(Aproveitando o embalo de um post recente, e para ampliar um pouco o foco de nossa atençaõ, aí vai mais uma obra-prima do Mestre)
A entrevista de Jarbas Vasconcelos à Veja é uma das maiores palhaçadas dos últimos anos. A começar, qual mesmo a revista de que estamos falando? Ã? A própria entrevista é uma desmoralização completa para Jarbas e só mesmo muita parcialidade (ia dizer parceria) midiática para não detonar a total incoerência de suas respostas. Perguntado pelo repórter a que atribuía a popularidade de quase 100% de Lula em Pernambuco, Jarbas, senador pelo mesmo estado, retrucou que tal se dava pelo bolsa família. Ora, o senador eliminou, numa tacada só, toda a intelectualidade, toda classe média, toda a classe artística, do valoroso estado de Pernambuco, numa ofensa generalizada, tão absurda que beira o infantil. Conheço vários pernambucanos, cultos, bem informados, éticos, inteligentes, espertos, talentosos e descolados, que apóiam o Lula e não recebem nem possuem nenhum familiar que recebe o Bolsa Família. São músicos, escritores, jornalistas, advogados, funcionários públicos, etc. Jarbas não respeita quem tem opinião diferente da sua, e isso é um grande erro político. Isso é arrogância, autoritarismo. Ou seria, não fosse, provavelmente, algo bem mais triste e comezinho: senilidade. Uma senilidade que talvez nem tenha a ver com a idade, mas sim com o cansaço, o egoísmo, a derrota ideológica.
Na verdade, a entrevista significa duas coisas: senilidade ou demência. Não é por outra razão que o PMDB se recusa a dar qualquer resposta mais enérgica. O clichê ético de Jarbas dá ânsia de vômito. A sua declaração de apoio a Serra, ao final da entrevista, dá bem mostras do sentimento de desamparo e desespero da direita nacional, e como ela acorre, cada vez mais apavorada, para o colo do governador de São Paulo.
Francamente, não perderei meu tempo com um fim-de-comédia como Jarbas Vasconcelos. Que ele vá, junto com Roberto Freire, engraxar os sapatos de Serra, para não dizer coisa pior.
Jarbas disse tudo que a mídia queria ouvir, o batido clichê contra as instituições políticas, pois a mídia está continuamente querendo desprestigiar a classe politica para se erigir como instância ética máxima da sociedade, o que lhe garantiria poder ilimitado de chantagem sobre autoridades públicas e empresários. Cometeu, porém, um grande erro. Exagerou no teatro. Esqueceu que ele mesmo também é um político. Já foi governador. Apóia Serra - governador de São Paulo - para presidência. Todos, ele inclusive são políticos e, portanto, vulneráveis às mesmas críticas.
O senador pelo PMDB rasgou as próprias roupas em praça pública, e abraçou uma bandeira decadente. Senil, Jarbas apega-se ansiosamente por uma ovação midiática um tanto superestimada do ponto-de-vista eleitoral. Consegue admiração dos velhos cãezinhos adestrados de sempre, mas perde o respeito de todos os seus pares, santos e demônios, da esquerda à direita. Afinal, qual o sentido de um senador lançar suspeitas genéricas sobre a própria instituição para a qual trabalha mas não apresentar nenhum tipo de denúncia formal, não apontar um nome, um documento, uma acusação específica. Como diz o povo, isso é coisa de moleque!
A gente está careca de saber sobre corrupção no Congresso, mas o que esperamos de nossos parlamentares são ações concretas de combate ao crime de colarinho branco, e não chorumelas midiáticas, de efeito altamente duvidoso, para não dizer contra-producente. Ao acusar o Senado, Jarbas lançou suspeitas sobre o Tribunal de Contas, sobre a Polícia Federal, sobre o Ministério Público, sobre o Judiciário, sobre tudo e todos, afinal a responsabilidade de investigar possíveis falcatruas no Senado cabe a diversas instituições de controle. Jarbas ofendeu milhares de funcionários que trabalham honestamente no Senado, assessores, secretárias, que tiveram a sua honra manchada apenas para Jarbas expor-se na mídia, como ético, por alguns dias.
Naturalmente que a mídia não irá fuçar a vida de Jarbas. Ele é da família. Não irão fuçar se aconteceram quaisquer irregularidades em seus tempos de governador. Não irão investigar como Jarbas surgiu, quem são seus aliados em Pernambuco, qual o seu histórico de votação. Jarbas tornou-se, automaticamente, numa instalação artística, cuja fala limita-se a meia dúzia de frases sobre ética, repetidas sem nenhuma preocupação de originalidade. Uma obra-de-arte engajada politicamente! Jarbas é uma obra engajada! Pela ética! Pela renovação nos costumes da classe política brasileira.
Consta que Quércia, o angelical e puro Quércia, também do PMDB, também apoiador fanático de Serra, telefonou para Jarbas cumprimentando-lhe pela entrevista. De fato, foi uma entrevista estupenda! Um senador fala mal do seu próprio partido. Não apenas chama seus próprios correligionários de corruptos como lhes faz um duro ataque ideológico e político.
A reação blasé do PMDB, ao menos num primeiro momento, antes que a mídia o obrigue a adotar uma atitude mais enérgica, revela, todavia, o "prestígio" de Jarbas junto à sua base. Tenho certeza, porém, que as rodas continuam girando. Jarbas agiu como um típico fariseu. Revelou a mais absoluta e brilhante hipocrisia. Espera-se que agora, ele vá se queimar no próprio fogo que acendeu. Qual mariposa enlouquecida, empolgou-se em demasia pela atraente e segura luz dos holofotes, e seu destino será arder e morrer antes que se dê conta. Vá com Deus, seu inútil.
17 de fevereiro de 2009
Jarbas e o suicídio político
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É o mesmo caso do Roberto Freire: Recalque. Na visão do Freire, Lula tomou o lugar que ele achava ser seu de direito. O de líder da nova esquerda no Brasil. Então o que fez? aliou-se à direita, numa prova de que a vaidade estava acima de qualquer convicção política. O Jarbas, também achando-se dono da esquerda em Pernanbuco, não se conformou em ver o PT ocupando esse espaço. Ainda mais com uma esquerda à vera, e não uma anacrônica e inútil como a sua. Nada mais patético que a vaidade vir acompanhada de tão poucas qualidades
Juliano,
Não discordo da sua analise subjetiva das razões ou intenções do Senador Jarbas.
Realmente, pode ter sido, a entrevista, fruto de recalque, inveja, magoa, etc...
Mas creio não ser o ponto principal.
A questão é que ele falou coisas que todos nós dizemos em mesas de bares.
Mas nenhum senador nunca havia dito, com esta clareza, nas paginas amarelas da VEJA ( goste ou não da revista e do senador a repercussão está aí...).
Quanto a tomada dos motivos como desqualificadores da denuncia, me lembro do que falou Collor de Mello sobre a entrevista do Irmão Pedro dada à mesma revista Veja: "inveja, recalque, traição"!
Fose a gente acreditar no Collor e achar que não pasava de inveja, recalque, traição...
O fato, amigo, é que doeu! e parece ter doido muito!
Certas feridas não devem ser mexidas. Querem um conselho?
Sigam os profisionais ( cúpula dp PMBD):Esqueçam Jarbas!
Pior do que essa aí só mesmo o Gerald Tomás com sua aversão a nordeestinos, tudo bem que ele tenha um grande cu digo currículo
E daí?
http://josecarloslima74.blogspot.com/2009/02/corvos-suicos-bicam-brasileira-mutilada.html
Li agora a análise de Luís Nassif sobre a entrevista do Renan. À primeira vista me parece irretocável: usar um líder pemedebista em decadência para criar um fato político que deslustre (onde é que fui pegar essa palavra) os fatos positivos das últimas semanas para Lula e Dilma e sirva de ponta de lança para a campanha do Serra. Contando agora com as "repercussões" do jornalismo "cooptado" pelo Serra. Melhor é não repercutir mesmo, como fizeram as raposas políticas do PMDB não serrista. E até serristas, como o Temer, que vai ficar em cima do muro para olhar para onde o rio corre.É o que penso, hoje, e também vejo o viés ético-psicológico lançado pelo Juliano.
"A Cônsul tinha sotaque de nordestino” (Gerald Thomas)
Acabo de ficar sabendo que é um crime se nomear um nordestino para um cargo tão alto, ainda mais na "civilizada" Europa.
Como se vê, nordestino é odiado por carioca que é odiado por italiano que é odiado por alemão que é odiado por suiço.
Quanto aos brasileiros, este povo tem o louvável mérito de, ele mesmo, se odiar,
como demonstra GT neste lamentável texto
Lamentável seu texto, ainda mais quando suas referências são gente do tipo Reinaldo Azevedo, Diogo Mainardi...
To fora,
Tudo bem que vc tenha um grande cu rriculo
E daí?
To fora
1- se a Paula se automutilou sob plena consciência do seu ato, fez Body Art, por sinal uma belíssima obra. Parabéns Paula.
2- se a Paula se automutilou sob um surto de psicose ou bordeline, isto também é arte, um grito a ser ouvido. Parabéns Paula.
3- se Paula foi mutilada por nacionalistas, estamos diante de um crime a ser condenado, a xenofobia não se justificada na "civilizada" Europa.
Caro Geraldo, dizes em suas respostas aos comentários de leitores de jornalistas que defendem o governo brasileiro. Pior do que jornalista defendendo o Brasil é jornalista fazendo de tudo para trazer de volta FHC, uma lástima!
O Jarbas é um oportunista, porque não situou a corrupção historicamente, como uma das consequências da ditadura e depois da falta de combate do governo FHC.
Emmanuel, você é um típico Troll.
Veja a definição aqui:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Troll_(informática)
Deixo voce participar de vez em quando. Mas somente quando você se dirige à mim. Quanto você provoca outros comentaristas, aí eu lhe veto, ok?
E quero que fique sabendo que tenho consciência do que você é.
A mim não importou essa entrevista. Não leio a óia e o véinho só repetiu o que já sabemos desde priscas eras. Ruinzinho da cabeça, o pobre esqueceu-se que, nos outros partidos, está coalhado de corrutos.
Políticos, em sua maioria, são pessoas funestas. Pena que tenhamos que engoli-los. Sem essas 'coisas', como governar na democracia?
Qto. a um tal de Gerald, por acaso não é aquele que mostrou a 'cara' para a platéia? Coitado, esse é outro; completamente desmiolado, insano.
O que eles dois falam, não conta, não importa, não se escreve.
Beijinhos, Miguel.
Oi Miguel,o bom deste post é a guitarra de Hendrix.Um escandalo !
Afffffffffffff. Quanto ao jarbas e a galera sórdida do pmdb.Quero que morram!Já basta conviver com a corja no RJ. É de chorar. Abraços Yvy
Miguel, post legal, como pernambucno me envergonho de Jarbas Vasconcelos e Roberto Freire, sendo que deste último já militei em suas hostes, anos atrás, e não é a inveja que os move, pois Roberto Freire, ganha o seu quinhão da prefeitura de São Paulo e quanto a Jarbas quem sabe vaga de vice na campanha de Serra. Pois, ele já tem o seu pé de meia, o povo de Pernambuco sabe quem enriqueceu na duplicação da BR-232, repito, BR, que foi realizada no governo dele com o patrimônio dos pernambucanos, com a venda da antiga CELPE. Onde alguns privilegiados compraram terras a preço de banana no entorno um pouco antes da duplicação vim à tona. Fato obscuro e ainda não pesquisado por nossa "límpida" imprensa!
Miguel.
Ja tinha lido no Nassif a descontrução da entrevista.
Mais interessante foi uma postagem ,talvez no blog do Nassif
"A vingança do PMDB é não desfilia
lo, mantendo na sigla imposssibilitando fazer chapa com Serra para presidencia" mais ou menos iss.
Caro Emanuel, não sei se você é um troll, nem sei o que isso significa. Mas com certeza é um sofista, e dos bons. Só que há furos em seu discurso. O principal é a coisa da "repercussão". O Nassif, que está longe de ser um "lulo-petista", em sua desconstrução da entrevista, mostrou o que é o mecanismo da "repercussão", enquanto uma estratégia do Pig. Em relação as pessoas em mesas de bares ficarem reproduzindo o bordão "político é tudo ladrão", sugiro a leitura do texto do professor argentino, postado pelo Miguel, aqui mesmo no blog.
Giancarlo, a questão deles não é grana. É poder. E o fato é que o Lula e o PT acabaram com seus projetos políticos em Pernambuco e no Brasil. Ódio cego ao Lula é só o que os move, infelizmente para eles. Mais grandeza teve o Brizola, que eu perceber que o Lula estava ocupando o espaço de líder da esquerda, disse: " Temos que engolir o sapo barbudo". E o velho terminou sua vida política com a dignidade intacta. Ao contrário dos pernambucanos, que são dois zumbis políticos. E é assim que eles devem ser tratados. Repercuti-los é filme trash
Essa entrevista deve ter sido até paga, esse senador quer sair do ostracismo, todo político em fim de carreira só serve para fazer fuxico, isso mesmo fuxico, porque não apresenta provas e contribui para alguma coisa neste país.
Um abraço Miguel, quando leio este tipo de matéria, venho para o óleo, porque aqui eu encho o peito para não desanimar.
Miguel só uma frase. Vá com Deus, seu inútil. Arremate tragicômico. Morri de rir...
Miguel deixa eu fazer um elogio aquí. A Maybe Tomorrow com aquela carinha Affffffff, elogiando o vídeo do Hendrix é demais.Bom gosto é bom gosto. Não vamos discutir idade, eu a tenho o suficiente para ser seu pai. Nem tudo está perdido nesse país. Precisamos de jovens com essa cabeça. Parabéns menina!!!
Concordo com você anônimo. Mais abertura Miguel se não só os amigos darão suas opiniões, você deixa um espaço para comentários ou para elogios dos amigos?
Com todo respeito.
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