Os trolls espertinhos, malícia e o nome do blog

Tem um troll aí bem espertinho. Ele tenta me irritar e me jogar contra os leitores pintando-me como alguém que não colabora o suficiente para a campanha de Dilma. Ele quer me inibir. Afinal, ninguém tem a fórmula da vitória. Depois do primeiro turno, eu autocritiquei-me justamente por embarcar numa estratégia meio tosca, radicalizada, sem criatividade. Cada blogueiro tem um público diferenciado exatamente porque escreve de maneira peculiar. Não tenho certeza se esse troll fantasia-se de petista para melhor me atazanar - hipótese mais provável - ou se é de fato um esquerdista enjoado e patrulheiro - neste caso, ele sim uma pessoa bastante nociva para a eleição de Dilma. Felizmente, tenho tutano suficiente para perceber sua estratégia, ou sua tolice. O nome do blog, meu chapa, tem sua razão de ser...

Não é vociferando triunfalmente sobre Dilma aqui no blog que eu vou convencer as pessoas a votarem nela. Nem mesmo adianta apenas listar argumentos. Uso também outras armas: a franqueza, a vulnerabilidade, a vaidade, a melancolia... Não precisamente para votar neste ou naquele candidato mas para encarar a blogosfera como um veículo diferente, não convencional. Esse troll, ou melhor, o personagem que ele incorpora, é um burro. Não tem idéia do valor da literatura. Sem querer, porém, ele tocou num ponto-fraco da esquerda - que não é culpa dela, ou pelo menos não totalmente. Mas não é assustador que a maioria da classe artística tenha se tornado tão conservadora politicamete, ou alienada? Isso é um problema grave, porque envolve pessoas com enorme poder para formar as opiniões alheias.

Por outro lado, o fato de alguém se pretender politizado não o torna superior a ninguém. Não é mais talentoso, não é mais inteligente, não é mais generoso. A política pode até nos melhorar enquanto indivíduos (como eu acredito), mas não necessariamente. Muitas vezes acontece o contrário, nos fanatiza, nos emburrece. A política é uma força importante para nós enquanto civilização, enquanto país, isso que as pessoas parecem não assimilar, que Dante Alighieri não existiria sem Florença...

O troll realmente não entendeu porque o blog tem um nome tão estranho. Então explico. Houve um tempo em que eu lia e relia um livro intitulado "Jung e o Tarô", que pertencia à minha mãe, onde a autora faz uma análise do tarô à luz das teorias junguianas sobre os arquétipos. O diabo é uma das figuras mais interessantes e não corresponde a um símbolo negativo. Assim como todas as outras cartas, pode ser interpretado para o mal ou para o bem. O aspecto positivo do diabo (eheh, teve uma leitora que se assustou com a possibilidade do título do meu blog causar prejuízo junto ao eleitorado religioso; pra falar a verdade, até eu me incomodei com essa idéia) é que ele significa a experiência, os segredos da carne, a malícia, tudo que a vida exige de nós para enfrentarmos as vicissitudes do sexo, do trabalho, das relações humanas. Jung explica que a religião católica demonizou o diabo, esse antigo arquétipo sempre respeitado e compreendido em outras civilizações como uma força necessária e inevitável.

Não é hora de falar de diabo... Não nesse momento de carolice exacerbada. Então mudemos de assunto. Mas agora o post acabou. Encerro com uma citação de Santo Agostinho, para temperar o texto com um pouco de água benta. É uma frase que cai bem nesse momento: "Sê humilde para evitar o orgulho, mas voa alto para alcançar a sabedoria!"