13 de março de 2010

Nassif e a cobra

Desta vez foi diferente. A cobra mordeu, inoculou veneno, causou dor, mas a vítima estava preparada. Numa mão o soro anti-ofídico, na outra um porrete, Luis Nassif não perdeu tempo e usou o ataque que sofreu da Folha como mais um exemplo do jornalismo marrom praticado por Otavio Frias Filho e seus capachos.

Qual especialista em artes marciais, Nassif transformou a investida inimiga num contragolpe. E mostrou a cobra morta.

A Folha é o jornal mais traiçoeiro de todos. Às vezes finge ser imparcial, bonzinho, politicamente correto, crítico de todos os governos. Mas é só disfarce para se aproximar da consciência do leitor desprevenido, e capturá-la.

Não me estenderei sobre o caso em si, porque o próprio Nassif o enterrou com um post esclarecedor.

Mas, pensando bem, não adianta enterrá-lo. Os escândalos midiáticos, por mais forçados e falsos, por mais soterrados que estejam sob argumentos sólidos, sempre voltam, qual morto-vivos de um filme B, a assombrar a opinião pública.

Lembro dos boxeadores cubanos. Ficou provado que eles pediram para voltar à Cuba. Se eles fugiram depois, ou foram punidos, problema deles. Foi muito comovente ver os paulistas interessados na sorte de dois boxeadores que abandonaram o PAN para curtir uma noite de drogas, álcool e prostitutas bancada por um mafioso alemão. Enquanto isso, centenas de crianças famintas e viciadas em crack cruzam a Ipiranga e a Avenida São João - e nada acontece em seus corações

Quando se julgava a história dos boxeadores cubanos enterrada, eis que a vemos ressurgir, volta e meia, ao palco midiático. Cádaver redivivo que - embora não articule um som inteligível - apavora incautos senhores que jogam cartas na praça e não lêem o blog do Nassif. O morto-vivo se alimenta de cérebros inocentes. I wanna brain!

O ataque da Folha ao Nassif tem que ser chamado pelo que é: vil, malicioso, desonesto.

A começar pelo título: "EBC paga R$ 1,2 mi a jornalista pró-governo".

Nassif tem história. Inclusive na Folha de São Paulo, onde por anos integrou o Conselho Editorial. É um jornalista. Não um "jornalista pró-governo". Suas inclinações políticas e ideológicas constituem sua liberdade. Afinal, como a Folha entende a liberdade de imprensa? Liberdade, para um jornalista, para um cidadão, é o direito a ter uma opinião independente, genuína. Não existe liberdade quando essa ou aquela posição política - desde que democrática e constitucional - é estigmatizada.

Na verdade, a Folha se faz de sonsa. Nassif não critica o posicionamento oposicionista da mídia. Ele critica a manipulação grosseira, mentirosa, indigna, com a qual essa crítica se manifesta. Naturalmente que Otavio Frias Filho tem todo o direito de estabelecer uma linha editorial duramente oposicionista. O jornal é seu. É sua propriedade. Os jornalistas que lá trabalham são empregados. Todo mundo tem de obedecer o patrão, ou vão para rua. O que não se pode fazer, o que é inconstitucional, o que é um crime contra a liberdade, é o abuso. A calúnia. A violação da dignidade humana. O não-cumprimento, de maneira plena e satisfatória, do sagrado direito de resposta.

*

Nassif é hoje o blogueiro político mais lido no país. Seu posicionamento encontra enorme eco junto a milhares de pessoas. Ele cumpre uma função democrática crucial, sobretudo quando se observa o espírito de rebanho da grande imprensa brasileira, absolutamente monocórdica quando o assunto é política. Nassif é um jornalista que não precisa sacrificar sua alma no altar das famiglias que dominam a comunicação de massa no Brasil.

10 comentarios

Peixoto/Pres.Prudente/SP disse...

É um absurdo termos que suportar a Folha de SP, de fazer estas manipulações e ataques covardes à uma pessoa séria e ética como o Nassif. Mas podem crer, a DILMA vai enquadrar esta mídia maldita. A DILMA é bem mais radical que o LULA e vai acabar com estas tramoias do PIG. Podem aguardar.

Adir disse...

Toamara, alguem tem que fazer alguma coisa contra esses pulhas donos desses panfletos nazistóides e cascateiros.
Obs.: cobra não morde, pica!!!

Adir disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
Miguel do Rosário disse...

acho que pode falar que cobra morde também, não? afinal ela tem dentes. ficaria estranho para uma abelha. ou mosquito. aí sim.

Anônimo disse...

Interesante.
Nassif não nega que o contrato foi feito sem licitação. Pra fazer um simples programa semanal de entrevista tem que ter alguem contratado sem licitação. A lei 8666 diz que so pode ser sem licitação quando é inviável a competição.
segundo: a folha falou que eram 55 mil mensais pro Nassif, o resto de custo. Nassif disse que eram "apenas" 39 ou 49 mil.. Puxa quase 50mil pra um jornalista fazer entrevista uma vez por semana? será que nao tem outro que pode fazer a entrevista pela mentade ou 1/3 do preço?
por fim esquece que Nassif tb tem contrato com o BB no site dele.

Miguel do Rosário disse...

Cara, não se faz licitação para esse tipo de coisa. Licitação é para construir estrada, não para escolher um programa de tv. São vários esquetes por semana. O Faustão faz um programa por semana e ganha 3 milhões de reais por mês. É o preço de mercado, é o preço de TV. Uma entrevista por semana não significa apenas aquela horinha de trabalho e sim uma preparação de várias horas, edição posterior, além da responsabilidade jurídica por qualquer besteira falada.

Galvão disse...

E você ainda perde tempo para responder ao anônimo burro!

ateneu disse...

Pergunta do anonimo acima:
"...Puxa quase 50mil pra um jornalista fazer entrevista uma vez por semana? será que nao tem outro que pode fazer a entrevista pela mentade ou 1/3 do preço?..."

Resposta do próprio LN a uma pergunta semelhante (11/03/2010 às 20:38):

Prezado, são 39 mil líquidos para remunerar toda uma equipe envolvida com o projeto, a direção, concepção do programa mais minha participação como apresentador e comentarista. Esse é menos do que o salário individual de um comentarista da CBN.

reginaldo gadelha disse...

Há algo errado em tudo isso. O Nassif declarou que o valor mensal eram R$100.000 /R$120.000 que metade disso consistia em custos de produção e, sobravam R$55.000 que após mais custos passaram a ser só (só ?) R$39.000.
Como pode agora declarar que dos R$39.000 ainda pagava os profissionais ?
Há algo mal contado nessa estória.
Pessoalmente acho muito alto este custo, inviabilizando empresas privadas serem parceiros.

Miguel do Rosário disse...

Pessoalmente voce acha alto? Você entende de salário de apresentador de tv, por acaso?

E voce acha que uma TV tem que escolher o programa mais barato? Qualidade não importa mais?

Vc não viu a matéria, que outros programas da TV Brasil tem o mesmo orçamento?

Vc acha que o mercado paga quanto por um apresentador/jornalista qualificado?

O Faustão ganha uns 3 milhões por mês, e voce acha 55 mil muita grana pro Nassif?

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