(Chamada na primeira página do Globo)
E agora mais essa. O Globo está em campanha, há tempos, para provar que a economia brasileira, apesar de todos os índices de solidez econômica, fiscal, social, industrial, agrícola, emprego, inflação, otimismo, estarem batendo recordes positivos, na verdade está indo para o buraco. Miriam Leitão descobriu que a dívida bruta cresceu muito. Dilma já explicou que esta dívida está ligada ao aumento das reservas internacionais do Brasil, e que o importante é verificar a dívida LÍQUIDA. A dívida líquida brasileira é uma das menores do planeta.
O Globo publicou o seguinte gráfico:
A reportagem, para ser completa, deveria afirmar quanto é a dívida líquida de cada país mencionado. Aí sim, poderíamos cotejar as dívidas brutas com as dívidas líquidas e saber quem está melhor. Para quem não sabe, a dívida bruta é a dívida pública total. A dívida líquida é a dívida bruta menos os créditos.
Repare ainda que, mesmo considerando apenas a dívida bruta, o governo FHC foi tão ruim que entregou a Lula um índice recorde de 67% sobre o PIB. E que o governo Lula reduziu fortemente a dívida pública bruta nos últimos, apenas a aumentando em 2009, para fazer frente ao impacto da crise econômica mundial. Mesmo assim, reitero, sem deixar desguarnecido nenhum flanco financeiro do país, visto que a dívida líquida continuou baixa e as reservas cambiais estão em patamar recorde.
A situação fiscal no Brasil é confortável, uma das mais sólidas do planeta. Não é por outra razão que o país, sob a batuta de Lula, ganhou o selo de investment grade das principais agências de classificação de risco. No governo FHC, o risco Brasil chegou aos píncaros, obrigando o país a pedir esmola para o FMI por diversas ocasiões.
Republico um gráfico comparativo mostrando o déficit nominal público das principais economias do mundo:
O superávit do setor público também se mantém positivo, conforme se pode ver no gráfico em linha verde aí em cima, à esquerda. Caiu um pouco em 2009, em função das medidas anticíclicas tomadas pelo governo em 2009, mas volta a subir em 2010. A própria matéria informa (mas sem amarrar o raciocínio) que o aumento da dívida bruta brasileira cresceu por causa de um aporte de 100 bilhões de dólares ao BNDES, com vistas à injetar crédito nas empresas nacionais, o mesmo crédito que os bancos privados covardemente obstruíram. A ação foi bem sucedida e foi responsável por manter a economia nacional surfando em céu de brigadeiro. É engraçado, os economistas neoliberais do Globo aprovaram entusiasticamente o PROER, que injetou quase 100 bilhões de reais em bancos privados, mas não gerou nenhum emprego, apenas salvou empresas irresponsáveis que especularam indevidamente, e agora critica um financiamento do BNDES ao setor produtivo nacional, que gerou milhões de empregos, salvou o crescimento do PIB, e ainda será pago com juros e correção monetária pelas empresas que o usaram.
Na verdade, a mídia está usando o fato dos índices financeiros do Estado brasileiro terem apresentado ligeira oscilação em 2009, em virtude da ação governamental contra a pior crise que abalou o mundo desenvolvido desde a II Guerra, para atacar politicamente o governo Lula e, por consequência, a sua candidata. Críticas são necessárias, mas as do Globo não são honestas, porque sempre escondem alguma coisa, impedindo os leitores de formarem uma opinião completa. Eles mostram apenas os dados que provam sua tese, em vez de apresentarem uma visão conjuntural, a única que possibilita enxergar a realidade de maneira objetiva.
Se o leitor se dispuser a ler matéria até o final, ficará talvez surpreso ao se deparar com o seguinte parágrafo:
O FMI reviu o crescimento brasileiro de 5,5% para 7,1%. É o maior crescimento registrado em muitas décadas, e quando cresceu em outros momentos, foi sempre com inflação alta, endividamento explosivo, e má distribuição de renda. Um crescimento de 7,1% acompanhado de bons índices sociais, inflacionários e fiscais, é algo que não se via há séculos no país. E isso num momento em que as principais economias do mundo continuam vivenciando uma grave crise econômica, com taxas recordes de desemprego.
Quem lê o Globo apenas por sua primeira página, ou quem lê apenas os títulos, não vê isso. Eu sei que não vê porque a gente conversa com as pessoas, e sabemos que a alquimia dos platinados dá certo, pelo menos junto à classe média esquizóide, cuja visão de mundo se aliena cada vez mais da realidade. Não vêem o Brasil crescendo. Permanecem fritando no óleo do rancor, com ódio cada vez mais passional, cada vez mais irracional, de Lula. O que acontece? Quando os institutos divulgam a popularidade do presidente, dizem não entender, ou não acreditar. Claro! Tem sido enganados!
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A urubóloga bem que tenta, mas não está conseguindo vender seu pessimismo em lugar nenhum. Seus entrevistados todos se mostram confiantes e otimistas no sucesso da economia brasileira. Em sua coluna de hoje, Miriam Leitão só consegue ser negativa no título: "Temperatura alta", que lembra febre. O texto é frio, descritivo, sem uma letra de opinião, e por isso mesmo é bom. Só um trechinho:
Todos os três entrevistados disseram que estão muito esperançosos em relação a 2010, com metas de crescimento forte sobre o fraco ano de 2009.
Talvez se juntar a divida de todos os emergentes,a conta é menor do que o rombo que a daslu deu no Brasil.
A Estônia deve estar com baixa dívida porque ninguém mais lhe empresta. O ano passado a queda do PIB foi de 14,1%. A Estônia, a Lituânia e a Letônia estão como a Argentina em 2001. Só que resolveram dobrar a aposta no câmbio fixo para entrar no Euro. Estou curioso pra ver no que isso vai dar.
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