3 de julho de 2007

"Nós não podemos tolerar esse aí"

Leiam essa noticia, que pesquei no blog do Noblat hoje. Ela mostra como a nossa historia foi abortada por interferencia americana. Acho que as consequencias da ditadura militar foram muito piores do que pensamos. Nunca esqueçam de que a nossa midia participou ardentemente do golpe contra a democracia brasileira! O que passou passou, tudo bem. Nao acho que devemos crucificar a imprensa. Mas esquecer nao. Por que os donos sao os mesmos. E o golpismo permanece.


De José Meirelles Passos em O Globo, hoje:

"O mais recente pacote de documentos secretos sobre o Brasil divulgado pelo governo dos Estados Unidos comprova a tese que a viúva do ex-presidente João Goulart, Maria Thereza, e seus dois filhos, João Vicente e Denise, defendem na Justiça brasileira, ao reivindicar compensação por danos morais e materiais: a de que o governo americano deu apoio financeiro, material e político ao golpe militar em 1964.

Informes da CIA — a Agência Central de Inteligência —, telegramas do Departamento de Estado, além de documentos e uma gravação atualmente guardados na Biblioteca Lyndon Johnson, no Texas, que foram consultados ontem pelo GLOBO, contêm informações detalhadas sobre a ativa participação do então embaixador americano no Brasil, Lincoln Gordon, numa intensa campanha encoberta de intervenção dos EUA.

Essa campanha culminou com o próprio presidente Johnson dando o sinal verde para o apoio à derrubada de João Goulart, como mostra um áudio de quase seis minutos — da Casa Branca — contendo uma conversa telefônica entre ele e o subsecretário de Estado, George Ball. Depois que este lhe fez um resumo sobre a situação no país, Johnson disse:

— Acho que nós devemos dar todos os passos que podemos, e estar preparados para tudo o que precisarmos fazer.

Segundos depois, o presidente Johnson, que estava em seu rancho no Texas, acrescentou uma sugestão para que o golpe fosse exitoso:

— Eu colocaria nisso todo mundo que tem alguma imaginação e engenhosidade — diz ele, mencionando como exemplos o diretor da CIA, John McCone, e o secretário de Defesa, Robert McNamara.

Johnson, referindo-se aparentemente a Goulart, arrematou:

— Nós não podemos tolerar esse aí. Eu investiria tudo nisso (o golpe) e até me arriscaria um pouco (por isso).

Foto: Vladimir Herzog, o famoso jornalista de SP, "suicidado" numa prisao do Dops.

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