3 de novembro de 2009

FHC e as armas do tédio

Mais uma vez o blogueiro comeu mosca. Eu li o artigo de FHC publicado no Globo e no Estadão, domingo, dia 1 de novembro. Mas não dei bola, não percebi o seu potencial blogosférico. Assim que topei com a frase...

Parece mais confortável fazer de conta que tudo vai bem e esquecer as transgressões cotidianas, o discricionarismo das decisões, o atropelo, se não da lei, dos bons costumes.

... meus olhos prenderam-se naquele "bons costumes" com uma perplexidade entre bem humorada e incrédula. Pareceu-me um lacerdismo tão idiota e anacrônico, tão anos 50, que pensei: fala sério, ninguém vai dar atenção a esse amontoado de imbecilidades desconexas. Ocorre que não vi a sua qualidade cômica, nem sua importância no contexto partidário e eleitoral. O texto tornou-se sucesso na blogosfera. O Azenha, muito mais esperto que eu, detectou imediatamente o valor do artigo, e escreveu dois posts sobre o mesmo. PHA fez outro. E o Caroni também tirou um sarro.

Bem, ainda não é muito tarde. Não sei se há muita coisa a dizer sobre esse melancólico e senil balbuciar fernandista, mas tentemos. FHC, afinal, governou o Brasil por oito anos e ainda é considerado, pelos fiéis eleitores tucanos, como um grande estadista - e se a maioria dos brasileiros tem opinião contrária, isso deve-se ao fato de que não possuem títulos acadêmicos suficientes para discernirem entre o bem e o mal.

O texto de FHC é um primor de tartufice. Nada é concreto. Os problemas do lulismo são "pequenos assassinatos", o atropelo dos "bons costumes", o "discricionarismo das decisões"...

Temos as citações chiquérrimas: de Ancelmo Góes ("tirando dinheiro do seu, do meu, do nosso bolso...") a Shakespeare ("nesta loucura há método"), que revelam a profunda erudição de enciclopédia de bolso do ex-presidente.

O artigo encerra com gênio literário: "Comecei com para onde vamos? Termino dizendo que é mais do que tempo de dar um basta ao continuísmo, antes que seja tarde."

Ah, desisto. Desculpem. A citação do Bilac - "Ora, dirão (já que falei de estrelas)" - é demais para mim. É erudição, genialidade, brilhantismo e argúcia demais para esse modesto blogueiro.

Antes de desistir, o blogueiro, quase desfalecendo de tédio, copia outra frase:

Se há lógica nos despautérios, ela é uma só: a do poder sem limites.

Sim, o mesmo presidente que mudou a Constituição para reeleger a si mesmo, fala em "poder sem limites"... Vou parar por aqui... Não dá, que sono. Queria falar sobre o horror da madame FHC ao "sindicalismo", esse novo nome para a seita satanista que domina o governo, e também sobre o "subperonismo"... FHC agora deu para trás em suas críticas ao varguismo, então decidiu recorrer ao peronismo... Claro, aqui é um "subperonismo". Porque o Brasil é tão vira-lata, que até nosso peronismo é "sub"...

ZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZ...

8 comentarios

Adir disse...

Essa criatura não merece ser observada e muito menos ler o que escreveu, ele mesmo pediu isso!

carlos disse...

salve, miguel,

o véio tá senil, só pode ser.

escrever esse amontoado de lugares comuns, adjetivando o discurso e fazendo o jogo do adversário, pois o lula dá corda para que o pleito de 2010 seja olebicitário ... eu, heim?

na verdade, é até bom que esse abestado continue "melando a vara" como se diz aqui no ceará. nós e a dilma estamos adorando, né não?

abçs

Luis Henrique disse...

Por incrível que pareça, tem coisa mais insossa que FHC. Agora pouco vi um trecho do discurso da Angela Merkel no Congresso dos EUA. É preciso muito óleo de peroba para invocar 'os valores que derrubaram o Muro', a 'globalização', a 'união e tolerância' e defender quem constrói isto aqui. Pra variar, sobrou pros iranianos feios, sujos e malvados negadores do Holocausto. Haja Godwin!

José Carlos Lima disse...

A bocarra do FHC só esperando o pré-sal para abocanhar mais este tesouro.

Ele não passará.

O fernandismo já era, tristes tempos aqueles, que não hão de voltar.

Jamais

Anônimo disse...

Miguel, vc vai?
pode dar as dicas pro Nassif?

4 de novembro de 2009

A Mídia em Questão, com Luis Nassif e Sebastião Nery.

Mediação: Alvaro Costa e Silva.

Horário: 18:30

Centro Cultural Banco do Brasil – Rio de Janeiro

Comentário

Os amigos chorões do Rio poderiam passar a dica sobre onde será a roda de choro amanhã? Se alguém conseguir falar com meu xará Luis Filipe ou com o Jorge Simas, avise que estou louco para encontrá-los em uma roda.


http://colunistas.ig.com.br/luisnassif/2009/11/03/amanha-no-rio/

José Marcio disse...

Um monstro que esconde o próprio filho, mandando o menino e a amante pra fora do país ainda tem coragem de falar em bons costumes. Merecia um tiro na cara.

Miguel do Rosário disse...

calma, tavares. a última coisa que o brasil precisa hoje é de um mártir fernandista. no violence.

Vera Pereira disse...

Sei não, Miguel, o artigo é uma pregação do golpe. Que tipo de golpe, não sei, acho até que nem o FHC sabe. Você leu um comentário de João Virgílio Cutter no blog do Nassif, no post O Mote da Oposição, apud FHC? Brilhante. E sem meias palavras. Parece que o FHC está acordando do torpor de sua própria arrogância, e meio que no desespero de talvez não haver mais tempo, prega o golpe. Com quem? A mídia, parte do Judiciário, setores do empresariado, talvez um apelo a interesses externos. Sei lá. E o que me preocupa é que a população brasileira não me parece estar organizada para resistir. De que valem 80% de aprovação se na hora de ir pra rua ou tomar alguma providência prática estão faltando os organizadores, os intermediários entre o povo e o Estado? Partidos, sindicatos, movimentos sociais. Quem organiza o povo em defesa das instituições democráticas? Nós da Internet? Ninguém põe ninguém na rua atualmente. Na manifestação da Petrobrás meses atrás, juntou a CUT, vários sindicatos de petroleiros, MST, UNE, e não tinha nem 5 mil pessoas.

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