Com olhos macios, ela pediu um pouco,
antes das cenas, dos filhos,
antes da tempestade
afugentar o instante,
e os sorrisos
antipoliciais.
além da cerveja,
bebíamos nossa vaidade
triste e desesperada
de poetas
nossas conversas
cheiravam a versos
de fernando pessoa
e havia a lourinha
culta, louca,
e seus olhos macios
bem ao lado,
ou talvez abaixo
de nossos pés
havia um inferno
cheio de luzes
e desgraças
mas a gente olhava
apenas nos olhos
uns dos outros
e tentava não perceber
embebedávamos
lentamente,
com uma tristeza
nervosa,
com orgulho,
de nós mesmos,
(desde que não olhássemos para baixo)
a lourinha
tinha pernas brancas
e bonitas
mas toda machucada,
e com manchinhas roxas.
havia, portanto,
uma violência pura
e poética
no ar, nas vozes,
que era força,
solidão,
e desatino.
17 de novembro de 2009
Disparates & cervejas
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