Parece mais confortável fazer de conta que tudo vai bem e esquecer as transgressões cotidianas, o discricionarismo das decisões, o atropelo, se não da lei, dos bons costumes.
... meus olhos prenderam-se naquele "bons costumes" com uma perplexidade entre bem humorada e incrédula. Pareceu-me um lacerdismo tão idiota e anacrônico, tão anos 50, que pensei: fala sério, ninguém vai dar atenção a esse amontoado de imbecilidades desconexas. Ocorre que não vi a sua qualidade cômica, nem sua importância no contexto partidário e eleitoral. O texto tornou-se sucesso na blogosfera. O Azenha, muito mais esperto que eu, detectou imediatamente o valor do artigo, e escreveu dois posts sobre o mesmo. PHA fez outro. E o Caroni também tirou um sarro.
Bem, ainda não é muito tarde. Não sei se há muita coisa a dizer sobre esse melancólico e senil balbuciar fernandista, mas tentemos. FHC, afinal, governou o Brasil por oito anos e ainda é considerado, pelos fiéis eleitores tucanos, como um grande estadista - e se a maioria dos brasileiros tem opinião contrária, isso deve-se ao fato de que não possuem títulos acadêmicos suficientes para discernirem entre o bem e o mal.
O texto de FHC é um primor de tartufice. Nada é concreto. Os problemas do lulismo são "pequenos assassinatos", o atropelo dos "bons costumes", o "discricionarismo das decisões"...
Temos as citações chiquérrimas: de Ancelmo Góes ("tirando dinheiro do seu, do meu, do nosso bolso...") a Shakespeare ("nesta loucura há método"), que revelam a profunda erudição de enciclopédia de bolso do ex-presidente.
O artigo encerra com gênio literário: "Comecei com para onde vamos? Termino dizendo que é mais do que tempo de dar um basta ao continuísmo, antes que seja tarde."
Ah, desisto. Desculpem. A citação do Bilac - "Ora, dirão (já que falei de estrelas)" - é demais para mim. É erudição, genialidade, brilhantismo e argúcia demais para esse modesto blogueiro.
Antes de desistir, o blogueiro, quase desfalecendo de tédio, copia outra frase:
Se há lógica nos despautérios, ela é uma só: a do poder sem limites.
Sim, o mesmo presidente que mudou a Constituição para reeleger a si mesmo, fala em "poder sem limites"... Vou parar por aqui... Não dá, que sono. Queria falar sobre o horror da madame FHC ao "sindicalismo", esse novo nome para a seita satanista que domina o governo, e também sobre o "subperonismo"... FHC agora deu para trás em suas críticas ao varguismo, então decidiu recorrer ao peronismo... Claro, aqui é um "subperonismo". Porque o Brasil é tão vira-lata, que até nosso peronismo é "sub"...
ZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZ...
Essa criatura não merece ser observada e muito menos ler o que escreveu, ele mesmo pediu isso!
salve, miguel,
o véio tá senil, só pode ser.
escrever esse amontoado de lugares comuns, adjetivando o discurso e fazendo o jogo do adversário, pois o lula dá corda para que o pleito de 2010 seja olebicitário ... eu, heim?
na verdade, é até bom que esse abestado continue "melando a vara" como se diz aqui no ceará. nós e a dilma estamos adorando, né não?
abçs
Por incrível que pareça, tem coisa mais insossa que FHC. Agora pouco vi um trecho do discurso da Angela Merkel no Congresso dos EUA. É preciso muito óleo de peroba para invocar 'os valores que derrubaram o Muro', a 'globalização', a 'união e tolerância' e defender quem constrói isto aqui. Pra variar, sobrou pros iranianos feios, sujos e malvados negadores do Holocausto. Haja Godwin!
A bocarra do FHC só esperando o pré-sal para abocanhar mais este tesouro.
Ele não passará.
O fernandismo já era, tristes tempos aqueles, que não hão de voltar.
Jamais
Miguel, vc vai?
pode dar as dicas pro Nassif?
4 de novembro de 2009
A Mídia em Questão, com Luis Nassif e Sebastião Nery.
Mediação: Alvaro Costa e Silva.
Horário: 18:30
Centro Cultural Banco do Brasil – Rio de Janeiro
Comentário
Os amigos chorões do Rio poderiam passar a dica sobre onde será a roda de choro amanhã? Se alguém conseguir falar com meu xará Luis Filipe ou com o Jorge Simas, avise que estou louco para encontrá-los em uma roda.
http://colunistas.ig.com.br/luisnassif/2009/11/03/amanha-no-rio/
Um monstro que esconde o próprio filho, mandando o menino e a amante pra fora do país ainda tem coragem de falar em bons costumes. Merecia um tiro na cara.
calma, tavares. a última coisa que o brasil precisa hoje é de um mártir fernandista. no violence.
Sei não, Miguel, o artigo é uma pregação do golpe. Que tipo de golpe, não sei, acho até que nem o FHC sabe. Você leu um comentário de João Virgílio Cutter no blog do Nassif, no post O Mote da Oposição, apud FHC? Brilhante. E sem meias palavras. Parece que o FHC está acordando do torpor de sua própria arrogância, e meio que no desespero de talvez não haver mais tempo, prega o golpe. Com quem? A mídia, parte do Judiciário, setores do empresariado, talvez um apelo a interesses externos. Sei lá. E o que me preocupa é que a população brasileira não me parece estar organizada para resistir. De que valem 80% de aprovação se na hora de ir pra rua ou tomar alguma providência prática estão faltando os organizadores, os intermediários entre o povo e o Estado? Partidos, sindicatos, movimentos sociais. Quem organiza o povo em defesa das instituições democráticas? Nós da Internet? Ninguém põe ninguém na rua atualmente. Na manifestação da Petrobrás meses atrás, juntou a CUT, vários sindicatos de petroleiros, MST, UNE, e não tinha nem 5 mil pessoas.
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