18 de junho de 2007

Golpismos tropicais

O Renan Calheiros nunca foi flor que se cheire. Todo mundo sabia. O Fernando Henrique Cardoso sabia. Tanto que o convidou para ser Ministro da Justiça. Outro podre de Calheiros foi ter feito parte da famosa tropa de choque do ex-presidente Fernando Collor de Mello. O mesmo Collor que foi alçado aos céus do poder pela mídia. Quem nao se lembra da capa da Veja: O Caçador de Marajas. Lembrando disso hoje, da vontade de rir. De nervoso. Ha tempos que a Veja vem elegendo e depondo poderosos, de maneira totalmente arbitraria e interesseira.

Calheiros era adversário de Lula no primeiro mandato. No segundo, depois da goleada que Lula deu na oposição, aí incluindo a mídia, Calheiros se rendeu à força política do presidente. Desta vez, Lula sabia que precisava do PMDB para haver um mínimo de equilíbrio entre o Executivo e o Legislativo. Não tinha outro jeito. Quem não entende essa necessidade do governo federal sofre de hipocrisia ou desconhecimento do poder desestabilizador do Legislativo.

Aliás, a hipocrisia é o conceito chave para se pensar a política nacional. FHC patrocinou uma lei para mudar a Constituição e aprovar a reeleição em PLENO MANDATO. E nunca vi um colunista denunciar isso, ainda mais considerando todas as denúncias de compras de votos de deputados para aprovar a tal lei. FHC prorrogou, deliberadamente, uma situação cambial artificial, para ganhar as eleições em 1998, produzindo uma crise cambial profunda no início de 1999, que fez o Brasil perder bilhões em reservas. Ninguém reclamou. Ninguém disse que aquilo não era ético.

O Luiz Nassif publicou, há poucas semanas, um livro intitulado Cabeça de Planilha, em que acusa, com provas, que a turma do Fernando Henrique se beneficiou da crise cambial. Acredito. Estão todos bilionários.

A privatização foi feita com espirito colonial. Vendemos a Vale do Rio Doce pela bagatela subavaliada de 3 bilhões de dólares, a maior parte paga em moedas podres! E ainda vem alguns débeis mentais dizendo que foi melhor assim, porque em caso contrário a Vale poderia estar sendo administrada por um Delúbio Soares. Ora, vão plantar couve no Chapadão do Raio que o Parta. A Vale poderia ter sido vendida em parte, por valores muito mais altos. O Brasil possui as maiores reservas de minério de ferro do mundo. A Vale passou 50 anos pesquisando o subsolo brasileiro e entregamos de mão beijada todo o know-how para outrém. A Miriam Leitão é a maior cara de pau da história da humanidade quando fala que a Vale não dava lucro antes da privatização e agora dá lucro. O preço do minério de ferro, antes da privatização, era de cerca de 15 a 20 dólares a tonelada. Agora, está em mais de US$ 100 e crescendo. Claro que agora dá lucro. Sabem porque FHC vendeu com tanta pressa? Por que os analistas do setor sabiam que, com o crescimento acelerado da China e outros países asiáticos, o mercado de ferro iria explodir a qualquer momento. Os preços chegariam as alturas. Se o fato acontecesse antes da privatização, a Vale começaria a dar lucros extraordinários (como dá hoje) e o governo não teria como justificar um abominável entreguismo. Ou antes, o preço de avaliação da Vale teria que ser multiplicado por 10,20, 500.

O minério de ferro é uma riqueza não renovável. FHC, se fosse honesto e bem intencionado, poderia ter iniciado um saudável processo de abertura de capital da Vale, permitindo o aumento de capital estrangeiro, mas mantendo o controle nas mãos do governo.

Voltando ao assunto Renan. A imprensa golpista quer derruba-lo a todo custo. Veja, Estadão e Globo decidiram revirar a vida do senador. Os cães investigativos foram atrás de amantes, dívidas, declarações de imposto de renda, em busca de fatos e notícias que prejudiquem a imagem de Calheiros. A estratégia foi iniciada pela Veja, mas logo comprada por todos os que jogam no mesmo time. A perseguiçao contra Renan raia o ridiculo total. Globo, Folha e Veja estao rastreando cada conta do senador. Verificando o preço de cada boi. Vasculhando cada amante que ele teve no periodo. O ironico é que todas as investigaçoes se restringem ao periodo posterior a 2003. Claro, nao querem encontrar nenhum podre do senador na epoca em que ele foi ministro da Justiça... do FHC.

Tem que ser muito inocente para não ver nesse novo bombardeio midiático contra o senador as seguintes intenções:

1 – Criar uma atmosfera de crise política, o que sempre reflete negativamente no governo.
2 – Abafar as grandes operações da Polícia Federal.
3 – Derrubar Renan Calheiros e colocar alguém do PSDB ou do DEM na presidência do Senado, passo necessário para paralisar de vez o país e, eventualmente, derrubar Lula.

8 comentarios

Anônimo disse...

me dá uma gastura quando lembro que na época da privataria tucano-DEMente o saudoso Raul Cortez aparecia todo dia na telinha da Globo para, fazendo um contra-ponto à maioria da população, dizer " A VALE NÃO VALE"

não vale, heim?

uma quadrilha, isso sim, é o que se pode se chamar esta turma de tucano-DEMentes que dilapidram o Brasil, doaram o patrimÔnio e, por pouco, não levaram o Brasil à bancarrota assim como seus congêneres provocaram na Argentina

wilson cunha junior disse...

Peço permissão para distribuir este texto entre meus conhecidos.

Miguel do Rosário disse...

claro que tem permissao, wilson

José Carlos Lima disse...

estudo recente de um parlamentar, não me lembro que, dá conta de que uma grande quantidade de cidades do nordeste não têm celular.

e quanto aos fixos, os orelhões, estão à deriva, uma vez que não são consertados.

isso já era esperado, uma vez que as empresas privadas buscam lucro e por isso, apesar de que a nossa Consituição Federal rezar que as empresas têm uma função social, isto não é cumprido

de forma que é uma balela alerdar por aí que foi um sucesso a privatização das telecomunicações

fora o fato dos preços exorbitantes das tarifas que, apesar de todos os esforços, o governo Lula não conseguiu baixar

é que a quadrilha da privataria, boba que não é, colocou tudo no papel, os tais contratos da privatização

qualquer tentativa no sentido de beneficiar a população, alardeiam por aí que o Brasil está quebrando contratos, o que afasta investimento estrangeiro

como se vê, a quadrilha tucano-DEMente colocou-nos numa arapuca

é o tal Estado mínimo para o povão e o Estado máximo para eles, afinal de contas, para onde foram os 97 bilhões do deságio da
Vale do Rio Doce senão para os bolos da quadrilha tucano-DEMente?

um exemplo de desmando tucano-DEMente e de consequências do jeito deles governarem é o Estado de Goiás

nos últimos dias a imprensa goiana, assim de forma meio tímida e tentando jogar a culpa noutros governos ( apesar de que os últimos 8 anos o governo esteve nas mãos de Marconni Perillo ( PSDB ), de há mais de 10 ou mais anos.

uma prova do quanto é desastrada tal visão de "Estado mínimo para o povão e máximo para os tucanos-DEMentes" é que as grandes indústrias, como a Mitsubishi, foram isentadas de pagar ICMS.

Como uma mão lava a outra, a Mitsubishi foi uma das maiores doadoras de grana para a eleição de Marconi Perillo ao senado que, é claro, com grana sobrando, foi eleito e, além disso, elegeu seu sucessor, o DEMente Alcides Rodrigues.

A situação de Goiás no momento é esta:

as aulas de 2007 ainda não começaram, uma vez que os professores estão em greve por não receberem seus salários

na saúde o quadro é caótico

na segurança pública, a polícia está executando as pessoas. Prendem, levam pra mata, torturam e mata e, ainda tem a coragem de dizer, na mídia, que os bandidos reagiram.

como reagiram se os caras foram presos, torturados e depois mortos.

isto é apenas uma pincelada acerca do que estado de coisas ao qual chegamos em Goiás por conta do jeito tucano-DEMente de governar.

José Carlos Lima disse...

cont... estou enviando link para artigo publicado no jornal Diário da Manhã - Goiás, acerca da caótica situação do Estado de Goiás

http://www.diariodamanha.inf.br/digital/index.php?edicao=7162

Anônimo disse...

Miguel, admiro demais a lucidez de seus textos. Passo sempre por aqui para ler e entender melhor o que está se passando no país. Legal mesmo.

Assaz Atroz disse...

Meu caro amigo Miguel, perfeito, como sempre, este seu artigo. Inspirador, pois nos leva a pautar tantas outras linhas, baseados nesses seus irrefutáveis argumentos.

Só não concordo em que você se negue a publicar no Observatório da Imprensa, pois precisamos ocupar todos os espaços. Um texto seu no OI certamente faz a diferença. Não importa o Alberto Dines, o que importa de verdade é o que você puder publicar ali. E caso recusem seu texto, publique-o aqui e em outros espaços, inclusive registre quando o texto possa ter sido rejeitado sem justificativa por quem quer que seja.

O OI é sem dúvida um site bastante concorrido. Nós aqui nos esforçamos por disseminar nossos textos, mas não podemos prescindir de tão valioso veículo.

Manda pra eles, Miguel, o que nos interessa são os seus artigos. Se estiverem no OI, muita gente vai ler; se o OI se negar a publicá-los, a gente distribui com a nota informando a rejeição. Mas duvido que o Luiz Egypto dispense um texto seu.

Abraços.
Fernando Soares Campos

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Miguel do Rosário disse...

ta bem, fernando, vou pensar. mas tenho preferido valorizar este espaço aqui. Ja que ninguem nos paga mesmo, investimos no que é nosso, e, tirando minha esposa e meu emprego, esse blog é a unica coisa que possuo no atual momento da minha vida. abraço.

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