Agora estão todos falando do Vox Populi e malhando o Datafolha. Pois eu vou na contramão geral e analisarei os números do Datafolha sem julgá-los. Fiz um poema satírico chamando a pesquisa Datafolha de fraude, mas aquilo foi brincadeira. Eu ainda prefiro dar crédito à pesquisa, até porque, se alguns cenários mostraram ampliação da diferença entre Serra e Dilma, outras tabelas do mesmo Datafolha apresentaram tendências contrárias. Ou seja, mesmo que haja distorções num aspecto, outros pontos da pesquisa podem compensá-las e nos dar uma visão razoável da realidade eleitoral.
Farei isso porque o Datafolha liberou recentemente a íntegra das tabelas e posso, portanto, fazer uma análise aprofundada da conjuntura.
Peguei a pesquisa de 1 de março de 2010 para compará-la à mais recente, de 29 de março.
Seguem comentários sobre o que mais me chamou a atenção:
1) Na espontânea, por exemplo, Dilma cresceu de 10% para 12%, enquanto Serra cresceu apenas de 7% para 8%.
2) Ainda na espontânea, Dilma continua fraca entre as mulheres, apresentando 16% de intenções de voto entre os homens e somente 8% entre as mulheres. Mas Serra também tem perfomance pior no público feminino, com 6% entre mulheres e 10% entre os homens. Com esses dados, é possível chegar a uma explicação mais racional sobre o eleitorado de saias. Ele é menos ligado em politica. A prova disso é que, enquanto 51% dos homens afirmaram não saber em que candidato votar, esse percentual atingiu 67% entre as mulheres.
3) Aécio Neves, Ciro Gomes e Marina Silva ficaram para trás. A disputa será entre Serra e Dilma. Só isso já é uma grande vitória para Dilma, que até pouco tempo atrás era uma completa incógnita. Muitos apostavam em Ciro Gomes e não viam possiblidade de Dilma ter o desempenho que já apresenta.
4) Passemos aos cenários sugeridos. Cenário 1, com Ciro e Marina. Serra cresceu de 32% para 36%, enquanto Dilma perdeu 1 ponto, passando de 28% para 27%.A diferença, portanto, cresce de 4 para 9 pontos.
5) Continuando no cenário 1 do item anterior. Analisemos, em primeiro lugar, onde Serra ganhou votos. Segundo o Datafolha, o maior avanço de Serra foi entre aqueles que ganham até 2 salários mínimos, onde ele passsou de 30% para 35%. É nesse mesmo segmento que Dilma mais perdeu votos, passando de 29% (ou seja, empatada com Serra) para 26%. Ou seja, é equivocado atribuir as mudanças no Datafolha ao aumento de entrevistas em bairros nobres das grandes cidades. Ao contrário, Serra emagreceu entre a turma do andar superior, saindo de 44% na pesquisa de início de março para 39% no documento divulgado ao final do mesmo mês. Dilma, por sua vez, cresceu 3 pontos nesse "mercado de luxo", saltando de 25% para 28%.
6) Vamos para a pesquisa de rejeição. Nessa parte, temos alguns dados curiosos. Serra se firma como o segundo candidato mais rejeitado, com 25% dos entrevistados afirmando que não votariam nele "de jeito nenhum", atrás de Ciro Gomes, com 26%. Dilma tem 23% de rejeição. O aspecto curioso é a forte rejeição de Serra entre os homens: 30%; compensada por um percentual de apenas 21% entre as damas. Dilma, por sua vez, tem rejeição equilibrada em 23% para homens e mulheres, o que é bom sinal.
7) É na pesquisa por região, no entanto, que encontramos a principal explicação para o aumento das intenções de voto em José Serra. O governador de São Paulo cresce 10 pontos no Sul, saltando de 38% para 48%, e a candidata governista perde 4, passando de 24% para 20%. Serra cresceu em todas as regiões, mas é no Sul que a mudança foi mais radical. No Sudeste, Serra cresceu apenas 2 pontos; no Nordeste, cresceu 3; no Centro Oeste, muda de 32 para 34% das intenções. Já Dilma se manteve estável em todas, com exceção do Sul.
8) A se acreditar no Datafolha, é no Sul do país, portanto, que encontramos o ponto-fraco da candidatura Dilma. Em virtude disso, iremos concentrar nossa atenção no Sul. Usaremos outras tabelas, que nos permitam uma visão mais abrangente da conjuntura política na parte meridional da nação.
9) Na tabela de rejeição, Dilma ganhou 4 pontos no Sul, o que é coerente com os números mencionados anteriormente. Mas Serra também perdeu popularidade no Sul, com sua rejeição saltando de 17% para 20%. Ou seja, os dois registraram performance parecida nesse quesito.
10) Na espontânea por região, todavia, encontramos uma contradição. Dilma Rousseff registrou crescimento do voto espontâneo de 8% para 9% no Sul. Serra cresceu também, de 8% para 10%. Claro que é possível um cruzamento desse tipo, ou seja, Dilma crescer na espontânea e cair na geral. Mas não com a magnitude que se viu. Esse dado mostra que pode, realmente, ter havido alguma distorção na pesquisa do Sul.
11) Agora vamos para outra pesquisa do Datafolha, a que avalia a popularidade do governo e do presidente Lula. Vamos focar o Sul. Segundo o instituto, o percentual dos que deram nota Ótimo/Bom ao governo Lula no Sul do País saltou de 65% no início de março para 69% ao final do mesmo mês. O percentual de entrevistados sulistas que acham o governo federal Ruim/Péssimo, por sua vez, caiu de 7% para 4%. Ou seja, tem menos gente no Sul achando o governo ruim do que no Sudeste, onde este índice ficou em 5%. Esses dados também diluem a consistência do declínio de Dilma no Sul.
4 de abril de 2010
Esmiuçando a íntegra do Datafolha
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Miguel, tenho um amigo que é seu amigo, portanto não vou ficar polemizando com vc, até pq esse meu amigo me diz que vc é super gente bôa.
Assim sendo, relaxe e goze, (como disse a Ministra) mas a dilma já era sem nunca ter sido.
Reginaldo, eu estou tranquilo, relaxado. Estou apenas fazendo meu trabalho.
e que trabalho, hein, miguel?
parabéns!
GAdelha, retese os músculos e vai à luta, rapaz. Nada de relaxamentos que o teu candidato tá bem mal das pernas.
(pensando bem,melhor relaxar... tem procês mais não...)
um abraço
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