14 de outubro de 2006

A Globo mente sobre privatizações

Editorial deste sábado do jornal O Globo mente sobre as privatizações. O texto cumpre a notória função de fazer a defesa política de seu candidato, Geraldo Alckmin, cujo partido, o PSDB, durante os oito anos de governo Fernando Henrique Cardoso, promoveu dezenas de privatizações, feitas a toque de caixa e, conforme admitiu o próprio FHC, "no limite da responsabilidade".

A defesa do Globo é absolutamente simplória. Diz assim: "os números são irrefutáveis: a Vale hoje emprega mais nove mil pessoas do que na época de controle estatal; de vigésima maior produtora de minério de ferros deve se converter na segunda e seu lucro foi multiplicado por dezesseis."

Em primeiro lugar, srs.editorialistas do jornal O Globo, nada é irrefutável. Antes, dizer irrefutável num jornal é um tremendo autoritarismo. Se os srs.escrevessem isso num blog de internet, observariam milhares e milhares de respostas refutando, muitos apresentando estudos e provas cabais, esses argumentos. Assim como farei agora.

Sobre os tais nove mil empregos a mais gerados pela Vale, primeiro que nem levo fé muito nisso. Temos que ver a qualidade desses novos empregos e quais foram eliminados. Mas, definitivamente, a questão da Vale não é de emprego. A importância da Vale, e o Globo sabe disso, é econômica, ECONÔMICA, Visto se tratar duma das maiores e mais antigas estatais nacionais, responsáveis por um dos setores mais estratégicas do mundo: a exploração de recursos minerais.

O fato é que, mais uma vez, o Globo, a mídia em geral, todos os colunistas, todos sempre fraudaram a sociedade brasileira de explicações mais consistentes sobre os fatores que levaram os lucros da Vale a se multiplicarem por "dezesseis" após a privatização. Em primeiro lugar, a Vale foi sucateada pelos oito anos de FHC, assim como o foi a Petrobrás. Em vez de realizar uma profunda reforma na Vale, resolveram vendê-la a preço de banana. Pior, venderam por moedas podres, 3 bilhões de dólares. Hoje se calcula um deságio de 80 a 90 bilhões de dólares. Definitivamente, não é uma quantidade que caiba numa cueca, e daria para a compra de 1 milhão de Land Rovers.

Não repetirei os argumentos contra a privatização da Vale apresentados em artigo abaixo, intitulado Reflexões de um ex-pessimista, mas acrescentou outros. No ano passado, sintomaticamente pouco antes da eclosão da "crise política", uma juíza federal aceitou liminar contestando a validade jurídica da venda da Vale, por conta das milhares de irregularidades encontradas. Entre elas, estava o fato de que jazidas inteiras de ouro e outros materiais preciosos, não foram incluídas no preço de venda da companhia. Outra denúncia, a jazida brasileira de urânio não foi devidamente avaliada, nem poderia ter sido vendida junto com a Vale, pois o Brasil tem compromissos internacionais contra a proliferação de material nuclear.

Enfim, são muitos os argumentos. Eventualmente, um ou outro argumento pode não ser válido, mas, no conjunto, eles formam um GRANDE ARGUMENTO contra a criminosa privatização da nossa querida Vale do Rio Doce.

Os mesmos que defenderam a privatização da Vale agora querem eleger Geraldo Alckmin, que mentirosamente, diz que não vai privatizar nada - no mesmo discurso em que promete privatizar o Boeing da Força Aérea Brasileira, popularmente conhecido como Aerolula.

Conforme se aproxima a data do pleito, é estarrecedor observar a parcialidade com que os meios de comunicação estão se comportando. Merval Pereira se refere a José Serra, na sua coluna de hoje (sábado, 14/10), como político de "reconhecida capacidade administrativa e inegável visão de estadista", no mesmo texto em que chama Lula de "camaleão". Sr.Pereira, onde estava a reconhecida capacidade administrativa de Serra quando não viu, operando sob suas barbas, vampiros e sanguessugas? Onde estava a visão de estadista de Serra quando se associou à "privataria" promovida por FHC?

Está cada vez mais claro que existe, no Brasil, uma direita retrógrada, corruptora, que comprou a caneta de dezenas de colunistas para defenderem seu projeto de poder. Essa direita é dona de jornais e revistas. Seu mal é não compreender que não é dona do Brasil.

9 comentarios

Anônimo disse...

Nesse aspecto, o post de hoje à noite do blog do Alon sobre Gramsci é esclarecedor.

Anônimo disse...

Miguel, pelo que entendi no debate da Band o Dr.Geraldo vai privatizar inclusived a FAB. É que ele disse que vai vender o aerolula. Para começo de conversa não é aerolula porque a embarcação não é do Lula e nem mesmo da presidencia da República e sim da FAB. Quer dizer entãoque o doutor geraldo presidente venderá a FAB?

Qual desconto será dado aos compradores do aerolula? Como a Vale do Rio Doce foi vendida por FHC com um desconto de mais de 80 bilhões de reais, não é difícil se calcular o desconto que será dado pelo doutor geraldo na venda da FAB .

Anônimo disse...

Doutor Geraldo, para onde foi o dinheiro, os 80 bilhões referentes ao desconto feito por ocasião da venda da Vale do Rio Doce? Você que pergunta tanto de onde veio o dinheiro, me reponda: para onde foi o dinheiro?

Anônimo disse...

SP reuniu quase 3 milhões de pessoas na última Parada Gay. Clodovil foi o terceiro deputado federal mais bem votado. Eis aí a prova da força do movimento gay. O PT, que há tempos, apoia os homossexuais em sua luta, nesta eleições poderia ter lançado o professor Jean, que participou do Big Brother, para deputado federal. Com certeza teria sido eleito e, como puxador de votos, teria eleito mais uns dois ou três deputados federais. Na Bahia, poderia ter lançado o Padre Pinto. Este, com seu poder folclórico, poderia muito bem fazer frente a Clodovil que, é claro, cantará de galo. Só mesmo um Pinto para medir forças com Clô.

Anônimo disse...

Favor não deixe de ler o artigo "Requém do jornalismo" de Luis Nassif, no seu blog, acerca do trabalho sério e profissional do jornalista Raimundo Pereira, na Carta Capital, acerca da trama da mídia que provocou o segundo turno netas eleiçõies. Li um artigo de Josias de Souza/Folha Online no seu blog desqualificando o trabalho do seu colega de profissão. Ao ler isto, escrito por uma pessoa digna como o Nassif, é como se minha alma estivesse sendo lavada de toda a imundíce provocada ao ler o artigo de Josias de Souza/Folha Online.

Não me conformo com o comportamento da mídia que, num passe de mágica, transforma vilões em mocinhos. Isto ocorre porque, diante do primeiro indício de irregularidade praticada por gente ligada Alckmin, a mídia, como que em pool, corre rapidinha para desqualificar aquele que tente vir a público com fatos como estes revelados pelo jornalista Raimundo Pereira na Carta Capital.

Quando não ignoram, entram em campo para desqualificar os jornalistas que publicam qualquer coisa que não agrade ao tucanato.

Pensei que fôssemos a 14a economia do mundo. Pensei que fôssemos um país de dimensões continentais. Pensei que fôssemos uma democracia. Diante de tanto atraso da mídia, às vezes me pergunto se, ao invés de tudo isso, o Haiti é aqui.

Anônimo disse...

Há quem tenha se surpeendido com a disenteria oral de Ferreira Gullar atacando Lula hoje, 15/10/06, na Folha de São Paulo. Eu não me surpreendi nem um pouco. Ferreira Gullar é persona non grata no meio artístico, pelo menos junto aqueles que, como Lygia Clark e Hélio Oiticica, romperam com o concretismo e avaçaram no sentido do neoconcretismo, movimento que desaguou, por exemplo, na Tropicália. Os parangolés, de Helio Oiticica, são a expresão da ruptura com um passado rígido, este passado, se não me engano, dos idos dos anos 50, ao qual, lamentávelmente, Ferreira Gullar ainda está preso. Isto sim, um artista frustado, infeliz. È isto o que é Ferreira Gullar. Eduardo, não me surpreendo nem um pouco com esta visão tosca do "poeta."

Anônimo disse...

SOBRE OS HOSPITAIS "CONSTRUIDOS" POR ALKIM, A MAIORIA FOI, SIM, É ESTADUALIZADA.

MENTIR NO QUE NÃO FEZ PARA OS ELEITORES É, NO MÍNIMO, ESTELIONATO ELEITORAL.

CADÊ O TSE?

Anônimo disse...

Interessante se notar como funciona a trama midiático-eleitoral. Assim como ocorreu com o "Caçador de Marajás", um slogan criado pela elite para eleger Collor, para estas eleições, há mais de um ano criaram o slogan da ética. A Dona Ética como cabo eleitoral. Isto dá vômito. Engraçado se notar que o picareta Ferreira Gullar defende o monopólio sobre a Dona Ética ao defender seu tosco ponto de vista segundo o qual somente ACM, Jorge Apagão e outros famosos ladrões públicos podem empunha a bandeira política da Dona Ética. Um momento. Vou vomitar.

Anônimo disse...

Bravo Miguel !!!
Esse Merval Pereira é um escroque, juntamente com Miriam Leitão fazem a vergonha do jornalismo tupiniquim

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