5 de março de 2010
Outra versão sobre a morte de Zapata
Assisti ao vídeo acima (via Miro Borges) tentando ser crítico. Não sei quem o produziu. Imagino que tenha sido o governo cubano, para responder às acusações internacionais que se seguiram à morte de Orlando Zapata. Mas pensei também: ora, o mínimo que as mídias globais deveriam ter feito era apresentar a versão do outro lado. Lembrei das dezenas de artigos de opinião produzidos no Brasil ininterruptamente. Uma coisa havia me chamado a atenção. Ninguém falava quem era Orlando Zapata. Dizia-se apenas que era um "preso de consciência". Só. Sem informações sobre seu histórico. Era um intelectual? Um jornalista? Um advogado? Um artista?
Nesse vídeo, o governo cubano dá sua versão. Zapata não estava entre os 75 acusados de contra-revolução presos há alguns anos. Zapata era um preso comum, com histórico de delinquencia, que teve sua pena aumentada por conta de violências praticadas dentro da prisão. As máfias castristas de Miami entraram em contato com ele há pouco tempo e passaram a sustentar sua família. Recentemente, pressionaram-no a fazer uma greve de fome com petições irrealizáveis.
O governo diz ainda que Zapata recebeu tratamentos médicos altamente especializados e custosos no ano passado, por conta de um problema de saúde que teve, e que depois de sua recente greve de fome, mesmo recusando tratamento, foi levado aos melhores centros de saúde do país.
Essa é a versão de Cuba. Não posso afirmar que é inteiramente verdadeira. Apenas lamento que as mídias tenham negado o direito ao governo cubano de apresentar a sua versão, e com isso, a opinião pública brasileira não teve sequer o direito ao contraponto. Mesmo a turma pró-Cuba não conhecia a versão do governo cubano.
Houvesse uma mídia séria, comprometida com a verdade, poderia ativar repórteres para pesquisar quem foi, de fato, Orlando Zapata. Não apenas entrevistar sua mãe, que naturalmente não gostou de sua morte. Por outro lado, receio que não falte apenas vontade de pesquisar. Falta também honestidade, de forma que, mesmo que fosse levada adianta uma reportagem, ela seria tendenciosa, ou então seria abortada no momento em que aflorassem verdades incômodas.
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Como poderia um jornal ou revista com diretores ou jornalistas não alinhados com a esquerda terem acesso a informações corretas em Cuba ?
Ficaria como ficou, a versão de Cuba de que o tal Zapata era um criminoso comum e merecia ter morrido embora tenha recebido toda ajuda possivel.
Vindo de Cuba e dos Castros, quem acredita nessa versão ?
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