caso, fazer aquele esquema dos comentários em vermelho.


Editorial Estadão: O valor da UNE

Depois de ter sido aprovado pela Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, o projeto que autoriza a União a doar até R$ 30 milhões para a construção da nova sede da União Nacional dos Estudantes (UNE) agora só depende da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) para ser convertido em lei. O movimento estudantil está pedindo que o texto seja posto em votação em maio ou, no máximo, em junho, uma vez que a legislação proíbe esse tipo de repasse nos cinco meses que antecedem as eleições.

A UNE tem fortes ligações com o governo do PT e sente-se à vontade para pedir urgência. Desde a ascensão de Lula ao poder, a UNE tornou-se uma entidade chapa-branca, que apoia todas as iniciativas administrativas e políticas do Palácio do Planalto.

[Mentira. A UNE sempre divergiu da política econômica do Banco Central, tendo organizado inclusive inúmeras manifestações. De resto, o governo Lula dialoga com os estudantes, diferentemente de FHC, que nunca sequer recebeu nenhuma liderança estudantil. Lula conversa com eles e acatou muitas de suas sugestões. É claro que a UNE apoiará iniciativas que ela mesma sugeriu. Essa é uma das fórmulas da popularidade de Lula, e a mídia oposicionista, burra, ainda não aprendeu, acostumada que está com as decisões autoritárias, sem diálogo com os movimentos sociais, que caracterizam as gestões tucanas. ]

Em troca, indicou antigos dirigentes estudantis para cargos de segundo escalão, principalmente no Ministério do Esporte, e passou a receber recursos para divulgar programas dos Ministérios da Educação, da Saúde, da Cultura e da Igualdade Racial, promover "caravanas da cidadania" em universidades federais, realizar jogos estudantis e organizar ciclos de debates.

[E daí? Não há nada de antiético nisso. Dirigentes estudantis não são plutocratas como os tucanos: empreiteiros, financistas milionários, donos de canais de tv. São pessoas com talento para política e, portanto, com plena capacidade de exercer funções políticas dentro do governo. Precisam trabalhar para ganhar a vida. O Estadão não vê problema na prefeitura de São Paulo pagar pequenas fortunas a aspones inúteis como Roberto Freire et caterva, mas implica com meia dúzia de empregos mal pagos que alguns ex-dirigentes estudantis conseguem cavar no governo.]

Os repasses de recursos públicos quase quadruplicaram nos dois mandatos do presidente Lula. Em 2004, a UNE recebeu R$ 599 mil. No ano passado, as transferências chegaram a R$ 2,95 milhões. Entre 2004 e 2009 a UNE recebeu quase R$ 10 milhões da administração direta e de empresas estatais, como a Petrobrás, a Eletrobrás, a Caixa Econômica e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social.

[A UNE já cansou de informar que esses repassem resultam, na maior parte, de emendas de parlamentares, inclusive de parlamentares do PSDB e DEM. De qualquer forma, os repasses aumentaram porque a base de comparação é fraca. FHC deixou a UNE à míngua, sem recursos, sem participação, marginalizada. É muito engraçado que o Estadão, que recebe milhões de verbas oficiais de governos de todos os níveis, critique a maior entidade estudantil da América Latina por receber 2,95 milhões. O Estadão recebe muito mais que isso. A UNE é uma entidade respeitada por sua história, e luta para obter verbas para realizar suas políticas. Ridículo imaginar que é possível dinamizar a UNE sem dinheiro. O Estadão, ao atacar violentamente a UNE, prejudica sua imagem junto à sociedade civil, e dificulta que o movimento consiga arrecadar verbas junto à iniciativa privada, o que, de qualquer forma, sempre será polêmico, visto que a iniciativa privada, quando der dinheiro à UNE, irá querer cooptá-la. Já as verbas públicas operam com lógica republicana. A UNE, assim como o Estadão, conseguiria dinheiro do Estado mesmo fazendo oposição, desde que o Estado não seja governado por bicudinhos vingativos, reacionários e mesquinhos.]

E, há dois anos, o presidente Lula prometeu financiar a reconstrução da sede da entidade no Rio de Janeiro, que foi metralhada, depredada e incendiada no primeiro dia do golpe militar de 64. Os escombros ficaram sob responsabilidade da Universidade Federal do Rio de Janeiro e, quando líderes estudantis começaram a se mobilizar para retomá-lo, o que ainda restava foi demolido em 1980, no governo João Figueiredo.

Como a UNE não é uma entidade pública, o governo não poderia transferir dinheiro dos contribuintes para custear as obras. Para contornar as proibições legais, Lula recorreu ao expediente da "indenização". Primeiro, reconheceu a responsabilidade da União na destruição do prédio da entidade, que ficava na Praia do Flamengo.

E, sob a alegação de que quem é omisso, negligente ou conivente tem de ressarcir os prejuízos causados, assinou o projeto que autoriza a União a transferir para a UNE uma "reparação" no montante equivalente a seis vezes o valor do terreno, pelo valor de mercado. A pedido do governo, a área foi avaliada há cerca de dois anos pela Caixa Econômica Federal, em R$ 5 milhões.

Para se autossustentar, caso venha a perder no próximo governo as boquinhas que conquistou nos dois mandatos do presidente Lula, a UNE pretende erguer, além de um centro cultural, uma biblioteca, um auditório e um museu, um restaurante, dois teatros e um prédio de 13 andares - com espaços com entradas independentes que poderão ser alugados para empresas privadas, empresas públicas e sociedades de economia mista.

[Depois de três parágrafos descritivos, o Estadão inicia o quarto com uma baixaria. Boquinha? Quem tem boquinha é o Roberto Freire, que não faz nada e ganha salário da prefeitura de São Paulo. Se tem algum dirigente estudantil trabalhando no governo, o Estadão poderia ter a hombridade de dizer quem é, quantos são, o que fazem, quanto ganham. Aí poderíamos compará-los com aquele traste do PPS.]

O repasse a título de "reparação", os convênios com vários órgãos da administração federal e a concessão de benesses, como o monopólio na expedição de carteiras estudantis, mostram como o governo Lula cooptou movimentos sociais, patrocinou ONGs vinculadas ao PT e financiou entidades pseudofilantrópicas mantidas por centrais sindicais. Em troca de dinheiro público, essas entidades perdem sua representatividade.

[Aí já virou um saladão mucho crazy. O Estadão estava falando da UNE e agora parte para ONGs vinculadas ao PT e entidades... Ora, mantenha o foco, senhor editorialista! Acabo de ler que o governo de SP acertou o pagamento de 456 milhões de reais a empreiteiras, a título de atrasos de anos anteriores. Lindo, não! Eles não tem nenhum pudor em fazer milhares de assinaturas da Folha e Estadão, mas a UNE, a subversiva, deve morrer de fome. ]

É por isso que a UNE não exerce hoje o importante papel político que exerceu no passado, quando formou atuantes líderes que atualmente estão no proscênio da vida pública.

[São uns cínicos. O Estadão sempre combateu a UNE. Não apenas o Estadão, todos os jornais atacavam a UNE na década de 60, usando os mesmos argumentos de hoje. Os mesmos. Chamavam a UNE de chapa-branca porque apoiava João Goulart e, como a mídia fazia oposição ferrenha ao governo, diziam que a UNE havia perdido seu importante papel político. A UNE perdeu importância sim, mas sobretudo por causa da despolitização do jovem, processo para o qual a ditadura militar, apoiada pelo Estadão, muito contribuiu. ]

Dirigida nas duas últimas décadas por estudantes profissionais vinculados ao PT e ao PC do B e moralmente desfigurada por negociar apoio político ao governo em troca de regalias e privilégios, a União Nacional dos Estudantes carece de autoridade e de credibilidade. Seus "posicionamentos" não valem mais do que um bilhete usado de metrô.

[Mãe, traz mais um misto-quente! O editorialista do Estadão parece um garoto mimado de 60 anos que ainda vive com a mãe. Os posicionamentos da UNE não valem nada? Ué, senão valem nada, porque escrever um editorial sobre ela? Por acaso se chuta cachorro morto? Nada disso, mané. Esse editorial é prova de que a UNE está viva. Tem peso político. Continua incomodando os mesmos engomadinhos de gravata borboleta que há cinquenta anos escrevem a mesma coisa. Mãe, outro toddynho!]

5 comentarios

jader resende disse...

Setembro Negro deixou o mundo conhecendo OLIMPIAZENTRUN em Munique e toda aquela obra dos jogos Olímpicos são de domínio universitário, será que nunca ouviram falar nas facilidades e importância dada por governos no mundo a universidade.
Muito bom seu esclarecimento, não existe um direito de resposta?
Abraços

José Carlos Lima disse...

Eita...se vc pudesse fazer essas interferências em vermelho no Jornal Nacional...rsss

José Carlos Lima disse...

Se não nos é possivel desmentir estes picaretas dos telejornais, pelo menos na web já é um bom caminho, pois pesquisas recentes indicam que mais de 60% das pessoas assistem à TV e navegam pela internet ao mesmo tempo

José Marcio disse...

A Igreja Católica não é entidade pública e, no entanto, o BNDES doa milhões de Reais para a restauração dos seus templos, sob o pretexto de que os prédios fazem parte do acervo cultural do país.
Para saber mais: http://www.bndes.gov.br/SiteBNDES/bndes/bndes_pt/Areas_de_Atuacao/Cultura/Patrimonio_Historico_e_Arqueologico/regulamento.html
Sou funcionário aposentado do BNDES e posso garantir que a Igreja Católica é a entidade mais beneficiada por estes projetos.

Unknown disse...

Gostei da citação sobre o cadáver político Roberto Freire.
Trata-se de uma pustula.

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