incendeiam esperanças de papel
enquanto esperam o calor das ressacas
que a manhã despeja
na orla suja da praia
excessivos agostos
rompem a pele macia
das crianças que somos
quando pegamos em armas,
ou tomamos uns drinks
luz destruída
pela reluzente merda
das noites tristes
que anunciam
a sublime escuridão
de um futuro sem asas
os erros prosseguem
fermentando em nós mesmos
aleijões sangrentos
que cultivamos
como nossa mais sutil
indignidade
a qual,
a despeito de sua irisada
imperfeição e vergonha
é também o que possuímos
de mais original
- nossa mais fulgurante
contradição, nosso amor
mais secreto e apavorante
o que se oculta
nas dobras da felicidade
perturbando o sono
gerando confusão
é isso, o poeta
é o artífice
da perplexidade
4 de julho de 2007
poema
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