5 de fevereiro de 2009
Estudando melhor os números
(Emory Ford)
Recuso-me a acreditar numa desgraça dessas. Desde que me entendo por gente nunca havia assistido o Brasil crescer de maneira tão sustentável, sem inflação, gerando emprego, distribuindo renda, descobrindo petróleo, chovendo. Tudo caminhando bem. De repente, uma crise produzida pelo fdp do Bush estraga tudo. Uma crise de banqueiros, mas fomentada pela gestão merda do ex-presidente americano, que torrava 10 bilhões de dólares por mês no Iraque e outros bilhõezinhos no Afeganistão.
Estou estudando os números do IBGE e, de fato, houve uma assustadora retração em dezembro. Entretanto, como as vendas não caíram substancialmente em dezembro. Ao contrário, tivemos um Natal com números positivos. E como a exportação não tem uma representatividade no PIB que justifique uma queda tão acentuada, eu desconfio que houve uma decisão das grandes empresas do país de paralisarem a produção, visando aguardar os acontecimentos.
A queda na produção foi generalizada em todos os estados e em todos os setores. Não dá para tapar o sol com a peneira. Advirto os leitores que estou querendo ver números positivos, mas prometo não falsear nada. Abaixo, duas estatísticas. A primeira traz os últimos números do IBGE para a produção industrial de dezembro. A segunda, com as exportações no último trimestre. Optei por não pegar somente dezembro, porque entendi que, se as exportações fossem boas em outubro e novembro, não teria sentido a indústria se retrair em dezembro. Lembrei, porém, que pode ter havido cancelamento de contratos para entrega futura. De qualquer forma, os números de exportação foram muito bons. As exportações brasileiras em Out/Dez 2008 cresceram 7% em relação ao mesmo período do ano anterior, e 179% sobre 2002!
Entretanto, a exportação de veículos e autopeças, na contramão de todos os outros, registrou queda de 5% no último trimestre; na comparação com 2002, o aumento prossegue vigoroso: 166%.
(clique nas tabelas para ampliar)
Com base nesses números, portanto, posso fazer algumas observações mais prudentes do que as que fiz no post anterior. Considerando a queda de 49% na produção industrial do setor de veículos em dezembro, na comparação com o ano anterior, atrevo-me a dizer que o grande vilão deste tombo registrado em dezembro talvez tenha sido realmente este setor. Outro setor que registrou uma queda ainda maior foi o de materiais eletrônicos e aparelhos de comunicações, queda de 60%.
Espero, sinceramente, que nenhum industrial brasileiro tenha cogitado fazer uma "greve branca", como fizeram na Venezuela, por quase dois anos, que gerou uma queda superior a 10% do PIB do país. Não quero acreditar nisso. Prefiro acreditar que eles tenham se assustado com a crise e, por prudência exagerada, decidido interromper a produção.
A queda em dezembro, portanto, seria resultado das férias coletivas e das demissões.
E aí voltamos ao assunto discutido no post anterior. Talvez os industriais tenham exagerado mesmo, criando um desabastecimento. As filas para compra de veículos, conforme notado por repórteres, não ajuda nada nas vendas.
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Nunca é bom esquecer, porém, que o Brasil é infinitamente mais rico hoje, em produção industrial e abastecimento energético, do que na época de Juscelino, por exemplo, que foi um período de importante crescimento econômico. Na época, dependíamos inteiramente de combustível importado de refinarias americanas.
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Acho que, diante da pujança de recursos naturais do Brasil, e comparando-a com a miséria e atraso político presentes em tantas partes do mundo, não podemos ficar chorando. Embora importantes, as exportações brasileiras não têm sido o principal dínamo do nosso crescimento econômico. O consumo das famílias é que vem segurando o Brasil.
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Miguel, moro em Sinop/MT, e conversando com o gerente de uma rede de móveis que tem duas filiais aqui, ele me disse, empolgado, que em dezembro venderam 70% acima da meta e em janeiro 40% acima da meta.
Esse talvez seja o Brasil que os industriais não estão enxergando.
ótima notícia, fabricio. cara, eu estou torcendo acima do normal para o brasil crescer, e ver a cara de cavalo morto da miriam leitão. acho incrível que haja pessoas tão mesquinhas que torcem contra seu país. eu moro no rio e leio o globo, o único jornal que restou aqui depois da ditadura militar. tínhamos outros, o correio da manhã, o ultima hora, o jb, que eram bem mais arejados politicamente. o jb morreu, é só um morto vivo agora, os outros todos morreram. ficou só o globo. lembro que a miriam leitão, desde 2003 ou 2004, quando o real começou a se valorizar, anunciava enorme queda na exportação. ela só sabe anunciar desgraça. agora, é aquele negócio. a pessoa aposta a vida inteira no número 13, um dia acerta. ela pode acertar a desgraceira dela, até porque a mídia para qual ela trabalha tem colaborado para piorar os efeitos da crise mundial na economia brasileira, e não tem trazido nenhum tipo de alívio, lembrando-nos sobre os pontos de força de nossa economia. jornais e revistas internacionais lembram esses pontos de força. a mídia brasileira não, então ficamos perdidos em meio a uma saraivada de notícias negativas lançadas sem um contraponto de análises lúcidas que poderiam transformar esta crise em oportunidade. não, a midia só quer aproveitar a crise para chantagear o governo arrancar financiamentos para nababos da elite e chantagear os trabalhadores para reduzir nos direitos trabalhistas. abraço.
Prezado Miguel,
Entendo quase nada de economia.
E esta crise está sendo para mim algo meio "fantasmagórico". Estava tudo bom, tudo bem, de repente, em poucos meses, parece que o Mundo vai desmoronar.
Gostaria de Comentar sua afirmação de que a crise teria sido "produzida" pelo Bush.
Também eu não gostava do Cowboy ( assim como 90% dos habitantes da terra...) mas já vi em pelo menos duas fontes confiaveis que se quisermos marcar uma "origem" para esta crise, seria no Governo Clinton o marco.
Foi lá que começou esta história do "subprime" - ou pelo menos se intensificou despudoradamente - que veio explodir agora em 2008.
Bush tem crimes demais. Mas este parece não ser de sua autoria....
ah não foi do clinton não, porque é distante. foi do bush mesmo que aumentou a desregulamentação, e destroçou a capacidade financeira do governo americano. Afora a incompetencia, a miopia, de não enxergar o problema à sua frente, já que sua atenção estava toda focada em matar árabes. a crise estourou com bush já há 8 anos no governo. tem outra: os americanos ficaram sem dinheiro para pagar hipoteca por conta de um ambiente recessivo criado pelo bush, que não investir nos eua, só em guerra. aumentou tudo nos eua, plano de saúde, escola privada, tudo. as pessoas ficaram sem dinheiro e começaram a atrasar o pagamento das hipotecas. abraço
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