1 de dezembro de 2010
Wanderley: a barra vai pesar
Reproduzo abaixo mais uma colaboração do cientista político Wanderley Guilherme dos Santos. Ele prevê um tensionamento entre mídia, parlamento e governo, porque o modelo lulista de agradar a todos esgotou-se. Os mais ricos tentarão convencer a nova classe média que é hora de fechar as fronteiras. Quem passou, passou. Os novos beneficiados irão disputar empregos com os já estabelecidos. Segundo Santos, será mais difícil, neste cenário, obter a unanimidade incrível conquistada por Lula.
"A ênfase na extinção da pobreza e no crescimento com decisões nacionais autônomas podem ser os mesmos, mas, em contexto internacional de soma negativa, os custos econômicos setoriais tendem a ser diferentes, assim como os resultados. O jogo parlamentar e midiático será ainda mais tenso."
Ou seja, a barra vai pesar.
Leia abaixo a íntegra da análise de Santos.
DIREITO DE RESPOSTA – 3 –
Por Wanderley Guilherme dos Santos, em 30/11/010
Dilma Rousseff não nasceu em Garanhuns e nem foi metalúrgica, mas é a cara do Lula. Com os mesmos compromissos fundamentais, a reiteração das prioridades de governo estará submetida à primeira lei da dialética do bom Friedrich Engels: a transformação da quantidade em qualidade. O governo de Dilma Rousseff terminará com outra face. Depois de moldar a ordem interna, Lula associou o País à época de bonança internacional, instaurando um jogo generalizado de soma em expansão, quando todos os jogadores ganham. Compete ao governo arbitrar a distribuição dos ganhos.
Durante o governo Lula, todos os segmentos econômicos e sociais lucraram, mas os que estavam na base da pirâmide obtiveram proporcionalmente mais do que os outros. Foi a decisão de aderir a esse jogo, privilegiando os mais carentes sem expropriar os extratos superiores, que o segmento radical da esquerda considera a traição de Lula às origens do PT. Não desejam tanto acabar com a pobreza quanto extinguir a riqueza.
Agora, os jogos se darão em múltiplos tabuleiros, alguns de soma em expansão, outros de soma constante e ainda outros de soma negativa. A ênfase na extinção da pobreza e no crescimento com decisões nacionais autônomas podem ser os mesmos, mas, em contexto internacional de soma negativa, os custos econômicos setoriais tendem a ser diferentes, assim como os resultados. O jogo parlamentar e midiático será ainda mais tenso.
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