(outro antigo, de julho de 2005)
Agora a situação está mais clara. Estamos realmente vivendo uma "venezuelização" da política brasileira. A revista Primeira Leitura, juntamente com a Veja e mais uma dúzia de colunistas super-estrelas de grandes jornais, assumiram a liderança da oposição golpista, servindo de flanco de apoio aos partidos de direita.
O momento é de mostrar força. Excitada pela reação emocionada de Lula contra a tentativa das elites de desestabilizar um governo que vem sendo bem sucedido nas principais frentes (combate à inflação e ao desemprego, perspectiva de forte redução de juros no segundo semestre), os próceres da direita brasileira perdem todo o pudor de publicar calúnias, denúncias vazias e notícias distorcidas. É interessante ver como Reinaldo Azevedo, editor da Primeira Leitura, novo think-tank da direita nacional, elogia seu colega, Diogo Mainardis, colunista direitista (chamá-lo de direitista é quase um elogio, tamanha a obscuridade de sua ideologia, mas vá lá) da Veja.
Agora, se a direita quer guerra, então ela terá.
Tenho acompanhado a mídia latino-americana e vai uma advertência: a direita brasileira está sendo observada pelo mundo. E uso esse termo direita, mesmo sabendo que muitos vão reclamar, justamente porque é esse o termo que a mídia internacional está usando para descrever a oposição. Ler a Prensa Latina, do México, ou a Agência Bolivariana, feita na Venezuela. A opinião internacional, assim como a doméstica, não está se inclinando a favor da oposição brasileira. Lula possui um imenso prestígio no exterior. E também aqui dentro. Por isso, depois que Lula for reeleito em 2006 com maioria esmagadora de votos, não vão dizer que houve fraude eleitoral.
Hoje a revista Veja dá o tom do nível dos ataques que virão. Marcos Valério, pivô financeiro de toda essa crise, e que vem trabalhando com diversos partidos políticos há quase vinte anos, teria feito chantagem ao PT, e inclusive a Lula. Muito estranha a gravação da revista, muito estranha essa chantagem, mas certamente entre Marcos Valério e Lula, o o povo vai confiar no último, por sua história e por seu cargo. Vamos ver se Valério, agora, como saída desesperada, vai se aliar a interesses políticos golpistas.
Ninguém aqui é petista fanático ou lulista fanático. Quem for culpado, tem que pagar. Como o próprio Lula disse no discurso inflamado para os petroleiros, "presidente não tem fóro privilegiado, qualquer um pode processá-lo". Se Lula for culpado de algo, tem que pagar. Mas fica difícil de crer que um presidente cujo governo já prendeu, em 2 anos, mais corruptos do que outros governos em 20 anos, seja culpado de corrupção.
A crise política mostrou que as classes conservadoras no Brasil apenas aguardaram o momento oportuno para atacar duramente o governo Lula e tentar derrubá-lo. Esperaram, ansiosamente, o primeiro deslize sério, no caso do Partido dos Trabalhadores, para provocar um estado de forte desestabilização e, com isso, pressionar a opinião pública contra seu líder máximo.
Nesta batalha que se inicia, e que obrigará a todos a tomar posição, a direita, insuflada em seu ego pelo apoio dos grandes proprietários dos meios de comunicação, esquece-se que Lula foi o presidente com maior número de votos da história do país; e o segundo mais votado, depois de Bush, no mundo inteiro. Ainda hoje, a popularidade de Lula é enorme. Popularidade conquistada com um histórico de luta contra a exploração do trabalhador, contra o imperialismo, e pela justiça social.
Nesse momento, em que vejo todos os conservadores de carteirinha começarem a berrar seus discursos cheios de preconceitos contra a classe trabalhadora, cujo símbolo maior é Lula, sinto que o incêndio da luta de classes, tão cuidadosamente evitado por todos, começa a lavrar no país. Pois então, que seja. A classe trabalhadora não queria esse incêndio. Os trabalhadores estavam satisfeitos com o governo. Sabem que há problemas e que há muito o que melhorar, mas sabem que dois anos não resolvem problemas estruturais que remontam a séculos. Os índices de aprovação do governo, em plena crise, demonstraram uma musculatura impressionante, que só pode ser explicada pelo bom desempenho da gestão do governo Lula na administração das finanças públicas e pelas políticas sociais.
Sabemos que, se a história é contada e interpretada pela inteligência, durante o fazer histórico entra um componente muito importante: a força. Se a direita golpista quer usar a força, no caso o extremismo editorial de suas revistas e jornais, então os trabalhadores, através das mídias que os representam, também vão usar. Se a linguagem que eles usam se torna mais brutal, se abandonam a ponderação e o respeito a idéias diferentes às suas próprias, se deixam de ter respeito pela figura do presidente da República, então também as mídias revolucionárias serão agressivas, brutais e não terão respeito pelas figuras que eles defendem, como Geraldo Alckmin, Arthur Virgílio, César Maia, e tantos outros.
Agora que a serpente mostrou a cara, os trabalhadores podem puxar o pau e matá-la.
Rio de Janeiro, 23 de Julho de 2005
8 de julho de 2007
Está deflagrada a guerra (arquivo)
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