Eu também dizia : hay gobierno, soy contra. Hoje considero infantilismo político. Pois observei que os governos, por mais deficientes e reacionários e incompetentes que possam ser, representam uma possibilidade de defesa contra os interesses privados. As leis podem beneficiar, na maioria das vezes, apenas os ricos, mas a ausência de leis beneficia, necessariamente, sempre, os ricos.
Vejo as pessoas sempre criticando Lula, de forma blasé, à esquerda, com brutalidade, à direita. O fato é que a intelectualidade brasileira ainda não aceita o significado da democracia. Não aceita o fato de que, se um governante ganha eleições e mantém sua popularidade, é porque alguma coisa ele está fazendo de bom. Caetano Veloso pode não gostar de Lula, mas ele teve 88% dos votos da cidade de São Salvador.
E não vem ao caso pensar se ele é o melhor que JK, Jango ou Vargas. O fato é que, diante das circunstâncias políticas atuais, é a melhor opção. A única opção. Não estamos na época de JK, não estamos na época de Jango, nem no tempo de Vargas. O momento nosso é o momento de Lula, com todos seus problemas e qualidades.
A direita é doente, fascista até os ossos, seria capaz fácil fácil de apoiar qualquer Hitler de aluguel para derrotar a esquerda e Lula.
A esquerda continua martelando sua eterna ladainha de que Lula faz concessões demais à direita. Até concordo com essa última hipótese, mas pergunto: e aí? A grande crítica histórica à esquerda não tem sido justamente o seu comportamento dogmático, fechado, a sua falta de respeito ao contraditório? Fazer concessões não é um problema, desde que os objetivos concretos sejam mantidos. O desemprego caiu novamente para 1 dígito, 9.7%, nível baixo historicamente, um dos mais baixos em 30 anos. Porra, isso não é importante? Mais de 30 milhões de pessoas que tinham dificuldade para adquirir alimentos agora estão recebendo ajuda para fazê-lo. JK fez isso? Pelo que eu sei, JK foi um bom presidente, mas manteve uma política fortemente inflacionária e não determinou nenhuma política efetiva contra a fome no país. Por acaso, a esquerda está vendo a política para a agricultura familiar atual? Que espécie de esquerda é essa que não vê a importância disso? Não é importante comer? Que é importante então? Cagar? Naturalmente, tem o fato de que 130 mil milionários detém metade do PIB nacional. Lula poderia prender todos na cadeia, apropriar-se de seu dinheiro e investir a grana em estradas e ferrovias. Mas, eu me pergunto: a imprensa iria apoiar? A OAB iria apoiar? O Supremo Tribunal de Justiça iria apoiar? O Senado iria apoiar? O Congresso Nacional iria apoiar? Eu iria apoiar, mas e daí? É preciso força política para fazer isso. Força se acumula, sobretudo através da luta ideológica. A esquerda tem feito seu papel? Não acho. A esquerda tem se mantido um tanto discreta no combate ideológico. Os intelectuais “oficiais” não tem nos oferecido muito material novo para alimentar a militância. A novidade tem saído de atores novos, gente escrevendo na internet, comentando em blogs e sites.
Quanto aos juros, estão no nível mais baixo em 50 anos. Ou não? Tem que baixar mais, claro, mas não é um bom sinal que tenham baixado tanto?
Agora a Miriam Leitão começou a peidar, sugerindo que a hora é de parar de reduzir os juros... E o salário mínimo, a duzentos dólares, é melhor que os 30 dólares de salário mínimo do FHC, ou não? E vem cá, é muito fácil controlar a inflação mantendo o câmbio fixo 1 real – 1 dólar como fez o FHC, não? Muito fácil estabilidade pedindo emprestado ao FMI e vendendo estatais, não? Pois essa foi a política econômica “maravilhosa” de FHC: uma estabilidade mantida com dinheiro emprestado e câmbio fixo articialmente. Grande merda.
Acho até engraçado ver a esquerda incensando Evo Morales e, ao mesmo tempo, fazendo referências condescendentes a Lula. Olha só, eu apoio fortemente Morales. Aliás, acho curioso que colunistas como Miriam Leitão, que nunca se interessaram pela Bolívia, que afundava mais e mais na miséria, na corrupção, na falta de perspectivas, agora critiquem tão raivosamente o governo boliviano. Mais engraçado ainda: a Miriam Leitão se preocupa agora com os acionistas da Petrobrás, se estão perdendo alguma coisa com o processo da nacionalização das fábricas lá. Mas não vi ela comentando o fato de que nunca os acionistas da Petrobrás ganharam tanto. Não vi ela comentando o fato de que, enquanto no governo FHC, o maior feito da Petrobrás foi ver a P-52 afundar, um prejuízo de bilhões e perda de vidas humanas, a empresa agora consolidou-se como a maior da América Latina, e com um capital aberto para qualquer pequeno investidor brasileiro.
Entretanto, dar pitaco no quintal do vizinho é fácil. Vê-se apenas o lado bom. É claro que o governo Morales tem seus problemas. Todo governo é problemático. Todo governo é contraditório. Pretender a existência de um governo absolutamente bom, absolutamente eficaz, absolutamente coerente, não é apenas ingênuo. É desonesto. É estupidez. Eu apoio Lula não porque eu seja um de seus “áulicos” que venera tudo, mas porque estou ciente do processo de luta política que rege qualquer palavra que eu diga sobre Lula. E, desde que esta luta, no Brasil, assumiu o aspecto de um golpismo puro, em que o objetivo não é dialogar ou fazer a crítica construtiva, me sinto impedido fazer qualquer tipo de crítica, pois vejo que esta seria manipulada e deturpada.
Chegamos num momento triste para a democracia brasileira, em que a imprensa nacional parece dar credibilidade apenas aqueles que são contra o governo, especificamente contra o governo Lula. E a favor do PSDB. O contraditório está sendo criminosamente omitido. Aconteceu no tempo da primeira grande crise política. Está acontecendo de novo. O último programa do Observatório da Imprensa, na TV Cultura, trouxe apenas figuras ligadas ao histérico anti-governismo. Eliane Catanhede, para começar. Que tipo de credibilidade espera ter essa senhora, agora que as causas do acidente foram atribuídas ao erro do piloto e falhas mecânicas, ou seja, nada a ver com a crise aérea? Outra, até onde a imprensa não vem contribuindo para disseminar pânico e medo na população e, por conseguinte nas próprias tripulações aéreas? Até que ponto a imprensa não vem contribuindo para desestabilizar o sistema aéreo, interferindo tendenciosamente na questão sindical dos operadores, suspeitos, diga-se de passagem, de sabotaremo o sistema, em troca de propinas oferecidas pela oposição?
Esse acidente aéreo da TAM mostrou do que a mídia brasileira é capaz. Aquela do psicanalista chamando o Lula de assassino, com chamada na primeira página, entrou para os anais do golpismo midiático tupi. Seremos obrigados a ficar ouvindo, nos próximos 20 anos, que Lula foi responsável pela tragédia. Não importa se as investigações e mesmo se a própria imprensa, apontarem o contrário. Como aqueles japoneses malucos que não acreditavam que o Japão havia perdido a guerra, ainda teremos que suportar, por muito anos, os malucos repetirem, ad infinitum, todas as teorias golpistas vociferadas pela imprensa nas últimas semanas.
Pergunta se eu cansei? Ah ah ah, claro que cansei disso. Mas não posso pagar publicidade na Globo. Não posso influenciar amiguinhos milionários e advogados da OAB. Não tenho dinheiro. Tenho apenas minha palavra, e a atenção de vocês, leitores. Tenho um voto, porém, que vale o mesmo que o voto de um imbecil da OAB. Vocês tem o seu voto. Que vença o melhor. E que Deus nos abençoe.
28 de julho de 2007
Outra pedra
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É dureza,mas não existe outro jeito de evoluír,aos trancos e barrancos e muita coragem já que o racional não funciona para alguns.
O próprio Chomsky, que é anarquista, escreve nos seus livros que não é tolo de combater o Estado de bem estar social. Prefere dirigir suas energias contra o poder de fato, o das grandes corporações e o complexo militar-industrial americano.
esse grupelho "cansei" faz a defesa
"do champanhe deles de cada dia".
é só ler no terra magazine o perfil
dos caminhantes(parece que um desses pobretões acaba de comprar um honda e sua filha segue para os eua).meu cansaco com esses cretinos
é bem anterior.
eles pensam que o lula é o jango?
um cantante embalou o "pra não dizer que não falei de flores".
oportunismo não tem limites!
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