20 de outubro de 2010

As rajadas finais

Daqui até o dia das eleições, os meios de comunicação que sustentam a candidatura de José Serra dispararão rajadas de munição prateada diariamente, cada vez mais pesada e vil, pondo à prova a resistência e a força da blogosfera, da base aliada e da propaganda política, para defender Dilma Rousseff na etapa final de uma guerra que já entrou para a história como um dos mais terríveis, massacrantes e desonestos embates eleitorais da história da república brasileira. Muitos ataques são diretos, mas a maioria acontecem subliminarmente. Na entrevista com Dilma no Jornal Nacional desta semana, por exemplo, o âncora William Bonner fez colocações onde repetiu a afirmação de que a petista seria "a favor do aborto", e com uma sintaxe peremptória, sem estabelecer a diferença entre a posição da ministra que sempre foi contra a "criminalização" da prática, e ser favorável a uma forma contraceptiva que todos sabem ser extremamente agressiva, além de polêmica do ponto-de-vista não só da religião, como da bioética. No dia seguinte, Bonner, em vez de citar o aborto da mulher de Serra, ajeitou a bola para que o tucano repetisse as acusações levianas de que Dilma seria favorável ao aborto.

Hoje a Folha inaugurou uma nova frente de ataques, usando informações colhidas junto ao vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge, sobre a quebra de sigilo ocorrida em setembro de 2009. Mais uma vez, a mídia usa os escrúpulos republicanos do governo Lula contra o próprio, conforme aconteceu tantas vezes durante o "escândalo" dos cartões corporativos, onde se procurou converter a transparência no uso do dinheiro público, uma novidade com a qual a sociedade não estava acostumada, num crime hediondo. Como pode um ministro de Estado usar o dinheiro público para adquirir uma luxuosa tapioca numa lanchonete de Brasília?

O governo tem de se manter firme em seus "escrúpulos republicanos", mas os partidos políticos precisam agir rápido, porque ocorreu uma manipulação grotesca da notícia. A Folha praticou o mais sujo e odioso antijornalismo.

Ao contrário do noticiado pela Folha (e imediatamente repercutido por Globo), o inquérito da Polícia Federal não liga nenhuma "equipe de inteligência" da campanha de Dilma à quebra de sigilo de Eduardo Jorge e Verônica Serra, pois:

  1. O principal suspeito, o jornalista Amaury Jr, não trabalhava na tal equipe em 2009, quando o sigilo foi quebrado. 
  2. A tal equipe de inteligência de Dilma nunca existiu. A própria Folha noticiou que houve apenas um jantar de Lanzetta com um araponga, do qual não resultou nenhuma contratação. Por outro lado, é óbvio que a campanha de Dilma tem gente trabalhando e filtrando informações políticas, assim como tem Serra, mas inventar uma "equipe de inteligência" só para o PT visa atribuir ao partido uma aura de espionagem ilícita sobre a qual não se tem nenhuma prova. 
  3. Amaury Jr. trabalhava no Estado de Minas, jornal intimamente ligado à Aécio Neves. Logo, não é preciso ser nenhum campeão do jornalismo investigativo para concluir que a iniciativa de sondar pessoas ligadas à Serra partiu do grupo de Aécio Neves, que na época vivia um embate extremamente tenso com o PSDB paulista para definir quem seria candidato a presidente da República.
A Folha produziu uma manchete para Serra usar no horário político de hoje, mas desta vez o tiro pode sair pela culatra, desde que a Polícia Federal reaja imediatamente a esta imoral utilização de seu nome numa jogada suja e malandra em favor dos tucanos.

Listo aqui alguns posts esclarecedores da blogosfera sobre o caso:

4 comentarios

X-MAN disse...

Miguel, a mirdia brasileira é uma piada ha muito tempo, me lembro que no começo do governo Lula o gushiken reclamou que estavam espionando o giverno, um jornaleco porcaria do pig não me lembro qual fez piada e no final colocou a musiquinha do james bond, depois veio o escandalo da kroll dd etc, são uns sabujos; me lebro de certo magistrado que disse pra certo politico não medi-lo pela regua do pt, mas parece que o que acontece é o contrario; agora vamos de aborto da mulher, de panfleto ilegal de paulo preto com dinheiro na meia, de privatização de documento assinado e não cumprido tudo o que temos direito. E a PF? Tem agora que vir a publico e revelar as conclusões de suas investigações junto com os depoimentos, o contrario será um atentado á verdade.

blog do teacher Ramos disse...

Miguel desde que li sobre a manchete da folha, pela manhã, que coloco postagens e faço comentários nos blogs que tratam do assunto:
O PT tem que convocar uma entrevista coletiva e desmentir a manchete da folha, que o globo já repercutiu. Mostrar o jornal, dizer que o proprio texto contraria a manchete e se possível trazer o relato do proprio Amaury. O PT precisa defender a campanha de Dilma e atacar a folha.

alex disse...

Miguel .. enquanto isso a CNBB se faz de morta!

Dê uma olhada no Blog AmigosdoPresidente
http://osamigosdopresidentelula.blogspot.com/

A panfletagem católica-apostólica-romana continua correndo solta ...

Ãn... diz a CNBB ... olhem lá!

Anônimo disse...

Mas, bora lá. Nada de desanimo.

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