31 de outubro de 2010

Provocação pessoal

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Pós Dilma

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A vitória de Dilma para mim é como o início de 2011. Muitos projetos novos. Vamos apostar no Brasil e na blogosfera. Entro em recessso por alguns dias, ou semanas, para grande reestruturação.

Vamos aprofundar a luta política. Não entro mais em detalhes para manter a surpresa. Mas não é nada demais, apenas um aprimoramento geral, com mais síntese e foco, no que fazemos há anos.

Dilma vence as eleições com 56% dos votos validos

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Blogueiro da Record, Marco Antonio Araújo, promete

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31 outubro 2010 às 20:07

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Os derrotados da eleição

A guerra acabou. Dilma Rousseff é presidente do Brasil. Para chegar até aqui, teve que enfrentar uma das batalhas mais violentas da história da República. E venceu.
Derrotou não só seu adversário, José Serra, mas também um exército implacável, cruel e muito poderoso: os principais grupos de comunicação do país. Estes são os grandes derrotados nesse dia de glória para a democracia.
Os milhões de votos recebidos pela candidata petista são a prova gigantesca de que os brasileiros nunca mais se deixarão ser manipulados. Nem permitirão ser tratados como gente ignorante. O povo, definitivamente, não é bobo.
Durante meses, houve um bombardeio incessante de manchetes, chamadas, apelos, boatos e factoides. Um massacre impiedoso, orquestrado. Em fiapos de verdade, urdiram uma rede de mentiras e preconceitos.
Não bastou ser atacada durante o horário eleitoral gratuito. Isso faz parte do jogo. Infame foi ser fustigada diariamente pela propaganda política voluntária dos barões da mídia.
Dilma Rousseff e milhões de brasileiros enfrentaram o maior jornal do país, a Folha de S.Paulo. E a maior emissora de TV, a Globo. A revista de maior tiragem, a Veja. Nessa tropa de choque incansável também perfilam os jornais O Estado de S.Paulo e O Globo. Turma da pesada.
Nos próximos dias, sempre às 10h e às 16h, vamos usar este espaço para detalhar a forma como esses derrotados agiram do alto de seus palanques. Como pisotearam a liberdade de imprensa.
Cada um com seus soldados. Ou capangas. Tanto poder para quê? Tanta arrogância, fulminada pela força das urnas. Os que escrevem e entrevistam e ditam editoriais ficaram mudos. Quem manda, senhores do universo, é quem lê, quem ouve, quem vê. Os vitoriosos. Deste Brasil.

 Marco Antonio Araújo

Capa do New York Times e Globo

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Pra encerrar a festa, rock n roll! Agora vamos votar no 13!

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Girl from the north country

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Música linda que eu dedico à candidata Dilma, desejando sua vitória nesse dia tão importante para a democracia brasileira. Bob Dylan e Johnny Cash.

Não nos diga adeus, camarada!

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Good Bye Lula

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Esse aí é dedicado às mulheres guerreiras

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Homenagem a Pernambuco

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Se tem um estado com o qual o Brasil pode contar, nesses dias difíceis, é o aristocrático, miserável, delirante, terra de Lampião, Josué de Castro, Chico Science e Lula, o dionisíaco, severo, letal, carinhoso Pernambuco!

Respeito é pra quem tem

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Grande Sabotage, vítima da violência e pobreza da periferia de São Paulo.

Orra Serra!

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Como o blog é democrático, publico também um belíssimo rock da Rita Lee. Mesmo ela fazendo o jogo da mídia tucana e votando no Serra. O recado da Dilma foi claro: que vença o melhor, sem mágoas.

Pode vir quente, baby

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E perto do final do vídeo acima, ainda tem Serra e FHC fazendo propaganda ilegal de campanha...

Erasmo Carlos condena o jogo sujo de Serra

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Tim Maia pede bom senso

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Tem sim, a canção mais bonita

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Like a Rolling Stone, de Bob Dylan, cantada e tocada por Hendrix...

Bella Ciao

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Procurei, procurei, mas não tem nenhuma que supere essa, Bella Ciao cantada pela charmosa e linda Milva.

Cassia Eller cantando Nirvana

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Acho que essa é melhor ainda para expressar os últimos segundos antes de uma guerra. Quando já se ouvem os primeiros estrondos ao longe. O frio na barriga da perspectiva de vitória fermentando no estômago, os pensamentos voltados de um lado para a morte, de outro para a liberdade! Cassia Eller no auge de sua fase punk. Linda, precisa, letal.

Pé no chão

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Acho que essa música pode expressar melhor esse momento.



Isso enquanto não confirmarmos a vitória do bem, não do DEM. No entanto, a alegria contagiante de Clara Nunes, com seus sorriso devastador, e a energia que emerge de sua voz profunda, sensual, seu porte altivo e guerreiro, expressam por outro lado uma alegria nascida da própria tristeza, do próprio bom senso e do otimismo natural do povo.

Finalizo mais uma vez com Santo Agostinho: "Sê humilde para evitar o orgulho, mas voa alto para alcançar a sabedoria!"

30 de outubro de 2010

Abrigo de vagabundos

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Vìdeo tão bonito, com Clara Nunes e Adoniran Barbosa.


Clara Nunes - Abrigo De Vagabundo
Carregado por EMI_Music. - Ver os últimos vídeos de musica em destaque


E o nosso imortal Bezerra da Silva:



Os tempos vão mudar, querido Bezerra!

29 de outubro de 2010

O samba do Rio homenageia "mulher na presidência"

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Trilha sonora para o feriadão

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Saudações, Miguel.

Sou leitor assíduo do Óleo do Diabo e gostaria de compartilhar contigo e os demais leitores um CD que montei com músicas "dilmistas". Segue o e-mail que já enviei para meus amigos:



Deu um pouquinho de trabalho, mas muito mais prazer. Aqui está um arquivo com uma hora de músicas pra gente tocar neste fim de semana histórico. Pra elevar o ânimo antes de votar e pra comemorar o resultado durante todo o feriadão.
Tem os jingles da campanha da Dilma, inclusive o "Dilma lá" do Wagner Tiso, músicas feitas no calor do momento (destaque para o partido da bolinha de papel, he he) e clássicos de artistas da música brasileira que manifestaram seu apoio à candidata do Brasil que está dando certo.
Aí vai um passo-a-passo para você baixar o arquivo, descomprimí-lo e botar para tocar as músicas, que estão em formato MP3 - mas se você quiser criar um CD de áudio, a seleção cabe direitinho numa mídia de CD, que poderá tocar em qualquer aparelho.

1) - Clique no link, que vai te levar para a primeira página, onde você deve clicar em "download now";
2) - Vai abrir outra página, com a contagem de espera (uns 60 minutos). Espere terminar o tempo e clique em "download the file now"
3) - Vai aparecer a caixinha "abrir" ou "salvar". Mande salvar e escolha a pasta para onde o arquivo será baixado;
4) - Depois de concluído o download, é só descompactar utilizando qualquer programinha com essa finalidade (filzip, winrar, 7zip e por aí);
5) - Aí é só botar pra tocar e ir pra galera!

Algumas dessas músicas são "copy left" e outras são "copy right", mas eu acho que seus autores e intérpretes não se importarão se você participar desta corrente musical do bem: Espalhe para os amigos!

http://www.4shared.com/file/Owk0IZHY/Dilma_Presidente.html


Saudações Dilmistas e até a vitória!

Porque os estudantes apóiam Serra

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28 de outubro de 2010

Caricaturas de alguns artistas que declararam apoio à Dilma

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(Via blog Amigos do Presidente Lula)

27 de outubro de 2010

Diário de guerra

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Pois é, amigos. Tudo bem aqui no front. Dilma crescendo, mobilização cada vez maior da sociedade. Sei que o jogo não está ganho, mas o clima melhorou sensivelmente. A grande expectativa é sobre uma matéria da Folha, a ser publicada amanhã ou depois, sobre a participação de Dilma na ditadura, usando ou não os documentos secretos do Supremo Tribunal Militar. Se a mídia em peso embarcar numa campanha terrorista de última hora, causa arrepios o que pode acontecer. Mas a gente vai dar combate até o fim e com a ajuda do bom senso do povo, iremos enfrentar mais esse desafio.

Até a Cedae resolveu consertar todos os bueiros da minha rua, que andavam vazando esgoto nos últimos meses. A OI se sensibilizou e reinstalou o Velox no meu apartamento, o telefone voltou a funcionar... Minha situação, no entanto, é a seguinte. Tenho que entregar até o dia 10 de novembro um monte de tradução de filme (legendas).

Com toda essa campanha política, na qual me envolvo por pura paixão (ou seja, dinheiro que é bom, nada), acabei naturalmente atrasando tudo e agora tenho que me dedicar a isso. E ainda tem o Twitter. Com meu espírito romântico-desesperado, mergulhei no twitter de cabeça, escrevendo dezenas de mensagens por dia, fazendo todo tipo de piada, detonando o Serra (com verdades que nuca tem destaque na mídia), fazendo análises sérias, rindo, chorando, conversando, enfim, participando a meu jeito. Eu consigo trabalhar nas traduções ao mesmo tempo em que batuco no Twitter. Fico assistindo aos filmes e simultâneamente, nos momentos sem diálogo, mando uns petardos de 140 ou menos caracteres.

O blog continua ativo, mas um pouco mais "terceirizado", como vocês podem perceber, ou seja, com posts de outros autores, além de textos menos "elaborados". A blogosfera é assim mesmo, um grande espaço coletivo, onde a gente se complementa, num revezamento constante. De qualquer forma, como já disse em outro post, após as eleições, e após meados de novembro (depois que entregar essas legendas), retorno com força total ao trabalho por aqui, mas num espaço novo, com um nome diferente (mais "católico") e com um estilo mais sisudo. Não posso me dar ao luxo de parar ou desistir. Urge evoluir, amadurecer, consolidar-se. Não quero mais voltar aqui para reclamar da vida ou da falta de dinheiro. O Brasil está crescendo a olhos vistos e escasseiam, proporcionalmente, os pretextos para os lamurientos e autopiedosos. Tempo de arregaçar as mangas e trabalhar duro. Que vençam os melhores e seja o que Deus quiser. A cerveja fica para depois.

Encerro com o habitual pedido de assinatura, seguindo o exemplo de meus colegas empresários, como Roberto Civita e Otávio Frias. Eles tem um pouco mais de grana que eu (e talvez menos caráter também, mas quem sou eu para julgar); no fundo, porém, todos estamos no mesmo barco, tentando sobreviver e vender seu peixe, uns com mais dificuldade (meu caso) do que outros (caso deles). Sim, porque ainda tem isso: tenho que fazer (e o faço com muito gosto) análises diárias, de segunda a sexta, para os assinantes da Carta Diária. Não me incomodarei, portanto, em acrescentar o seu nome à lista, desde que você tenha a generosidade de depositar o valor da assinatura na conta informada.

Faça o bem para a humanidade: vote 13, na Dilma, e faça uma assinatura da Carta Diária, ajudando um blogueiro duro, além de sujo.

Até daqui a pouco. Boa sorte para nós todos.

PS: Os comentários agora são moderados, porque nesse finalzinho de campanha, os trolls entraram em desespero, e passaram a atirar para todo lado, xingando até a mãe da gente. Depois das eleições, a gente, se for o caso, volta ao normal.

Amaury Ribeiro Jr entrega documentos que comprometem Serra

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Essa é uma informação que rolou apenas no Terra e nos blogs sujos. Catei um post resumido sobre o caso no blog Olhos do Sertão:

"BOMBA!


Amaury Ribeiro Jr. entrega a Polícia Federal e a jornalistas documentos que  omprometem Serra em corrupção relacionada às privatizações, na era FHC.

Nesta terça feira, 26/10/2010, o jornalista, Amaury Ribeiro Junior, entregou uma carta aos jornalistas e parte de documentos entregues à Polícia Federal.

Em trecho da carta diz ele: “Estou passando às mãos de todos cópia de uma pequena parte do material que entreguei hoje à Polícia Federal. Todos os papéis foram obtidos de forma legal sem quebra de sigilo fiscal. Vale lembrar que a documentação refere-se aos anos de 1998 até 2002...

“Desejo que a liberdade de imprensa em vigor no país possa servir, agora, ao esclarecimento da população... 

“Em muitas ocasiões se falou de propina na venda de estatais, mas esta é a primeira vez que aparece uma evidência disso lastreada por documentos bancários oficiais.”


Leia aqui a carta na íntegra e aqui trechos de documentos entregues por Amaury Sr. à Polícia Federal.

Quero ver se a Globo vai mostrar!!!"

Dilma dispara no Sensus: vantagem salta para 17 pontos

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Ótima notícia, ainda mais porque era no Sensus que a petista havia registrado a situação mais crítica. Agora, ela dispara, ampliando sua diferença anterior de 5,6% para 17,2% dos votos válidos. Com isso, na média das pesquisas, a vantagem de Dilma sobe para aproximadamente 15 pontos.

Saliente-se que, no Datafolha divulgado de ontem, Dilma manteve a vantagem de 12 pontos, com detalhes importantes: ela cresceu no sul, sudeste, entre mulheres e evangélicos, sinalizando que, de fato, a boataria religiosa perdeu efeito.

A íntegra da pesquisa Sensus está aqui (relatório-síntese) e aqui (relatório de cruzamento, com mais dados).

Abaixo a íntegra de matéria do Terra, sobre a pesquisa Sensus divulgada há pouco:

CNT/Sensus: Dilma tem 58,6% e Serra 41,4% dos votos válidos

27 de outubro de 2010 • 10h44 • atualizado às 11h03

Claudia Andrade
Direto de Brasília

Pesquisa CNT/Sensus divulgada nesta quarta-feira (27) mostra a candidata do PT à presidência da República, Dilma Rousseff, com 58,6% dos votos válidos contra 41,4% do tucano José Serra.

O levantamento mostra aumento da vantagem da petista em mais de 10 pontos percentuais em relação à pesquisa anterior, realizada nos dias 18 e 19 deste mês. Antes, Dilma tinha 52,8% dos votos válidos contra 47,2% de Serra: vantagem de 5,6 pontos percentuais. Agora, a diferença entre os dois chega a 17,2 pontos percentuais.

Os votos válidos desconsideram brancos e nulos, que somaram 4,7% dos 2 mil eleitores entrevistados entre os dias 23 e 25, e indecisos, que somaram 6,8%.

Considerando-se os votos totais, Dilma tem 51,9% e Serra, 36,7%. Na pesquisa anterior, divulgada semana passada, a petista tinha 46,8% contra 41,8% do tucano.

A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais para mais ou para menos. A pesquisa está registrada no TSE sob o número 37609/2010.

Rejeição

O índice de rejeição à candidata petista que era de 35,2% na pesquisa anterior, caiu para 32,5%. Serra tinha rejeição de 39,8% e agora atinge seu recorde da pesquisa CNT/Sensus, com 43%. Para o instituto, rejeições acima de 40% seriam indicativos de derrota do candidato.

Na análise do instituto, a troca mútua de acusações entre os candidatos faz o eleitor voltar seu interesse novamente para os aspectos econômicos, onde a petista levaria vantagem.

Íntegra do debate na Record

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Deixo aqui o link para o debate, como registro histórico.

Parte 1



Parte 2



Parte 3



Parte 4



Parte 5



Comentário: Nesse bloco, Dilma, provocada por Serra, consegue fazer um belo discurso sobre não criminalizar o movimento social, que suscitou, no bar onde eu assisti, uma saraivada de palmas e gritos de entusiasmo. Ao mesmo tempo, ela marca a diferenças em relação a métodos do MST. Dá uma boa estocada sobre o fato de Serra ter rasgado o compromisso (assinado ao vivo na TV) de não abandonar a prefeitura de São Paulo. Depois concluiu com chave de hora: MST não é questão de polícia, como você acha, Serra, é questão de política social. O bar foi ao delírio.

Parte 6

26 de outubro de 2010

Tão profunda e volumosa quanto o pré-sal

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Reproduzo abaixo, outro post colhido lá no site Conversa Afiada.

Leandro Fortes: turma do Serra desvia R$ 400 milhões em SP


    Publicado em 26/10/2010
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Na mão grande, governador ?


Extraído do site da CartaCapital:

Auditoria comprova sumiço de recursos federais em SP


Por Leandro Fortes

Quando assumir, pela terceira vez, o governo do estado de São Paulo em 1º de janeiro de 2011, o tucano Geraldo Alckmin terá que prestar contas de um sumiço milionário de recursos federais do Ministério da Saúde dimensionado, em março passado, pelo Departamento Nacional de Auditoria do Sistema Único de Saúde (Denasus). O dinheiro, quase 400 milhões de reais, deveria ter sido usado para garantir remédios de graça para 40 milhões de cidadãos, mas desapareceu na contabilidade dos governos do PSDB nos últimos 10 anos. Por recomendação dos auditores, com base na lei, o governo paulista terá que explicar onde foram parar essas verbas do SUS e, em seguida, ressarcir a União pelo prejuízo.


O relatório do Denasus foi feito a partir de auditorias realizadas em 21 estados. Na contabilidade que vai de janeiro de 1999 e junho de 2009. Por insuficiência de técnicos, restam ainda seis estados a serem auditados. O número de auditores-farmacêuticos do País, os únicos credenciados para esse tipo de fiscalização, não chega a 20. Nesse caso, eles focaram apenas a área de Assistência Farmacêutica Básica, uma das de maior impacto social do SUS. A auditoria foi pedida pelo Departamento de Assistência Farmacêutica (DAF), ligado à Secretaria de Ciência e Tecnologia do Ministério da Saúde, para verificar denúncias de desvios de repasses de recursos do SUS para compra e distribuição de medicamentos nos sistemas estaduais de saúde.


O caso de São Paulo não tem parâmetro em nenhuma das demais 20 unidades da federação analisadas pelo Denasus até março de 2010, data de fechamento do relatório final. Depois de vasculhar todas as nuances do modelo de gestão de saúde estadual no setor de medicamentos, os analistas demoraram 10 meses para fechar o texto. No fim das contas, os auditores conseguiram construir um retrato bem acabado do modo tucano de gerenciar a saúde pública, inclusive durante o mandato de José Serra, candidato do PSDB à presidência. No todo, o período analisado atinge os governos de Mário Covas (primeiro ano do segundo mandato, até ele falecer, em março de 2001); dois governos de Geraldo Alckmin (de março de 2001 a março de 2006, quando ele renunciou para ser candidato a presidente); o breve período de Cláudio Lembo, do DEM (até janeiro de 2007); e a gestão de Serra, até março de 2010, um mês antes de ele renunciar para disputar a eleição.


Ao se debruçarem sobre as contas da Secretaria Estadual de Saúde, os auditores descobriram um rombo formidável no setor de medicamentos: 350 milhões de reais repassados pelo SUS para o programa de assistência farmacêutica básica no estado simplesmente desapareceram. O dinheiro deveria ter sido usado para garantir aos usuários potenciais do SUS acesso gratuito a remédios, sobretudo os mais caros, destinados a tratamentos de doenças crônicas e terminais. É um buraco e tanto, mas não é o único.


A avaliação dos auditores detectou, ainda, uma malandragem contábil que permitiu ao governo paulista internalizar 44 milhões de reais do SUS nas contas como se fossem recursos estaduais. Ou seja, pegaram dinheiro repassado pelo governo federal para comprar remédios e misturaram com as receitas estaduais numa conta única da Secretaria de Fazenda, de forma ilegal. A Constituição Federal determina que para gerenciar dinheiro do SUS os estados abram uma conta específica, de movimentação transparente e facilmente auditável, de modo a garantir a plena fiscalização do Ministério da Saúde e da sociedade. Em São Paulo essa regra não foi seguida. O Denasus constatou que os recursos federais do SUS continuam movimentados na Conta Única do Estado. Os valores são transferidos imediatamente depois de depositados pelo ministério e pelo Fundo Nacional de Saúde (FNS), por meio de Transferência Eletrônica de Dados (TED).


Em fevereiro, reportagem de CartaCapital demonstrou que em três dos mais desenvolvidos estados do País, São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, todos governados pelo PSDB, e no Distrito Federal, durante a gestão do DEM, os recursos do SUS foram, ao longo dos últimos quatro anos, aplicados no mercado financeiro. O fato foi constatado pelo Denasus após um processo de auditoria em todas as 27 unidades da federação. Trata-se de manobra contábil ilegal para incrementar programas estaduais de choque de gestão, como manda a cartilha liberal seguida pelos tucanos e reforçada, agora, na campanha presidencial. Ao todo, de acordo com os auditores, o prejuízo gerado aos sistemas de saúde desses estados passava, à época, de 6,5 bilhões de reais, dos quais mais de 1 bilhão de reais apenas em São Paulo.


Ao analisar as contas paulistas, o Denasus descobriu que somente entre 2006 e 2009, nos governos de Alckmin e Serra, dos 77,8 milhões de reais do SUS aplicados no mercado financeiro paulista, 39,1 milhões deveriam ter sido destinados para programas de assistência farmacêutica – cerca de 11% do montante apurado, agora, apenas no setor de medicamentos, pelos auditores do Denasus. Além do dinheiro de remédios para pacientes pobres, a primeira auditoria descobriu outros desvios de dinheiro para aplicação no mercado financeiro: 12,2 milhões dos programas de gestão, 15,7 da vigilância epidemiológica, 7,7 milhões do combate a DST/Aids e 4,3 milhões da vigilância epidemiológica.


A análise ano a ano dos auditores demonstra ainda uma prática sistemática de utilização de remédios em desacordo com a Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (Rename) estabelecida pelo Ministério da Saúde, atualizada anualmente. A lista engloba medicamentos usados nas doenças mais comuns pelos brasileiros, entre os quais antibióticos, antiinflamatórios, antiácidos e remédios para dor de cabeça.  Entre 2006 e 2008, por exemplo, dos 178 medicamentos indicados por um acordo entre a Secretaria de Saúde de São Paulo e o programa de Assistência Farmacêutica Básica do Ministério da Saúde, 37 (20,7%) não atendiam à lista da Rename.


Além disso, o Denasus constatou outra falha. Em 2008, durante o governo Serra, 11,8 milhões do Fundo Nacional de Saúde repassados à Secretaria de Saúde de São Paulo para a compra de remédios foram contabilizados como “contrapartida estadual” no acordo de Assistência Farmacêutica Básica. Ou seja, o governo paulista, depois de jogar o recurso federal na vala comum da Conta Única do Estado, contabilizou o dinheiro como oriundo de receitas estaduais, e não como recurso recebido dos cofres da União.


Apenas em maio, dois meses depois de terminada a auditoria do Denasus, a Secretaria Estadual de Saúde resolveu se manifestar oficialmente sobre os itens detectados pelos auditores. Ao todo, o secretário Luís Roberto Barradas Barata, apontado como responsável direto pelas irregularidades por que era o gestor do sistema, encaminhou 19 justificativas ao Denasus, mas nenhuma delas foi acatada. “Não houve alteração no entendimento inicial da equipe, ficando, portanto, mantidas todas as constatações registradas no relatório final”, escreveram, na conclusão do trabalho, os auditores-farmacêuticos.


Barata faleceu em 17 de julho passado, dois meses depois de o Denasus invalidar as justificativas enviadas por ele. Por essa razão, a discussão entre o Ministério da Saúde e o governo de São Paulo sobre o sumiço dos 400 milhões de reais devidos ao programa de Assistência Farmacêutica Básica vai ser retomada somente no próximo ano, de forma institucional.