20 de outubro de 2009

A sunga e o prêmio

E não é que o senador Eduardo Suplicy vestiu uma sunga vermelha por cima da calça, a pedido de Sabrina Sato, e desfilou pelo Senado? E não é que Merval Pereira levou prêmio nos EUA? Analisemos os casos, começando pelo prêmio do Merval. Trata-se do Maria Moors Cabot, um prêmio anual concedido pela Universidade de Columbia, aos jornalistas do continente americano que conseguem lamber os pés dos interesses estadunidenses sem corar ou perder a elegância. Roberto Marinho ganhou o prêmio em 1965, um ano após sua defesa apaixonada do golpe militar que vitimou a democracia no Brasil. Ele já havia levado o prêmio em 57, por sua louvável mania de distorcer todas as notícias em prol da defesa dos interesses de Washington.

Carlos Lacerda, o corvo do anti-comunismo histérico e mentiroso, o homem que apoiou todos os golpes de Estado, tanto os que não deram certo como o que deu, levou a medalhinha em 1953.

Depois disso, os papagaios mais manjados do PIG vem levando, ano a ano, a fitinha do Bonfim dos falcões neocon: Miriam Leitão, Otavio Frias Filho, Clovis Rossi. E agora, Merval Pereira, algumas semanas após afirmar que o golpe em Honduras não foi golpe, ganha a sua também. Juro que pensei que ele já tinha levado antes esse louro. Parabéns, Merval, agora você é um golpista com pedigree.

*

Passemos para o caso Suplicy. Aliás, vale mesmo falar em "caso", porque se trata de um caso clínico de demência aguda. Eu gosto muito do Pânico na TV. Eles são libertários, e revolucionaram o humor na televisão brasileira. Depois do Pânico, a gente vê um Zorra Total e repara como tudo é certinho, calculado, convencional... Eles podem extrapolar às vezes, mas isso faz parte do show.

E gosto muito também da Sabrina Sato. Ela é bobinha, repete clichês, mas tem uma delicadeza e uma sensibilidade infinitamente superiores a todas as outras apresentadoras da telinha tupi. Além disso, é uma das mulheres mais gostosas do mundo, e lida com essa beleza com simplicidade e bom humor.

Sabrina fez uma proposta ao Suplicy. Ela está no seu papel. Agora... o Suplicy se submeter a uma palhaçada desse tipo... pelo amor de Deus. E aí vem um montão de gente defender o Suplicy, dizendo que, diante de um Senado desses... não se poderia fazer nada contra o senador petista. Ora, por um lado, eu não quero que nada de mal aconteça ao Suplicy. Ele é, mal ou bem, um senador da base aliada, um homem de esquerda, e só por isso eu acho que o Brasil precisa dele para se defender das artimanhas antibrasileiras da oposição conservadora.

Eu tenho muita admiração pelo bom humor, até porque essa é uma qualidade que me falta. Se às vezes sou engraçado no blog, é quase sempre à minha revelia. Também tenho respeito pelo ridículo, porque esse é um defeito que, infelizmente, possuo em abundância. No entanto, acho que a atitude do senador nem merece o epíteto de ridiculo, nem de engraçada. É algo meio doentio, meio triste, um destrambelhamento absurdo, um desrespeito aos problemas brasileiros. A gente vê o Nassif sendo processado pela Abril, um David contra um gigante; o Eduardo Guimarães fazendo o maior combate contra os dragões da mídia, sem ganhar nada, com prejuízo de seus próprios negócios; e aí vem um Suplicy, ganhando dezenas de milhares de reais por mês, com centenas de assessores, afora outros auxílios que o Estado lhe oferece para que ele possa trabalhar pelo interesse do Brasil, e ele larga tudo para desfilar pelo Senado fantasiado de homem-aranha...

4 comentarios

Montenegro disse...

Realmente desmoraliza... ele não é apenas um sujeito, Eduardo Suplicy, ele é o representante dos eleitores dele, quando ele fala, representa interesses. Ele é uma figura pública, ele não está somente se expondo, mas sim seus eleitores e os ideais que representa.Foi constrangedor e longe de ser engraçado.

Sandro Stahl disse...

Suplicy, quem te viu e quem te vê.
Acho que a separação da Marta afetou-o irremediavelmente, depois disso ele nunca mais foi o mesmo. Cantar músicas do Bob Dylan ainda vá lá, mas virar garoto propaganda da telefônica já é demais.

Claudinei disse...

fiquei igualmente triste. Não vi a cena e não quero ver. Só por saber que isso aconteceu, já me provocou gastura. Não é engraçado, nem 'libertário', contestador, não é 'só uma brincadeira boba'. É só bobo. melancólico, uma perda de dignidade sem objetivos. O pânico, sempre detestei, mesmo que em comparação com demais programas possa parecer até humor-de-classe, o que não é nem nunca pretendeu ser. E, meu caro, Sabrina Sato não! Ela tem uma certa (mínima) simpatia, e é gostosa mesmo, e fora isso, é uma nulidade constrangedora. Mas, pelo menos, ela e o pânico estão aí exatamente para passar e criar micos. Suplicy nunca desceu tão baixo. Uma pena.
Grande abraço

Patrick disse...

A lista de brasileiros ganhadores desse prêmio diz muito sobre o próprio. Pode-se conferir na wikipédia.

P.S.: hoje fiz uma pequena contribuição ao blogueiro.

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