Entrei no blog do Rodrigo Vianna e deparei-me com um post fortemente pessimista, e até meio apocalíptico, falando em "inverno fascista" que estaria vindo, depois do "outono liberal" que o mundo vive hoje, com eleição de Obama. Não concordei e comentei por lá. No entanto, como de praxe, acabei me estendendo demais e, portanto, acho que vale a pena transcrever o texto aqui no blog, até porque o blog anda meio largado nos últimos dias.
O texto do Rodrigo é esse:
Rodrigo, você me desculpe, mas discordo totalmente de você. Você cria interlocutores imaginários do tipo "Poliana", os quais teriam a fantasia de que o mundo mudaria e se tornaria maravilhoso com a eleição de Obama, e contrapõe a sua sensatez, de que as coisas não são bem assim. É fácil discutir com interlocutores imaginários, mas eu não encontrei tanta gente assim achando que a eleição de Obama seria a salvação do planeta. Ao contrário, notei que a eleição encontrou uma opinião mundial bastante madura, consciente de que Obama iria enfrentar oposição terrível interna, sobretudo o lobby das armas, e que sua importância inicial seria antes simbólica do que real. No próprio EUA, houve grupo de jovens que saíram com camisetas com a legenda: "Já estou preparado para me decepcionar com Obama".
Mas você, talvez sem querer, enveredou por um pessimismo tolo, inconsistente e ahistórico. Claro que a eleição de Obama muda o mundo sim. Afinal, o que é mudar o mundo? É transformar o planeta num mar de rosas? Obama, por exemplo, já mandou retirar as tropas do Iraque. Isso não é mudar o mundo? Não apoiou o golpe em Honduras, isso também não é mudar o mundo?
Repito: o que é mudar o mundo, para você? É virá-lo de cabeça para baixo?
Num ambiente democrático, mais estável, sem guerras mundiais, as grandes mudanças no mundo se processarão de forma mais sutil, mas nem por isso menos profunda.
Sobretudo, esconjuro a praga que você roga sobre a vinda de um inverno fascista. De onde você tirou essa idéia? Até aceito o pessimismo, mas daí a prever a volta do fascismo? Quer dizer, até concordaria, mas não é o que eu vejo. Segundo as pesquisas efetuadas por Wanderley Guilherme dos Santos, a democracia no mundo está começando agora, porque só a partir dos anos 60 é que os direitos políticos começaram a ser estendidos universalmente (negros, mulheres, analfabetos), inclusive nos países desenvolvidos.
O próprio analfabetismo caiu brutalmente no mundo nos últimos 30 anos, e a democracia na América Latina só agora que parece estar consolidada, tirante os soluços golpistas que apenas servem para reforçar nossas convicções democráticas e nos deixar mais durões.
Temos alguns setores decadentes do primeiro mundo europeu flertando com algo meio esquisito, mas não é um fascismo de verdade, é só medinho de imigrante, não confundamos as coisas. E o balão Berlusconi já começou a vazar...
Vianna afirma que: "todos sabemos que nos momentos de crise é que o lado mais sombrio de cada sociedade aparece com força." Ora, eu poderia contrapor outra frase famosa sobre as auroras que sucedem as noites escuras.
Grande abraço,
Miguel
oleododiabo.blogspot.com
14 de outubro de 2009
O que teremos no verão?
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Miguel você sabe que nos EUA estão já construídos mais de 600 (seiscentos) campos de concentração? Sinto muito, sou grato.
Bem Miguel...acho que no começo do artigo voce confessa que o blog anda meio largado.Nao è so o blog nao.Voce tambem esta.As coisas acontecem em tal velocidade que as vezes nos escapam. Voce disse que Obama ja mandou retirar as tropas do Iraque mas mandou para o Afganistao.Honduras nao teve permissao mas teve anuencia.Sinto muito mas este presidente americano dentro em breve vai cair na vala dos lugares comuns.
Cai na real Miguel!!!Em que mundo voce vive?
Miguel,
Acompanho seus blog e admiro muito a forma moderada como analisa as diversas situações. Parabéns.
Mas, tenho de discordar de uma coisa nesse seu ótimo texto. Não acho que a direita européia ou americana tenha medo de imigrantes. Eles usam esse discurso para enganar os eleitores incautos. Só que a realidade, creio modestamente eu, não é bem essa. É algo semelhante ao que temos aqui no Brasil. O individuo diz que é socialista, "de esquerda", no entanto, usa essas bandeiras apenas para chegar ao poder. Uma vez lá, mostra o que de fato é. Soninha, exemplifica isso. A "luta contra imigrantes" é apenas a fachada. A verdade, creio eu, é outra.
No mais, um abraço e bom trabalho aqui no blog.
Patricia.
Fascismo?
http://congressoemfoco.ig.com.br/coluna.asp?cod_canal=14&cod_publicacao=29691
http://resistir.info/eua/ashcroft.html
http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=16184
http://www.novae.inf.br/site/modules.php?name=Conteudo&pid=1096
TEm gente que sente prazer em ser pessimista. Além de ser mais chique.
Não concordo com voce.
Oi Sérgio, o Obama mandou tropas para o Afeganistão, certo. Mas não esqueça que não foi ele que COMEÇOU essa guerra. Quanto a Honduras, os republicanos dos EUA apoiam o golpe e eles são fortes na sociedade civil, no Congresso e na máquina do governo. Mas o Departamento de Estado e a Casa Branca condenaram o golpe e apoiaram as resoluções, bastante duras, da OEA. E depois cancelou os vistos de vários membros do governo golpista. Falta agora estabelecer sanções econômicas, mas o lobby econômico da ultra-direita anticastrista é muito forte e Obama vive um momento delicado, alvo de violentos ataques da direita e de setores midiáticos.
Patrícia, concordo com você que a direita usa o medo do imigrante, o qual, no entanto, é real junto à classe média européia. A questão do imigrante é um problema real na Europa, porque eles têm, batendo em seus portões, 400 milhões de árabes, 500 milhões de africanos, e mais de 1 bilhão de asiáticos pobres querendo um lugar ao sol no Velho Mundo.
Salve seu Rosario.
É possível limpar fossas sem se sujar de merda?
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