O Globo vem fazendo uma série de reportagens com o tema “O Brasil vive o crime sem castigo”. Acho interessante a iniciativa do Globo. De fato, temos um Judiciário extremamente leniente com crimes de corrupção. Entretanto, urge fazermos uma reflexão sobre as causas deste mal.
Em primeiro lugar, temos a ditadura militar, período no qual qualquer denúncia de corrupção mais grave era censurada. Aliás vale sempre lembrar que durante a ditadura, os jornais não noticiavam violência, corrupção, de maneira que as pessoas pensavam que o país estava bem. Durante os anos FHC, a mesma coisa. A PF não investigava e, portanto, a população não tinha idéia do grau de corrupção que grassava no país. De vez em quando, estourava um escândalo, sempre prejudicando os adversários do momento do PSDB e do PFL. Nunca estourou escândalo contra o ACM, por exemplo, no tempo em que ele foi presidente do Congresso Nacional.
Nunca estourou escândalo no tempo em que Renan Calheiros era Ministro da Justiça, e portanto comandante da Polícia Federal, do governo FHC. Alias, onde estao os historiadores para explicar as causas da corrupçao no Brasil? Este era um bom momento para entrevista-los, pois do contrario cria-se quase que um sentimento de panico e confusao na populaçao.
Sem contar que as reportagens do Globo induzem a erros de interpretaçao, como quando dizem que os casos aumentaram em 153% de 2003 a 2006, quando a verdade é que o que aumentou neste percentual foram as investigaçoes sobre os desvios. Afinal, enquanto nao se investiga, nao se sabe que ha desvio e a impressao, para a opiniao publica, é de que nao houve o desvio.
23 de junho de 2007
Legal, mas vamos às causas
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Em 2005 eu vi uma palestra do Procurador-Chefe da Fazenda Nacional em Pernambuco. A palestra versava sobre as atribuições dessa Procuradoria (conhecida pela sigla PFN). Lá pelo meio ele contou que uma de suas inglórias tarefas é representar o Brasil em litígios internacionais do Tesouro Nacional. Origem da questão: a União, em plena ditadura militar, deu aval a empréstimos internacionais de duas usinas de açúcar pernambucanas que nenhum banco tinha coragem de oferecer crédito. Como seria de esperar, não pagaram nenhum centavo e o papagaio de US$ 200 milhões está nas nossas costas de contribuintes. É esse regime picareta que a direita usa como referência de honestidade?
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