4 de julho de 2007

poema

incendeiam esperanças de papel
enquanto esperam o calor das ressacas
que a manhã despeja
na orla suja da praia

excessivos agostos
rompem a pele macia
das crianças que somos
quando pegamos em armas,
ou tomamos uns drinks

luz destruída
pela reluzente merda
das noites tristes
que anunciam
a sublime escuridão
de um futuro sem asas

os erros prosseguem
fermentando em nós mesmos
aleijões sangrentos
que cultivamos
como nossa mais sutil
indignidade

a qual,
a despeito de sua irisada
imperfeição e vergonha
é também o que possuímos
de mais original
- nossa mais fulgurante
contradição, nosso amor
mais secreto e apavorante

o que se oculta
nas dobras da felicidade
perturbando o sono
gerando confusão
é isso, o poeta
é o artífice
da perplexidade

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