21 de outubro de 2006

Favas contadas?

Praticamente. Os 24 pontos de vantagem de Lula sobre Alckmin, segundo pesquisa do Ibope divulgada ontem, correspondem a mais de 25 milhões de votos. A vitória está garantida. Só espero que não apareça mais nenhum débil mental do PT para estragar a festa na última hora.

Lula ganha cada vez mais apoios. É como se diz, a História tem suas razões. O segundo turno trouxe Lula para o centro do palco, para os debates, para as ruas, obrigou-o a desenferrujar-se do embate político, arte na qual, mesmo seus adversários admitem, é um exímio combatente. A mesma coisa aconteceu conosco, eleitores e cidadãos. Fomos obrigados a nos expor de forma mais transparente, a deixar a timidez política de lado, a abandonar a postura confortável de ver o Lula ganhar sem muito esforço. Falo por mim, é claro, porque acompanho o trabalho duro dos companheiros, para dar só alguns exemplos, dos sites Informante, Beatrice e Amigos do Presidente, além da extraordinária atividade da blogosfera lulista.

Ontem, recebi em casa meu amigo Juliano Guilherme dos Santos, autor da obra que ilustra esse blog (no alto da coluna da direita), e filho do nosso querido Wanderley Guilherme dos Santos. Ele comentou que cancelou a assinatura do Globo depois que o jornal publicou entrevista de Demétrio Magnoli na capa do segundo caderno. Magnoli tentou ofender a honra intelectual de Wanderley, taxando-o pejorativamente de "intelectual petista". Ora, Wanderley tem mais de 30 anos de estudos, livros publicados, artigos, experiência editorial, e vem um bobo-alegre mal saído das fraldas acadêmicas, falar um negócio desses?

Juliano contou-me que, no dia seguinte à entrevista, o próprio jornal Globo ligou para casa de Wanderley, oferecendo direito de resposta. Wanderley nem quis. Respondeu que nem se daria ao trabalho: "o que vem de baixo não me atinge", disse. Também recebeu telefonemas de dezenas de intelectuais, pesquisadores e acadêmicos, inclusive da direita, prestando solidariedade pela diabrite de Magnoli.

Então é assim: intelectual de verdade é o que defende o PSDB e escreve pro Globo ou pra Veja. O resto são "intelectuais petistas". Intelectual é ele, Magnoli, Reinaldo Azedo, Arnaldo Rancor, Diéca Maimerda, esses caras. Que importa se Lula terá mais de 60 milhões de votos e aprovação de 63% do eleitorado? Que importa se o PT foi o partido mais votado do Congresso Nacional? A ordem é falar mal do PT e ponto! Quem não seguir a ordem é "intelectual petista".

Pelo que tenho observado, não basta o "intelectual" ou "jornalista" eximir-se de qualquer tímida tentativa de elogiar o governo Lula. Se o sujeito não rezar na mesma cartilha da "turma" tucana, reverberando todos aqueles bordões anti-lula que a gente conhece e adotando expressamente a postura hostil, agressiva, histérica, que vemos nos "colunistas" anti-lula, então o cara é vendido pro Lula.

Hoje, na imprensa brasileira "convencional", ou seja, na imprensa escrita ou televisiva corporativa é proibido não falar mal de Lula.

Vejam vocês que a rede Globo tirou o Franklin Martins e botou em seu lugar o débil mental do Alexandre Garcia para fazer comentários políticos no Jornal da noite. Triste figura, esse Garcia, com seus comentários chochos, medíocres, óbvios.

Outra vez, há males que vem pra bem. Quem perdeu foi a Globo, que pôs sua ideologia acima da valorização do mérito profissional. Ganhou a Band, ganhou Franklin que tem agora muito mais espaço do que tinha na Globo e, sobretudo, ganhou o Brasil que agora pode acompanhar debates sobre o processo eleitoral pela rede Bandeirantes de uma forma infinitamente mais isenta e respeitosa com nossa inteligência do que vem fazendo a Globo.

Pois bem, eu e o amigo Juliano estávamos trocando idéias aqui em casa e mostrei a ele vários sites políticos ou de crítica midiática. Mostrei a ele como a internet vem permitindo a INTERAÇÃO. Entrei no site do Observatório da Imprensa e mostrei as centenas de comentários de estudantes, bancários, atletas, comerciantes, donas de casa, oceanógrafos, jornalistas e todo tipo de gente, criticando duramente a postura tendenciosa da imprensa brasileira e defendendo o presidente Lula. Ele, que não tem internet em casa, contou que estava muito revoltado com a tentativa da mídia de manipular sua consciência, e ficou, é claro, alegremente surpreso ao ver que não estava sozinho, que milhares de pessoas também estavam revoltadas e participando politicamente através desses comentários que, conforme diz meu mais ativo comentarista, "são verdadeiras mini-crônicas". E são mesmo. Muitas vezes é muito mais divertido e esclarecedor ler os comentários a um artigo ou nota publicada no Observatório ou Noblat do que o próprio texto do autor.

Aliás, podemos até elaborar uma espécie de guia eletrônico: no Observatório encontramos comentários mais elaborados, extensos, reflexivos e moderados, e não só porque lá existe controle, mas por conta da própria característica do site e do maior espaço concedido. Já nos blogs corporativos, do Noblat e Josias de Souza, por exemplo, os comentários são breves, sarcáticos, violentos, cômicos, nervosos, ferozes.

E, quem diria, Francisco Oliveira e Caetano Veloso agora votam em Lula! Falta agora só a Heloísa Helena também "lular".

2 comentarios

Anônimo disse...

Quer dizer que o Caetano Veloso não se sente mais um "idiota" como disse antes para justificar sua rejeição a Lula? Pois eu acho que ele sempre foi e sempre será exatamente isso: um brilhante compositor, um excelente cantor e um idiota quando fala em política.

Anônimo disse...

Miguel,

você consegue perceber o quanto o Alexandre Gracinha Garica expressa sadismo no seu sorriso? Sei lá. Dias atrás, num sonho, reconheci que um bebê elefante era um elefante porque sorriu. O sorriso diz tudo. Por isso, quando vejo o Gracinha, fico a imaginar como ele se comporta na cama. Deve adorar uma saraivada de chibatadas na bunda. Disso não tenho a menor sombra de dúvida. Para quem não entendeu, eu quis dizer Alexandre Garcia, da TV Globo. Haja mulher para aguentar esse troço, esse estorvo!

Miguel, eu comecei a usar este espaço para, inspirado nas suas palavras, escrever mais uma mini-crônica. Ocorre que ficou grande demais. Como seria desrespeito, pois ocuparia o espaço para que outros leitores=cronistas se manifestem, joguei o poste para o meu blog. Tá lá. É a continuação do que escrevi comecei escrever aqui.

Abraço,

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