30 de outubro de 2009

Grande vitória da diplomacia brasileira

Ainda é um pouco cedo para cantar vitória, porque vamos ver se Micheletti não apronta outra das suas. Mas, ao que parece, os acontecimentos em Honduras caminham para uma grande e histórica vitória da diplomacia brasileira. Ao contrário dos EUA, que sempre se notabilizou pela defesa de golpes de Estado contra presidentes legitimamente eleitos, o Brasil começa a fazer a sua história defendendo a democracia. Será um feito e tanto e um delicioso cala-boca nos tolos que criticaram a atuação do Brasil no episódio.

É incrível, aliás, como as pessoas, mesmo sem ler jornais, recebem, como que por osmose, as opiniões dominantes da mídia. Uma amiga, por exemplo, que não lê jornal, mas que é uma garota inteligente que ouve aqui e ali as coisas, me perguntou, há algumas semanas, num tom entre perplexo e levemente irritado, porque Zelaya tinha se enfiado logo na embaixada brasileira?

Pois é. Eu respondi que, durante décadas e décadas, refugiados escolhiam embaixadas européias, porque consideram a França, a Dinamarca, ou Suíça, como países confiáveis, democracias seguras onde seus direitos humanos e políticos seriam respeitados. É com base nesses princípios que um cidadão do mundo opta entre uma embaixada ou outra. Zelaya escolheu o Brasil porque identificou em nosso país um Estado defensor dos princípios democráticos, justamente aqueles princípios que haviam sido brutalmente rompidos em Honduras.

A mídia caiu em cima da diplomacia brasileira e de Lula. Chico Caruso não fez uma charge contra os golpistas, que mataram, torturaram, fecharam rádios e jornais, proibiram manifestações, impuseram toque de recolher, e inflingiram as maiores dificuldades aos brasileiros e seus hóspedes na Embaixada brasileira - Caruso apenas fez charges contra Zelaya. Não vou esquecer disso, Chico, que você ficou ao lado dos golpistas. Reinaldo Azevedo alinhou-se caninamente ao golpe. E Roberto Freire, o imbecil do PPS (que se acha esquerdista...), ainda diz que admira o Esgotão da Veja... Merval Pereira, do Globo, apoiou o golpe, ou pelo menos fez tudo para justificá-lo. A mídia brasileira fez um papelão nesse episódio, omitindo-se, hesitando, criticando o Brasil, escondendo notícias, enfim não cumpriu seu papel informativo num episódio chave para a geopolítica latino-americana. Deu a impressão o tempo inteiro de ser simpática ao governo golpista, cujos absurdos totalitários nunca foram alvo de editoriais furiosos, como aqueles dedicados, por razões infinitamente menores, à Hugo Chávez.

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