8 de julho de 2007

O fantasma da puta

(meu famoso poema)

Dizem eles, que habitam os botequins,
amantes da bebida, mulher e futebol,
que durante as madrugadas de Copacabana,
quando a lua é cheia, uma insana,
passeia nas ruas até o nascer do sol.

Dizem eles, os amantes da cerveja e da cachaça,
que é o fantasma de uma antiga prostituta,
que foi condenada a vagar eternamente,
porque em vida foi cruel como a serpente,
próprio diabo encarnado numa puta!

Não era bela, mas decerto alguma coisa,
tinha ela que causava um forte efeito,
seu nome era doce e delicado: Carolina,
essa vadia viciada em cocaína,
que seduzia do mendigo ao prefeito.

Morena, de olhos verdes como o mar,
ela jurava amor a todo amante,
e prometia fidelidade até a morte,
e o traía com gente de toda sorte,
lúbrica e pérfida bacante.

Como fria e implacável sanguessuga,
ela levava seus amantes à falência,
depois largava-os todos na sarjeta,
e iam todos, vejam só!, tocar punheta,
sonhando com o motivo de sua decadência.

Até que um dia, uma das vítimas,
tomado de fúria, quis vingança,
e armado com uma faca foi atrás,
daquela que ele cria ser Satanás,
mas ele era quase uma criança...

A puta, adivinhando-lhe a intenção,
usou toda força de seu encanto,
atacando-o com todos os meios,
pernas, boca, bunda e seios...
querido, eu te amo tanto...

Quando o babaca enfim desistiu,
de esfaquear a mulher maldita,
ela pegou a faca e pronto,
no mundo menos um tonto,
mais um furo pro jornalista.

A puta, porém, apesar de ser sagaz,
foi encontrada morta no banheiro,
durante uma festa no Leblon,
devido a um pó demais de bom,
que foi o seu teco derradeiro.

Agora, um fantasma vaga
pelas ruas sujas de Copacabana,
uns dizem ser o espírito da prostituta,
outros, achando tal lenda muito biruta,
dizem que se trata de uma insana.

Mas todos concordam que o fantasma,
além do susto não pode fazer o mal,
e, entre uma dose e outra, eles comentam,
a última aparição, e tentam,
afogar no álcool o baixo astral.

1 comentário

Anônimo disse...

Ainda não conhecia.Gostei.Misto de N.Rodrigues com Mario Quintana.

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